terça-feira, dezembro 8

Metalinguística minha

Passam-se dias, tristezas e origames. Já não posso mais dizer-me as mesmas palavras, elas caíram como frutas maduras e se incorporaram ao chão de meu passado. Tudo que tenho está onde nasci, e nasci de minhas palavras. Para ser mais compreensível, o sopro que sussurra meu nome descreve a minha pessoa, mas o nome que contempla a minha alma se descreve a cada minuto. Renasci em meus escritos, como se pudesse ser o que quer que fosse, para ser-me novamente. E através de tempestades pude abrandar o pobre coração que me acompanha. Gosto dos terríveis mistérios do mundo, da podridão e ressurgimento da alma, caridade e doação, adoção a vida. Não me perturbo diante de obstruções de sentimentos, os exalo como se fosse minha própria essência viva.
Caída sim está, a minha memória . Aos vinte e um anos esqueço de muito, por muito que pudesse querer. Lembrar-me as vezes é tão difícil quanto amar, estou submersa e ao mesmo tempo sou parte insuficiente da trama. Meus cavalos todos perdidos, cada um em uma rota esperançosa. Perdi parte de minha vida por esse descuido, trato de pensar se esqueço por falha aguda ou se esqueço por não querer lembrar-me de fato. Judiando da minha eterna capacidade de desvendar meus mundos.
Já disse que rasguei meus hábitos? As vezes de nocivos eles me invadem, não sou do tipo calculista e progressiva, por muitas desabo em meus ócios. Verdadeiramente os rasgo, num grito não tão esquecido que emerge, ou numa dancinha inesperada no meio da sala vazia. Não há qualquer sombra de desrespeito com essas atitudes, só são cabiveis a quem cabe nesse mundo. E transito pelos dois, sem a menor dúvida. O palpável e seguro também me agrada, não posso ser sem minhas preces, não posso ser sem minhas posses.

sábado, dezembro 5

Alberto Rosas III

Desde que suas mãos ao meu rosto áspero,
do que não se fala nem entretêm,
sou dureza em desalento.
Uma espécie de velho mendigo,
apego aos velhos trapos dissolvidos.
Grudando os dentes em podres escolhas,
olhando pro mundo como um qualquer.
Sou da voz que assobia meus sonhos,
não do tempo em que escutar era miséria.
E em meus laços de infortúnios prazeres,
és a maciez de um olhar esquecido.
No que tange minhas expectativas,
és a verdade de meu submundo.
E largado em ti como a mim jamais pudera,
vivo das cordas que tuas mãos dedilhavam,
esperando que toques para mim novamente,
e que nada reduzisse sua alegria a uma projeção.
Se conto o tempo em dedos minúsculos,
é porque fostes das horas a minha precisão.
Onde assertivo escolhia os pequenos,
em minutos dos quais procediam seus sonhos.
Travo meus pesadelos em contos finais,
e morro de pena da minha calmaria.
Por mais absurdo e desconexo sentir,
não me obstino de nada que não te proponhas.
E durmo o sonho dos rejeitados.
Presumo jamais cobiçar-te novamente,
até que esqueça o que presumi.
E lembre da força da tua lembrança, dormindo.
Caindo no mais tardar de suas lágrimas,
onde sozinha recobres a vida.

A Pedra e a Rima.

que tanto fica,
morta em desalento
reside
no chão duradouro.
e exibe, estática
sua lonjura,
opaco sentimento
de insolução.
travando, perplexa
uma luta diária
contra a conclusão.
Ser conexa ou distante,
do viver primores alheios,
cheios de condução.

Reserva

Semeio meus dias,
em um despejar de sonhos.
Coberto e cintilante,
do púrpura que é o amor.

onde conto meus sorrisos,
preservo minhas cores.
a vivência de meus pensamentos,
nos vales de tuas palavras.

e emudeço minhas mãos
a sombra de tua possibilidade..
enfraqueço minhas reservas,
e permito a condução...

do talvez.

Desidério.

assim que puderes,
de-me notícias..
de longe não posso,
nem persisto,
nessa indulgência de meu coração.
a aspereza de lembrar,
é quando a prece abandona.
dela me envaideço,
e me perco.
Desidério...

O criador de criação alguma.

Saiu as pressas num cavalgar, supriu as dores e travou o peito. Desceu a escadaria, abriu a porta e logo sentou-se. Bebeu um trago e olhou em volta, mas nenhum de todos cobriu seus olhos. Homens, mulheres e bichos dos quais a mistura era produto da falta de embriaguez - ou de sorte. Mordido dos quatro cantos, para ver melhor que o mundo inteiro tomou-se do outro a um outro embebecido, embebedado. Cantarolou o nome da meretriz, sucumbiu aos sortilégios de ser humano. Caiu em si como que no outro jamais houvera, entristeceu-se. Chorou cravos e pregos, viu o faro alheio lhe interrogar, estremeceu a cadeira. Aquilo lá de quase sacrifício, um repugno da vida prescrita, ceia de condes ricos e esquizofrenicos. A copula dos transviados, dos inaceitos, dos recolhidos de seus sois. A maestral condução do minguar do mundo, no nascer do crime havia alma. E essa esfarelava ao chão carcumido.
Presente de corpo, esdrúxulo. Sentiu medo de quando se hoje era agora, e o depois tão longe de existir. Ao pacto de suas esperanças não restava nem prece, perdeu-se no embebecer de uma droga maior, o vício. Tomado pelas pernas, pelas esquecidas tramas de sua juventude e pela emergente palidez de suas frestas onde jamais esperava residir. Pediu clemência a um estranho que lhe questionara de seus bolsos, levando-os. Estava perdoado.
Sorridente de sua conquista, andou pelo salão com um sapato e pouca visão. Mulheres desnudas de roupas e manchadas de pecado. O batom que exprimia o sexo deixara lugar para a mancha dos preservativos, não usados. O gozo de suas vistas embaçadas jamais soletraram um contentamento externo. Era melhor permanecer turvo e misterioso.
Caiu no chão de plumas vermelhas, de drogas e bebidas estranhas. Caiu no chão dos justos, o sono dos esperados. Lá permanecia como chegara, ninguém. E até que seu corpo velho incomodasse a passagem das meretrizes, nenhum o indagaria. No rodar das mesas as tropas de ricos inflamados, o jogo e a esperteza do sexo. Dinheiro e sexo erguiam as vestes daquele mundo, e por mais que de minúcias simples vivessem, do infortúnio e pesado trocavam rumores de inferno. Bebiam os desejos escondidos de suas noites, na maldade de seus olhos e no escárnio de suas mãos fétidas.
Largado e perdido de sua imagem, até que acordara com frestas do caminho da manhã. Levantou devagar segurando a cabeça, caso a houvesse perdido, talvez. Saiu como quem nem vivera nada, e de fato viver e contribuir não fosse sua melhor dose. Mas olhou para os pés com ar de enaltecido,
alguma coisa ocorrera.

sexta-feira, dezembro 4

transpor bartira

Ali parado,
descrito.
Em sinonimo,
mesmo distante.

Me abster,
de saber,
é resistir.

Mas no resistir,
persisto no sentir.
E reconheço,
despenteio..

e repito comigo;

estava lá,
e agora, aqui.

segunda-feira, novembro 30

Desse tanto

Assim, quem dera.


Te cubras de paz,
te lances ao mundo,
sem dizer adeus.



Um adeus desse,
de quem nem sabe,
o que existe aqui.


Desse tanto.
E de maldade
não te cubras.
Te oriente no longínquo,
te desesperes quando fora...
Pois certeza é vilã.

quarta-feira, novembro 25

Compulsividade

Andei por uma hora atrás de meus afazeres, resolvi incumbir meu dia de todas as aparições do mês. Paguei as contas, paguei meus pecados e minhas dívidas. Sobrou-me tempo, para mais gastarias. Olhei a vitrine num corpo colorido, pensei-me - sou daquela cor? - e ilustrei minha silhueta informal. Disse-me de forma bajuladora - é o ponto de sua cintura, alargador de sua vistosidade - e cobri-me de vanglorios inúteis. Posso dizer que massivos? Talvez, mas meu ego me traduz formatos as vezes incompreensiveis, as vezes corruptiveis. Mas na maioria, suspiros de olhares espelhosos. Cantei aquela roupa como se fizesse serenata, cortei as dúvidas de meus cartões em benefícios parciais, eis a burrice. Duas, três, quatro? Há mais de mim nos próximos meses e pouco do meu capital. Venceu-me o vício e criou-se assim alguns afazeres para o conseguinte, pagar minhas contas, minhas dívidas e sucumbir novamente aos pecados.

