terça-feira, dezembro 30

Sobre portas

Anos se passaram, uma mudança previsível de todas as vias dessa casa. Quase vinte anos para construir o primeiro andar, uns cinco para aumentar a sala e diminuir o corredor onde eu rodeava a casa de velotrol. O jardim já não é o mesmo, o chuveirão não existe mais, a churrasqueia melhorou bastante tomando ares de mármore e madeira robusta. O quintal deixou de ter um coqueiro e a varanda uma palmeira. As pequenas rosas e margaridas ficam na lembrança rápida por onde passava, o canteiro servia de recuo para conseguir pegar os coelhos. O portão deixou de ser de madeira e o muro também, o gramado da varanda também foi embora e deu espaço a um grande salão de pisos brancos e flores azuis. O pequeno quarto virou uma sala, a sala continuou sala, a cozinha só se serviu de fogões e geladeiras novas. O banheiro ficou pálido, espelhado e mais bonito, lá em cima agora existem três quartos, o corte da planta se fez como em baixo pois as vigas só seriam felizes assim. Embora uma varanda tenha se estendido lá em cima com um ar gostoso e vista esquisita. Não vejo mais a grande árvore que ficava a frente da casa, as linhas bem amareladas ao chão da rua, as pequenas folhas que elas depositavam ao chão. Não vejo mais as crianças, os refrigerantes que ia comprar no vizinho a frente, o pipoqueiro passar... Não me vejo na calçada o dia inteiro brincando descalça.
Na minha casa muita coisa mudou, mas o engraçado é perceber que as portas são as mesmas de sempre, abrigaram meu choro e meu riso infantil, minha euforia pré-adolescente, minha revolta e indecisão de mocinha - que carrego comigo ainda, bem forte - e hoje elas apenas escutam minhas músicas altas, o meu passear na madrugada, meu silêncio e minha solidão. As vezes riem com meu riso, ou das minhas piadas esquisitas quem sabe das minhas danças matinais?. Por outras me fecham por fora para ver que não é a minha vez, enfim, as portas continuaram as mesmas. Apesar de muda-las de lugar, são as mesmas de sempre. E por um segundo, sem querer até me dei conta de como foi bom perceber isso.

segunda-feira, dezembro 29

Juntinhos solitários.

Não posso, não consigo,
nas ruas nos mundos,
nos bares e fundos.
Nas filas e cercos,
nos erros e acertos.

Estou sempre cercada,
apesar de calada, sempre.
Dessas vidas que esbarro,
que me acenam e me xingam.
Me dizem bom dia e se calam,
é o que fazem por ai.. é o que falam.

Que vão e vem como loucos,
sou louca junto a todos.
Um bando de loucos desvairados.
Somos por pouco!
E nada somos juntos..

Mas somos sozinhos, juntos.
Pois bem se apertados,
engolidos e cuspidos,
não somos nós ainda,
mesmo em nossa discrepância,
somos sozinhos, juntinhos.

Juntinhos solitários.

Aquilo mesmo!

Esguia, disfarça..
apronta tudo.
Contorce, exalta..
o enfurecer profundo.

E toma os braços,
cabelos e tudo.
Contamos juntos,
como estoura, em segundos..

e lá vem as lágrimas.

Meio dia na minha cabeça

Meio dia na minha cabeça,
estou no meio da rua de óculos,
meus olhos se escondem das vias,
da crueldade do mundo.

Me escondo por alguns segundos,
me escondo o quanto posso.
Mas me descobrem, malditos.
Querem saber meu nome e de onde vim,
tudo querem saber desse mim...

Meio dia na minha cabeça,
frita o meu pensar, ávido.
No dia que puder abrir minhas asas,
será que serei tão livre assim?

Mal posso esperar pelo mundo,
até os tapas certeiros que estão por vir,
em um desses tropecei há três anos,
espero que algo esteja concreto por aqui.

Meio dia na minha cabeça,
talvez depois da tempestade,
venha mais tempestade, enfim.
Até que o mar se canse de volver,
e a temperança encontre esse mim.

Quem disse que preciso de esferas,
tudo um doce remédio temporário,
como disse antes, naquele dia amargo.

Meio dia na minha cabeça,
escuto o estouro no longe impessoal,
tão pessoal a mim ultimamente,
que nem sei se desconheço tanto assim.

Os gritos ecoam das ruas,
e os gritos personificam aqui dentro.
Já abro meus olhos descrente.

Meio dia na minha cabeça,
não me peça coisas tão difíceis,
eu só quero um pouco de vida,
e a vida é um merecimento bipolar.
A mercê de suas mãos atadas,
a mercê de minhas mãos tão livres...

Meio dia na minha cabeça,
e não conseguimos dar as mãos.

Jaz aqui uma lembrança

Um dia meu tio se foi,
senti a sua ida.
Queria seu retorno.

Senti medo do medo que era saber,
que ele não estaria lá pela manhã.
Toda manhã de sol no meio fio.

Sabia que um dia ele iria,
sei que um dia todos vão...
Já faz tempo, mas é sempre lembrado.

Quem faz falta não é esquecido jamais.

Semente comum

Permanecer no século XII, ser quem fora outrora,
em mundos novos, em outros séculos.
Crer numa assinatura, santuário divino,
inferno alarmado, dádiva do céu.

Ignorância, petulância.
Minha talvez, pura visão anti-relativista.
Sou o produto do que me criou,
como são, todos em seu interior.

Mas há contradição,
se posso ver daqui e eles de lá..
quem tem o poder de decidir?
Quem tem o poder de mudar?

Há sempre ostentação,
de uma moral-amoral-imoral,
em contextos divinos e divinificados,
onde um homem plantou a semente comum.

Posso chamar do que quiser,
posso proceder e me inflamar,
reduzindo ou recriando,
uma visão criada por mim?

Talvez quisessem que pensasse assim,
ou por tudo que sou, se sou é por tudo.
Por tudo que me rodeia, sempre.
Por tudo que recria, o mundo
e todo e qualquer tipo de gente.

domingo, dezembro 28

Sobre crer

Uma vez ouvi dizer que algo permeia todo o resto, e o resto permite ou não que as águas se multipliquem, mas que mera bobagem, ela apenas se divide.
Uma vez ouvi dizer que algo está em tudo, e acredito que o tudo se cruze, se envolva. Talvez um mero descaso de quem não observa, ou seja um sinal a todos aqueles que estão atentos.
Uma vez, ouvi dizer que ele não existe. Mas não interessa se um homem existiu há anos,
um homem só pode mudar o destino do mundo, se puder mudar seu próprio destino.
Então, por muitas vezes que ouvi por ai... pude finalmente acreditar que nada é melhor, nem pior, ou perfeitamente divino. A vida se divinifica quando o mundo permite, e se o mundo permite, ah sim... ai sim.. realmente vou ouvir dizer por ai que existe a tal felicidade. Sem contornos, sem adornos... apenas caminhando do seu jeito.

Quase

Quase perdi o controle,
no momento em que lembrei
que você estava lá com seu chapéu azul.
com o chapéu azul...

ai ai..

sábado, dezembro 27

Sentimento

Sinto, por não ter mais sentido
isso a tanto tempo.
Mas o tempo, não sentiu.
Não me fez sentir muito..
pois agora que sinto novamente,
eu sinto tanto e portanto,
sinto-me feliz,
por isso novamente.

Anormal

Nem todo prazer é gozo,
nem toda canção é sorrir,
nem todo mundo é pacifico,
nem o pacifico é mundo...
nem toda paz é pra sempre,
nem toda dúvida é cortante,
nem todo costume é vício.

E nem tudo posso dizer,
nem tudo pode-se dizer...
a quem não entende.

None II

Quase todas as vezes que estou chateada, não me pergunto sobre o que escrevo. Só descrevo o olhar de auto-piedade em minhas terrenas palavras. Esqueço do voar, itinerário de sempre. E fico por aqui mesmo dizendo infâmias. Já estou tão cansada de sobreviver a isso, que insisto em não dizer mais nada. Sinto que meu calar já me faz culpada o bastante, chega de remédios breves.
Como ontem e anteontem, torci o nariz e imprudente fiz, imprudente fui. Nada resolveu, nada despertou. Tudo se manteve como a cinco minutos atrás, contínuo e dilacerante. De que me valem as coisas absurdas e inóspitas das madrugadas de azedume? Acho que mais palavras pra recordar, ou sabe aquele sermão íntimo? Costumo me dizer algumas boas e importantíssimas palavras quando resolvo ir pelo caminho mais pesado, só que agora, é tudo tão difícil. Antes algo pulsava e conseguia ir em frente, mas pouco a pouco a chama se esvai, e assim deixo de recorrer a um império discursivo e impetuoso. Não há retórica no mundo que me faça crer nessa postura. Cada vez mais sinto um convite incitante de algo maior, uma espécie de destino implacável e restaurador de centenas de desterros.
De nada me valem essas lágrimas, nem esse rancor todo. Onde mais estaria se não fosse por tudo que já fiz, por tudo que sou, por tudo que fui. Já não insisto mais em discutir memórias residuais, quando fui somente isso por um duradouro espaço de tempo. Que fiquem onde estão, se tudo me permitir. Sou porque fui, e do que fui não tenho mais o que falar, só recordar.
As vezes abro a janela da minha casa, e respiro sozinha a esperança de um novo dia. Nada me faz mais feliz do que sentir isso só. Ninguém merece o quanto isso me dá prazer, ninguém. E já não me restam tantas cartas na manga para dividir, tenho apenas meu sorriso, minhas ideias e minha simpatia de balconista, exige de mim uma árdua fonte de paciência e parcimônia, por vezes um tônico para a vida, por outras, um inferno na terra. E assim prossigo, viva.
De começo meio e fim sempre esqueço de dar uma solução, um glamour estético as palavras esperançosas e cheias de um mundo maravilhoso, mas não hoje, hoje não serei essa pessoa. Até que um dia me falhe o esquecimento e lá de onde surgem todas as palavras vibrantes - esse consolo as três da manhã - de onde tudo surge e emerge em mim, guiarei minhas frases a um desfecho maravilhoso, enfim.

Castelo de areia

Castelo de areia,
bonito na praia
deslumbre do níquel
resquício de água.

Castelo de areia,
bonito de ver,
crianças brincando
mas, não pode..
não pode chover.

Castelo de areia,
de todas as vezes,
só vi seu império,
longe das águas.

Castelo de areia,
próximo ao mar,
não resiste..
por muito tempo.

