quarta-feira, abril 30

Abril

Abril me caiu como uma luva, se colocou as mãos num encaixe perfeito.
Aveludada e em sinuosas curvas, me trouxe a melhor das idéias, o aproveitar
dos momentos e a certeza que precisara.
Abril me veio como uma luva, onde estapeei a cara dos que precisavam,
agraciei o rosto de outros com meus dotes, e as tirei no momento oportuno,
no dia em que Abril, em meu dia, se foi.

30 de abril de 1988

E nasci. As oito de meia da manhã, abri meus olhos para o mundo.
Passei por poucas e boas nessas duas décadas. Enfrentei barras pesadas e mares de rosas. Fui filha, neta, sobrinha, prima, amiga, colega, namorada, confidente e companheira. Fiz muita merda, tomei um rumo, mudei de opinião, pensei, conheci, cresci, sofri ,amadureci, experimentei, trabalhei ,estudei, estudo ainda e sempre, e digo com a boca cheia, parabéns pra mim.
Que por tantos anos vivi com medo e infeliz, que passei pelos anos sem saber o porque que as vezes desistia dos passos na praia só por lembrar do sujar dos pés. Parabéns pra mim, que soube tirar o melhor da vida em altos e baixos e que consiga, cada vez mais ser assim. E melhor, que sejam esses meus dias de novas primaveras, que os anos passem como o vento, mas que, me levem em sua dança harmoniosa.
Parabéns pra mim, que tanto venci meus medos. Venci uns dos meus maiores medos.
Parabéns pra nós, pois penso em tantos outros que nasceram no mesmo dia, na mesma hora. Sob a lua de Touro e a vigência de Gêmeos, teimosos e altruístas, eternamente apaixonados pela vida e por todos aqueles que tanto amam. Me digo parabéns por puro prazer, e me agradeço pela vida com a qual sou agraciada, agradeço por todos os tropeços ( que não foram poucos) e o levantar logo em seguida. Sou eternamente grata a o que o destino havia me reservado, enquanto esperava por ele. E vou agradecer a vida, por me conceder mais um ano.
Parabéns pra mim, que fui que sou e que serei, aquela menina pequena e levada, teimosa e astuta. Aquela mesma criança inquieta, adolescente inquieta e agora, mulher inquieta. Que agradeço tanto por ser... Parabéns pra mim, sempre.

terça-feira, abril 29

Planos

E os meus planos, mudaram, mudaram tanto
que nem sequer pude acompanha-los.
E fui de mansinho, de mansinho fui... até que
percebi a falta que essas mudanças me faziam.

segunda-feira, abril 28

Mas e mais.

Do mas para o mais se perde.
Do mas é porém, que detém o mais.
De mas a mais, esquece aquilo tudo que fica.
E o porém do mas que cega, e mais não fica...
E se mas fosse mais em miniatura, mais seriamos, sem mas.
Sem mas em controvérsia, tudo seria em paz, muito mais.

Contemplando - No quarto das estrelas.

Das frestas da janela, vi o sol aos poucos nascer. Você envolto em mim novamente, e eu daqui sem sequer saber o que fazer. Deitado no meu ombro, dormindo com a paz em teus cílios e coberto por um lençol branco, que me tomara a madrugada onde nem percebi. Tentei dormir a noite toda, mas foi em vão meu querer, e através da noite me fiz tua fiel expectadora, sem você saber do palco que teu ser me fez. A todo instante via teu rosto dizer-me para acreditar, e era real aquilo tudo, pois não dormir era tornar tudo aquilo único.
Te ninei sem saber, cantei canções baixinho. Acariciei teu cabelo fino e macio, realmente não tive qualquer medo, não me importava mais nada em exatos instantes, a não ser o que me aflorava o sorrir da boca e o calar, para não adiar o silêncio... tão gostoso.
A noite eu olhava para as estrelas no céu pintado, no céu de estrelas florescentes. No céu e nas paredes, elas se estendiam por todos os lados. Talvez a Lua não quisera se mostrar em teto, mas seu brilho já reluzia a janela, insistente. Meus pés eram alvo desse tocar, e os dedos diziam sim para essa interação. Enquanto os pés se beijavam, nas costas um abraço e da concha a mais linda uma pérola se fez, outra vez entorpecido abraço. Quando uma concha se forma, dentro dela brilha uma pérola chamada carinho, que adorna os sonhos dos envoltos. E enquanto o portal dos mares e céus se abriam, tuas portas me diziam que entrasse. Você de pura e boa vontade, me pediu que ali residisse por um tempo ocioso, e enfim fiquei enquanto pude, vivi e resisti ao quebrar dos mares. Mas nada me era mais bonito e saudoso, do que eu de lá, sem me mover... sequer sabendo o que fazer.

