A margem separa algo que tentei esquecer, mesmo que em espiral tente trazer o que se foi. Quando foi mesmo que deixei de amar aquelas palavras? Quando mudei de pensar que o que me era sorriso, talvez, por desventura, se tornou preocupação.
A margem dialoga com o esquecimento, talvez por supor a minha provável dor. Ela desmecere o que se foi, e torce para que novas palavras sejam contornadas no papel reciclado.
As linhas são sempre hospitaleiras, aceitam de bom grado a contribuição da tinta amiga. Ela se aquece dentre as letras que a abraçam, tudo lhe cabe. Mas a margem, ela separa as linhas e contornos que se foram, a margem dilacera corações apaixonados, a margem quebra a lembrança do sentir, a lembrança te prepara para novas dores... ela não deixa que tudo se torne uma mistura homogênea.
Enquanto sopro um pouco de vida sobre as linhas, quem sabe a morte e desterro do meu coração, tento lembrar da margem como uma amiga cautelosa, pois sempre me faz lembrar que preciso de espaço para começar novos cantos, mas que, apesar da distância... não se sintam perdidos os sentidos pelo qual estou dialogando entre as páginas.
A minha amiga margem, só tenho a agradecer.
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