Castelo de areia,
sozinho e relapso,
próximo as águas
é mais um tolo juvenil...

destruído por si mesmo.

sexta-feira, dezembro 26

O flerte

O flerte é uma coisa engraçada.
Você nem nota, nem pisca,
e já tá enrolada.

Começa num Olá,
num olhar...
e tudo cerca.

Todos fingem,
tudo é mistério,
mas já se sabe.

Já se sabe onde
isso vai dar.

quinta-feira, dezembro 25

Eu aceito

Eu aceito,
uma nova casa,
um novo pensar,
uma nova cor.

eu aceito,
uma nova promessa,
um futuro promissor
e o decair do amor.

eu aceito,
esse meu calar,
um idealizar,
um crescer interior.

mas eu não aceito,
de forma alguma...
permanecer onde estou.

quarta-feira, dezembro 24

terça-feira, dezembro 23

De Saturno

Andei introspectivo pelos dias, inútil e desnecessário como sempre.
As serdas andam cada vez mais agudas, serdas mudas, agudas.
Nada e tudo parecem iguais, verdade de mentira não se desfaz,
com tudo, contudo e com todos.. os ventos sopram tão frios.

Fico a mercê dessa insensatez, a margem dos centrados hemisférios,
assim estou submerso em algum mundo distante. Ásia de minha vida...
Ilhado em um submundo chamado eu, e eu que é bom não me aparece.
O você talvez me interesse, e depois não quero mais saber de mundos distantes.

Mas posso dizer tudo a você, posso te contar cada detalhe,
e não entenderás a dispersa forma, desse mundo em que me recostei.
Não saberás porque brilha o orvalho pela manhã nos coqueirais,
nem porque a noite as águas morrem em sedentos precipícios.
Não entenderá porque vou embora, nem porque fico aqui te observando.
Nem se as vezes me encaro vivo e intenso, nem porque morro a cada segundo.

E nada será como antes, presente desse presente inesquecível.
E o segundo que passou já é passado, quando escrevi o involuntário,
onde fiquei, onde finquei meus dias em pouquíssimas palavras.
E só me sobraram alfabetos, e de letras me lembrei de dias amargos,
e de frases ri sozinho na sala, e de loucuras sobrevivi em meus dias.

Não me deixo ir embora.

Quem disse...

Quem disse,
que amar,
assim é fácil.
e eu nem sei,
se amo isso tudo,
ou só abraço..
por abraçar.
pois os dias passam,
e sou pior do que nunca,
só desgosto.

Ainda por lá

Depois de duas horas no sofá, fechou os olhos e pediu sustento. Carregou na garganta um pedido inóspito, não crescera voz alguma, não crescera absolutamente nada. Então sentou sob o vértice laranja, acalmou o esquentar do corpo no gélido chão, e de súbito se levantou ao intuito.
Foi atrás de um quê, que não existe. Saiu ofegante em busca do qual, qual o significado disso tudo. E então gavetas foram abertas, papéis e resíduos de alguma coisa que um dia fora conhecido. Poeira e esquecimento em listras, gravuras e verdades alheias. Revistas e jornais antigos, fontes de inglês, história e cristianismo. Lições petrolíferas e manuais de trânsito. Nada era o que lhe chamara, o que lhe fizera levantar. E as gavetas emperravam, tesouras e lixadeiras, cupim e desordem. E onde estaria a passagem de volta, onde estaria o maldito fim, se queixou. E voltou pro sofá...

segunda-feira, dezembro 22

O Cachorro e o rabo.

Sigo o meu rabo
em torno de mim,
e eu corro,
corro e babo!

Pois o meu rabo,
é meu triunfo,
é a minha sina,
nesse girar...

E rodopio, tonto
mas ileso a tudo,
a contrariar.

E corro mais vezes,
em busca do outro eu,
até onde Deus dará.

Até que um hora,
meu rabo altivo,
irei capturar.

E simmmmm, sim!
eu me encontrei,
nesse girar.

"Que Fora"

Quanto vale,
um sorriso,
de quem,
raramente o faz?

Verdadeiramente,
as vezes é bonito,
de ver rosar...

Talvez,
um muito obrigada,
eu gostei muito!
satisfaz.

E o mundo vive,
de presente,
onde o carinho,
não está.

Um presente,
volúvel...

sábado, dezembro 20

None

Hoje dormirei com uma vontade imensa de gritar aos quatro ventos a minha farça.A todo instante finjo um novo recomeço,uma nova estratégia cintilante. E ponho a todo resto o resplandecer de uma jóia roubada, de outras letras, de outras vidas,e outros rumos.Talvez eu suba até o mais alto de minha dúvida,até o ápice de minha psicologia, e me pergunte,obviamente olhando em meus olhos, quando finalmente irei me separar desse lamento desnecessário?Se crio um faz de conta incessante, uma réplica de todo conto de fadas, onde permaneço no desenrolar de uma estrutura Hollywoodana, e sou no meio do filme,onde o mocinho perde a mocinha, onde a esperança se magoa e o amor viaja pra bem longe, eu sou no procurar da cura ou no modo de salvar o planeta, a minha própria confusão.Diante de toda essa remota possibilidade de desfecho, só posso dizer que cansei de derrotar minhas invisíveis mágoas,pois não sou infeliz, não sou transtornada, não sou mal amada,não sou um poço de desterros e magnânima ignorância.Sou apenas um retroceder bobo, uma fagulha de vida que acende no mármore dos dias, que se aquece nos pequenos detalhes e se diminui no vento insistente.Talvez as vezes contribua para um estado intermitente de ilusões,todos nos somos criadores de problemas desnecessários e injurias fictícias.E nada seria diferente para uma jovem idealista de causas mortas. Acredito num discurso que exige demais de minha vida preguiçosa,mas admito a insuficiência temporal, pois nada é imutável.Mas ainda sim creio na esperança vã, ela sempre me acompanha de uma forma sincera e desviada, nos mínimos resquícios de um corrompido acreditar.E a minha farça é por seguir de encontro a tudo que amo, tudo que subitamenteme ama de uma forma irrevogável. Pois amor não se restringe apenas a dois corpos,amor não é a posse de união, comunhão. Amor se estrutura numa base chamada respeito,e a longos anos eu deixei de respeitar muito a minha volta, como se pudesse apenas contribuir com o xerife de minha alma, que dizia não a ordens. Mas o meu distrito deixou seu cunho municipal, e agora tenho que revogar minhas participações para ordens federais, pois a vida me chama a cada segundo, e não posso mais ser a mesma, pois se tudo muda, o mundo muda, a vida muda, porque comigo... há de ser diferente?E não interessa mais, não me importa. Tudo aquilo vai embora, de bom e de ruim, e só me sobram as lembranças, e por tudo que eu posso contribuir para rete-las,apenas direi em face a nova ordem que me precisa, pois eu preciso de mim em um novo estalar de dedos vivos, pois preciso de um novo olhar cintilante, e preciso..esquecer que nada foi revelado de forma completa ao injurio, e tudo... tudo é formato,e formatado para co-existir. E sigo nesse tear da existência, graças a vida.

Cafezinho

Bom mesmo é tomar um café
e discutir o indiscutível.
Lembrar o desmemoriado tempo,
e sorrir por dentro.

Cafezinho sempre me cai bem.

Agora

Não acredito mais na força do agora, pois nem tudo é precipitação, nem sempre o imediato consegue me suprir o coração. Bobagem é seguir essa dança incoerente, quando se perde metade da esperança. Pois outro dia sempre nasce, não tão novo para quem acha que realmente é, não tão completo e sereno, mas uma consequência daquele pretérito imperfeito.
Mas, nasce, sempre nasce um novo dia com tantas possibilidades, falhas e acertos, só esperando pela nossa atuação duradoura.

O que sou.

O que eu digo,
o que eu falo,
o que eu faço.

Sou tudo eu,
é tudo meu.

E se não agrada,
se não permite,
se não concorda...

vamos conversar,
talvez.

Quieto

Ontem contei um segredo ao meu coração,
talvez não o deveria ter feito tão rápido...
pois ele com certeza não compreenderá.
E se o tivesse feito antes, ou amanhã,
acho que seria deveras pior...
Pois ele não entende, nem aceita
que tudo só se permite no momento exato.


E sim, foi o momento certo.

A tarde

Hoje eu não quero nada,
nem choro nem vela,
nem doces algozes,
nem dúvidas, nem beijos..
nada de amor por hoje.

Hoje eu não quero brigar,
não quero telefonema,
não quero gente,
não quero bicho,
hoje não quero nada...

além de mim.

quinta-feira, dezembro 18

Pessoal

Trago as manhãs minhas forças,
e enxugo do peito a saudar, como é precioso.

A cada segundo, em contraluz, perfeito.
Gosto das palavras no caminho de volta pra casa.

E se me perguntar por onde andei ou fui,
já não sei se estou indo ou vindo.

Talvez faça os dois, se puder.
E que esse suspiro permaneça..
como é bom viver.

Saturno

Emerge onde o nada insiste,
onde a dúvida colore,
e descolore o puer.

De todo sacrifício
e a glória de doer,
eis tuas folhas de louro.

E derramas inibido,
o permanecer em Saturno,
onde és contemplar.

E até que o dia murche,
e a alma decaia,
uma voz insistirá.

A doença está no mundo,
a tristeza está no mundo,
e Saturno, está em você.

Estrago alheio

Um estrago, coração.
Já sabes, nem preciso..
O amor adoeceu, em pleno dia.
Do começo é teu mérito,
do final é confusão.
E tudo volta ao lugar,
e termina e começa,
novamente, coração.

Rente

Estala a mente,
a ideia submersa,
de pouco ao resto,
toma os dedos,
e lá se vai novamente,
um monte de ilusão,
um alimento da alma,
um fado racional,
um regalo ao coração.

E desce rápida, faceira.
E a boca ri de metidez,
os olhos fecham aos poucos,
lhe toma algo orgulhoso,
vingas teus rodopios estáveis,
loucura de gente que tem sono.

Duradouro

Durmo,
insensatez.
E Acordo, esperança.

Permaneço,
calada.
E finjo, colidir.

Prefiro, abster.
E finalizo, pensando.

É difícil.

Luas & Luas

Luas plenas,
cálidas
e azuis.

Luas breves,
cheias de vida,
anil e luz.

Luas cheias,
contorno cálido,
espelho do desejo.

Luas de Bruxelas,
Vitória
e Assunção.