Telefonemas sem razão.

Te ligo e falo nada,
te ligo pra dizer que nada sei.
Te ligo e não sei se você sabe,
mas te liguei, por pura estupidez.

Te ligo quando quero ouvir tua voz,
te ligo porque é a voz que me alegra,
te ligo para ouvir sua piada mal feita,
e para contar a minha, que é freguês.

Te ligo quando sinto vontade,
te ligo quando te vejo passar,
te ligo pra te ver falar comigo,
quando esquece e passa sem olhar pra cá.

Te ligo pelo apelo amigo,
te ligo para ver meu sorriso,
te ligo estranha e calada as vezes,
e te digo as vezes o que nem preciso.

Te ligo para contar as novidades,
Te ligo para ouvir as suas,
Te ligo quando penso em ligar para alguém,
quando estou com quem ou em qualquer lugar, talvez em clausura.

Te ligo porque nada sei,
te ligo porque você pouco sabe,
te ligo porque sei que outra vez,
te liguei, sem saber, mas com vontade.

O teu no eu.

A ela, e suas eternas escolhas.

O teu no eu não foi embora,
o teu no eu não disse-me adeus,
o teu no eu insiste e assola,
me joga no véu do vento ateu.

O teu no eu me faz chorar,
o teu no eu não me cabe presença,
o teu no eu que fica é só lembrança,
que poucas vezes, me deixa.

O teu no eu não me deixa dormir,
o teu no eu me faz confusão,
o teu no eu me faz pensar em possibilidades,
me pega de surpresa sem permissão.

O teu no eu agora só me afoga,
o teu no eu não me faz mais cais,
o teu no eu que foi a navegar bem longe,
esse meu no teu, que quem sabe não existe mais.

Sobre eles - Velocidades.

A velocidade em que se chega ao aeroporto
não é igual a do avião que bate em partida.

A velocidade que o carro sai do estacionamento,
não é mesma do adeus dado no saguão.

A velocidade com a qual os olhos acompanham o avião,
não é a mesma da turbina que faz o adeus pior.

Mas a velocidade do coração que fica,
que seja a mesma, daquele que subiu aos céus.

domingo, abril 27

Saída.

Quando somos inconsequentes
somos mais do que infelizes, somos
indevidos, no momento e para com
as pessoas. Somos fracos e incapazes,
somos frustrados e medíocres,
egoístas o bastante, para nem sequer
pensar no mundo a sua volta.
Mas há uma saída, no fim do túnel escuro e frio
existe um feixe de luz que te guia, e ele
se chama resignação.. ou desculpa, redenção.
Se chama culpa e se tiver sorte, perdão.

Reconstituição.

O perito sobe na cama
o perito coloca a rede
o perito enrosca o parafuso
o perito não sabe colocar redes.
E é claro, estamos aqui para cobrir tudo.

O perito coloca as mãos na janela
o perito olha para dentro e para fora
o perito tem que improvisar
o perito tem que no apartamento ficar, até as dez horas.
E é claro, estamos aqui com você, para cobrir tudo.

O perito da morte de Isabella,
o perito do caso Nardoni
o perito é o foco da amanhã até as dez horas
o perito em pauta, em mostra, ao dia todo.
E é claro, estamos aqui com o Brasil todo para saber de tudo.

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E ela diz:

- Puta merda, que bela notícia hein?
Um domingão completo em doses de
sensacionalismo e um almoço diferente.
Viva o gozar de ter uma tv que abre sua mente.
Nem era pra rimar.

Bichinho.

Há um bichinho, dentro da gente
que não se pronuncia, é latente.
Ele fica calado, por anos e anos
e quando aparece atrapalha nossos planos.

Ele dorme aos dias, dorme as noites
só desperta em nossos sonhos, em foices.
Ele traga você por inteiro, lhe mente
assume seu controle, faz você de inocente.

Não fala contigo, não lhe diz sequer olá
nem adeus ele diz, só se finca onde está.
Ele cruza os bosques do seu ímpeto,
envenena os riachos, lhe torce como um graveto.

Esse bichinho, que lhe invade
não pede sequer permissão, em maldade
Só te visita quando menos espera,
e não lhe tomas certeza, ele sequer pondera.

sábado, abril 26

Deixa.

Deixa, me deixas.
Deixas que eu me deixo,
e se me deixas eu não deixo.
Só deixo, quando esqueço.
E se deixas vida minha,
de mim me deixo..
E ao deixar vida minha,
de ti, enfim esqueço.

Lavrador.

No gancho, nos pés ou na dor,
na folha nos calos ou no suor.
Seja manhã, noite ou madrugada,
o sol que racha a mente e corta o céu azul.
A foice que estala, e divide, separa de norte a sul.
E carrega nas costas o mundo, o sufoco e lamento,
de um novo dia de sol ardente.

