Saiu as pressas num cavalgar, supriu as dores e travou o peito. Desceu a escadaria, abriu a porta e logo sentou-se. Bebeu um trago e olhou em volta, mas nenhum de todos cobriu seus olhos. Homens, mulheres e bichos dos quais a mistura era produto da falta de embriaguez - ou de sorte. Mordido dos quatro cantos, para ver melhor que o mundo inteiro tomou-se do outro a um outro embebecido, embebedado. Cantarolou o nome da meretriz, sucumbiu aos sortilégios de ser humano. Caiu em si como que no outro jamais houvera, entristeceu-se. Chorou cravos e pregos, viu o faro alheio lhe interrogar, estremeceu a cadeira. Aquilo lá de quase sacrifício, um repugno da vida prescrita, ceia de condes ricos e esquizofrenicos. A copula dos transviados, dos inaceitos, dos recolhidos de seus sois. A maestral condução do minguar do mundo, no nascer do crime havia alma. E essa esfarelava ao chão carcumido.
Presente de corpo, esdrúxulo. Sentiu medo de quando se hoje era agora, e o depois tão longe de existir. Ao pacto de suas esperanças não restava nem prece, perdeu-se no embebecer de uma droga maior, o vício. Tomado pelas pernas, pelas esquecidas tramas de sua juventude e pela emergente palidez de suas frestas onde jamais esperava residir. Pediu clemência a um estranho que lhe questionara de seus bolsos, levando-os. Estava perdoado.
Sorridente de sua conquista, andou pelo salão com um sapato e pouca visão. Mulheres desnudas de roupas e manchadas de pecado. O batom que exprimia o sexo deixara lugar para a mancha dos preservativos, não usados. O gozo de suas vistas embaçadas jamais soletraram um contentamento externo. Era melhor permanecer turvo e misterioso.
Caiu no chão de plumas vermelhas, de drogas e bebidas estranhas. Caiu no chão dos justos, o sono dos esperados. Lá permanecia como chegara, ninguém. E até que seu corpo velho incomodasse a passagem das meretrizes, nenhum o indagaria. No rodar das mesas as tropas de ricos inflamados, o jogo e a esperteza do sexo. Dinheiro e sexo erguiam as vestes daquele mundo, e por mais que de minúcias simples vivessem, do infortúnio e pesado trocavam rumores de inferno. Bebiam os desejos escondidos de suas noites, na maldade de seus olhos e no escárnio de suas mãos fétidas.
Largado e perdido de sua imagem, até que acordara com frestas do caminho da manhã. Levantou devagar segurando a cabeça, caso a houvesse perdido, talvez. Saiu como quem nem vivera nada, e de fato viver e contribuir não fosse sua melhor dose. Mas olhou para os pés com ar de enaltecido,
alguma coisa ocorrera.
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