Querido

querido,
dos pedaços
e brotos
de minha verdade,
és aparição.

e castigo
as palavras
todas elas
incessantes..

procrastinando
meu desejo
na minha fala..

querido,
no mais
do meu porém,
vos digo;

acalma-te.

quarta-feira, novembro 18

Serei melhor anfitriã

Ela vem e me sorri,
se sorrio de volta? Sim.
Mas que venha em silêncio,
não posso da fofoca,
fazer-me conversa.

Estou em meus pensamentos,
ocupada em minha fala,
preocupada dos meus,
congruindo em meu amargor.

E se por enquanto, de leve..
me deixes.

Serei melhor anfitriã.

domingo, novembro 15

?

Tenho as minhas flores pra alegrar,
na janela do meu sentimento intenso,
debrucei meus olhos naquela varanda,
senti que jamais poderia fazer igual,
ou que não deveria, não mesmo.

Tenho manias estranhas.

Mirando

Parei ali, sozinha
sentei-me.

Olhei as pessoas,
andando..

Fui me inventar,
nos outros.

Eu pensei por um;
será que seria feliz?

E me respondi,
não é bem assim...

domingo, novembro 8

Dançando

Dançamos nas terras de nós mesmos,
quem disse que do outro fizemos moradia?
Moramos nos passos de nossas próprias pernas,
valsando no tempo que a música produz.
E a cada centímetro que passou de uma a outra,
circulamos sobre nosso epicentro,
galgando mais um passo, mais uma única e verdadeira dança...

domingo, novembro 1

Wind Up

(baseado em Wind Up - Jethro Tull)
Meu Deus,
porque em minhas preces
enxergo vossa amada presença,
no tudo que.. me necessito.

Não sou do tipo boreal,
se me sigo de amores a vida,
e não me cubro de provações alheias.

Sou do meu amor pleno, meu Deus.
Sou da água que me respeita as manhãs,
e da luz que me permeia e me avisa.

Não sou a criatura que fizestes,
sou algo que não respeita a imagem.
As vezes não acredito nesse existir.

E se, Meu Deus..
tiver de dizer ao mundo o meu,
o que será de mim então?
O que será da minha solidão..

Do tanto que preciso,
ao que agradeço, de fato.
E assim, dos santos regrados..

não sou a melhor das criaturas.

Ele furta minhas forças

Me furta as forças,
como abres minha casa aos domingos,
e rouba todos os meus tesouros.

Furtando cada encher dos pulmões,
minha antiga caixinha de música,
meus dez anos de tanto quanto.

Meus escritos mais queridos,
dos mais longos e restritos,
dos mais singelos e amados.

Me leva tudo que produzo,
reduzo a face de minha normalidade estática.
Sou só descanso do cansado que é viver.

E se por acaso se despede,
é com o acabar de todos meus pertences,
destruídos ao chão de minha varanda.

Dando adeus a tudo que me embala,
dando até logo a próxima investida.

sexta-feira, outubro 30

Pratinhos descartáveis

Pratinhos descartáveis?

A comida cai,
a faca rasga,
o garfo fura
e tudo vai embora de qualquer jeito.

Realmente

...nada disso, saliento.
Me deixe em paz,
na paz de me deixar,
é que me encontro realmente.

sábado, outubro 24

23:43

Parece estar tudo errado,
tão deslocado.
A dissonância dos passos,
a frigidez de outros fatos.

Requer a tudo um ajuste,
incompreensivo, de fato.
Recluso e conciso, longínquo.

Uma pedra

Uma pedra como esta
preciosa e cintilante
aos olhos tão cheios de vontades.
Infelizmente,
está perdendo seu brilhar,
está perdendo seu mirar,
está se tornando opaca.
Uma pedra, apenas.

Sono

Está chovendo, mas aqui dentro está tão abafado. Posso sentir a carga pesada no ar, o peso de respirar essa massa quente. Depois das onze não abro mais a janela, das frestas é tudo que se refresca. Tenho medo. Já não tenho nove anos e pulo de pontes sem sentido, meus deslizes são mais perigosos e minhas pontes traiçoeiras. Penso em beber água, vou pra cama. Deito e reflito sobre a vida como se fosse minha última chance, impune. Como é difícil pensar nessa densidade. Rejeito os primeiros, decoro os segundos e no terceiro, finalmente durmo. Daí pra frente tudo se acalma. Tudo faz sentido...

sexta-feira, outubro 23

Carta do Limiar

Você,
De minha maldade a impunidade; é você meu limiar. Me transpõe em algo que suponho não ser, nem saberia se só. Ainda que possa, se desejo é cada pedaço de meu pensamento e se fracos os vestígios são amontoados... subvertem minha bondade. Será que é verdade? Não há mistério nos meus dizeres, há controversa nos meus fazeres. A tua fala que abrandava meu coração agora se despede, se o costume regenera minhas forças, eis que troco o não pelo que seja. As vezes, você, do gosto mais profundo das minhas recordações, da fala trancosa de meus dias solitários... as vezes você é a parte de mim que rejeito. Essa rejeição com gosto de prazer imediatista, eis que provo formoso e descontente, com a boca cheia de tuas formas. E me engulo de tanta rejeição, sentido a cada destilar o calar desse teu significado ausente.

quarta-feira, outubro 21

Ele eu

Ele tem,
o que eu,
o que nós,
nós teremos,
sou sorrir,
dividir..

sorriremos.

Não gosta

Jamile não gosta de quiabo,
não suporta quiabada,
não entende o quê da baba,
traz prazer ao paladar.

Eis cruel.

Eu desminto

Eu a amo como um desejo secreto,
que desminto aos poucos....
porque nascerás de minha conjunção,
e serei plena quando vieres.

Eu desminto o meu amor de mulher,
porque quero poder abraça-lo,
distante sonho de pernas grandes,
me abre os poros e vais embora.

Eu a amo porque é a margem de minha vida,
será o deleite de minha criação maior,
nos braços de quem te ama, pequena...
Serás o mundo de minha feição.

Eu desminto o meu amor de mãe,
não sou mãe nem de mim,
não construi meu castelo conexo,
que pasta nas veredas do meu querer.

Eu a amo porque me escolheu,
e se sou da pequena a escolha, serei.
O grande afago da sua vida inteira.

Eu desminto tudo ao passo das minhas expressões,
onde fala a boca e desmente o olhar,
nada posso, mas penso em verso sim,
em poder realizar.

terça-feira, outubro 20

Sem sequer

Se te olho e não te vejo, que maldade desses dias.
Na docilidade de meu olhar as peças que preguei no teu nome.
Cada vez que proponho um avesso, não enxergo sequer solução..
é mais fácil e prazeroso ver-te em nome agudo, do que não.
E congruentes segues em nome que soletro devagar,
que nos dias corrompidos são alento, e esperar.
Talvez porque nem saiba, nem tente sequer...
não me encho de prazeres, sem sequer estar lá.

Pão de açucar ao chão

Temei com o pão de açúcar na boca, espalhei tudo no chão. Cada cristal de minha saliva, a gravidade da sujeira. Sou descuidada mesmo, não reclamo não. Meu transtorno é o linear, me figuro no não. E se caiu no chão de formigas, deixem elas e seu banquete. É tão pouco do que me tenho, do que me tem? Nada me tem. Além do meu coração.

Escrito numa nota fiscal

A quem me referia,
quando falei,
se é que existe
pintura de ser algum.

A quem me conduzia,
dizia não.
Da longa doçura do talvez,
do desprazer do em vão.

A quem reclamei,
se criei, descuidei...
agora de minha solidão?

Maria Eduarda

SAIU DOS LARGOS BRAÇOS
EIS A PLENITUDE!
VOOU NO CHÃO DE GIZ,
ENCHEU OS OLHOS E O CORAÇÃO DE SEUS PAIS
TRÊS PASSOS E O MARCAR DE UMA VIDA INTEIRA...


VOCÊ ANDOU PELA PRIMEIRA VEZ!

sábado, outubro 17

O porre

Tomei um pouco, que porre.
Se bebo mais, eu compreendo,
entendo.

Aturar,
se o porre é o durante,
mas prefiro no depois,
me embriagar.