Luas de ventres,
nascimentos
e conclusão.

Luas crescentes,
onde arde o sangue,
breve ilusão.

Luas passageiras,
momentos instáveis,
passaram então.

Troco

Me tomas o restante,
do que já nem tinha.
Como vou sobreviver?

Tenho de comprar o pão,
uns dois já resolvem,
mas sem troco, como faço?

Junto o pouco que me resta,
do pouco que nada tenho,
sabe como é que faço?

Talvez lhe direi, quem sabe
se me devolveres...
o troco que restou do nada.

Cilada

Há sempre,
na calada,
cilada, cilada.
Há sempre,
no rumor,
cilada, cilada.
Há sempre,
na dúvida,
cilada, cilada.
Há sempre,
de tudo,
cilada... eterna cilada.

Falling out

Me vens com essas mãos tremulas de cidadão perdido, e corres pelas ruas com o calcanhar agudo. Quantas vezes elas lhe fizeram medo, um impulso perdido na largura distante dos que já estão em casa. O barulho assusta o medroso, que corre estremecido pelo asfalto, sempre com um quê de assaltado. Até que por mochilas e bolsas, celulares e cifras, até onde a margem dos papéis podem lhe cobrir, ou onde as sacolas podem chegar. Os livros podem se perder, a mágica de todo um coração pode se esvair, como se apaga esta chama quanto aos dias a mais sem vida. Mas vens com essas mãos tremulas novamente, e o medo difere do que há lá fora, o medo escorre do que há por dentro, mas não esquece dos olhos que te observam, sedentos.

terça-feira, dezembro 16

Soneto da Injúria

Quantas vezes, mais?
Se me seguro aos poucos,
e nada por mim, se faz.
Continuo decaída.

E meu coração murcha,
aos centímetros de cada segundo,
quando o tempo machuca,
e tudo se acumula, nada sou.

A injúria compensa a quem,
a quem não se importa,
e de que importa ? É uma porta.

Vais morrer no amargar,
ao perceber que não há,
nem sequer um pouco de ti...

Sobre sorrisos

Sorrio amarelo,
condizente,
com minha amarelice..
de sempre.

Sorris em azul,
pois de gosto,
és a luminescência
de minhas escolhas.

E a preferência,
de meus olhos,
que sorriem,
espelhados.

Na manhã

Todo santo dia eu acordo com esse barulho.
Ruminam a manhã inteirinha.
E meus sonhos felizes morrem,
e dão espaço ao branco sonhar,
sem mais lembranças, sem mais..

Quem?

Quem sou eu,
a não ser a mesma.
A mesma de sempre,
mas nem sempre, a mesma.

Quem sou eu,
se não outra vez,
de novo, novamente
sigo o caminho no repeteco.

Quem sou eu,
a não ser a velha mania,
o costume encruado,
em síntese, palpitação.

Quem sou eu,
se não um fado de dias,
que passam apressados,
e deixam as marcas...

para a mesma de amanhã.

Acordei bem..

Acordei bem, bem mal,
e nada que eu coma,
pode me confortar.

Maldita virose.

quinta-feira, dezembro 11

Verso

Verso, versinho meu
prenda de minha vida.
Luas e céus vão poder,
mas não sem tua presença,
não sem teu existir.
Não sem teu dom de
conduzir, em cada vogal
em cada consoante viva..
a verdade de meus olhos.

Por todas as santas

Pela Santa Ignorância,
pela Santa Burrice,
pela Santa Falta de Paciência,
pela Santa Insensatez,
pela Santa e imaculada descrença.

Orai-vos.

Nossa música

Quando a nossa
música tocar,
eu vou me lembrar.
Que nada é assim,
tão fácil.

quarta-feira, dezembro 10

Cinco dias

Passei cinco dias pensando,
em como parar de pensar.
Talvez calando-me,
mas que besteira, o falar é ímpeto.
E ímpeto não obedece,
não tem conversa..
nem pedido, nem perdão.

terça-feira, dezembro 9

Josephine.

Josephine, flor esquecida do jardim dos pássaros. Flor de orvalho rente e textura angular, de haste fina e adornos simples. Flor de anáguas cálidas, mas que se prende em superfície a um ar embalsamado. Em teus dias, horas demais e certezas vãs na órbita de teu mundo, Josephine realça sua vida em sua desmedida e conturbada comoção imaginária. Sobrevive de amor a um único ser cujo molde lhe abraça a liberdade, o céu e ela, eram longínquos de um grande amor em laço eterno. Mas flor de jardim cercado jamais visita a esfera do mundo, muito menos, do amor liberto.
Cantava suas alegrias e tristezas em um desatar de nós estranho, cada vez que uma de suas pétalas era desamarrada, ela tecia sob seu ímpeto um desejo de construir uma desmedida história, onde Josephine se rendia a uma canção de amor qualquer, e deixava de se enraizar sobre as ervas daninhas. E em que, encontrava com o pássaro de teus sonhos, um amor em vendaval de estrelas distantes. Ou talvez, era vez da tristeza, e só a mais pálida das flores poderia redigir um consolo duradouro. E Josephine era de tudo a mais triste das flores, em condição de um bulbo sedento de tristes histórias, sadomizando assim tuas folhas mínimas. Pulsava por hora e desandava por muitas, seu guia de todos os dias e algoz de sua dívida eterna, Josephine obedecia a clausura de viver em si, para si o mundo era sonhar demais, para os outros, Josephine apenas uma flor sem mais espetáculos.
No jardim acompanhava as manhãs o tear das rosas, um luminescente raiar do dia em que todas elas exalavam o melhor de toda sua espetacular e distinta vida, existem flores que nasceram para exuberantes papéis, e das rosas Josephine tinha um absurdo contemplar. Logo a esquerda das rosas a grama era mais verde, e os pássaros eram agraciados pelo brilhar do orvalho sob tuas pétalas cintilantes, o edem posou e deixou que o mundo dissesse adeus. E agraciadas, uma a uma com a vida de longas condições, condições essas de esmero e adornos, elas seguiam a contornar o mundo com uma beleza singular e radiante. Atraindo o liberto ser que de outra lhe retiam os dias.
Perto do gradear estava Josephine, a última de sua espécie. Pois a pouco lhe dissera adeus a penúltima, que fora passear sobre as mãos de um arroubo juvenil. A sua direita, um imenso Copo de leite, audacioso de tão grande, eterno em si por seu reter do orvalho, minucioso em suas poucas palavras e de súbito, as vezes um grande produtor de horas de pensamentos. Residia nos dias de Josephine como uma razão distante, que por vezes lhe visitara a face. Por muitas, em que esqueceu de acordar, o esguio ser lhe derramava um bom dia, em litros fictícios.
A mais deles ao redor de Josephine, só não lhe aparentam bons presságios, pois flor que não brilha não é boa coisa, ditos em reservado, porém o saber de tal fofoca fora conhecido. De certo ela se virava a esquerda as manhãs, de certo que sim. Lá estava o Girassol, radiante e altivo! Grande flor de prosperidade e renascer, lhe regava os dias com fortes palavras de otimismo, e lhe trazia um pouco de vida as manhãs, quando se esquecia de viver. Mas aos dias chuvosos, daí sim o pessimismo lhe engolia, pois o Girassol empobrecia seu ser quando os céus se trancavam. Então nos dias de chuva dava a ressalva a todo seu desgosto matutino.
De certo que não conhecia as Camélias, nem as Gardênias, tão pouco os Crisântemos. Tinha medo de parecer tola e ineficaz em aparecer-lhes, então, fazia da forma mais fácil, reprimia-se. Ela gostava mesmo era de conversar com as formigas, mesmo que as vezes as via mordiscar suas pétalas desatadas, relembrando algo que esquecera. Mas as formigas eram dóceis, diziam as novidades do jardim dos pássaros, e à antenava, minúscula flor de seu liberto amado. Só que o conversar jamais substituía o doce, por isso pairavam ao encontro do néctar mais próximo. Não ligava, cada um erguia sua vida como bem entendesse, pensava.
Um dia esqueceu de acordar, não abriu-lhe as pétalas ao sol. Então tomara o gosto do orvalho gélido as seis, quase lhe derrubou toda fronte. E acordou com ar de divergência, salpicando a terra com as gotas madrugais. E lá de cima o mestre das alturas lhe disse para acordar, pois o dia nasceu e o mundo está girando novamente. Quem dirá a mim que horas acordar? Josephine teimosa como suas pequenas raízes, nunca desplantavam de um mesmo lugar, e se fora o caso de viajar pra outros terrenos, morreria inóspita. Enraivada e submersa, resmungou e se contorceu novamente, e sem perceber, uma pétala caíra impune. O Girassol cantava ao dia mais belo, as Rosas brilhavam no caloroso dia, Violetas, Margaridas, Minhocas e Borboletas cantavam a canção da Primavera, e talvez Josephine acordasse, sob o barulho chateante. E com retorcidas pétalas ela se abre, o dia a invade e os pássaros estão próximos. Um susto! Logo se mantém rente e arredonda suas pétalas. Seu amado lhe olhara de rápido sentir, e um segundo bastou para a teimosia fingir não perceber. Até nos amores ela não sabia de que modo, modos teria uma flor assim? Para talvez ser a viajante de tuas pequenas garras libertas. E então o momento se esvaiu, mais uma vez o voo foi rápido e doloroso, mais uma vez uma pétala despencara.
Então resolveu não mais viver de sonhos fúteis, decidiu exaurir-se de si mesma. Virar uma trepadeira e sumir no mundo, em seu mundo de artifícios inexatos. E até em sua fuga se exprimiu o dom da frustração, lhe prometera o mundo, e ganhastes a mesmice. Derramou-se em três pétalas, quase parecia seu pulsar incitante, mas escondia-o de todos, todos.
Assim que o dia se foi, passou acordada a contemplar sua humilhante vida, mas na única noite em que não dormira, o luar contemplou sua vida, e brilhou na noite a flor que não tinha cor. Talvez fosse sonho ou pura ilusão, mas dedilhou em mil palavras latentes a felicidade de se esquecer do esquecimento, viva enfim estara. Um tom de inebriante, a noite sou quem posso e cada vez mais! Retificou em duas ou três palavras depois, pois menos era sempre Josephine. E quem vira tal feito? O jardim estava fechado, as outras flores entorpecidas em si mesmas, os pássaros em seus ninhos, e Josephine? Sonhando em planícies estelares.
A noite era sua companheira, e nem dormira de tanta agonia. Pois o dia logo nascera e todos poderiam ver seu brilhar, mas espere, a lua já despediu-se, e seu espasmo brilhante se foi. E na manhã fechou-se novamente.
Josephine fadou seus dias a um eterno diluir de sua alma, a noite era viva e brilhante, mas ao dia, como construirá sua avidez? E assim passou a suspirar em vão, porém agora a esperança lhe contemplara ao pensar em como seria num eclipse...

