Toda minha roupa suja, ficou no cesto. Num cesto que não gosto de olhar, não gosto de ver que a roupa manchada fica no desuso da rua. Do amontoado de seu mal cheiro em minhas narinas, ardem em tamanhos desproporcionais, queimam no sentido do meu uso passado. As velhas meias encardidas, são as que mais me doem, um par de meias que me levaram com conforto a lugares nunca antes, nunca antes nada de meu conhecimento. Mas agora? Só um par de meias antigas, encardidas e furadas, da torcida que fazia parte de sua duração, só me sobrou as marcas dos dedos nas extremidades. O que de novo o guarda-roupas concebe, do pendurar dos cabides estão os casacos e as roupas passadas, passadas de lisas, de rentes ao fio da meada. Das dobraduras as calças, o uso do dia a dia onde me visto de uma aliança vistosa. Nas gavetas as roupas íntimas que se escondem sobre todo o enlace de fita. Os brincos amontoados em uma caixinha disforme, perdidos todos eles em si mesmos. Os lenços e cachecóis ficam amarrados, juntos, conexos. Esperando que algum dia os resgate novamente. Os sapatos perdidos pelo quarto, uns que se ajustam, outros que falham, muitos que só vejo. No pratico, o brilhoso pecou por magnitude, pelos meus pés desacostumados.
E se me esqueci de alguma coisa? Ah se me esqueci de tudo que me adorna. Tudo se foi num bonito saltar, tudo que é meu voou até se tornar distância, até se tornar estranho, um estranho vinculo de tudo que me constroi.
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