No vagão

não sei não
se esse vagão.
me segura.

desastroso como ele,
populoso assim,
e eu aqui?

minha fuga é assim,
ou eu pulo do vagão
ou ele me joga, nos trilhos....

O amor dos brutos




Tomou as mãos o frango e o arroz e enfiou tudo na boca sem qualquer parcimonia. De lá emergiam restos e grunhidos, gritos dos pobres engolidos e sacrificados. Mastigava pouco e engolia tudo tão rápido que as bocadas desvencilhavam mesas de jantar inteirinhas. As unhas cheias de carne, nos dedos a gordura do assado a criar uma película de um bordô dourado. Seus braços gordos e peludos se esticavam de forçoso para o rebobinar da situação, entretidamente consumida em si por algumas longas passagens. Nada cercara seus olhos, além do manjar de seu prazer. Nada lhe despertava o mesmo, comer era sua sina. Mas a língua não sentia nada, os dentes tão pouco... a garganta é só passagem para o que o estômago destrói. Quem sentia o que de prazer? Além da vontade de se consumir o quanto antes possível....

terça-feira, outubro 13

Distâncias

Essas distâncias
mãos unidas
de colos separados,
esses meios,
esses dias, separados.
esses ãos de todos,
essas saudades.
Essas distâncias,
corroídas pelos dias,
distâncias leves,
escondidas em bases..
esses nossos olhares,
esses olhares perdidos,
essas distâncias arraigadas..
esses finais de nós mesmos.

terça-feira, outubro 6

A desconstrução do oportunismo

Muitos podem dizer que a trajetória de quem observa o mundo de forma analítica é sinal de egoísmo e pedantismo circense. Até onde se compreende, o pejorativo impera no comum conhecimento dos adjetivos, dilacerando o âmago de seu entendimento. Oportunista eu? Assim que escrevo a outros que sim, concebo a mim a capa escura do desconfiar.

Se posso pensar um pouco mais e lembrar onde parte a palavra oportunismo, posso seguir tranquilamente em sua raiz esclarecedora; oportunidade. E o que é oportunidade, se não a esfera da vida que buscamos todo o tempo? Aquilo que separa os sonhadores dos realizadores, ou que unta esses dois artistas do pensamento humano. Pois o sonhador cria possibilidades em seu querer mais íntimo, e o realizador nada mais que abraça as suas possibilidades. Mas que sonhador por si só concebe qualquer oportunidade? Também nenhum realizador que consagre o que não cultiva. Existe uma interdependência em conceber e produzir, que faz da oportunidade o ideal.

Ser oportunista então é presumir que existe uma possibilidade valorosa e ater-se em utilizar de meios para conquistá-la. E o que designa se o desenvolver é bom ou ruim, são justamente os meios de conquista. Que determinam e sucumbem – muitas vezes – o sentido das palavras mal utilizadas e interpretadas. Sou oportunista porque sou egoísta, não. Sou oportunista porque sou individualista. Porque assumo o que almejo e afirmo meu querer em minha ação.

Se desconstruídas as tantas faces da ignorância, a compreensão tomaria posto. Cada possibilidade traria uma nova luta incessante para o melhor de cada um. O mérito, tão esperado e brilhoso aos olhos, seria a conquista cuidadosa e merecida de seus esforços maiores. Trazendo não só a imensa ruptura com a mesmice, mas construindo possibilidades de enxergar um mundo de oportunidades, sempre renovadas.

segunda-feira, outubro 5

Assumo

Mentiroso
é meu coração.

Ele mente,
enganador.

Meu coração é
um farsante.

Ele mente,
e eu assumo.

Ilha

Passei pelo mundo,
onde foi que parei?
Me fixei, fiquei
em que dorso me embalsamei?
Quem foi que amei?
Que foi que amei,
e se fui,
se adociquei,
e me criei.
Se perdi, perdida.
Achada de ninguém,
de nada me juntei.
De nada nem ninguém.
Se sou pátria amada,
não sou nação de mim,
sou paralelo do guiar.
Bandeira alguma.
É de muito,
isso mesmo
um vazio de achar,
o palpável do sentir,
não dá pra segurar.
Quando
Quando sei que é a hora,
me despeço em pouco olhar,
me desfaço de tudo aquilo,
me tenho, me guio.. vou calar.
Quando sei que posso,
é ensejo pro falar,
de calar não me abasteço,
posso lhe contar?
Quando é pra me dizer,
quando é pra me calar,
eu sei que vai e vai bem logo,
tudo isso, acabar.

sexta-feira, outubro 2

A tua boca

Você sabe,
ahhh
como sabe...

como espero,
almejo
contemplo,
esqueço
de tudo,
para ver
a tua boca.

E se não visse,
ah se não a notasse as vistas,
seria enfim,
que pois, meu querido..

de olhos fechados,
e peito aberto,
a sentiria.


(espero)

quinta-feira, outubro 1

As Minhas coisas

Toda minha roupa suja, ficou no cesto. Num cesto que não gosto de olhar, não gosto de ver que a roupa manchada fica no desuso da rua. Do amontoado de seu mal cheiro em minhas narinas, ardem em tamanhos desproporcionais, queimam no sentido do meu uso passado. As velhas meias encardidas, são as que mais me doem, um par de meias que me levaram com conforto a lugares nunca antes, nunca antes nada de meu conhecimento. Mas agora? Só um par de meias antigas, encardidas e furadas, da torcida que fazia parte de sua duração, só me sobrou as marcas dos dedos nas extremidades. O que de novo o guarda-roupas concebe, do pendurar dos cabides estão os casacos e as roupas passadas, passadas de lisas, de rentes ao fio da meada. Das dobraduras as calças, o uso do dia a dia onde me visto de uma aliança vistosa. Nas gavetas as roupas íntimas que se escondem sobre todo o enlace de fita. Os brincos amontoados em uma caixinha disforme, perdidos todos eles em si mesmos. Os lenços e cachecóis ficam amarrados, juntos, conexos. Esperando que algum dia os resgate novamente. Os sapatos perdidos pelo quarto, uns que se ajustam, outros que falham, muitos que só vejo. No pratico, o brilhoso pecou por magnitude, pelos meus pés desacostumados.
E se me esqueci de alguma coisa? Ah se me esqueci de tudo que me adorna. Tudo se foi num bonito saltar, tudo que é meu voou até se tornar distância, até se tornar estranho, um estranho vinculo de tudo que me constroi.

terça-feira, setembro 29

Para mim

Se me provasse,
imagine a sandice
de cair em mim?

beijaria o doce,
o olhar mais bonito
ao sorrir pra mim.

se caísse em meus lábios,
seria dos bens, os amados..
doces sonhos de jasmins.

repartiria meus perfeitos,
meus mais que imperfeitos,
salivar de tentação.

ousaria até ter medo,
dessa calma em esconderijo,
desse ar de ilusão.

tomaria num abraço,
tornaria meu azul,
minha eterna aparição...

...se caísse, ai de mim
seria menino de asas, cera..
ao derreter em partir..

ao partir sem mim,
sem eu, sem nada em mãos.

Meu carinho

Meu carinho,
ahhhh meu carinho..
confundido,
jogado,
inesperado,
retido,
inanimado,
esquecido,
desacordado.
Meu carinho maltratado,
meu universo desconhecido.
Ai de todos nós.

Se te amo.

Se disser que te amo,
você acredita?

com a boca que te amo,
eu te amo com meus braços,
te amo em meus abraços..
te amo em solidão.

não te amo assim, de longe
te amo de frente, esquisita
te amo sinceramente,
amo loucamente, te amo.

eu te amo em desterro,
em desaviso das bocas,
interrompidas pelo desconhecer,
pelo sem saber, verter no impossível.

eu te amo em cada pedaço meu,
em cada fúria minha, sims, te amo.
Eu te amo com cada sílaba de minha língua,
a sair do ângulo de minha paixão.

eu te amo em certa conjunção,
e até no caos que te amo,
nessa minha solidão.

segunda-feira, setembro 28

Dear Moonchild

Dear Moonchild



Eis o preço, a ruptura
calabouço de si.
constante, dançante
devolução do emergir,
que pulsa a divergir,
meus assuntos todos vis...

pois limites, impôs um eis..
vestes de meus olhos,
acerto de meus poros,
compulsória solidão.