Eu sou um copo d'agua

Um copo na janela, um risco o contorna.
Uma gota percorre seu envolto.
E se une a mesma, a cada gota um reajuste,
a cada líquido muda seu caminho errante..

E desce desalinhada, sabes lá onde parar,
se continua ou desanda, cada gotícula lhe conduz.
e andas engolindo uma a uma para redigir seu caminho,
até que tudo termina e ao mármore chegas...
cheia de tanto, cheia si mesma.

Derramou.

Não é isso.

Não, não é nada disso.
Eu não sou isso ai...
e tento por vezes,
só me falham as palavras.
Eu não sei mais agradar,
e nem quero, isso ai..
e então desagrado,
me afundo, pronto.

Perguntas demais

Hoje me falaram,
do seu viver,
e eu não sabia,
o que dizer.

Se me calo,
pareço boba,
ou talvez,
ainda sua.

Mas se falam,
o que quer que seja,
eu respondo...
que não quero saber.

Hoje não

Hoje não quero ouvir,
canções de solidão,
quero ouvir outra coisa,
que não me lembre.. estar só.
Que me diga por onde ir,
onde me encontrar.
E de certo, estarei lá.

Tens

Tens as mãos
minhas mãos,
meus cuidados.

tens do laço
aos cabelos,
e um entardecer.

tens a boca,
o nariz,
e todo resto...

tens todo meu viver.

Passado... passado por tal coisa.

Sei julgar, facilmente.
como se não tivesse,
passado....
passado por tal coisa.

Mas eu juro,
prometo e confirmo,
não será assim para sempre.

Caminhando juntos

Se passas a frente, posso caminhar.
Pois não vivo, sem suas pegadas, não sei andar.
E assim sigo seu passo, temente como um cão,
sorrio a sua glória e temo seu entristecer,
estou a sua sombra, a deriva do teu sonhar,
e estou, estarei e ficarei... até quando não puder mais.
Até que um dia, deixes de andar.

segunda-feira, dezembro 8

Esfriando

Dois dias vivendo de chuva,
adoro a chuva ressalva,
a condição de molhar o mundo,
a esperança de esfriar.

E esfria...

sábado, dezembro 6

Ronda

Hoje a ronda
buscou um assaltante,
recorreu as relvas,
as selvas de ancas frias.

Foi as ruas similares,
de curvas sinuosas
e poços gradeados.

Rompeu os barracos,
aos pedaços as vidas
voaram pelas paredes.

E a madeira desfirme,
se estraçalhou pelo chão...
assim como a crença.

Pois não eram assaltantes,
e sim vidas disformes.

sexta-feira, dezembro 5

Realidades vazias.

Eu beijei sua boca e alimentei teu sexo. Talvez não pude ser amor, talvez não poderia mais ser você... E os nossos quadris não se lembrem mais de nós, eles se imacularam rentes, onde a curvatura de minha vida não insere o teu viver. Será que a tua mão não me entrelaça o cabelo de delicado púrpura ou de um intenso bordo de mil horas, os meus fios entardeceram em minha raiz, que cresceu tão grande e bela como nunca fora. A minha barriga não assobia um medo conjugal, ela não se esconde e estremece diante de teu suor, nem me cobres de saliva o epicentro de todo meu ser, onde sou equilíbrio e riqueza viva. Meus seios de maça são verdes, o doce amargar de uma semente que se divinificou no tempo, cresceu, cresceu e cansou de crescer, assim que a tua mão apodreceu enfim. Meu colo ficou num banco, perdido em algum lugar onde foi meu coração passear com a tua vida, e ele não conhece mais a tua pele, não quer o seu cabelo curto. E as tuas longas pernas são a cobiça de meus olhos, mas minhas pernas não desejam mais encurta-las. E o meu ventre só ama o espasmo que o corpo deleita, depois ele esquece da tua ida com seu amor de dores algozes. E nos amamos por pura luxúria, quando nada mais condiz, e tudo consola. Me machuca ao sorrir assim, como te machuco ao dizer que cheguei. Cada um com a sua dor consequente, cada um com seu estranhismo. E eu que rompi as fontes de olhos flamejantes, e corri para teu ímpeto, para tua cama vazia. Para seu coração vazio de mim, para meu vazio de você, e juntos vazios de quase dois mil anos atrás. O meu cheiro te agrada e te seduz, assim como a sua pele imutável me oscila, sou sua e sou minha em curto espaço de tempo. E me contorço na cama contra teu corpo, e te digo não como sempre pudera. E você dilacera seu querer como eu dilacero nosso amor, esquecido. E assim que começou e terminou, eu fui e você foi comigo, uma outra vez de tantas vezes, mas uma única vez em que não amei teu corpo, uma única vez que usei do meu, para ter a tua lembrança. Que seria até melhor mante-la em meu latente coração de saudades ocultas, do que de realidades vazias. E assim alimentei teu sexo, dei de comer a sua vontade, a nossa vontade vazia.

Perene Ilusão

Cria minha, ventre meu. Não és filha minha, mas engano meu.
Nem minha glória és, pois não sabes me dar a mão,
pois só sabes entrelaçar-me as pernas em juras mal feitas.
E a tropeçar eu me despeço do infortúnio do amor, e digo Olá
a um desterro eterno, onde reconheço o rosto da dor.

Quem dirá, grande companheira de tantos tempos que cruzamos,
de todos os ilícitos que prendera-me e fiz-me jaz em tuas palavras esguias.
E em meu peito cravei mil descasos, embalsamei meus amores feridos,
um a um, e se agrupou o remorso, e a crítica de sonhar demais.
De tudo, contida permissão, é a pior de todas as suas verdades,
a inverdade do meu súbito amor, a credibilidade de teus contos...
e a impureza de teus laços.

Perene ilusão.

A um dia, que te amei.

A um dia que te amei,
um dia que me recordo.
e em tuas mãos me fiz maior,
me despi de toda injúria do mundo.

sempre me debruço em tua lembrança,
toda vez é sublime o meu recordar,
apesar de sentir a roseira viva,
e o espinhar de sua beleza.

e eu sempre escolhi,
de todos os seus mundos,
que meus olhos perpétuos
fossem eternos em seu descanso.

e ali me fiz desmemoriada,
de todas as vezes que cortei-me,
na branda rosa de nossos dias..

e até que sua boca se abrisse,
eu pude redigir meu amor em teu nariz,
em tua barba dilacerada...

e quando abres os olhos,
eu finjo dormir, amor meu...
para que talvez possas amar-me tanto, tanto assim...

quinta-feira, dezembro 4

Tempo

Tempo falho, me dizes a hora incerta.
Aliás, nada me diz...tudo me escondes.
Será que no acaso poderei reger meus dias?
E nem terei sido eu mesma, se soubesse..
pois o meu eu de agora, é só o presente que passa..
pois amanhã sou outra, e em corpo sou mesma,
nem em corpo... poderei ser.
Amanhã gostarei de azul, ou falarei de música?
Não me tomes meus presentes... lhe peço,
lhe rogo que não me incinere os prazeres.
Os únicos que me sustentam.

É psicológico

Não é nada
que não,
tenha remédio.

um placebo,
de antemão,
um fugaz amigo...

Síndrome..

Tem dias que nada é seguro,
nem o mais ventre dos quartos.
a sala é vazia e terrena,
a escada é obstáculo,
os corredores são enormes.
A sacada é mirada,
lá mais, não adormeço.

Estou com medo.

Somos iguais

Os biscoitos,
crescem
cheirosos.

a forma
é pequena
e redonda.

minha boca,
pequena
e redonda.

e em meu olfato,
os biscoitos crescem..
cheirosos.

Nua

Todo dia, todo santo dia venho me despir de minhas saudades. Venho me cortar a lembrança, venho redigir ao meu crepúsculo um incitante adeus. Todo santo dia, acordo e vou logo me despir de todo meu adeus, açoitar a fidalga que retém os olhos, mandar o regente reger em outros reinos. Todo santo dia venho me despir de minhas lamurias, meus cortejos e minhas sensações esquisitas, tropeço no mundo e recolho o que posso, daí talvez venho me despir de toda e qualquer vista, toda vida. É sempre com os dedos ansiosos e a mente cheia de atrativos que recolho, letra por letra, suspiro por suspiro... cada pedaço de meu ventre, cada gota de minha alma, cada cantinho de meu sentir.
E todo santo dia, venho... venho me despir aqui.

Ida

Você estava ali, quando me despedi
e fui embora pr'outro lugar.
E quando eu volto, quando eu chego..
e o tempo passa, a vida vira,
e você vai embora.

E eu nem pude me despedir dessa vez.

Meu pai

Um dia eu deixei que meu pai fosse embora, e ele sem saber de si mesmo, foi-se. Daí ele começou a me mandar mensagens distantes, das mais estranhas possíveis, não dizia com qualquer que fossem as palavras, tropeçava em suas pernas toda vez que eu o dizia de sua presente distância.
Então eu me conformei com sua ida, e deixei de sentir falta do que meu pai representava. Não sabia, nem sentia. Meu pai foi embora e eu me deixei corromper pela raiva.
Até que um dia, mesmo errante compulsivo... meu pai começou a aparecer aos poucos, aos pouquinhos via seus cabelos brancos, seu cansaço e suas pernas bambas. Daí pude ver que meu pai estava voltando, voltando aos poucos a ser meu pai.

Era eu, sim.

Era eu, sim.
Do borrão ao pixel,
da revelação a nitidez.
Era eu de erre gê ou bê,
não por cê, ípslon, ême e cá.
Do púrpura ao ciano,
era eu em todas
as cores, texturas,
desventuras e acertos.
E continuará sendo.

Separação

A palidez certo dia me convidou
para ser sua esposa, aceitei.
Mas um certo dia, nos distanciamos..
a palidez não tinha mais voz eloquente,
e eu não mais a entendia.
Tanto assim que decidi me separar.
E daí sim, senti o colorir sob os dedos.

Tarde

É tarde,
e todo meu ser,
se desativa.

é tarde,
e o sono,
me convida.