Mente

Rápida como um disparo,
insípida como um ranso
intragável como absinto
nervosa como um cão raivoso.
Indolente como um aluno,
perspicaz como um albatroz,
infeliz como um cão sem dono,
mente de quem cala sua voz.

sexta-feira, abril 25

Fábulas

Sempre ouvia quando menina que os corações eram puros, que os desejos eram fatais e os amores eternos. O final feliz acontecia, mulher nada sequer fazia e filhos era o que toda mulher queria.
Me contavam sobre grandes heróis de honra e igualdade, paz e sinceridade, o bem que vencia o mal... e o tirano que não morria pelas mãos do mocinho mas sobre um trágico destino, contrário a ele.
Reis eram adorados e responsáveis, a família era o único laço bondoso, o amor era puro e sincero não havia dor, mágoa ou desgosto.
Os campos eram sempre verdes, os cavalos alados, os tapetes voavam pelos céus, e até as borboletas falavam... coelhos atrasados as lagostas dançantes, abóboras viravam carroças e vagabundos conseguiam o amor de uma bela dama.
Eu ouvia tanto sobre esse mundo perfeito, e me prepararam para viver sobre ele, depois eu me dei conta que eu sequer sabia da existência do mundo em que vivemos... e se as fábulas estão todas erradas, ou se, eu não pude acreditar o bastante em tudo isso. E enfim vi que a vida nada me diz sobre fábulas, ela me conta aos poucos o que devo saber, e por muitas ela nada me diz, não me traz verdades fabulosas, das quais tanto esperei por meus anos atrás... todos esses anos que ficaram pra trás. Todos eles.

Trânsito

Por favor, você poderia tirar os pés do banco?
Há pessoas que sentam ai também...

Enquanto risadinhas ecoam do fundo do ônibus,
ela nada responde, apenas escorrega os pés e
desdobra os joelhos. Coloca uma das pernas sobre
a outra e apoia os cotovelos. Sem dizer ao menos
uma palavra, ela continua seus afazeres mentais.

Quando chego em casa..

...desamarro o cadarço
abro a braguilha e tiro o sutiã.
Desato os nós, jogo a mochila
num canto e canto pelos corredores.

Tiro minhas meias, arranco
meus sapatos e jogo tudo pelo chão.
Prendo minhas madeixas tiro o
escapulário e tiro fora o relógio.

Setenta por cento da roupa sai
oitenta por cento da sede eu mato
e noventa por cento da fome se vai.

Tiro os brincos e as pulseiras,
tiro a sombra dos olhos e
o cansaço do dia inteiro.

Ouço música pra relaxar, falo
com a nina para alegrar e vou
a janela para dormir em paz.

Eu desamarro, solto, abro, escovo
e eu tiro. Eu como, lavo, tomo e ouço
falo pouco e durmo o bastante.

Quando chego em casa,
enfim digo amém, pelo dia todo.

quinta-feira, abril 24

Perguntas ao coração.

Seu coração não existe.
E se existe, onde está teu coração?
Onde está teu ventrículo?
Onde passa o amor, a amizade e a paixão?

Amizade sei que passa, e como.
Paixões, eu diria que passam rápido,
apressadas e você as deixa, por querer.
Mas amor, por onde o amor tem ido?

Teu átrio não o deixa passar,
diz que é muito pra válvula mitral, sim
e a circulação dele não depende
e que se amor quiser ficar, que vá para o rim!

Que lá é lugar dele, ser dissolvido
em toda sua forma, de substancia perigosa
de tantas substâncias que o amor carrega,
só lá poderia permanecer de forma ociosa.

E se amor quiser passar por aqui,
que antes consiga se dissipar,
de todos esses que nele grudam,
que deixe apenas, o que se pode aproveitar.

Minha sina, onde cabeças rolam.