Pois me vale, me requer
me remete a cada dia,
um lembrar suntuoso,
um cobrar maldoso,
de ser como ser, sentir.

fez do feito ardoso,
meu maldar, penoso..
desse meu colidir.

terça-feira, setembro 22

Mon amour,

Mon Amour,

Já tenho tudo aqui,
tua boca e tua mentira,
teu avesso e minha solidão.

Que contradição a minha,
saber dessa forma intrínseca
e titubear meus pequenos sorrisos.
As falas da tua mão.

E já sei na tua fala,
e o teu amor por mim exalta,
no meu ouvido mentiroso,
não fala de amor algum.
Eu e minha boca grande.
Se existe alguém
alguém nesse mundo
que contorna seu próprio mistério
em habitual mordomia,
sou eu e minha boca,
eu e minha boca grande.
Um livro tendencioso,
a dizer-te o final,
contrariar todo progresso,
sustar qualquer curiosidade.
Eis reflexo,
eu e minha boca grande...

Já não escrevo como antes

Já não escrevo como antes,
já não suspiro alegremente,
se vivo de paixões pulsantes,
de meros viajantes, tolos.
E rupturas ao bel prazer.



Já não escrevo como antes,
antes era, antes fui...
me sentia viva, esperada,
consoante de meus prazeres,
mas fugida de todos eles...



Já não escrevo como antes,
e sou escrava da dúvida,
escrava de meu sentir,
que me aponta como errante...


porque não escrevi?

sexta-feira, setembro 18

Cães

Se pudesse,
abraçar toda a afeição,
resgatar toda lealdade,
resumir os inquietos,
desvendar os amenos,
correr com os pequeninos,
sorrir com os grandes.
Eu o faria.

Alberto Rosas II

Essa moça um dia me disse;

"Vou, mas volto para o seu coração"

E aqui esperando, jaz um homem fétido,
aqui, coração petrificado pelo tempo,
espectro de vida que fincou-se em lembranças.
Resiste, todo resto que não seja o amor que concebi.

Onde?!

Nos lares, escadas, visitas e recados,
nos reinos, plantações, feiras e atrasos..
nas ruas, na lua, ventre e peito amado.
No sul, planos, assuntos e comidas,
nos ares, açucares, amigos e destrezas,
nas portas, feixes e repartições..
nas canetas, bolsas, artigos e felicitações...

Onde foi que me escondi?

Inquietação

Será que parei de pedir direito?
Não estou sabendo terminar a frase,
começar a inquietação ou galgar
um permeio divino?

Será que desisti, de pedir?
Apesar do forçoso exprimir dessa inquietação.

De volta

De volta a minha velha falha,
insistente estado, precário.
Reproduzindo Verões passados,
arqueando nenhuma solução.


Haja falta de destreza...

domingo, setembro 13

Meu chão de asa delta

Meu chão de asa delta,
perigoso construtor,
assunte ao ludibriar,
eis parceiro enfim.

Na dureza do chão,
a firmeza de cair,
verter no estilhaço,
partir em mil pedaços...

Erguer um olhar,
pra cima, pensar...
eis que do chão
ali naquele mesmo lugar...

olhar.... olhar....

Nunca

Posso um dia dizer que talvez consiga me redimir.
Eu nunca disse que poderia no agora, nunca.
Nunca fui de me dizer a mudança brusca.
Nunca.

sexta-feira, setembro 11

Quanto tempo

Meus dias se foram e não sei mais,
quanto tempo faz,
quanto tempo faz.

Que me preocupo com você.

terça-feira, setembro 8

Renovadas as forças.


Renovadas as forças,
os punhos abertos,
da fala mais calma.

Pois que ironia,
força de se reintegrar,
força de reinventar?


É fortalecimento.

sexta-feira, setembro 4

Alberto Rosas

Já tive paixões de me cortarem as vistas.
Cedia ao nome do bendito ser que gostara.
Falava com dúbia vontade, mesmo austera..
reproduzindo o mesmo nas páginas dos dias.

Tecia um fio de carinho desavisado,
enchia o peito de vento, amor dos ingênuos.
Beijava aquela boca de tão longe,
que o gosto demorava a esquecer-me.
De nem lembrado, inútil beijo.

Já tive paixões de tantas...

Não sou eu

Quando se percebe
o mérito do invisível,
não se cubra de raiva vã,
não se ostente de orgulho,
nem ego é o bastante.
Se lembre do amor,
e amor por si só...

Catamarã

Há um dia de ser só saudade,
essa inquietude de Catamarã.
Não sei até que ponto,
se minhas vírgulas me abandonaram.

Já sinto o gosto do pesado,
esquecendo tudo que produzi,
me levando pedaço em pedaço.

domingo, agosto 30

Primeiridade

Peguei o meu amor de onde jamais houvera, sentei no chão e comecei a desvenda-lo. Onde sequer pensei que pudesse, fui. Percebi a sua forma delicada, seu imprevisto azul e a maciez de sua sonoridade. Meu amor indizível, de circundar os dias de pequenas vistas. Meu amor perdido, em meus braços murchos e cansados...
sentada lá, erguida de tanta primeiridade... é sempre a ultima primeira vez.

Eis

Eis que arriscam,
todos os pontos,
nas dúvidas menores,
no arco do em frente.

Reluz do pranto,
a condição humana.


Eis que arriscam,
todos eles, vivos.
perdidos em si mesmos,
distintos de todo o resto.

E sobrevivem.

quinta-feira, agosto 27

Impossível

Mais uma vez, sentada.
Olhando para aquelas escadas,
tão vazias de você.

Esperando o impossível,
o improvável...
de se acontecer.

segunda-feira, agosto 24

Nota arraigada de descontentamento

O que estou perdendo.



Hoje estava lendo sobre dois expoentes brasileiros da comunicação. Talvez possa chama-los assim porque souberam utilizar de suas habilidades, de um momento propício e de uma cara de pau estonteante. Por quê? Pergunto incessantemente. Nessa era de tanta informação e com uma maior facilidade de chegar ao conhecimento, porque não existem praticas e endossos ao mesmo?
Poderia dizer que o caminho onde se trilha a profissão e o reconhecimento é árduo, mas, poderia dizer também que simplesmente nos falta disciplina. Ser disciplinado é compreender as arduras de se ter paciência, de produzir pensamento baseado em experimento, de se experimentar usando do mundo.
Ser jovem as vezes é produzir instantâneidade, tudo sou e de tudo apareço. Aparento? Não digo que acho e nem dispenso o que pensam. Só me produzo as vezes num descontentamento imenso, queria dessa instantâneidade me cobrir de novidades. Ser, estar e reconhecer. Mas quê? As portas estão todas abertas, qual delas adentrar? Me perco numa gama de novidades incríveis, e a maior delas é que o mundo só ama quem ama todo mundo.
Até que ponto se pode esperar para brilhar? Ou descobrir que brilhar é necessário a vida, que produzir é construtivo, viver e sonhar é um balbuciar de novas tendências. No sonho me pratico como bem sou, e se sou aqui fora onde me pratico, porque não transpor meus sonhos?
Perder tempo no afável, no medíocre. Quanta coisa jogada fora, quanto tempo desperdiçado. Meu mundo se perdeu na comodidade de minha cara. E a cerca de minhas vísceras me faço em plena insatisfação. Reclamante do provável, formadora de atividade alguma. Que pulso pulsa se o sangue não corre? O caminho da vida se estende nas linhas do corpo, fluindo na magnitude de seu coração. Meu coração quer derramar em meus dias todas essas vontades. Descobrir a vantagem de existir nos planos de hoje, e retomar toda a função de uma outra vida. Que chama.

sábado, agosto 22

Minha tristeza.

Estou tão triste,
que minha tristeza,
não quer nem falar.

Ela está quietinha,
no cantinho dela,
com o nariz vermelho.

Só esperando pra derramar...

Relato numero dois

"Me possuo,
de grande poder.
um poder imenso,
lanceolado...
e a curto prazo."

Relato numero um

Enquanto fui atravessar a passarela, uma nota tocou meu coração.
Chorei de um desespero momentâneo, soluçando de interferência.
Não me trouxe alento algum, e de onde viera, pra lá voltara.
Tão sorrateiro choro, estremeceu toda minha certeza.
Então passando as mãos nos olhos, continuei a caminhar.

E ninguém sequer pode ver.

Jamé

Nunca amei ninguém nesta vida. Nunca fui amada.
Nunca senti que fui amada, nem sequer, amada fui.