é tarde,
mas não de
tempo, querida..

é tarde,
de tarde...
nada mais.

quarta-feira, dezembro 3

...

E era tudo mentira,
e a chuva caiu..
grossa e incessante,
como deveria de ser..

como tudo apontava que fosse.

..

Engraçado como se fez trovão,
e o sol apareceu no meio das nuvens,
engraçado como ele brilha e reluz,
e as nuvens ainda estão lá..
e o trovejar não passou.
Me pergunto, como pode?
ser tão engraçado, não por humor..
mas por pura brincadeira da natureza.

.

A pior coisa, é não dizer nada.
Por não conseguir, somente, atadas.
Minhas mãos e meu adeus..
como não pude? E nem pude...
você se foi, se foi...

Quando o adeus é reprimido.

As vezes a gente não sabe, da hora do outro. E da nossa própria hora a gente cuida, cuida até que os ponteiros se juntem, que seja meia noite... e que a carruagem vá embora.
Eu não sei como exatamente, como foi que me despedi de Camilla. Foi onde a conheci, onde pude um dia existir na vida dela e ela por sua vez, na minha. Talvez eu não tenha dito por não saber, talvez eu não tenha dito quase nada, ou disse sem saber. Estranho como alguém parte de uma hora para outra, e você, fica com um espaço vazio da vida que antigamente preenchia seus olhos. Quantas vezes a encontrava, conversava, e nem, não iria ser assim, não com ela. Alguém cheio de vida não pode sucumbir a tal coisa, não mesmo. Daí vem a vida e mostra quem manda, quem dita as regras. E eu, que pude fazer? Só ler as palavras do aviso, Camilla faleceu na manhã passada, estava com leucemia, ninguém sabia mas ela já fazia tratamento há quase um mês. Eu não quero saber porque não avisou, talvez por falta de forças ou uma vergonha vã. Isso não importa mais. Quem sabe o silêncio de agora resuma toda essa história, deprimente e cortante, quem sabe só o silêncio vai tampar os corações daquela família. E quem sabe, vai silenciar o de todos nós também....

Vai em paz, Camilla Rocha.



segunda-feira, dezembro 1

Meu irmão

Meu irmão
é meu irmão...
e eu amo,
esse bobão.

Pirâmide de Maslow em ação

De que me vale toda essa culpa,
se não vale a pena pensar em vão.
Não me interessa mais o que queres,
pois já tenho tudo que necessito em mãos..

primeiro a necessidade,
depois o querer.

Raríssimo

Homens são assim,
homens são assado..
mas ele não é um homem,
é simplesmente um achado.

Em seu espelho

Quem se importa,
com o coração alheio?
ninguém liga,
ninguém da trela..
todo mundo,
em seu próprio espelho.

Não chore, querida.

Não há tempo
pois dois dias..
não vão dizer.
Pra você um segundo,
é o tempo preciso..
pra se morrer...

Talvez de saudade,
talvez de vontade,
que se consome,
num pesar.

E que mais poderás fazer?
A distância é a pior,
quando se pode a quem ama ver.
Pois fere e cutuca a ferida...
mas você sabe que ninguém pode ver.

Um termino difícil, eu sei..
mas vai ser melhor pra você.

1º de Dezembro

primeiro de Dezembro,
e eu estou aqui,
pasma...
de como passou rápido.

Mundo novo

Onde vou ver,
o mundo se repartir,
num novo mundo..
quando o dia nascer?

Dezembro faz isso,
com o mundo todo..
esse tal desejo de renascer..
esse tal desejo...

Não gosto mas faço.

Eu odeio,
ser quem diz;
eu te disse..
e é um saco,
ou pura maldade,
ver que você previu..
mas realmente,
eu disse,
eu te disse...

Bobagem

..é bobagem,
vem aqui..
te dou um abraço,
e terminamos isso.

Mathprogressindierock!

Um Survive,
ou um Minus..
talvez um Manchester,
um The man!
E vem o Colour, Oceansize..
vem e Volta..
a me render,
e eu me rendo!
Com todo e total prazer...

Carteira

Será que é preciso?
toda essa baboseira..
toda essa burocracia,
mas que besteira.

É só "Confirmar"
e estou dentro?
Mas o maldito do site..
Só me diz que..
Há problemas no servidor..
tente novamente, em outro momento.

Novo som

Um novo som,
tocou meu ser.
Um novo som,
chegou a mim..

e em boa hora.

Namorados - III

Sinta o meu sorrir,
nas palavras..
é a tradução de meu coração
olhando pro teu, bobo.

Namorados - II

Você e seu coração,
não me diziam tudo.
E eu até respeito essa razão,
de não falar sobre o que sentes..

Mas eu já sabia, sabia...
eu rezava e orava,
pelo dia, em que me dissesses..

gosto dela, mesmo.

Namorados - I

Desde o dia,
em que a vi,
eu já sabia..
eu já sabia..

Desde o dia,
em que te vi,
eu já sabia..
eu já sabia..

Desde o dia,
em que percebi..
eu descobria..
eu descobria..


..que você e ela um dia,
seriam o que eu sempre soube.

Quarta parte - Casa

A varanda,
não precisa
de mim..
só precisa de si,
de suas flores e azulejos,
de seus pássaros e luares.
De sua vida imortal,
de seu espaço ilimitado..
em meu coração.

Terceira parte - Casa

Certamente,
a pior coisa,
de se ter..
um cão,
são os dejetos,
que merda...

que merda, mesmo.

Segunda parte - Casa

Meu pai pinta a escada,
de branco até ficou legal,
quando a madeira chegar..
ficará mais bonita ainda.

E quem sabe eu me lembre,
um pouco talvez..
da casa dos meus avós.

Que saudade.

Primeira parte - Casa

Como é bom,
sentir esse cheirinho,
saber que está tudo,
direitinho...

limpinho.

Lembrei

(Lembrei do que ele disse..)

"Sou como uma casa velha no inverno,
meu teto pode estar coberto de neve,
mas a lareira ainda está acesa..."

sábado, novembro 29

Filhos esquecidos.

( Novamente postando o que jamais posso esquecer.)

Eu sou filho de João ninguém
sou filho de Maria pouca coisa,
sou filho das ruas e das praças,
sou filho do meio, fruto da coisa.

Eu sou filho do pão dormido,
sou filho da mágoa guardada,
sou filho do esquecimento,
sou filho da voz exteriormente calada.

Sou filho da falta de escolha,
sou filho da conclusão precipitada,
sou filho da remota possibilidade
sou filho da luta em mãos, contra a mão armada.

Sou filho da dor e da tristeza,
sou filho dos farrapos que me vestem,
sou filho de um ventre esquecido,
sou filho da margem que os perseguem.

Sou filho do pouco que me resta,
sou filho de um país em decadência,
sou filho das vozes que dizem
sou filho da voz precipitada, onde sou demência.

Sou filho do vento que me congela,
sou filho do calçar dos pés não existentes
sou filho do arrastar do corpo
sou filho do cariar dos dentes.

Sou filho da ignorância e estupidez,
sou filho da lágrima e da dor
sou filho e fruto da sociabilidade
sou filho perpétuo de toda falta de calor.

Sou filho da imprudência regente,
sou filho do meu pai que me deixou
sou filho da mãe que enlouqueceu
sou filho das ruas, das luas... e acabou.

Corta

Corta, lasciva e imprudente,
sem se importar.
Esquece do querer,
se o outrem sequer tem.
Corta e nem espera..
ver o desastre chegar.

Na Música

Já fui Luiza e Angie, ela e flor, já fui estrela e caminho,
cristal e carinho... de todas as cores, o tremor.
Fui de todas as vozes, de todos os versos...o eu e o você.
Fui de todos os amores, de todas as dores e rumores..
de todos os sentidos e sentimentos, de todos os abrigos e corações
partidos.. já fui de paixão e saudade, da mágoa à reciprocidade,
até o próprio medo e a repulsa.. o ignorar e a dor contida,
já fui a musa e o pecado, o vestido e o sapato.. e a falta dos dois.
Luas e corpos nus, ventos e lembranças, dores, amores..
sempre fui, de todas elas, sempre fui eu...
vivendo na música, da música a liberdade de meus dias.

Tudinho

Tudo mudou.
Mas nem tudo,
foi embora.

Tudo mudou,
mas sei, só eu sei
o que foi embora.

Tudo mudou,
e só a parte ruim..
ficou de fora.

Tudo mudou.

Admirada

Gosto de janelas,
que batam sol.
e incide o feixe,
a fresta reluz,
e eu sempre fico...

admirada.

Memória vã

Não sei onde está,
desde quando perdi,
e quando vou encontrar.

mas que diabos posso fazer?
se não sei desde quando,
e não posso falar se foi,
se deixou de ser ou se ainda é.

Onde foi que perdi,
será que dá pra lembrar?
ou será, que esquecida..
pra sempre vou estar?

Algumas garotas

Algumas garotas,
só querem seu dinheiro,
talvez sexo a noite inteira
ou uma rápida no banheiro.

algumas garotas,
só querem dormir,
acordar cedinho
e tomar o sol das sete.

algumas garotas,
só querem balada,
só querem bebida,
um beijo na boca,
e um adeus noturno.

algumas garotas,
só querem amar,
dormir agarradinhas
poder contemplar..

algumas garotas,
só querem prazer,
descartável e indolor,
sem nomes e telefones,
apenas, aventuras.

algumas garotas,
só querem namorar,
para poder acertar..
quem as namore de verdade.

algumas garotas,
querem olhar pra você,
e te dizer sem falar,
que o que ela realmente quer,
você vai ter de adivinhar.


Algumas garotas apenas,
só uma parte delas...

Pela casa

Esse armário,
e essa cama,
esse sofá
e esse banheiro...
essa cozinha,
e esse chuveiro.

Nada mais reclama.

Nina..

Ela se chateou, comigo.
porque eu briguei..
briguei com ela.
E agora passa rápido,
na minha frente,
não quer papo..
nem carinho..

nem nada.

Mas depois ela volta.

Na companhia do vento

Na companhia do vento, vivo sorrindo
quando nos voamos alto,
sentimos que somos únicos,
talvez meros desesperados..
pela felicidade escorregadia.

Mas ele me compreende,
entende, minha liberdade.
me enfrenta quando erro,
e me diz quando sinto saudade.
ele sempre diz na hora certa,
tudo que não digo sozinha.

