quarta-feira, dezembro 3

Quando o adeus é reprimido.

As vezes a gente não sabe, da hora do outro. E da nossa própria hora a gente cuida, cuida até que os ponteiros se juntem, que seja meia noite... e que a carruagem vá embora.
Eu não sei como exatamente, como foi que me despedi de Camilla. Foi onde a conheci, onde pude um dia existir na vida dela e ela por sua vez, na minha. Talvez eu não tenha dito por não saber, talvez eu não tenha dito quase nada, ou disse sem saber. Estranho como alguém parte de uma hora para outra, e você, fica com um espaço vazio da vida que antigamente preenchia seus olhos. Quantas vezes a encontrava, conversava, e nem, não iria ser assim, não com ela. Alguém cheio de vida não pode sucumbir a tal coisa, não mesmo. Daí vem a vida e mostra quem manda, quem dita as regras. E eu, que pude fazer? Só ler as palavras do aviso, Camilla faleceu na manhã passada, estava com leucemia, ninguém sabia mas ela já fazia tratamento há quase um mês. Eu não quero saber porque não avisou, talvez por falta de forças ou uma vergonha vã. Isso não importa mais. Quem sabe o silêncio de agora resuma toda essa história, deprimente e cortante, quem sabe só o silêncio vai tampar os corações daquela família. E quem sabe, vai silenciar o de todos nós também....

Vai em paz, Camilla Rocha.



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