Se meu pescoço praticamente não colasse essa bola cefálica ao meu pequeno corpo, com certeza minha cabeça estaria num duto de esgoto por ai, reclamando incessantemente sobre aquele maldito corpo que bateu a cara em algum canto, e simplesmente perdeu a cabeça. Perdeu em todos os sentidos, imagine se meu corpo vagasse por ai sozinho, com certeza ele ria sentar em algum lugar tranquilo e contemplaria a vista - Jesus Cristo, você não tem olhos! - oh claro, daí se daria conta de que faltara algum detalhe. Que detalhe.
Bem, a minha sina na vida é perder as coisas. Já comprei uma bolsa que tanto queria quando pequena, e simplesmente larguei ela numa loja de departamentos. Minha mãe me disse com todo carinho do mundo; menina, onde você tá com a cabeça? Logo após a não me dar mais nada por alguns longos e deprimentes meses.
Já perdi sapato, roupa, cd, todo e qualquer tipo de brincos anéis e pulseiras que se possa imaginar na vida, esqueci meu caderno no ponto e peguei o ônibus , já esqueci minha bolsa - com todos os documentos possíveis dentro - e depois um anjo dos céus disse amém e devolveram na minha casa e é claro, os celebres momentos em que ME PERDI em shoppings center, em lojinhas, supermercados e festas. Para o delírio dos meus familiares.
E não menos importante e atual, perdi um cartão do meu irmão - que vai chegar daqui a exatas três horas e com certeza vai me estrangular - tão bonzinho ele. Contar? Sim! a minha velha doença sempre volta, é crônica po..
Sempre perco tudo, so falta perder a falta de vergonha na cara por sempre andar no mundo da lua.
E a pergunta que não cessa... Onde você está com a cabeça menina?
Acho que perdida por ai em algum esgoto.. reclamando à lá Patolino.

Contrariamente.

- Me daria a honra?
- Sim, talvez muito mais.
- Ora sim, que quero o que quiseres...
- Te dou, o que mereces.
- E o que mereço?
- O que pensares.
- E posso?
- Só se deixares...
- E o que deixo?
- Deixa de pensar que podes.
- Mas se penso, logo posso. E se posso, mereço?
- Mereces o que teus olhos me dizem.
- E o que eles dizem?
- Que não me mereces, por inteiro.
- E em partes mereço?
- Só em pequeninas...
- E delas, posso?
- Delas não terá o bastante.

Ao meu amor, que saudade.

Oh meu amor, que saudade.
me visitas tão pouco, e quando...
quando o faz, és tão rápido.

E eu fico, aqui onde sempre estive.
Esperando a tua visita, o teu sorrir.
Gosto quando sorri, fico em tuas mãos.

E você me toma nelas, me rouba.
Me furta parte do que sou, e levas..
levas contigo, e levas sem pedir.

E sinto falta, sinto saudade!
Sinto falta dessa minha parte,
que levou sem permissão, oras.

Eu peço que me devolva, em vão.
Sou tão atendida quanto meu peito,
que pede por essa parte que se foi.

Me levou parte importante,
e sinto falta, meu amor.
Sinto e peço, traga de volta, por favor.

E rimos.

Eles de lá, eu de cá.
Rimos juntos, sem cessar.
Coisas da vida, cotidiano
não tão incerto, só em planos.
Meninas em suas bocas,
e eu só a opinar, o que
posso mais fazer além disso?
Meninos gostam de falar.
E eu escuto, e viro a mente
de lado... rio por dentro e por
fora, por eles, com eles, deles.
E rimos, rimos tanto...

Da sua janela.

Se fez em frestas e maior que meus braços. Posso deitar ao longo de sua frieza, em seu mármore escuro e gelado. Posso até, ser eu e até mesmo você.. ao meu lado, ali quieto, só de sussurro ao mundo ao qual não lhe pertence amor. E eu daqui, fazendo o mesmo, descrente... em eterno pensamento a outros planos, outros momentos incertos e saudosos.
Enquanto isso, se na minha janela estivesse seria tão só quanto meu pensamento, vagaria por inúmeras fontes de desejos, de pedidos aos céus e muitos, por tantas vezes, tão calados e sem desfecho.
Da sua janela, reluz uma paz tão grande.. a Lua se faz dourada sobre os telhados das casas e se estende aos céus tão rápida quanto quis ve-la, antes, somente ao longe escondida.
O Mar canta nos ouvidos e me cruza os sentidos, me faz flutuar em sua sonora leveza. Me leva sobre o frescor do ar, que respiro fundo para úmidas serem minhas palavras, logo em seguida.
Você ainda permanece ali, do meu lado. Mas longe, tão longe quanto posso imaginar, próximo a uma que tanto ama, que tanto lhe dói no peito essa distância, e eu imagino, posso até sentir teu jeito.. teu tão sem jeito dizer sobre ela. E eu fico ali, do teu lado... como sabes. Quietinha, e lhe
converso sobre a sua, que tão minha fora no instante... a sua janela, diferente da minha, tão minha. Meu portal das esperanças e brilhar dos olhos, tão pequena que me cabe os cotovelos e a cabeça, a encostar em seus braços de madeira. E em seu colo frio onde aqueço meus sonhos, a debruçar minha vida em teu ninar noturno. Da sua janela, de sonhos tão teus... de sonhos tão parecidos com os meus.

quarta-feira, abril 23

Aos ataques de Minerva.