E sou feliz pela falta alheia,
talvez, por algumas horas...
pelo tempo que me resta.
Tudo é sempre calmo,
quando estamos em comunhão.

Juro que nada vai afastar,
e tudo vai permanecer..
sempre que peço a Deus
um instante...
é sempre para respirar assim.

Um dia de paz

Estava tão certa,
e tão farta.
tão imune
e desacreditada,
porém contente..
e admirada.

que enfim
me libertei.

sexta-feira, novembro 28

quinta-feira, novembro 27

Uma da manhã

todo dia,
eu durmo..
uma da manhã.

como é que vai ser,
se tiver que acordar..
pela manhã?

Só minhas olheiras,
vão dizer.

Sábado

...e eram onze,
comida japonesa,
raiz forte..
pode ser sorriso,
ou pode ser... ?

depois
fomos beber,
fomos falar..
da vida que passa,
desse nosso olhar.
desse amor inútil!
maldito calar.

e de tanto conversar,
perdi a hora..
cinco da manhã!
como vou acordar?

pois a prova me espera,
as duas.

Amor musical

Madeleine, me encanta.
me deixa.. entregue.
a um amor, musical..
a uma dor, tão gostosa..
e dói de sorrir,
cada vez que a escuto.

Madeleine minha querida,
Meu vasto sentir enamorado..
sou assim como você,
uma espécie de retorno ao passado..
que regrava um poema em novas vias,
mas não perde, jamais..

seu sentido antigo.

?

foi preciso,
preciso.

de toda via,
uma.

de tudo,
nada.

e sobrou?
não sei mais.

De estimação

ele me olha,
duas vezes.
e eu reduzo,
apenas uma.

ele sorri, volta,
e me pergunta,
se tenho dono....

e lhe digo,
que não sou..
não sou de estimação.

Eu tenho

Tenho nas mãos, duas apenas..
na primeira adversidade,
na segunda, temperança.

e me pergunte,
se eu posso viver do adverso?

Não posso, nem consigo..
me falta....

Finco o fico.

Não deixo,
nada,
nada me levar.

apesar de burra,
apesar de boba..
tento me acalmar.

meu coração tolo,
insiste em navegar,
em torrentes tantas!

mas não deixo,
nada me levar,
finco minha teimosia,
e fico, fico por lá.

Tudo de uma vez

Caramba,
que frio na barriga,
esse meu desconhecer.

tudo indo como deveria,
e eu como fico? Fico aqui!
Caramba!
Quanta novidade,
e se isso tudo for verdade?

Eu ficarei em paz.

Descobri!

Todo mundo falando,
todo mundo, dizendo..
E não ouço sequer um a,
não consigo entender nada.
estou surda ou algo parecido?

não não... apenas estou, calada.

Gosto mesmo

Eu gosto,
eu gosto,
gosto mesmo de você...

e se me perguntar,
se um dia, eu quero?

só se for com você...

Medo

estou com medo,
e quem abraço?
só meu braço.

único que me acolhe.

quarta-feira, novembro 26

Mais uma vez

mais uma vez,
vi tudo acontecer
da minha cadeira..
o ladrão comparecer.

são sempre dois,
nem sempre armados,
mas correm feito o vento
sinuosos como o diabo.

e eu assisto tudo,
do fundo sempre vejo,
a cara de pânico...
e meu coração sempre com medo.

eu peço a Deus que me segure,
que me guarde nesses dias..
pois a coisa tá feia,
e piora, a cada dia.

Como?

Sou eu, ali, ali e ali.
Mas será que sou eu?
se eu estou aqui... só aqui.
Não pode ser,
ou pode?

Eu..

eu não lembro mais,
quais eram as palavras..
que deveria dizer..

então prefiro,
calar-me.

é tudo que posso fazer.

As vezes

me perdoe pela burrice!
as vezes sou assim..

imbecil.

Nada mudou

Vejo que nada mudou,
e eu estou aqui
tomando meu café,
escrevendo.

nada mudou,
e eu posso ver..
que o mundo esqueceu,
de me carregar em seu girar.

nada mudou.
e eu fiquei a ver,
tudo passar tão rápido
e minhas mãos curtas..
não alcançam mais.

nada mudou,
mas eu fiquei,
pra trás....

Por vocês

Precisamos,
umas das outras.
Uma mão no rosto,
um beijo a testa..
um desacordar e dormir,
um abraço e uma frase,
não faço mágica..
não faço..
mas faço tudo por você.

Ligadas

Ela está confusa,
também pudera
tanta informação...

e eu a entendo,
como desconheço meu mundo,
do outro mundo..
compreendo o que posso.
Mas te dou a mão.

Todas nós...

A tua dor,
é a minha dor.
e eu sinto muito..

por tudo isso.

Eu sou como o domingo.

quarta e quinta,
sexta e sábado
domingo?
segunda e terça...

solidão.

Eu juro

Juro que queria,
te ter nos braços
e te dizer o que mais quis,
o que sempre quis dizer..
a quem nunca existiu.

Juro que tentaria,
ser teu abraço..
ombro amigo, e tudo mais.
ser teus olhos, teus dias..
e o que mais pudesse.

mas estou presa,
completamente presa,
a tudo que não me convém.

Sim

Você diz que não gosto,
não gosto de ninguém.
mas o que me dói,
e a incerteza..
que tenho quando dizes.

Porque, nem eu sei.

Nem viu..

Hoje chorei,
um pranto tímido.
Insolente como sempre.
Daquele que você
viu e não viu, o motivo.

Do quanto não quis,
e do quanto quis..
dizer o que não pude.
Separei meus dias.

Tentei ser firme,
sempre sorridente
e fui até onde nem pude,
onde me fiz inconsciente.

E andei pelos dias só,
sozinha em minhas ruas,
descalça e vulnerável..
a chorar baixinho.

"..and keep you apart,
deep in my heart. "

Between the bars

terça-feira, novembro 25

Só assim

Está chovendo lá fora, da janela posso ver.
E bate um pingo, respingo do muro..
do laranja o balsamo de seus dias,
e arde e seca e molha depois,
e sobrevive a cor de minhas manhãs,
na minha varanda do infinito,
as plantas são lindas e o ar é puro,
o chão gelado me acolhe, mas que dicotomia.

Tudo é do jeito que tem, tem tudo pra ser ótimo.
Que chovam os dias, e em outros suspenda!
E o sol vai raiar mais uma vez,
e as nuvens vão sorrir.. A lua me dirá boa noite,
e ficarei feliz, só assim.

Ah!

Hoje acordei com vontade de cantar saudades,
de dizer o quanto me faltam aqueles pequenos,
aqueles dias de tanta satisfação.
Em que me banhava em sorrisos sinceros,
em que me eram doloridas as bochechas do rosar,
de todas as vezes que o meu peito foi amassado..
com um abraço contínuo e de grande apego.

Que saudade!
Das minhas manhãs mais sinceras,
dos meus dias mais saudosos..
de todos os amigos que sinto falta,
dos rostos que até mesmo são vultos,
e que nas ruas os vejo passar apressados.
Talvez de alguns a minha memória vã se desmanche
mas persiste aquele incitante sentimento..

de sentir eternas saudades, dos meus dias..
ah quanta lembrança... quanto sorrir.

Firme

apostos como você,
que sempre vaga
a minha procura.
que sempre busca
o meu olhar..

que finjo nem ver,
que fico a calar.

Até te ver,
e te descobrir...
finalmente.

O que vi e não reconheci.

Ele é meu porto seguro,
meu abraço querido,
meu corpo despido,
meu lapso de amor.

ele é meu sim,
ele é meu prazer,
minha vontade,
meu querer.

Ele é tudo..
que nele posso querer.

segunda-feira, novembro 24

Não

Eu não me importo,
com tudo isso.
Eu não ligo,
pra nada disso.

Tenho a mim,
e a Deus..

pra meus desterros.

Eu odeio quem te faz mal

Eu odeio quem te faz mal,
quem te joga num canto,
te faz de animal..
não respeita suas dores,
que são minhas dores de mortal!

Ah maldito seja!
o amor e suas peças,
coadjuvantes miseráveis,
sem papeis glamurosos,
sem saudades eternas,
sem lamentos bruscos..

nada é tão lamentável quanto amar.
nada é tão doloroso quando não amar.

E eu odeio quem te faz infeliz!
Quem rouba teu sorriso,sua luz.
Mas eu odeio odiar isso tudo,
porque me faz mal..
odiar tudo isso.

Entenda comigo.

Não é o tempo gasto!
Mas que bobagem..
tudo foi, tão bonito.
Era tudo verdade..

Mas agora é só lembrança,
e lembrança fica num baú,
você assopra de vez em quando..
só pra não deixar cair no esquecimento...

breve.

Novamente ela.

Se aproveita,
quando pode,
joga o anzol,
e puxa a presa.

Oportunista de primeira,
espera a melhor hora,
gira o molinete,
e traz a carne viva.

E corta o outro no meio.
Sem a menor culpa..
desgraçada.

sábado, novembro 22

Amores fáceis

Amores fáceis,
dentre bares.
São o ópio,
da solidão.
Abrasam o corpo,
incendeiam a alma,
mas não aquecem..
o maldito coração.

Respostas

Já sabemos.

É teu coração duro,
é tua escolha aguda,
burra, burra..

nada de caminhos fáceis,
estrelas próximas
são enfadonhas.

não é a falta de tempo,
não é o jeito difícil..

é a falta de você,
dentro de ti.

Perguntas

você
só anda,
sozinha.

é por querer,
precaução
ou santidade?

falta de tempo,
de coração
ou por pura maldade?

Vais ficar para tia.

Minha amiga margem

A margem separa algo que tentei esquecer, mesmo que em espiral tente trazer o que se foi. Quando foi mesmo que deixei de amar aquelas palavras? Quando mudei de pensar que o que me era sorriso, talvez, por desventura, se tornou preocupação.
A margem dialoga com o esquecimento, talvez por supor a minha provável dor. Ela desmecere o que se foi, e torce para que novas palavras sejam contornadas no papel reciclado.
As linhas são sempre hospitaleiras, aceitam de bom grado a contribuição da tinta amiga. Ela se aquece dentre as letras que a abraçam, tudo lhe cabe. Mas a margem, ela separa as linhas e contornos que se foram, a margem dilacera corações apaixonados, a margem quebra a lembrança do sentir, a lembrança te prepara para novas dores... ela não deixa que tudo se torne uma mistura homogênea.
Enquanto sopro um pouco de vida sobre as linhas, quem sabe a morte e desterro do meu coração, tento lembrar da margem como uma amiga cautelosa, pois sempre me faz lembrar que preciso de espaço para começar novos cantos, mas que, apesar da distância... não se sintam perdidos os sentidos pelo qual estou dialogando entre as páginas.
A minha amiga margem, só tenho a agradecer.

