quarta-feira, novembro 21

Fúria

Na febre da resposta, você pede a desavença. Em cada beiço, em cada olho teso, a marca da fúria. Que te dobras cego e avanças injetada.

Miúda

De ser grande nada sabia, só na miudeza eu conhecia. Me conhecia pequena e insolúvel, praticamente uma pedra de alcatraz. Agora passo as horas me vendo ainda miúda, no meio das preces e das porcas feiras. Me vejo miúda e sincera nas corridas, nas vértices e nos calcanhares, e ainda sim miúda nas intenções. Quando da miudeza corrijo a caminhada, penso no pretexto da palavra e logo no som da voz pequena, eu finjo novamente.

Todo Agosto

Todo ano carrego a dura sutileza de fingir bebericar um pouco da tua sorte. Se no inferno do inferno astral fostes buscar o cálice da memória, falhou em beber alegria. Na orbita dos teus pensamentos, os maus e profundos aquecem e eclodem nas folhagens. Lá cresço e me espalho sobre as outras plantas. Quando já em trinta dias me apossei, e fui embora com a praga que te trouxe em meio tempo. Nem vistes o estrago.

Fins de semana

Dois dias onde a alma diz,
dois dias onde a alma fala
que meu arremesso no descanso
a minha abundancia desprezada
nos fins eu pereço um pouco mais...
no descuido que acabe.

O que sobrara

Já afiei minhas ideias e agrupei meus modos. Fui plena em minha mente e vitoriosa em meus pressupostos, onde triunfante levantei a bandeira da minha misericordia e subi cada degrau da tua humilhação, fui dos joelhos a falta de mim que ali cabia, e de nada sobrara ao topo.

Permaneces

Quanta amargura se solta das suas mãos, até na postura a rigidez esguia da sua alma. Dura sentença da fala amiga no pensar solitário onde asfaltado, rijo e incrustado permaneces.

Primar

Todos os dias levante a parte de toda parte desse mundo. Veja nas paredes nos buracos tolos da sala a imundice da vida. E cobre do mundo em cada contímetro, sua fala. E guarde em si mesmo o pouco dito a pouca fala.