Aos trancos e barrancos, fui, tentei e em explícito, atuei.
De cabeça, como fora.. realizei as fantasias da mente
em questão. Que pedia, que clamava por atenção.
E se foram, meus absurdos contemplados... pude no auge
permanecer, aos meus inconfessos amigos resguardados
que se tornarem confessos enfim. Fascínio aos montes,
ao ir, de lá pra cá... e voltei aos poucos, remeti, pensei e até redigi.
Pelos absurdos, não tão esquecidos e nem agredidos pela mente,
pude enfim, tira-los da gaveta e remover o pó.

terça-feira, abril 22

Quando não estou.

Quando não estou lá..
não escuto a conversa
minhas mãos parecem dormentes
nem o ar me cruza as vias.
Não sinto o gosto, o beijo
não abraço com certeza,
não rio por prazer, me prendo
me laço e fujo, até mesmo por querer.

segunda-feira, abril 21

Pouco.

Foi pouco, muito pouco.
Me perdi, só pedi pra ti
um pouco. Muito pouco.

Entendi, de forma
retorno em demasia
de tamanho jeito,
que nem poderia.

E foi pouco, tão pouco,
quanto nem pudera,
e nem foi, nem vi.

Parabéns.

A música os fascina,
eu me planto, em raízes.
Me finco ao vazio, a falta
a saudade de quem fui.

Que me faltara?
Gosto, querer e sentir.
Não danço, não falo e nem
sei porque estou aqui.

Pois sim, controverso estar.
Pois sei, onde estou e porque,
agora entendi de que forma,
se não, que me falta, só me sobra
a ela, que senti tanta falta.

Mas a saudade, de quem fui
só flui, quando em conjunto.
Pois só dói, quando discordo.
Quando me vejo, em absurdo
de forma que não era, só fui
não há retorno só lembrança
sem sequer passo, nem rumo.

Aos dois

Ao passo que eles eram,
eu fiquei, nem fui.
Não fui, não pude.. nem quisera.
Não tentei, nem disse que sim
só fui, somente eu e permaneci.
Eu que não preciso desse teu eu,
e preciso tanto desse outro.
De precisar, enquanto eles se
precisam, se entendem... tanto.

domingo, abril 20

Encanto.

No céu você brilha, me enlaça os olhos me prende
em demasia, me força a querer-te de fonte repleta de apatia.
Pois sim, apatia me reprime ao ver-te colossal aos céus
a brilhar em teu tapete azul junto a tuas lantejoulas em faísca.

Me encanta essa tua luz, esse teu espelho, esse teu mundo
que te fincas amena, não tão amena é tua vivacidade, permanência.
Teu enorme englobar de olhos e teu imenso olhar sobre amores,
dores e festejos. És a cobertura dos sonhos, o crer dos desejos.

A imensidão do céu é pouca, pouca para o teu brilho exuberante
que emana no chão a saudade... saudade de nem poder toca-la
de te-la somente de longe. E daqui do chão recebo teu zelo, teu lembrar
da saudade de tudo que está tão longe, mas se reflete tão próximo.

Queria

Queria poder te abraçar,
te ter envolto, recordar.
Queria pode te ter,
te amar, te fazer lembrar.
Queria poder te falar,
no ouvido, de mansinho.
Queria te tocar, te ter
te mostrar todo meu carinho.

Aos que não conhecem fogos de artifício.

Um estrondo ao longe, dribla a paz dentro daquela criatura. Corre para esconder-se de uma possível tragédia, um ensurdecedor som que a pode decapitar, a pode retirar-lhe da sua paz, agora interrompida. Aos que não conhecem fogos de artifício, a guerra está por vir. Se guerra fosse a paz que lhes retira ao longe, ao monte de barulhos estranhos fora de seu lar. O medo e a tremedeira consomem, corre inocente até onde possa ter um refúgio. Pede ajuda e colo aos que lhe envolvem, assim quem sabe pode enfim não temer.
E ainda treme sobre o colo amigo com seus olhos abertos e vigilantes, a espera do pior...

Quarenta e sete.

Um plano para a viagem,
discórdia quanto ao lar.
Pendura os sonhos a mente
e estipula as metas num papel.

Viaja sobre o vento ateu,
rumo ao estrelato e redenção.
Retorna ao monte coberto de gelo,
ajuda, remete e esquece sua vida.

As dores e amores do passado,
larga a sua vida e cuida dos teus,
nem sempre o retorno de quem pede
é o que se tem daqueles que só te dizem adeus.

A vida te põe em ciladas contínuas,
mas driblas o mundo com um passo calmo,
mas os anos se passam rápido e lhe tomam,
os sonhos, meros planos daquele tempo.

E voltas a pensar como antigamente,
descrente de qualquer forma de outrem
onde buscas agora seu destino e sua mente
e esqueça, que outros, a vida lhe deu para cuidar.

