sexta-feira, outubro 30
Pratinhos descartáveis
A comida cai,
a faca rasga,
o garfo fura
e tudo vai embora de qualquer jeito.
sábado, outubro 24
23:43
tão deslocado.
A dissonância dos passos,
a frigidez de outros fatos.
Requer a tudo um ajuste,
incompreensivo, de fato.
Recluso e conciso, longínquo.
Uma pedra
Sono
sexta-feira, outubro 23
Carta do Limiar
quarta-feira, outubro 21
Não gosta
não suporta quiabada,
não entende o quê da baba,
traz prazer ao paladar.
Eis cruel.
Eu desminto
que desminto aos poucos....
porque nascerás de minha conjunção,
e serei plena quando vieres.
Eu desminto o meu amor de mulher,
porque quero poder abraça-lo,
distante sonho de pernas grandes,
me abre os poros e vais embora.
Eu a amo porque é a margem de minha vida,
será o deleite de minha criação maior,
nos braços de quem te ama, pequena...
Serás o mundo de minha feição.
Eu desminto o meu amor de mãe,
não sou mãe nem de mim,
não construi meu castelo conexo,
que pasta nas veredas do meu querer.
Eu a amo porque me escolheu,
e se sou da pequena a escolha, serei.
O grande afago da sua vida inteira.
Eu desminto tudo ao passo das minhas expressões,
onde fala a boca e desmente o olhar,
nada posso, mas penso em verso sim,
em poder realizar.
terça-feira, outubro 20
Sem sequer
Pão de açucar ao chão
Escrito numa nota fiscal
quando falei,
se é que existe
pintura de ser algum.
A quem me conduzia,
dizia não.
Da longa doçura do talvez,
do desprazer do em vão.
A quem reclamei,
se criei, descuidei...
agora de minha solidão?
Maria Eduarda
EIS A PLENITUDE!
VOOU NO CHÃO DE GIZ,
ENCHEU OS OLHOS E O CORAÇÃO DE SEUS PAIS
TRÊS PASSOS E O MARCAR DE UMA VIDA INTEIRA...
VOCÊ ANDOU PELA PRIMEIRA VEZ!
sábado, outubro 17
O porre
Se bebo mais, eu compreendo,
entendo.
Aturar,
se o porre é o durante,
mas prefiro no depois,
me embriagar.
No vagão
se esse vagão.
me segura.
desastroso como ele,
populoso assim,
e eu aqui?
minha fuga é assim,
ou eu pulo do vagão
ou ele me joga, nos trilhos....
O amor dos brutos
terça-feira, outubro 13
Distâncias
terça-feira, outubro 6
A desconstrução do oportunismo
Muitos podem dizer que a trajetória de quem observa o mundo de forma analítica é sinal de egoísmo e pedantismo circense. Até onde se compreende, o pejorativo impera no comum conhecimento dos adjetivos, dilacerando o âmago de seu entendimento. Oportunista eu? Assim que escrevo a outros que sim, concebo a mim a capa escura do desconfiar.
Se posso pensar um pouco mais e lembrar onde parte a palavra oportunismo, posso seguir tranquilamente em sua raiz esclarecedora; oportunidade. E o que é oportunidade, se não a esfera da vida que buscamos todo o tempo? Aquilo que separa os sonhadores dos realizadores, ou que unta esses dois artistas do pensamento humano. Pois o sonhador cria possibilidades em seu querer mais íntimo, e o realizador nada mais que abraça as suas possibilidades. Mas que sonhador por si só concebe qualquer oportunidade? Também nenhum realizador que consagre o que não cultiva. Existe uma interdependência em conceber e produzir, que faz da oportunidade o ideal.
Ser oportunista então é presumir que existe uma possibilidade valorosa e ater-se em utilizar de meios para conquistá-la. E o que designa se o desenvolver é bom ou ruim, são justamente os meios de conquista. Que determinam e sucumbem – muitas vezes – o sentido das palavras mal utilizadas e interpretadas. Sou oportunista porque sou egoísta, não. Sou oportunista porque sou individualista. Porque assumo o que almejo e afirmo meu querer em minha ação.
Se desconstruídas as tantas faces da ignorância, a compreensão tomaria posto. Cada possibilidade traria uma nova luta incessante para o melhor de cada um. O mérito, tão esperado e brilhoso aos olhos, seria a conquista cuidadosa e merecida de seus esforços maiores. Trazendo não só a imensa ruptura com a mesmice, mas construindo possibilidades de enxergar um mundo de oportunidades, sempre renovadas.
segunda-feira, outubro 5
Ilha
sexta-feira, outubro 2
A tua boca
ahhh
como sabe...
como espero,
almejo
contemplo,
esqueço
de tudo,
para ver
a tua boca.
E se não visse,
ah se não a notasse as vistas,
seria enfim,
que pois, meu querido..
de olhos fechados,
e peito aberto,
a sentiria.
(espero)