segunda-feira, junho 22

por um fio

Escrevo essa nota nociva
arranho o ventre de meu mundo,
descarrego a primeira fita,
da segunda eu desaconselho.

Vem a mim,
para padecer de dias leves,
calibrar o azul dos olhos,
e ver o mundo anil de imprecisão.

Não, não....
chega dessa maldade em soul,
se não sou por puro querer,
esse ser que acompanha a raiva.

Plantio dos inúteis,
cartel das pedras atiradas,
moinho de vento hostil.

Acalma-te.

Nem nunca.

Jamais vou dizer
dessa água não vou beber,
para não mentir.

Mas se for pensar,
se for dizer,
não quero nem saber,
não estou nem aí.

Tudo que tenho cabe
nos meus braços,
tudo que sou abraça meu dia.

E só disso sobrevivo.

Meu jeito

Meu jeito,
me mata
um dia.

meu jeito,
me afoga
um dia.

meu jeito,
sem jeito
me arruína.

meu jeito,
irracional
me domina.

Que sina...

quarta-feira, junho 17

Bom dia

O dia nasceu,
por mais noite escura,
nas frestas do mundo
os raios de sol,
florindo nas margens,
do sul um bom dia,
regando de luz,
mais uma vez...
mais um dia.

terça-feira, junho 16

Assim.

peguei teu leito
formei meu passe,
passei onde quis,
vibrei, cantei canções.
dancei sobre teu mundo,
recriei meu espaço.
deixei que me adorne,
em mim, teu espaço.
falei milhares,
ouvi de muitas delícias,
mas parei onde me permitia.

Assim que ouviu a primeira cantoria

Ouvis,

Pedaço da fonte de meu dizer, acredite.
Mendigo de meu recriar de amor profundo,
de pedra que reside ao chão de minha vida,
não apaga a cantoria de meus riachos.
Desvio meu coração as suas fontes,
suas fontes tão belas de segredos persistentes,
me amais como amas um alguém esquecido,
ficou a quinta parte da parte que me amou.
Fiquei com tão pouco do pouco que me sobrou.
Um quase nada de um amor que não me amou.

Assim que recebeu a primeira carta


Falais,

Se já me apego no desapego de te amar.
Se sou destroço, um troço vivido de se queixar.
Sempre acontece, declinam rumores de meu amar.
Não amo, apego, pois esse mesmo.. me faz declinar.



segunda-feira, junho 15

Imediatamente

"vou embora,
vou partir... "


vá logo,
suma daqui.

Estrago

mordi uma fruta
de polpa macia
e suco apetitoso.

me buscou os
sentidos,
e saboreou-me
olhar feliz.

caiu-me da mão,
rolou meu pedido,
meu sentido..

e minha razão?

Fazer sentido

como se pedisse
que parasse o bendito,
na porta do tempo.

ele já rolou as escadas,
por um pouco, desceu degraus.

o sentido é único
quando em declive.

o sentido muda
se mudar o único....

Ser amor ou ser alheio.

Já me busco onde estou,
onde estou me aconselho,
sempre digo ao ouvido,
pois ao coração não permeio.

Onde dói a dor do outro,
a não ser em si mesmo,
na dor, flagelo mundo,
esquecido dos anseios.

Um passeio conturbado,
onde dói a dor do outro?
A não ser em si mesmo,
ser amor ou ser alheio,

quando o passo se estremece,
e saber, desaconselho.

quarta-feira, junho 10

Sempre

Já não espero o esperar
matutino de minhas irmãs.
A rima precisa de nossas
piadas infames.



Mas sempre espero a
voz aguda de minha irmã maior,
a doce criança de seus olhos,
o abraço do resto de nossas vidas.



Sempre aguardo pelo enraizar,
da árvore nascente em meu coração,
do cuidado e cuidando dos dias,
até o florescer da felicidade.



Aguardo pela reunião da espiritualidade,
da luz que clareia minha alma amiga,
do sorrir de sua hombridade,
da serena distribuição de seu ser.

Esperanças

Viro as horas,
num doce almejar,
desprendo meus sentidos.
Pensando, pensante
na forma e conteúdo postumos.

Viro as horas,
e me convenço,
sinto a calma de respirar.
Nos caminhos despertos
de meu coração,
nas válvulas de meu progredir,
na suntuosa vibração.
Viro as horas,
e me adorno de esperanças,
me despejo de lamentos,
pressuponho, dimensão.
Viro as horas,
e espero pelo maior,
que me sugue até a alma,
e que me sobre a falta de ar..