Esqueça de que outros existem, de forma que
a sua vida, não lhe deixes mais passar.

Coltrane.

After the rain,
I still be here...
I want be same for you,
and always be.

After the rain,
I never gone to my love,
she's soo kind for me,
and found myself this way.

After the rain,
I never cry for she's gone,
I smile for sun's comming,
and i still be there...
when she come back.

Quando dizer Eu te amo.

Qual a data pra se dizer Eu te amo?
No aniversário, no dia das mães
no reveillon ou na Páscoa?
No aniversário de namoro ou nas bodas
de ouro... no dia dos pais, ou no natal.

Qual o instante pra se dizer Eu te amo?
Quando alguém está numa cama quase indo,
quando longe o teu amor está, do outro lado do mundo.
Quando a vida nos prega peças, das quais nem o tempo pode curar.

Qual pessoa merece um Eu te amo?
Quem sabe a tua mãe, que tanto espera.
O seu irmão, calado que nunca conversa direito
mas sempre espera que você chegue nele.

Talvez pro seu pai, apesar do relacionamento difícil.
Ou a um amigo, que tanto carinho você guarda.
Ou até mesmo o seus avós que estão longe...
que ficam de coração apertado quando felizmente o encontram.
Ou para o mundo, que tanto preza pela sua sobrevivência.
E a você mesmo, já disse o quanto se ama ultimamente?

Qual o momento pra se dizer Eu te amo?
Com datas, momentos difíceis ou tragédias?
Talvez por obrigação, um "eu também"
daqueles que até mesmo você discorda.

Qual o exato instante de dizer Eu te amo?
Talvez sem méritos ou estratégias, quando
há um querer que o outro saiba, que nem o
rosar das bochechas consegue controlar.

Quando houver entrega, murmúrio de admiração
carinho, respeito e amizade. Amor são outros quinhentos
dos quais a vida se encarrega de nos trazer,
quando for o momento, quando estiver na hora.

E qual a hora pra se dizer Eu te amo?
Quando ele disser por si só, quando as palavras
não precisarem redigir tal forma, tal gosto pelo
outro, e enfim, tal merecimento do seu ser em amar outro.

sábado, abril 19

Aos meus queridos.

Aos meus queridos, o melhor de mim. A todos eles, que me completam, me ensinam, me redigem e me asseguram. Os amo, o melhor de mim é de todos vocês, aos amigos saudosos e distantes até mesmo aos colegas de faculdade, tão diários. Alguns o meu aperto é tão grande, o abraço é tão demorado e a saudade, ahhh a saudade, é absurda.
A vocês o meu carinho, o meu conselho o meu afago e a minha devoção. O meu brilhar dos olhos, as minhas facetas de menina e os meus eternos momentos de emoção.Devoto a todos, sem cessar.Um amor pleno, puro e nostálgico, a todos aqueles que de mim fazem pedaço, pedaço dessa vida que me mostra, me conduz a senti-los por toda parte, lembra-los nos mínimos detalhes, seja uma piada sem graça ou um cachorro na rua, recordo de cada individualidade cada pedacinho da personalidade, todos eles tão diferentes. Os amo em suas peculiaridades, seus anseios e dúvidas seus problemas e soluções, suas discórdias e sua glória, a plena forma pela qual se calam ao seu lado, te dão a mão... te recebem de braços plenamente abertos. O que seria de mim sem todos eles? Acho que futilidade, infelicidade e muita, muita solidão. Solidão sem vinculo.
Elas também, que tanto convivia e convivo, em espécie. A retina a luz e a noite, que não me deixam, nunca as deixo. A minha fonte de inspiração, o meu tracejo ao céu num luar, a minha esperança quanto a uma estrela cadente, o pedido. Retina de pura incidência nas minhas escolhas e razões, a luz que me reflete pura alegria e sonhos de viver, e a noite, como a calmaria de toda minha vida, irmandade.
Agradeço ao elo que tenho por eles, com eles, todos eles e elas. Que possa sempre recordar de todos com um sorriso no rosto, uma esperança no peito e uma lágrima pura, de felicidade.

Sabor.

Fruta doce, molha meus lábios
e reage a minha sede, esperançosa
a ânsia desse sabor, divino.
A minha saliva que deseja,a minha
boca que implora... o meu tormento
que se esvai a boca... se faz em miúdos
aos dentes.
Fecho os olhos pro teu sabor,
aguço outro sentido pra essa fruta
doce, que amarga meu coração.
No final teu gosto impera, prossegue
intacto num sinuoso instante, onde permaneces.
Onde teu sabor jamais fora esquecido.
Teu sabor de fruta doce, que amarga...

De longe.

De longe não vejo,
de longe não enxergo,
de longe tudo é diferente,
restrito e incerto.

