sexta-feira, agosto 17

Espalha

Feito areia no mar, ele se espalha. Busca incessantemente uma forma
de esquecer o passado, assim quem sabe, retomar sua vida e reformular
seus propositos.
Foi preciso, e inevitável. Jamais quis tomar tal decisão, mas quando dois
barcos sustentam uma mesma pessoa, que por sua vez coloca cada pé em um deles
aposte, veja e sinta como ela cairá quando cada um tomar um rumo diferente.
As palavras já não lhe cabiam mais, era estupidez, tentar novamente. Uma lágrima,
escorre sobre sua face, e nem assim recebes um consolo, será que não és mais digno?
Bem, buscou em muitos timbres uma resposta, porém não ouviu o que seu coração dizia.
Era hora de mudar, e dessa vez, de verdade.
Tudo lhe é estranho, novo e desesperador, aonde ir? como? e com quem? eram suas
dúvidas que dilaceravam seu coração que já não tinha forças para ditar um caminho.
Então com seus pés, sentiu no chão a força de uma nova vida, mais serena e verdadeira
sem aqueles pensamentos que lhe deixavam desolado. Se sentia livre, seguro de sí e astuto
ao perceber muitos outros iguais a ele.
Sentiu seus pulmões cheios de ar e assim fechando os olhos imaginou tudo que estaria
a sua espera....
Doce pensamento, que lambuzava sua alma e com muita delicadeza lhe proporcionava
pequenas porções desse gosto maravilhoso.

quarta-feira, agosto 15

Triste fim.








Ao olhar ao redor, é exatamente o que sinto. Nunca vi, nem nunca notei o quanto sou solitária apesar de tudo e todos que me rodeiam. É como se vagasse por um bosque no inverno, os galhos estão rangendo por causa do vento, as flores e os frutos apesar de por um breve momento aparecerem, se recolhem por uma determinada época.
As àrvores não são tão grandes quanto meus temores, o frio já não lhe toma a alma quanto lhe estremece o corpo. E apesar de andar sozinha sobre essa trilha de lamentações, percebo o quanto busco no imprevisível aquilo que me assegure. Os riscos, são como meus pensamentos, por vezes se alongam até o céu mas por
breves momentos se recolhem a sua insignificancia. Os galhos se confundem, como meus pensamentos a vagar por ai, já não sei se o inverno se instalou em meu coração
ou se estou com tanto frio, que já não penso direito.
Já percorri este caminho, pois nele busco respostas, e ao final vejo que por longos
que sejam os caminhos, será triste o fim, daqueles que não tem motivos para percorrer
a estrada e reerguer-se.



Imagem: Lane of polar trees - Vincent Van Gogh

"Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama: como se renovar sem primeiro se tornar cinzas? "

Nietzsche - Assim falou Zaratustra

sexta-feira, agosto 10

Como ousa?

Há dias em que ele só quer passar despercebido e mesmo que
sem querer, é muito bem visto.
Já notei suas visitas ao meu mundo, são quase diárias. De onde
seria e como chegou aqui, dessa forma tão repentina?
Não notei, mas já me tomara espaço. Apesar de abarrotado
ser esse meu mundinho, inserir-se para ele foi necessário.
Que audácia, COMO OUSA? Pensei. Pois afinal, nem lhe conheço.
Seria pretensão demais achar que por mim estivesse enamorado,
eu, logo eu, que jamais busquei no fundo de seus olhos as
respostas dos meus temores. E apesar de lhe fitar, os mesmos olhos
as vezes, relutei em dar reciprocidade.
Dias e mais dias, e jamais lhe tirei do pensamento. Busquei de várias
formas saber mais sobre ele e então depois da tormenta, vi a calmaria
em um dialogo muito rápido, porém eficaz. Depois disso, meu coração
já era todo seu. Tremula, as palavras eram curtas e mal preparadas, como em um primeiro
dia no colégio, com medo e receioso.
Jamais quis sua presença tão permanente, porque apesar de estar aqui comigo
os ventos que sopram ao sul levam o dono do seu proposito.
E ao te ver novamente, vi que tinhas um nome; Saudade, que se instalou sem pedir permissão, e só deixou o lamento de tudo que poderia ser e por obra do destino, não foi.