Findar

Já é Junho novamente e meu amor
pelo findar do ano me traz serenidade.
Quantos dias de meus dias reparei,
os centímetros de minha felicidade,
as raízes de meu sorrir, no caminho incerto.
Tão certo de si mesmo que não me contas.
Nem me conto mais como antes, conto comigo.
Comigo conto de verdade.

Seria eu?

Hoje entre pergaminhos e minha inclusão digital
acertei uma dívida incalculável, persistente e fibrosa.

Seria eu , pedaço de meu sentir?
Seria, superfície de meu pensamento?
Seria, transversal no mundo?

Sou toda parte de mim que insiste,
sou até toda parte de mim que não é minha.
Sou no verso de meu verter agudo
a sinceridade de minha dúvida, o respeito
a minhas convicções a amplitude de meu querer.

Paguei com amor a dívida de minha alma,
e recebi o troco da satisfação pessoal.
Bendita seja a vontade resplandecente.

terça-feira, junho 9

Sinfonia de quadros brancos

Suspiras um desespero contínuo,
graduando cada linha da voz.
Uma sinfonia de quadros brancos
e tinta adormecida.
Clemência de fé amargurada,
nada compõe o transeunte
de seus pensamentos.

Façanhas de uma voz amiga.

Antes de dormir,
Conduza o pensamento até o norte, lá arremesse suas palavras em silêncio, peça esclarecimento e luz amiga. Do sul peça o permeio do perdão, clemente e esperando por diferença. Ao oeste, digas bem baixinho... acalma-te e tudo realizará, pedindo a mão que lhe conduz um alento. Ao leste, preencha as lacunas. Um golpe justo do racional ao que virá.
E durma.

Discurso poetico de poeta que nunca fui.


Em meu discurso poético travaria ilusões, diria mil mundos e fundos de eiras e beiras translúcidas. Faria correntes de humores esbravejantes e sentinelas em molho rose. Sentimentos flutuariam e os puxaria de modo complacente a conformidade, todo minuto seria de sagrado sacramento a beldade avistação do poeta que nunca fui. Ah! esse discurso poético de poeta que nunca fui, jamais poderia. Se minhas mãos não afagam aos minutos as minúcias dos amores que perdi, nem mais declamo em pedaços de papéis misturados ao chão sujo o meu clamor matutino, o meu entristecer entardístico e minha semeadura noturna. Nunca fui poeta de conduzir as palavras para os sete ventos, nem a dois passos daqui. Poeta não sou se as sílabas me fogem, se não escrevo de imediato. E se não o faço, os sentidos escorrem sobre os olhos e evaporam na solidão. Isso sim sei fazer de melhor, quando só, conduzo o pensar mais exausto que existe. Aquele pensar que se concebe e se traduz no mesmo ser, o velho pensamento da existência de um poeta que nunca existiu em meu coração... ou persistiu no mundo.

O que fica, onde fica todo o resto.

Alcançando a rramigência me despi de lucidez e qualquer pálpebra de minha delicadeza. Acarinhei o descaso de minhas falas e arranhei outros com meu olhar. Uma a uma, despindo a saliva como deserto no mundo, secando as margens de elucidações e opinatividades. Rasgando com cada sílaba minha a extremidade de seu possível ensejo. Viradas e lembradas de cada palavreado, contidas em suas expectativas corrompidas, dilaceradas... perdidas.


Sou ruim do quanto que me permito.

Segundos

Visitas nos dias
na calma das sombras
no pleno descaso,
margem da vida.

distinta da mesma,
distante de Vênus,
abraçando Saturno..

retorno infeliz.

Querendo

Quem quer que queira,
Quer o querer de quem queres.
Quem quer o querer é quem queira,
quem queira o querer de quem lhe quer...

Jamais!

Outro dia disse a mim com a boca cheia;
jamais mudarei circunstancialmente!

Outro dia, pensei comigo mesma:
jamais farei isso novamente.

Outra noite, adormeci pensando;
Jamais é uma pobre pessoa de falha aguda.

segunda-feira, junho 1

Sobressalto

O meu amor se vestiu de cores,
do verde, premissa ao rosto,
o púrpura de seu coração,
as cálidas partes de suas partes,
o azul temente de sua tranquilidade.
o branco de nossos dias,
em rosa meu rosar eterno.
Sobressalto de meus olhos,
suspiro do meu viver.

Beirador

assume a vida aquele beirador,
onde foi que viu e até onde chegou.
nem sabe.

Nem sabe o mundo, destemido convite
assumindo resquícios em fortuna do ser.
ser de saber, permanecer,
assim que o dia voltar, novamente serás..
quem querias ser.