De longe tudo é imaginário,
de longe só existe pensar,
de longe não há metade existente,
do que se diz realidade, retratar.

De longe só se espera,
de longe é esperar..
de longe é ser forte, resistir e tentar.
do que será ou não apresentar.

De longe há duvida,
de longe há incerteza,
correr num campo vazio,
sem nos braços nem sequer a tristeza.

De longe é corredor restrito,
aperta e indaga, é mesmo isso?
De longe é ponto de fuga,
refugio e abrigo, na hora exata.

De longe é conclusão,
aceite ou desistência, em vão.
De longe é vontade, desejo e insatisfação.
Talvez frustração, renome ou querer as mãos.

De longe é brilho, riqueza..
é fonte de inspiração, é céu e mar
é olho e saudade, contemplação.
De longe, é e sempre será pura imaginação.

Não?

Vô, não vô?
Alguém me diga, se puder.
Me jogo nesse turbilhão,
aceito, me entrego e prossigo.
Ou recuo, reluto e desisto?
Acho que sim, penso que não
e sinto, sinceramente que pode ser..
pode sim, talvez. Pode não? Não?

Ao amor.

Olá, como vai? Muito prazer... escuto muito falar sobre você. As vezes fico meio perdida, pois acho que já lhe conheço, estranho não?
Me dizem que você é tão grandioso, bondoso... não cobra, se doa e perdoa, por vezes. Fiquei tão entusiasmada para te conhecer, por noites fiquei a pensar em como você seria, talvez alto ou moreno, olhos azuis ou castanhos... pele macia e reluzente, um sorriso maravilhoso e um aconchego como ninguém poderia fazer igual.
Ao rolar pela cama, sonhei contigo. Perdi muitas madrugadas nessas alternativas da tua forma, talvez eu esperasse mais sobre o teu jeito de ser, aliás.. sempre espero o melhor. Imaginava que fosse eterno, simples e bonito, mas logo lembrei, que até mesmo você... você nessa tua imensidão, se perde como tudo na vida.
Já tive impressão de te conhecer a um tempo, quando meu coração bateu tão forte que parecia que meu peito ia explodir! Era tão bom, as mãos tremiam e as palavras transbordavam.. tolas. Não me é estranho teu nome, quando ouço é como se algo fizesse um estalo aqui dentro, olho para os lados e o teu nome está na boca de outras, as mesmas que por ti suspiram.As vezes penso não ser merecedora de algo tão sublime. Todos te procuram, pelos cantos, pelas dobradiças da casa.. mas, onde você se esconde?
Agora que sei teu nome posso chama-lo na rua.. e você responder apenas ao acenar de longe. Não me importo. Depois pode quem sabe, trocar algumas palavras comigo... assim nos conheceremos melhor, o que acha? Todo esse teu mistério me encanta, essa tua forma de aparecer sabes lá de onde. Mas, te espero... ao dia em que possa ter a honra de trocar algumas palavras e até mesmo, alguns sorrisos.

sexta-feira, abril 18

Há flores por todos os lados.

Há flores, por todos os lados.
Nos meus cabelos, nas minhas mãos.
Na minha vida, em fotos, momentos e aromas.
Elas, que passeiam sobre meu ser
invadem minha alma, em sua cor púrpura.
Ascendem meu frescor, redimem minha
dor e acertam meu sorriso, em cheio.
Flores das mais amadas, de Tulipas em botão
até as pequenas Margaridas, de Rosas vermelhas
até mesmo Lírios de paz. Ipês desabrochando.. ahhm.
Todas com um querer enorme, todas, com seu espaço.
Uma pétala de cada uma, um sentir e uma saudade.

O teu sexo não me interessa...