Nunca vi meus poros reluzentes, nem minha alma vibrar.
Não senti o calafrio de manhã, perdida em um mirar.
Um sorriso displicente, dorminhoco. Anestesiado de outro dia.
Não soube observar, nem sequer amar,
um escovar de dentes, um lavar do corpo,
um café na tarde vazia. Nada disso.
Não acordei com um nome na boca,
falando alto no estremecer do pensamento.

Nem contei as horas de ansiedade, não.
Não me cobri de esperanças esquisitas.
Não pude, em sincero. Jamais fui, nem serei.
Não cobrirei a casa de flores, não farei amor, nem amarei.

Não desejarei os dias, não farei das noites, lindas.
Não amarei, nem ficarei. Do lado sem dizer nada,
encostada, de sobreaviso. Olhando a nuca alheia.
Segurando um dedo, parecendo criança.
Não viverei de amor, amor não me alimenta.

Não fui nem serei mulher, mulher de alguém.
Não vou preparar, nem me vestir. Não vou.
Não beijarei as orelhas, nem os olhos.
Pedirei ao amor que se afaste, perigoso.

Sequer trouxe flores, em meus sorrisos.
Não acordei com um olho só, nem abracei.
Não rezei pelos planos, nem acolhi.
Não chorei de felicidade, nem dei carinho.

Nunca fiz nada disso, nem farei... jamé.

Sentidos

Meus sentidos,
todos eles, reprimidos.

Minha boca não gosta,
meus ouvidos não captam,
meus olhos não se abrem,
minha pele não almeja...
meu nariz, coitado.

Nada sinto.

Feche a porta

Quem disse,
quem falou,
quem esbravejou;

"Feche a porta"

Não me ensinou
a girar a maçaneta.

Quanto te magoei

Quando te magoei,
deixei.
Parti dos rumores amigos,
me despi.

Quando te magoei,
me retirei.
Descumpri.
Nem sequer alardei.

Quando te magoei,
permiti, fugi.
Precisei.

Quanto te magoei,
me magoei também,
de tudo que lhe deixei.

Uma criança.

Quem me sorri melhor que uma criança?
Que sorri com a vida que Deus lhe entregou.
Não há sopro de tristeza, não há uivo de solidão.
Pois uma criança, acolhe tua vida com seu sorrir.

Que mistério contagioso, que permeio perfeito..
da alegria do maior bem, o mais valoroso...
do sorriso lindo que uma criança tem.

Não sei do bem até que ele invade,
transpõe qualquer significado,
na vida do rosto de um pequenino
um sorrir do peito amigo, coração amado.

sexta-feira, agosto 21

Meu dia favorito

Particularmente diria que meu dia favorito é o dia de encerar. Aqui do aquário vejo a alegria transbordando das calças azuis à toquinhas brancas. Os baldes se jutam e os fios atravessam quase todo o corredor. Os sapatos de segurança num reluzir mais bonito, as conversas são mais do que agradáveis de se ver. Tudo se ilumina e o ar pulsa frescor.
De certo que não há cera alguma, nem há chão de madeira. É água e sabão num girar de cerdas vermelhas e numa limpeza profunda. E enquanto se empurra o carrinho amarelo para dar início, ele estica a extensão para dar vida ao limpador. A máquina escova o chão, joga água e sabão e depois com um rodo traz a água de forma que espalhe, secando mais rápido.
De tão rápido que é, o condutor lhe diz que já está acostumado. E quando se pega a manha, tudo fica mais fácil!.
E lhes pergunto, quem sou eu pra não amar as sextas-feiras? Limpas, agradáveis e tão cheias de um sonhoso descanso.

segunda-feira, agosto 17

"Fraca"

Ando preocupada, calada.
Silenciando meus propósitos,
aquecendo minhas pátrias.
Você me deixa assim,
das luas de suas visitas.
Do sol que tendes a esquecer...

Nota de dois tempos amadores

Ontem comecei a travar uma bela luta, e enchi-me de esperança contra meus diabos. Passei duas horas tentando compreender meu inimigo, duas horas poucas, duas horas bobas. Duas horas não me foram nada, além do perceber de pura imprudência. Não se analisa nada de imediato, não se tira conclusão alguma de rapidez. A não ser, a velocidade em si.
E então, como progredir do poço de minhas intromissões? Se lá, no fundo do significado que é ser e estar, estão também um mundo de interpretações. Se sou porque meus acertos e minhas falhas me produziram. Reproduzem-se as dúvidas. A água reclusa apodrece em si ou resvai no extrair dos baldes? Respingos só contam histórias de morte precoce. De morrer já me canso em pensamento, não dá morte morrida, mas da morte do pensamento. Por quantas vezes morreu uma ideia, faleceu um conduzir brilhoso, um suntuoso sentir. E quanto as próximas, que sejam sedentas de viver, por favor. E como caminhar no desviar de minhas intromissões? Como meus diabos retratam seu espaço maduro e conciso, pode também realizar-se o recriar. Ponderar, talvez.

sábado, agosto 15

Será?

Será que posso dizer quem sou eu?

Talvez possa, enumere em vinte dígitos minhas
qualidades e defeitos. Diga meu nome e sobrenome,
o mistério das premissas de meu signo.

E talvez trace minha idade, fale de meus sonhos,
meus trajes e minhas vontades. Minhas perdas e
meus triunfos, minha família e meus amigos. Se sou
o amor que fui ou no que permaneço, se falo alto,
durmo cedo ou se festejo meus aniversários...

Se acordo de bom humor, se ando descalça em casa
ou se bebo socialmente. Se gosto de azul ou verde?
Pratico esportes? E se já pratiquei a arte de mentir, a
leveza de sorrir ou o findar do choro.

Se abraço apertado pra não perder ou dou dois beijinhos?
Se sou o meu time, minha cidade, meus versos e minhas
alegrias. Se sou as músicas que ouço, as palavra que digo
ou até mesmo quando digo não.

Se acredito no mundo, na vida e em Deus? Se tenho fé,
respeito ou gratidão? Se sinto cosquinha no pé ou na mão?
Se sou o meu amor, a minha amizade e minha emoção.
Se sou a minha mãe, a minha avó e meu irmão.


Talvez eu diga tudo isso,
e você aceite.
Talvez não.


Mas quem sou eu aqui,
além de minha verdade?

sexta-feira, agosto 14

Esta

Essa pressa, essa angustia e essa tremedeira.
Nesse impulso, essa dúvida e essa tristeza...
Esse muro, essa crosta.. esta distância.
Esse mundo, esse medo... esse silêncio.
Nesses dias, essas águas e essa desembocadura..
esses passos, essas tramas e essas indulgências,
esses planos, essas falhas e essa espera.
Esse calar, esse maldar...... esse findar.
E tudo, esse e aquele..... não consigo mais falar.

Silêncio

Hoje minha tristeza falou tão alto
que no eco de sua magnitude fui vítima.

Ressoava o cântico dos esquecidos...
e perdiam-se as falas por lá.

quarta-feira, agosto 12

Assim que tombei

Já não tenho mais dúvidas,
dessa fúria que atormenta.
A tremedeira que desorienta
um espasmo nas nossas vidas.

Tenho um pouco de paciência
um restinho de consciência,
uma pitada de carência,
mas não condescendência.

Já não tenho dúvida,
o tirar do sério é verter em mágoa,
o lavrar do ódio é subir em água,
e a resposta está na partida.

Tenho um pouco de aspereza
um restinho de clareza,
uma pitada de tristeza
mas não tenho mais sutileza.

terça-feira, agosto 4

Santa Luzia

Santa Luzia, curai-vos!
extirpa nossas dores,
incinera nosso sofrimento,
cuida do âmago de nossa alma,
cicatriza nossas desilusões.
Santa Luzia, atende!
Essa saudade dos dias,
onde curando o peito,
respirava o alento dos inocentes.
Galgando uma criança feliz.
Santa Luzia, agradeço!
Por imunizar meus desterros,
minhas lamentações.
Pois fui onde os meus foram,
e que saudades...

Partir

Você vai e fico aqui,
ou você vai...
e parto também?

Talvez partir de você,
quando você partir daqui.
Pois o partir de mim..
é o que parece acontecer.

Fatiadas as vontades

Fatiadas as vontades,
todas elas
partiram ao prato dos sabores.

um a um,
devorando aos poucos,
incumbindo de sentir.