Sonhos

De nada me valem esses sonhos esquisitos,
esses passos constantes em um buraco negro.
Não me sobram palavras e me faltam ouvidos,
pois não entendo..
E os abraços, ah sim.. eles são os piores,
tão reais e dolorosos, que nem a saudade
poderia tecer igual.

quinta-feira, novembro 20

Só e somente só.

Não se precisa de tanto, quando o pouco é o bastante.
A mim, em meus dias, em minhas palavras.. até que o egoísmo poético me falhe
Serei apenas em meus versos, como eles vão ser.. na minha vida.
E que tudo mais esqueça, que tudo mais possa se esvair..
só quero meu verso e eu, só a minha poesia à mim.
E vamos ser como sempre fomos, sem que o resto nos zangue,
que se façam palavras tristes e que os dias se cubram de azul.
Até nas horas que as palavras falhem, só o sentir não será em vão.
E seremos meu verso e eu, minha poesia e meus dedos, meus pensamentos,
meus dilemas, minhas dúvidas e teorias, minhas certezas incertas,
sobre qualquer dos esquecidos, os lembrados e balbuciados..
Que meus dias sejam cobertos, de mim em minha poesia..
esse meu canto exaltado, numa esfera esquecida..
chamada o eu de mim pra mim, onde ninguém entra.
Onde ninguém chega, só.. e somente só.. a minha poesia.

Não me importa

Saí a procura das tuas mãos pelas ruas, nada me parecia..
corri nos becos e travessias, pelas ruas da madrugada..
pelo horizonte perdido, pelo mar que te abraçou.

Ninguém me deu notícias da sua alma inquieta..
do seu olhar que me conhece, do seu caloroso sentir.
E eu fiquei a sua espera, sentada no meio fio.

E na rua do tempo passou tudo quanto era sentimento..
a paixão corria apressada, o amor eu nem enxergava..
mas veio a raiva e o rancor, veio a mágoa e a tristeza,
todo mundo no mesmo lugar, um atrás do outro...

Mas no fim meio escondido, meio tímido e recuado,
estava o carinho, pedindo que alguém o resgatasse.
Ele sim sobreviveu aos desterros dessa cidade.
E cruzou a avenida sob meus olhos.

E corri sem saber dos carros, atravessei sem saber da morte,
derrubei a mágoa, a raiva, o rancor e a tristeza.. e salvei o carinho das mãos do tempo.
O segurei com toda minha força, e deixei que o resto decaísse...

Não me importa.

..Ellen

Um presente vagabundo,
é o sorriso teu.
Tão desmedidamente inútil,
quanto suas palavras.
Não espero uma verdade,
num poço de mentiras...
não me erga as mãos,
pois não falo com estranhos.

Veneno

É tão valoroso,
tão bonito,
quanto perigoso.

é muito abrasador,
teu ventre coração,
te cobre de calor.

e então lhe entorpece,
lhe joga onde quer,
e você só adormece..

num sonho azul,
coberto de estrelas,
que você não conhecia..

e depois o sonho termina,
a voz se cala, os olhos se abrem
e você percebe o problema.

O amor é um veneno,
que tem de ser sugado por completo..
para desaparecer.

E depois do que sobrou,
o amor se transformou..
no antídoto.

Pois do próprio amor,
é o veneno e a cura,
pra se sobreviver.

Com ele tudo dói,
sem ele não há nada..

Daquela forma

Não vou mais castigar meu coração com esses versos mal feitos.
Nem me dizer, que o amor é ascendente e que meu caminho está sobre as flores.
Nem me lembrar, me contorcer de uma saudade vã.
Nem sequer, quero esquecer... pois lembrei antes disso.
Nem escrever na linha da vida uma poesia triste..
Nem regar, todas as manhãs as pétalas de minha esperança.
Muito menos resgatar de uma foto um sorriso que não sei mais sorrir,
já não sei como sorrir daquele jeito.

Cortando relações

Eu deixei de lado,
o meu sorriso,
a minha alegria,
as minhas flores,
minha lucidez..

deixei de lado,
meus amigos,
minha vida,
meus amores,
minha esperança.

larguei tudo,
desde o dia,
em que me deixei.

quarta-feira, novembro 19

Madrugada

Estou indo tarde, tão tarde
que não sei que horas são.
Não me importam os ponteiros,
se meus olhos me desrespeitam..
eles sim ditam a minha saída.
A cada dia adormeço mais tarde,
permaneço em mim,
e resumo todo o resto..

terça-feira, novembro 18

Te digo de amor

Te digo o tal do amor,
sem saber do mesmo.
Na boca os dias com um sabor,
mas ele nunca mais será o mesmo..

Eu falo, te digo.. acredite.
Mesmo que o nome,
seja conseguinte traição..
o amor venerado que morre,
a morte do amor que nasceu em vão.

E eu tento, te dizer
que acredites, meu querido.
Esse tal vício, esse mérito.
ou até descontentamento..
que chamam de amor.

Alguma coisa pra se apegar,
um sentir ou até mesmo calar..
que faz o peito sentir..
as vezes responder por nós.

E lá estará o que procuras,
ou o que desistira...
ou sabes lá mais o que.

Quinta de Gori

Queria ser tua mulher,
para que seus braços,
pudessem ser meus..
só meus.

Para que essa tua barba,
viesse a mim de súbito..
e a pele entrasse em alvoroço.

Para que esse teu cheiro,
pudesse ser com o meu..
uma mistura controversa.
Um agridoce a boca amiga..

Para que, meu bem
eu ousasse te ousar,
pudesse te amar,
como bem quisesse..

Ser sua de eiras e beiras,
até onde não se possa mais..

Bem...

Nomes, não são.
Escondem muito mais,
que sílabas..

significados impossíveis..
sem a tal compreensão.

( sobre a nossa conversa...)

Onde começamos

Toca um sorriso
em meus ouvidos,
é só um presente..
que você me deu.

Que jamais esqueci.

segunda-feira, novembro 17

Retrato fiel da (nossa) insanidade


" A loucura marca...

Cria, rasga, grita

Derrama, destrói, esmaga

Ama, chora, deleita

Sinceriza as coisas mais insublimes

A loucura cria, recria, esquece

Lembra, entende, amadurece

Deixa livre o que quer que seja... "

Um brinde a nós, R. Loiola!

Cara de pau

Talvez a minha cara de pau,
possa lhe dizer, mais do que posso.
E lhe falar que sou assim,
desse mesmo jeito que imaginas.
Ou talvez não, não sou nada disso ou aquilo.
A minha cara de pau, nem sempre é
sinal, de autoconfiança.

As vezes, só é pra esconder..
essa tal insegurança.

Preocupations Ltda

Ele agora,
faz comida
todo dia,
pra sua filha.

pergunta se esqueceu
alguma coisa,
talvez, o celular?

Se preocupa,
meio estranho
esse preocupar...

Talvez recobrar,
o tempo perdido.

Novecentos e noventa e nove.

Novecentos
e noventa
e nove.

Mais um
e estou
nas minhas
mil palavras.

Nas minhas,
mil poesias,
e poemas.

Nas minhas
mil faces,
e mil desterros.

Nas minhas,
mil alegrias
e mil desalegrias.

Nas minhas
mil loucuras
únicas.

Nas minhas
mil reivindicações
e desapegos.

Nas minhas
mil paixões
e amores falidos.

Nas minhas
mil saudades,
e saudades mais..

E mil!
Há mais mil coisas,
pra se fazer por aqui
pra se dizer por aqui.

Tomando coragem

Má que,
que é?
Me deixe em paz,
sou assim.

Não vou,
e pronto.

Não estou afim.

Árvore dos céus

Hoje vi estrelas n'uma árvore! Poderiam os deuses plantarem tão robusta e cintilante? Vens a meus olhos como um acalento... Viro criança da janela. E as estrelas acendem em azul, e eu mal posso esperar pelo próximo tilintar de suas vidas. Seus frutos dos céus, que maravilha. Posso colher em meus olhos a imprecisão de seus tamanhos e suas cores iluminadas, seu poderoso atrativo. Nem pisco os olhos, enquanto piscam todas elas, como-as em meus olhos e as detenho em minha mente.

Hoje meu coração sorriu, finalmente.

Se fosse.

Se fosse precisão,
eu seria mais fria.
Mas sou tola,
e sentimental demais..
nada muda.

Cafeinando

Pretinho meu,
delícia minha.
Vens a minha boca,
que estou sedenta.
De noite és meu,
nas noites sou tua.
E ficamos acordados,
a nos deleitar.

Línguas

Um laço, e sua língua se mistura com a minha.
Eu daqui, você daí, e nós acolá.
Como entender? Como falar?
Porque esqueci, só posso me calar.
Daí eu tento dizer, pode falar mais devagar?
E você enlaça novamente... a língua no meu pensar.

E eu fico, daqui.. tentando adivinhar.

domingo, novembro 16

O rei sem dedo

O mundo perfeito,
nunca existirá.
A mostra do rei sem dedo,
é o que realmente acerta.

O incerto lhe move,
a circunstância é um passo.
E se foi ou não um acerto,
ficou apenas, no passado.

E o mundo perfeito,
que fique onde está.
Existe algo compreensível..
nesse meu mundo imperfeito.

E que as circunstâncias sejam,
da forma que deseja..
o tempo.

Assim que puder

Minhas olheiras,
falam por mim.
e ainda nem começou,
o que está por vir..

o cansaço me consome,
para tudo não estou afim.

Mas isso vai acabar,
logo terá seu fim..
e voltarei a sorrir as tardes.

Se quiseres..

Se queres tanto,
porque não vais atrás?
Se ficar na retranca,
vais perder..
e feio.

Juntas

Eu e minha chatice,
passeamos pela cidade,
olhamos o mundo de verdade,
vemos as cores da vida..

trançamos ventos e letras,
cantamos sobre o mar,
falamos da vida com destreza,
admiramos o luar..

somos únicas nessa vida,
egoístas no pensar..
eu e minha chatice estamos juntas,
até o dia que ela de mim, se cansar.

Dont

Ela só queria um café,
e arranjou um capuccino.

