sábado, dezembro 20

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Hoje dormirei com uma vontade imensa de gritar aos quatro ventos a minha farça.A todo instante finjo um novo recomeço,uma nova estratégia cintilante. E ponho a todo resto o resplandecer de uma jóia roubada, de outras letras, de outras vidas,e outros rumos.Talvez eu suba até o mais alto de minha dúvida,até o ápice de minha psicologia, e me pergunte,obviamente olhando em meus olhos, quando finalmente irei me separar desse lamento desnecessário?Se crio um faz de conta incessante, uma réplica de todo conto de fadas, onde permaneço no desenrolar de uma estrutura Hollywoodana, e sou no meio do filme,onde o mocinho perde a mocinha, onde a esperança se magoa e o amor viaja pra bem longe, eu sou no procurar da cura ou no modo de salvar o planeta, a minha própria confusão.Diante de toda essa remota possibilidade de desfecho, só posso dizer que cansei de derrotar minhas invisíveis mágoas,pois não sou infeliz, não sou transtornada, não sou mal amada,não sou um poço de desterros e magnânima ignorância.Sou apenas um retroceder bobo, uma fagulha de vida que acende no mármore dos dias, que se aquece nos pequenos detalhes e se diminui no vento insistente.Talvez as vezes contribua para um estado intermitente de ilusões,todos nos somos criadores de problemas desnecessários e injurias fictícias.E nada seria diferente para uma jovem idealista de causas mortas. Acredito num discurso que exige demais de minha vida preguiçosa,mas admito a insuficiência temporal, pois nada é imutável.Mas ainda sim creio na esperança vã, ela sempre me acompanha de uma forma sincera e desviada, nos mínimos resquícios de um corrompido acreditar.E a minha farça é por seguir de encontro a tudo que amo, tudo que subitamenteme ama de uma forma irrevogável. Pois amor não se restringe apenas a dois corpos,amor não é a posse de união, comunhão. Amor se estrutura numa base chamada respeito,e a longos anos eu deixei de respeitar muito a minha volta, como se pudesse apenas contribuir com o xerife de minha alma, que dizia não a ordens. Mas o meu distrito deixou seu cunho municipal, e agora tenho que revogar minhas participações para ordens federais, pois a vida me chama a cada segundo, e não posso mais ser a mesma, pois se tudo muda, o mundo muda, a vida muda, porque comigo... há de ser diferente?E não interessa mais, não me importa. Tudo aquilo vai embora, de bom e de ruim, e só me sobram as lembranças, e por tudo que eu posso contribuir para rete-las,apenas direi em face a nova ordem que me precisa, pois eu preciso de mim em um novo estalar de dedos vivos, pois preciso de um novo olhar cintilante, e preciso..esquecer que nada foi revelado de forma completa ao injurio, e tudo... tudo é formato,e formatado para co-existir. E sigo nesse tear da existência, graças a vida.

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