E descendo ao saciar,
dos prazeres, todos eles.

Terminar.

Ontem no sexo

ontem mesmo
me passei
mas reparei
no teu sexo.

ontem mesmo,
reparei, olhei
transei
em perplexo.

ontem mesmo,
eu cobicei,
cada vez mais
teu nexo.

ontem mesmo,
quem diria
eixo plano,
tão complexo.

quarta-feira, julho 29

Desconhecida

"É tudo tão estranho, tão imerso. E vivendo dos pedaços que fomos, sou o formato do que temperei em nossos dias. Pois sim, existe alguém melhor aqui, alguém que não conhecia. "

terça-feira, julho 28

Volta e meia

Volta e meia me pego bebendo de suas tramas,
onde foi mesmo que me interessei por suas diferenças?
Até onde minha indiferença se fez desmoronar.

Numa suplica de sugar um pouco de ti,
engolir suas palavras e seus cânticos,
me suprir da carência de suas loucuras.

Jamais compreendo seus passos,
e me entrego a eles, volta e meia.
Mas dou meia volta sempre que posso.

E de volta?
Minhas diferenças são diferentes demais.

segunda-feira, julho 27

Manual

Não uso teus sapatos
nem seus laços,
só uso tropeços,
me uso pelo avesso...

não uso o desuso,
de dizer adeus....
eu não digo adeus,
ao adeus recluso.

não uso porque...
não sei usar!
onde está o manual,
que botão apertar?

domingo, julho 26

Por mim, de um outro olhar.

As vezes deponho sobre seus dias, digo a todos sobre suas sombras amarelas e seus belos ombros, a perder de vista. Digo sobre teus cabelos castanhos, seus olhos de mesmice e amor perdido, suas mãos tão sadias de movimento. Contando sobre teus lamentos, a bondade de suas induções, a claridade de seus sentimentos e a confusão de suas ações. Menina dos dias de saturno, jamais sabes o que fazer, verdade? Te digo que és a mais verdadeira e a mais mentirosa de suas proporções, a linda concepção de uma vida melhor e a plena desilusão dos mesmos olhos amadores.
Amas um dia que concebes, pequena. Retribui ao mundo quem tem a oferecer, e seus sorrisos planejam alimentar vidas. Tuas alegrias, permeiam dias melhores.. e tuas dores, choram sozinhas em azulejos. Não desmereça a flor que permanece em tua alma, cultive o mundo que o mundo lhe oferece. Persista na idade que tua face condena, aceite o ventre que teu corpo lhe condiz. Não use de boa fé para boa fé, repita o amor dos corações em outros corações. Não desista, pois a mão de Deus busca a sua em movimento. Permaneça onde seu coração convida, mas pondere onde ele lhe diz de ir embora. Não permita a condução de tragédias óbvias, sejas firme, sejas forte. Até que as vontades de más conduções se acalmem, respire e trace suas vontades em um papel. Conduza uma linha de teu pensamento, reserve espaço para a vida alheia. Pereça onde tuas verdades não são justas, a verdade permanece onde os corações exprimem concepção. Mas os corações são errantes querida, eles são cegos de tanto querer.
Não reprima tua alma, ela transparece onde as horas não dizem qualidades. Permita que exista tua vida, deixe que ela floresça no jardim do tempo, conserve os bons sentimentos e conserve a aprendizagem. A dor doída não voltará, mas a lembrança permanece. E o único prazer de se fazer mal é a certeza de destruição. Destruindo a si mesmo.
Alento onde alento existe, na paz onde seu coração conversa com as raízes do mundo. Onde teus palpites conservam a tranquilidade e a perseverança cresce da paciência e parcimônia. Não condenes tuas erronias insatisfações, teu momento é o momento predestinado. Os cânticos da vida permanecem onde as vozes podem alcançar, e a voz é um instrumento que necessita de preparo, como a tua mente. Jamais ascenda um candelabro sem fogo amigo, não queira um jardim se não há água em tuas vias. Prece a cada dádiva do mundo, resignação a cada momento de inquietude. Desespero conserva apenas um corrompido lamento de alguém que esqueceu de si mesmo, e não lembrar a própria voz é não poder falar com todos outros.
Raízes são feitas para serem cuidadas, não esquecidas. Por mais passadas que estejam, seu alicerce e base da vida se sustentam nessa contorcida forma. E se flores nascerem da sua alma, e se frutos brotarem de seus olhos, agradeça ao que lhe dá alento e vida cheia. Por onde andar e quando permanecer? Só a condição de quem vive diz a alma onde ir, a liberdade que buscas permanece implícita em seus olhos, e a fúria de sua juventude lhe desperta a distância vã. Onde ir, se não andar por entre os vales de seus pensamentos? Conduzir as partes de suas lamentações, rever prognósticos, assuntar condições, refazer sentimentos, construir prazeres, arquear um bem maior, sofrer a dor dos que merecem. Os caminhos que precisas estão apenas em suas veias, apenas em teu sangue.
O conhecimento não lhe buscará se não o buscares, a obra pronta é a desculpa dos preguiçosos. E a insuficiência daqueles que perecem é a falta de buscar a dúvida. A duvida conduz o semblante do que quer descobrir. Descobrir é reinventar a si mesmo, é prestar condolências a ignorância comum, é despertar um amante de tantos abrigos da alma. Não duvide de forças que despertam tuas letras, as forças que procedem de seu coração são as mesmas que acompanham teus dias. Alimente as forças de seu coração, então saberás que os dias vão passar com mais amabilidade e paz. Busque estar de acordo com o acordo de si mesmo, onde temeis as condições de seres subjugado. Respeite condições alheias, corações longínquos de rotações próprias e momentos únicos. Tenha perdão a admitir suas decadências, ,mas saiba que a decadência de si mesmo é a face amarga da esfera da vida.
Coma como reza a vela, deixe escorrer o que tiver de escorrer para conceber a luz. Não queime a mão em vontades momentâneas, a cera ficará em tuas partes. Aceite o amor num rejunte de almas, afixadas nos permeios dos céus. O amor se esconde em permanências estranhas. Reside onde o coração é apenas um circulador de vidas, pois o amor é todo o ser que concebe o amor. Não sustente dúvidas, não tente ser amor se amor só existe por si mesmo. Único de conservas atemporais. Distribua o amor que reside em você, a permanência dele em outras vidas mudará o próprio amor que conduzes em plenitude. Sejas amor nas palavras, nos preceitos e nas condições humanas. Ame a vida como a vida lhe ama, e o amor do sagrado unirá os tempos a eternidade.

Parte.

Existe uma parte de mim,
que se perde aos poucos,
há um minuto na vida,
minha bondade,
meus confiados,
meus discos.
Há uma parte que se esvai,
talvez perdida,
inclinada em si,
despedida.
Há uma parte que,
mesmo sabendo que parte fosse,
mesmo que dissesse,
não seria nada, além de palavras....
de alguém que esqueci.

Amor de amores doídos e amados.

Hoje o dia foi difícil,
como ontem foi também,
ontem doeu de tanto artifício..
de tanta esperança que coloquei.

Hoje dói a dor do mesmo,
a mesma dor doída lá atrás,
ferida mestiça de outra face,
cantiga do peito de outro rapaz.

Hoje sei que é sempre a mesma,
a dor que incita meu coração fraco,
abalo amigo do peito amado,
meus dias perdidos, sem afago.

Hoje premissa de um começo imune,
não há de convencer esta vida,
está dor no peito, amasso constante,
essa coragem já esquecida.

Hoje e talvez um dia,
existirá aquela ilusão,
aquele começo de púrpura fronte,
aquele desejo... sem consumição.

Hoje contradigo o que dissera,
nada mais me é verdade em mãos,
amor de amores doídos e amados,
feridas do peito, consolo do não...

Entristeço

toda vez que me entristeço,
é arremesso de mim,
é volta do desmoderado
é conserto do infinito.

desmereço esse meu corpo,
minha alma me reclama,
onde estou as vezes, minto.

Não estou, não...

terça-feira, julho 21

Zombaria

Queria dizer,
bem feito!

Teu peito,
sofredor.

bem dito,
o causador.

bem feito...
bem feito.

Gastando

De gasto
já me basto.
desgaste
do meu basto
meu bolso
abastado?
coitado,
sumido..

sofrido.