Só queria um pouco de paz,
e arranjou um conversador.

Só queria ir embora,
e ele a chamara pra sair.

Só queria ficar quieta,
e ele foi-se embora ao perceber...
que ela não estava pra papo.

No shopping

Deitei sobre o banco acolchoado, onze horas, cheguei muito cedo.
Ninguém me vê ali deitada, o segurança não se importa,
o sorvete está sendo colocado, a música começa devagar..
as guirlandas estão no céus, a música é Natalina...

Papai noel chega de jeans, roupinha vermelha nas mãos,
me olha com espanto, óbvio. Estou quase morta no banco.
Fico lá, perceptível. Minha amiga no reflexo me olha de cara torta,
diz para que levante com o olhar, mas sou teimosa.

Então vindo a mim, fecho os olhos..
Engraçado é imaginar as pessoas passando,
por onde eu fico tão quieta, como é estranho perceber,
que poderia por alguns minutos um shopping ser tão calmo.

Novidade

Os dias rápidos, e hoje já espero.
As coisas vão mudar,
e eu sinto um sabor sincero..
de novidade.

Estímulo

Preciso,
não nego.
E finjo,
não nego.
Espero,
e não nego..

Não nego mesmo.

Só o meu

Talvez,
só o meu lado
me fosse correto.
Só o meu ver,
a minha dor,
e o meu nariz.

Mas que egoísta..

sábado, novembro 15

Besterol

Porque essa besteirada toda?
Pra que tanto esforço...
em te agradar.

Se você me ama,
do jeito que sou.

sexta-feira, novembro 14

Márcia

Márcia está longe,
onde o Rio cresce de dia.
No começo do ano,
onde tudo se recria.

Márcia deixou seus filhos,
com quem pudera cria-los,
por um espaço de tempo
até que pudesse deporta-los.

Márcia,
é a ovelha negra,
mas nunca deixou,
de ser menos valorosa,
menos querida..

do que qualquer um.

Tulu

Seus olhos,
são lindos.
E eu amo,
seus olhos.

Gosto da ternura,
que seus olhos
tem por mim.

Gosto da lonjura,
que as vezes..
tens de mim..

Mas só gosto,
porque sei,
de pura certeza,
que me amas,
tanto quanto amo a ti.

Mercedes

Mercedes Maria Zoppi,
mulher de força,
mulher de tantas..
de tantos anos passados.

O pão que tanto me dizes,
que tanto gosto..
a sua face rosada
e o seu sorriso acanhado.

Mercedes és linda,
e eu adoro teus abraços.

Guime!

Te vi nascer,
carreguei no colo,
te cuidei, te guardei..
te ensinei alguns passos,
algumas palavras.

Te comprei doces,
e sorri por tuas palavras,
eras tão doce quanto o que compraras..
e hoje és um doce de menino,
como de outrora.

Paula

Paula que amo,
tia da perseverança.
Paula de rosto risonho,
e humor primaveril.

Paula de mil jeitos,
Paula de mil tarefas..
Quase uma Dulce,
dentre todas as tragédias..

és Paula, divina.

Ícaro

Ícaro menino travesso,
desde criança..
brigávamos tanto.

De olhos grandes,
cabelos castanhos
e humor conturbado.

Ícaro agora anjo caído,
derreteu suas asas..
e está voltando, pro passado.

Um presente necessário.

ESSE SOM!

EU AMO, esse som.
Nunca vou deixar de ouvir,
nunca vou deixar de cantar,
nunca vai deixar de existir..

esse som na minha mente.

Indo

..eu só vou embora,
se tiver certeza.
mas a minha certeza,
é sempre incisiva..

e vou embora,
mais uma vez.

Entes

Eu quero vocês aqui,
aqui perto de mim.
Não quero saber de saudade,
não quero preocupação..
todos juntos somos fortes,
podemos nos dar a mão.

Me faz feliz

Quando vem é do caralho
ninguém pode impedir..
eu escrevo e escrevo sem parar,
tudo é tão importante,
quanto meu pensamento condiz.

E eu só posso colocar pra fora,
deixar que despeje..
esse amontoado de ideias loucas.
Que tanto me fazem feliz.

Nem quero

Esse som,
excitante,
incitante..
que me consome.

Que me deixa,
que me acerta,
e eu não posso..
fazer absolutamente nada.

E nem quero.

Antisociabilidade

Eu finjo dormir,
só pra não conversar.
Mas que tipo de pessoa,
é assim?

Mas que vá a merda,
não estou afim de conversa.
E não me vem falar do tempo..
que hoje não to pra papo.
Só quero chegar logo em casa,
pra dormir na minha cama..
ahh, que saudade da minha cama..

quinta-feira, novembro 13

Se viesse de volta pra cá, se fosse me embora pra lá...

Loucura acentuada,
de pensar como seria,
a morte.
Se dolorosa ou indolor,
se mentirosa ou fruta cor,
a minha vida no além.

Cantaria, dançaria
Ou viveria em outrem?
Passaria a eternidade..
a vagar pelo mundo,
o mundo mais sombrio de todos,
o mundo dos homens.

Seria uma alma penada,
uma alma despida,
uma alma atormentada?
Puxaria o pé de alguém,
seria um espectro de ninguém,
ou vagaria pelo infinito?

Minha morte seria breve,
ou perderia aos poucos o sentido?
Talvez um anjo me tornaria,
mas que ousadia minha,
me santificar assim.

Talvez o diabo me sustentasse,
me chamasse pro inferno
e eu fosse sem resmungar.
Viver em caldeirões ardentes,
plantando e colhendo sementes..
que já nasceriam estragadas.

Ou os céus iriam me aceitar!
Essa alma pecadora... esse meu serzinho infeliz.
E meu pai iria falar,
minha filha és bem vinda.. aqui é teu lar.
E seria a minha vida, quer dizer..
a pós vida, um eterno debruçar.

Ainda sim seria louca, louca de imaginar..
como seria a minha vida,
se pudesse pra terra voltar?

É verdade

É a mais pura verdade,
sou uma errante compulsiva.
Erro e tropeço em minha vida,
só faço merda, só quebro a cara.
E volto, e retorno.. tento tudo que posso,
vou com tudo que tenho,
pra tentar consertar..
outra merda que fiz.

É a mais pura verdade...

Sobre burrices

burrice imediata,
quando cruzo a avenida,
e espero que a sua mão
me dê a mão...
pura tolice.

burrice apaziguada,
quando chego no destino,
sorrio pra porta ao abrir,
e você está de costas!
mas não era você ao virar,
mais uma, derrota...

burrice costumeira,
sempre ouço a sua voz,
fico com medo de olhar pra trás,
e um dia ser de verdade.
Mas nunca é.

burrice literária,
pois queria lhe contar,
lhe dizer, lhe falar..
que hoje vi um pouco de ti,
naquele livro de fulano.

burrice diária,
que visito sua casa,
mas me escondo nas frestas,
eu não quero que me veja...
já que nem podes mais me ver,
não podes mais.

burrice no ponto,
eu espero o meu ônibus,
e sempre vejo os casais..
e você não está lá,
pra se despedir em pranto..
como eu fico ao observar.

Que só a burrice me acompanha

Tabelionato

Não me obrigue a autenticar,
algo que não sou.
Não tente me fazer assinar,
no que não posso ler.
Nem tente me enganar..
que eu jamais vou corresponder.

A minha palavra é simples,
e dessa forma de vida,
eu não quero nem saber.

Mente em frente

Hoje eu sou tão cega, sobre minha vida, e o que é a minha vida?
Eu acordo e trabalho, sustento o imaginário, nem posso mais sonhar pois se sonho acordada, sou louca por sonhar. Se penso um pouco mais alto, sou estranha e incômoda.
Um plano desajustado e enfim sou esquecida. Ninguém vem a minha porta se não abro minhas janelas, se não planto flores, talvez as bromelias que tanto gostam. E tanta gente ao meu redor, tantos mundos dentro deles, e eu não os conheço. Desconheço todo o mundo que guardam pra si, estou tão só quanto estive desde meu nascimento, e a vida que me apalpa não me conhece o bastante, ou se sim, desconhece meu pranto. Tão sozinha que nem escuto minha voz gritar, meus pés em reclame diário ou meu coração fraco e indolente. Sozinha em conjunção a um mundo perdido a pessoas tão mortas quanto eu. E se acaso eu não for verde, não serei aceita. Que vida é essa? Acordo quando o horário reclama, saio quando a porta convida, como quando o sol se inflama, deito morta quando o dia vira. E eu não vejo mais o sol nascer, e nem consigo ver ele se despedir a tarde. Eu desço a ladeira de minha tristeza, percorro sua estrada sinuosa, mas tenho de sofrer com dignidade, e onde há dignidade no sofrer eu não sei, não me ensinaram a sofrer pois aprendi sozinha. A tristeza me convida a sua casa sempre que pode, ela me abraça como quem quer me sugar e eu a abraço quando estou me sentindo só.
Sabe a alegria? essa forma de dizer que está tudo seguindo seu curso, a vida cresce, as novidades se instauram e você consegue driblar tudo que lhe frustra. Alegria é permanecer imune ao passo em falso. Talvez como a luz e a escuridão, a falta de um faz o outro permanecer. E que a luz prossiga em algum lugar dentro de mim, fale por algumas, e volte por outras. Após tantos os sentimentos, vamos ao amor, tenho medo do amor, não sei o que o amor significa. Não sei se o amor é um conto fantasioso de duas vidas que necessitam se instaurar uma na outra, se o amor é o desapego dos sentimentos ruins, quer dizer, da falta de sentimentos bons -seja qual for a realidade de cada um quanto bem e mal - ou se, o amor é um pacto de nascimento e vencimento constante, que permanece na falta que o outro lhe faz, que nasce no mistério de conhecer a inquietude de outros ventos e que morre quando se descobre um vendaval maior que o seu. O amor é um enigma de nome e preceitos, por isso tenho medo, medo do que não conheço. E do que não conheço fico estranha, mas a xenofobia não me contempla por completo.
Então essa é a vida, a vida que tenho de viver. Nascer e morrer em sentimentos agudos, fingir ser boa o bastante e chorar no devido momento. Derrotar meus demônios e levar ao outro a minha paz constante. Não dizer se gosto de azul, pois azul é o vento que sopra do leste, e do leste ninguém quer saber... Calar a boca se não agradar o bastante, tentar permanecer na euforia constante de sobreviver, de viver numa vida de não sei... não se mais o que.