Hoje eu sou tão cega, sobre minha vida, e o que é a minha vida?
Eu acordo e trabalho, sustento o imaginário, nem posso mais sonhar pois se sonho acordada, sou louca por sonhar. Se penso um pouco mais alto, sou estranha e incômoda.
Um plano desajustado e enfim sou esquecida. Ninguém vem a minha porta se não abro minhas janelas, se não planto flores, talvez as bromelias que tanto gostam. E tanta gente ao meu redor, tantos mundos dentro deles, e eu não os conheço. Desconheço todo o mundo que guardam pra si, estou tão só quanto estive desde meu nascimento, e a vida que me apalpa não me conhece o bastante, ou se sim, desconhece meu pranto. Tão sozinha que nem escuto minha voz gritar, meus pés em reclame diário ou meu coração fraco e indolente. Sozinha em conjunção a um mundo perdido a pessoas tão mortas quanto eu. E se acaso eu não for verde, não serei aceita. Que vida é essa? Acordo quando o horário reclama, saio quando a porta convida, como quando o sol se inflama, deito morta quando o dia vira. E eu não vejo mais o sol nascer, e nem consigo ver ele se despedir a tarde. Eu desço a ladeira de minha tristeza, percorro sua estrada sinuosa, mas tenho de sofrer com dignidade, e onde há dignidade no sofrer eu não sei, não me ensinaram a sofrer pois aprendi sozinha. A tristeza me convida a sua casa sempre que pode, ela me abraça como quem quer me sugar e eu a abraço quando estou me sentindo só.
Sabe a alegria? essa forma de dizer que está tudo seguindo seu curso, a vida cresce, as novidades se instauram e você consegue driblar tudo que lhe frustra. Alegria é permanecer imune ao passo em falso. Talvez como a luz e a escuridão, a falta de um faz o outro permanecer. E que a luz prossiga em algum lugar dentro de mim, fale por algumas, e volte por outras. Após tantos os sentimentos, vamos ao amor, tenho medo do amor, não sei o que o amor significa. Não sei se o amor é um conto fantasioso de duas vidas que necessitam se instaurar uma na outra, se o amor é o desapego dos sentimentos ruins, quer dizer, da falta de sentimentos bons -seja qual for a realidade de cada um quanto bem e mal - ou se, o amor é um pacto de nascimento e vencimento constante, que permanece na falta que o outro lhe faz, que nasce no mistério de conhecer a inquietude de outros ventos e que morre quando se descobre um vendaval maior que o seu. O amor é um enigma de nome e preceitos, por isso tenho medo, medo do que não conheço. E do que não conheço fico estranha, mas a xenofobia não me contempla por completo.
Então essa é a vida, a vida que tenho de viver. Nascer e morrer em sentimentos agudos, fingir ser boa o bastante e chorar no devido momento. Derrotar meus demônios e levar ao outro a minha paz constante. Não dizer se gosto de azul, pois azul é o vento que sopra do leste, e do leste ninguém quer saber... Calar a boca se não agradar o bastante, tentar permanecer na euforia constante de sobreviver, de viver numa vida de não sei... não se mais o que.
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