Farrulha

Farrulha em meu peito!
ò dia de mais ou menos,
ò santo de causas morridas,
diga-me logo meu desterro..
para morrer em paz.

Caro amigo

Caro amigo meu,

Preciso lhe falar de conduta,
a única que me trouxera a ti.
te sorrir me desperta algo bom,
ser bom me confidencia a eternidade.

Ternos dias de minha habilidade,
as vezes mal conduzida amiga.
Descrente de palmas cálidas,
assobios próximos de fraternidade.

Em que ilha nos perdemos?
As partes de tuas partes se foram,
só o azul a me dizer do teu esquecimento.
Na variedade calejante de meus dias.
Não esbravejando nos meus dentes.

Perto de minha rapidez,
fui sempre com olhos abertos,
e eles caíram novamente,
despertos demais para o amor.

Ressurgiria em mil anos,
as vozes da criança que falara,
do murmurinho de meus indutores,
das notícias dos dias que me cercam.

Me diga de imprecisão,
onde foi que nos perdemos
além de em nossos corações?

tempos de ser ninguém.

Em meus tempos de ser ninguém,
sou a fortaleza de minha mentira,
ruptura de minhas verdades,
a intolerância de minhas palavras,
sou o verter da falta aguda,
o fim de meu conhecimento.

sou o reluzir de uma jóia antiga,
a escassez de minhas felicitações,
o embromar de minhas atitudes,
a esfera de minha solidão.

Em meus tempos de ser ninguém,
um alguém desperto de ambiguidade,
da vera que é residir em Saturno,
dos cortes que são protegidos por belezas frágeis.

Nada aplica a juventude,
a sabedoria de palpear um doce,
não engole nem transcorre ao sumo,
dedicando, pontilhando, esperando...

em tempos de ser ninguém,
só ouço minha permanente brevidade.

Eu, me esqueci.

Eu, me esqueci.


Ontem estava andando no mundo novamente, olhando pra tudo que o mundo me dera. Dois passos a frente e outra perspectiva, novas cores e tantas diferenças. Tantas igualdades desconhecidas, e por um segundo me esqueci. Perdi a fala e a identidade, perdi o rumo e as chaves da compreensão. Onde minha casa habitara, onde minha vida me conhecia. Em poucos segundos a incompreensão e o pânico me abraçavam, e que abraço apertado. Já me basto se não sei quem sou? Já me basto se desperto agora e esqueço do que nem sei se sou.

domingo, julho 12

De todos os vales.

De todos os vales que cruzei... muitos suspiros agudos, certezas categóricas
e tragédias eminentes.
Assim fulo. Tolo transeunte de minha alma, querida parte de meu mundo, olho a lente que observa.

Onde vai se desdobrar a fúria? Em que parte de meu mundo as tendências se esvaiam,
em que percurso a vida fará a tranquilidade das formas.


Onde trairei meus medos? Seguindo indulgências de meu coração, afirmando a parte de cinza premissa em acordo de montanhas e depressões.

Farei de mim o rei de meu mundo? As guias da fala do peito erguido, a dúvida que transforma meus dias e a fé incumbida de reluzir meus olhos.

Espero pelo tear de minha prece, até que me canse de redigir, uma, duas; por mais escritas as palavras certas, ou acertados planos queridos,

Onde estarei além de aqui,
somente em mim.

terça-feira, julho 7

Cura

Há algo no submundo das frases
no circunscrito das palavras,
na perdida proclamação das estrofes.
Algo que não sei decifrar.

Há algo perdido em inúmeras falas,
nos dias em que a falta me disse mais alto,
em meio aos termos que minha boca pronuncia,
Algo que não sei traduzir.

Há algum porque das minhas vias,
dos dias em que algo não me basta,
nada me cura se não sei o bastante.

segunda-feira, junho 22

por um fio

Escrevo essa nota nociva
arranho o ventre de meu mundo,
descarrego a primeira fita,
da segunda eu desaconselho.

Vem a mim,
para padecer de dias leves,
calibrar o azul dos olhos,
e ver o mundo anil de imprecisão.

Não, não....
chega dessa maldade em soul,
se não sou por puro querer,
esse ser que acompanha a raiva.

Plantio dos inúteis,
cartel das pedras atiradas,
moinho de vento hostil.

Acalma-te.

Nem nunca.

Jamais vou dizer
dessa água não vou beber,
para não mentir.

Mas se for pensar,
se for dizer,
não quero nem saber,
não estou nem aí.

Tudo que tenho cabe
nos meus braços,
tudo que sou abraça meu dia.

E só disso sobrevivo.

Meu jeito

Meu jeito,
me mata
um dia.

meu jeito,
me afoga
um dia.

meu jeito,
sem jeito
me arruína.

meu jeito,
irracional
me domina.

Que sina...

quarta-feira, junho 17

Bom dia

O dia nasceu,
por mais noite escura,
nas frestas do mundo
os raios de sol,
florindo nas margens,
do sul um bom dia,
regando de luz,
mais uma vez...
mais um dia.

terça-feira, junho 16

Assim.

peguei teu leito
formei meu passe,
passei onde quis,
vibrei, cantei canções.
dancei sobre teu mundo,
recriei meu espaço.
deixei que me adorne,
em mim, teu espaço.
falei milhares,
ouvi de muitas delícias,
mas parei onde me permitia.

Assim que ouviu a primeira cantoria

Ouvis,

Pedaço da fonte de meu dizer, acredite.
Mendigo de meu recriar de amor profundo,
de pedra que reside ao chão de minha vida,
não apaga a cantoria de meus riachos.
Desvio meu coração as suas fontes,
suas fontes tão belas de segredos persistentes,
me amais como amas um alguém esquecido,
ficou a quinta parte da parte que me amou.
Fiquei com tão pouco do pouco que me sobrou.
Um quase nada de um amor que não me amou.

Assim que recebeu a primeira carta


Falais,

Se já me apego no desapego de te amar.
Se sou destroço, um troço vivido de se queixar.
Sempre acontece, declinam rumores de meu amar.
Não amo, apego, pois esse mesmo.. me faz declinar.



segunda-feira, junho 15

Imediatamente

"vou embora,
vou partir... "


vá logo,
suma daqui.

Estrago

mordi uma fruta
de polpa macia
e suco apetitoso.

me buscou os
sentidos,
e saboreou-me
olhar feliz.

caiu-me da mão,
rolou meu pedido,
meu sentido..

e minha razão?

Fazer sentido

como se pedisse
que parasse o bendito,
na porta do tempo.

ele já rolou as escadas,
por um pouco, desceu degraus.

o sentido é único
quando em declive.

o sentido muda
se mudar o único....

Ser amor ou ser alheio.

Já me busco onde estou,
onde estou me aconselho,
sempre digo ao ouvido,
pois ao coração não permeio.

Onde dói a dor do outro,
a não ser em si mesmo,
na dor, flagelo mundo,
esquecido dos anseios.

Um passeio conturbado,
onde dói a dor do outro?
A não ser em si mesmo,
ser amor ou ser alheio,

quando o passo se estremece,
e saber, desaconselho.

quarta-feira, junho 10

Sempre

Já não espero o esperar
matutino de minhas irmãs.
A rima precisa de nossas
piadas infames.



Mas sempre espero a
voz aguda de minha irmã maior,
a doce criança de seus olhos,
o abraço do resto de nossas vidas.



Sempre aguardo pelo enraizar,
da árvore nascente em meu coração,
do cuidado e cuidando dos dias,
até o florescer da felicidade.



Aguardo pela reunião da espiritualidade,
da luz que clareia minha alma amiga,
do sorrir de sua hombridade,
da serena distribuição de seu ser.

Esperanças

Viro as horas,
num doce almejar,
desprendo meus sentidos.
Pensando, pensante
na forma e conteúdo postumos.

Viro as horas,
e me convenço,
sinto a calma de respirar.
Nos caminhos despertos
de meu coração,
nas válvulas de meu progredir,
na suntuosa vibração.
Viro as horas,
e me adorno de esperanças,
me despejo de lamentos,
pressuponho, dimensão.
Viro as horas,
e espero pelo maior,
que me sugue até a alma,
e que me sobre a falta de ar..

Findar

Já é Junho novamente e meu amor
pelo findar do ano me traz serenidade.
Quantos dias de meus dias reparei,
os centímetros de minha felicidade,
as raízes de meu sorrir, no caminho incerto.
Tão certo de si mesmo que não me contas.
Nem me conto mais como antes, conto comigo.
Comigo conto de verdade.

