A festa das aves.
Assim que o milho se prontificou, chegou o pato. Um, dois, e mais alguns. O ganso arqueou de próximo sua vontade, os patos após fartos, mas munidos de guloso olhar, foram tristemente se despedindo perante a imponência do ganso. Logo ele, cheio de si entrelaçou entre o bico uma fartura milharistica. Apontou o bico aos céus e engoliu tudo em alguns segundos. Enquanto comia, os patos reclamavam em nado contínuo e descompassado. Gruniam, e lá pato pode grunir? Pato grasna. Grasnavam de pura impotência. De cima os pombos esperavam os restos, arrulhavam suas medidas de chegar ao milho amado. Muitos deles posicionados ao embate próximo. Assim como os pássaros menores, no aguardo de uma brincadeira cintilante dos patos, em que o milho se transmutasse em bola de brincadeiras vis. Talvez uma peteca amarela e deliciosa, flanando no ar como voam as guloseimas em filmes de comédia. Mas no suposto ar nenhuma peteca resistiria. Após a passagem do ganso pelo comer, os pombos fizeram de seu pousar a bacia próxima ao lago. Cinco deles comiam desesperadamente, o resto a fila. Dos menores, poucos se atreveram, a lei é conduzida pelo tamanho e opulência . Pouco obtinham.
Pássaros são obras de arte, aerodinamicamente, posturalmente, até no mentir de sua auto-confiança, ou da sua coragem. O apreço pelo seu voar é irredutível. Mas aqueles que se mantém em terra não são menos valorosos, como o galo em sua crisna embalsamada de vermelho. Quem é mais orgulhoso do que o galo? Nenhum deles. Pois o cisne resgata seu maior ganho na beleza que traduz no tempo, mas carrega pesar em seu pescoço. Marrecos são suaves e ocupados em si mesmos, nas suas dúvidas de nados latentes. E o pavão? Não de orgulho, e sim de prepotência, assim o pavão distribui seu recado. E logo a sua conjuntura, as fêmeas em trânsito.
Então, os patos a reclamar, o ganso a diferir, os pombos esperar. O marreco em seu mundo, o cisne a nadar, o pavão a andar solitário em solidão de placebo, o galo em seu completo orgulho, os pássaros pequenos a se inserir... Eis a festa das aves, no lago onde o chafariz escoa sonhos. Cada um na sua peculiaridade, cada um no seu ensejo.....
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