Seria eu?

Hoje entre pergaminhos e minha inclusão digital
acertei uma dívida incalculável, persistente e fibrosa.

Seria eu , pedaço de meu sentir?
Seria, superfície de meu pensamento?
Seria, transversal no mundo?

Sou toda parte de mim que insiste,
sou até toda parte de mim que não é minha.
Sou no verso de meu verter agudo
a sinceridade de minha dúvida, o respeito
a minhas convicções a amplitude de meu querer.

Paguei com amor a dívida de minha alma,
e recebi o troco da satisfação pessoal.
Bendita seja a vontade resplandecente.

terça-feira, junho 9

Sinfonia de quadros brancos

Suspiras um desespero contínuo,
graduando cada linha da voz.
Uma sinfonia de quadros brancos
e tinta adormecida.
Clemência de fé amargurada,
nada compõe o transeunte
de seus pensamentos.

Façanhas de uma voz amiga.

Antes de dormir,
Conduza o pensamento até o norte, lá arremesse suas palavras em silêncio, peça esclarecimento e luz amiga. Do sul peça o permeio do perdão, clemente e esperando por diferença. Ao oeste, digas bem baixinho... acalma-te e tudo realizará, pedindo a mão que lhe conduz um alento. Ao leste, preencha as lacunas. Um golpe justo do racional ao que virá.
E durma.

Discurso poetico de poeta que nunca fui.


Em meu discurso poético travaria ilusões, diria mil mundos e fundos de eiras e beiras translúcidas. Faria correntes de humores esbravejantes e sentinelas em molho rose. Sentimentos flutuariam e os puxaria de modo complacente a conformidade, todo minuto seria de sagrado sacramento a beldade avistação do poeta que nunca fui. Ah! esse discurso poético de poeta que nunca fui, jamais poderia. Se minhas mãos não afagam aos minutos as minúcias dos amores que perdi, nem mais declamo em pedaços de papéis misturados ao chão sujo o meu clamor matutino, o meu entristecer entardístico e minha semeadura noturna. Nunca fui poeta de conduzir as palavras para os sete ventos, nem a dois passos daqui. Poeta não sou se as sílabas me fogem, se não escrevo de imediato. E se não o faço, os sentidos escorrem sobre os olhos e evaporam na solidão. Isso sim sei fazer de melhor, quando só, conduzo o pensar mais exausto que existe. Aquele pensar que se concebe e se traduz no mesmo ser, o velho pensamento da existência de um poeta que nunca existiu em meu coração... ou persistiu no mundo.

O que fica, onde fica todo o resto.

Alcançando a rramigência me despi de lucidez e qualquer pálpebra de minha delicadeza. Acarinhei o descaso de minhas falas e arranhei outros com meu olhar. Uma a uma, despindo a saliva como deserto no mundo, secando as margens de elucidações e opinatividades. Rasgando com cada sílaba minha a extremidade de seu possível ensejo. Viradas e lembradas de cada palavreado, contidas em suas expectativas corrompidas, dilaceradas... perdidas.


Sou ruim do quanto que me permito.

Segundos

Visitas nos dias
na calma das sombras
no pleno descaso,
margem da vida.

distinta da mesma,
distante de Vênus,
abraçando Saturno..

retorno infeliz.

Querendo

Quem quer que queira,
Quer o querer de quem queres.
Quem quer o querer é quem queira,
quem queira o querer de quem lhe quer...

Jamais!

Outro dia disse a mim com a boca cheia;
jamais mudarei circunstancialmente!

Outro dia, pensei comigo mesma:
jamais farei isso novamente.

Outra noite, adormeci pensando;
Jamais é uma pobre pessoa de falha aguda.

segunda-feira, junho 1

Sobressalto

O meu amor se vestiu de cores,
do verde, premissa ao rosto,
o púrpura de seu coração,
as cálidas partes de suas partes,
o azul temente de sua tranquilidade.
o branco de nossos dias,
em rosa meu rosar eterno.
Sobressalto de meus olhos,
suspiro do meu viver.

Beirador

assume a vida aquele beirador,
onde foi que viu e até onde chegou.
nem sabe.

Nem sabe o mundo, destemido convite
assumindo resquícios em fortuna do ser.
ser de saber, permanecer,
assim que o dia voltar, novamente serás..
quem querias ser.

terça-feira, maio 26

Lentidão

Lento
Outro dia dormindo pouco,
imensidão das horas.
Não produzo o esperado,
as vezes quase nada.

Onde foi parar
a minha vivacidade?
no descuido de criança,
pérola esquecida.

Ouço o ventre de minha alma,
apontar para a saudade,
do meu sagaz entendimento
daquela minha imensa vontade....

segunda-feira, maio 25

Paciência

Há força no pior dos dias,
desgosto foi passear.
Passeio de longa data,
desfecho de um dia será.

Tendo

Ontem não foi nada,
nem um pouco, fora.
Diante do hoje, maiúsculo...
Repleto de magnitude.

Hoje já não é, mas nada,
nada se o ponteiro mudar de ideia,
se a hora perder o tino.

o tino perder a hora.

Assim

Me responda devagar,
num suspiro extasiante,
nessa sua forma de falar.

me responda com certeza,
absoluto em teu olhar,
condinzente de ternura.

me responda oscilando,
como age ao dançar,
mero espasmo do pensamento.

me responda ao dormir,
no sonho um alento,
do abraço acalmar.

Pois cada pedaço dessa vida,
cada curva do pensar,
uma eira que minha beira assenta,
um rejunte que quero abraçar.

Palafitas do pensar

Quando giro, neste mundo
sinto náuseas de mirar,
de sentir, cheirar.
vejo lixo em toda parte,
brotando em sequências,
esse lixo humano de ser,
esse lixo humano de estar.
Cessar fogo

há tanto
venho a lhe dizer
venho a lhe falar

meu bem,
há tanto para aprender
há tanto a conhecer.

dois dias mais,
a tua boca rosada,
os teus olhos de caramelo.

onde foi que esquecestes?
se um dia fostes,
porque quisesses.

pois bem,
há vida no cessar fogo,
persiste chama, nesta vida.

quinta-feira, maio 21

Sou

Sou quem nunca fui,
e amanhã serei,
novamente..
quem não fui no hoje.

Publicação

Ontem me peguei pensando
na arte de publicar,
publicar é algo complicado,
destino esquisito, margem sem falar.

As vezes, por mais de obra aguda,
por mais de inteira doação,
aquilo do que se precisa,
não é preciso ao outro não.

Então somos planos,
inteiros, de meios relevantes,
para preencher outros anos.

Outras cartilhas, de caligrafia muda.
Criando do cego, surdo ao infeliz,
a fala consciente, a mente aguda.


As seis

Já eram seis, me levantei,
vesti meu casaco, calcei meus chinelos.
Andei pela casa sonora,
nada além do vento a conversar.
A chuva despia o chão de impurezas no quintal,
as plantas dançavam alegres.
E na cozinha logo a mesa, olhei pro café,
ele olhou para mim desconfiado..
não vai me tomar?

sexta-feira, maio 15

Filho de Jacó

Filho de Jacó guia-me a eternidade, me busque na tranquilidade e eu buscarei a ti. Leve-me pelas águas mansas ou até pela tempestade,se soubermos juntos como partir. Até que o céu se levante e minhalma se acalme, me traga bonança.. a vontade de conduzir,trazer por meio do existir essa palavra de esperança.

Nuca

O cheiro da tua nuca,
tão nua,
nua nuca.

Nunca,
nunca me fora verdade,
nem sequer proximidade,
desse cheiro teu.

Teu cheiro..
tão único.
Já me traz saudade.

Há pouco

Divida em palavras,
tudo que pode-se dizer,
esconda, como bem faz,
atrás, sabes bem.

Mas a duvida que corre
em suas veias, todo mundo tem.
Não use a falta de respeito,
e o julgamento prévio,
como algo que lhe convém.

Ainda há pouco de você,
onde não restou mais ninguém.

Efusivos³

Mentirosos do mundo,
de todos os amores,
todos, amores.

Desse amor que adoece,
reprodução de si mesmo.
Um amor Cáspio..
que águas mansas não desaguam.

Ronco

Quem ronca, será possível..
é a garganta que impulsiona o individuo
ou o individuo que impulsiona a garganta?