Oh my godness! ( tia Cotinha, a encalhada.)
Estou lá, como sempre. No meu horário, vestida a carater.. digitando e conferindo, analisando e me distraindo? Sim, me distraí. Sobre vários comentários dos mais variados tipos e tamanhos, até que hoje, caí no meio sexualístico das dimensões imaginárias que as palavras redigem a sua mente, ouvido tuberculoso eu diria.
Estórias muito bem contadas, cinematograficamente falando. Pude quase imaginar um filme pornô cheio de luxuosos carros e o 50 cent chamando uma mulher de cachorra. Eu geralmente não sou nada de ficar tímida com certos comentários, mas, casas se swing, gravações amadoras e contas de sites de meninas que tem muito amor pra dar... foi muita informação para aquele determinado instante ( daí vocês pensam, e daí? Porque ficou ouvindo então? ouviu porque quis! ) Sim, admito.. ouvi por xeretar a vida alheia, e ri tanto quanto eles(as).
Por pura curiosidade, por pura vontade de saber o desfecho da descaração. E no que terminou? Em risos estridentes e pensamentos elevados. Até em celulares e gravações das quais nem imagino o teor, que pelas caras foi bem pesado. E ainda me viram a observar, me dizendo que sou café com leite e que disso nem posso comentar, afinal.. sou só uma menina. Ri mais ainda.
As vezes a gente tem uma certa falta de aceitar certos comentários, por muitas, as pessoas são tão hipócritas quanto as caras de horror nos dizem. Deveras tão intimamente condizentes.
Acredito que o ser humano tem medo de demonstrar sua real forma, seja ela sádica, promiscua, ruim, maldosa e talvez, má por puro prazer. Muitos se escondem atrás de terços, outros, atrás de falsas palavras. Espantosa cara de quem comeu, gostou, e mesmo assim fez cara de desdém.
No dia que houver alguém que saiba aceitar as facetas da vida, as palavras mais lindas ou mais sinuosas, os gestos de paixão, os arroubos do sensual, até mesmo o amor que se transmite, tudo aquilo que nos é tão natural, mas que, colocamos tantos empecilhos.
Talvez, algum dia as pessoas tenham um pouco mais de verdade em seus sentimentos. Até mesmo em suas dúvidas, e saibam enfim dizer o que realmente sentem, por mais ridículo que seja - o que seria realmente ridículo mesmo? - Não sei, mas queria poder sempre fazer do meu pensar a minha própria face, o meu jeito... e assim redigir a minha vida sendo quem sou e pensando como realmente penso, de verdade.

Roubando Tic-Tac.

Medrosa que sou, subia de mansinho
apesar de ninguém em casa..
Subia até o quarto, a suite presidencial
do irlandês fraterno, mercado 24hrs.
Corria a porta a direita, e meus olhos
esdrúxulos ao centro, jogava os panos
pra fora e o tic-tac, pra dentro.
Olhava para os lados, parecia estar sendo
observada. Mas descia as escadas, feliz
uma bela ladra, desvairada.
Aos montes repeti a peripércia, sempre
com um sorriso nos dentes. Até o dia em
que subi despreocupada, ao cantarolar
adentrei a suite e a porta correu...
os panos saíram e lá novamente, estou eu.
Só que um pouquinho diferente,
assim ao ler um papel, com tudo em negrito;

"AGORA TE PEGUEI LADRÃO!"
e tenho dito.

E sai sem o meu tic-tac, só com
as mãos abanando, ao vento.

quinta-feira, abril 17

Vento

Sopra esse vento novamente,
leva daqui o que já foi, e deixa,
deixa aqui comigo... um pouquinho teu.

O sujeito

Ao meu lado,
existe um sujeitinho que me adora,
ama quando sorrio, brinda quando
estou feliz. Me beija a testa antes de
dormir, me abraça forte quando preciso.
Toma as mãos minhas lágrimas,
me nina em seu peito até dormir.
Ele sempre me enlaça a mão,cruza os
dedos aos meus. Conversa do que gosta,
fala quando precisa. Me entende de olhar
nos olhos, me ama do jeito que gosta, como
gosto, como sempre gostamos.
Ele realça minha beleza, ajeita a minha
franja, toca meu nariz. Ama minhas loucuras,
confia em mim ri das minhas piadas e se
surpreende com minhas infinitas palavras.
Ele briga quando preciso, dá lição de moral,
me estende a mão em cumplicidade, me dá
conselhos, beijos e esperanças. Me admira,
me dedica, se dedica. Como eu, tenho ao meu lado..
aqui desse lado esquerdo, de onde jamais ele sai.

Marcelo.

Subi, tropecei a ti pedi desculpa.
Sem querer te encarei.
Não passei, fiquei. Aperta daqui,
puxa de lá.. estamos longe, mas
uma hora vamos chegar. Vamos.
Você me olha e eu pra você,
mas não digo uma palavra,
não por simplesmente não querer.
Eu sequer ouço o mundo, já que
vivo intensamente o meu.
Te vi, te olhei mas não te conheci, fiquei,
nem pestanejei. Não fui, não fomos
nem seremos, só fui, aos poucos...
de ti me despedindo. E você ficou,
quando aos poucos cheguei ao meu destino.

quarta-feira, abril 16

Renúncias.

Deixar algo para trás é sempre doloroso. Escolher é tentar redimir-se de sofrer, e por ai que giram as expectativas, as vezes não tão benevolentes quanto acreditamos.
As renúncias da vida são tantas, são ótimos exemplos de dizer ao mundo quem é você. Suas escolhas são reflexos da sua mente, que não cessam por mais de uma saída, sempre. Se tudo fosse realmente tão fácil quanto queremos, escolheríamos um caminho com bifurcações... e assim, quando por lá passássemos, poderíamos saber qual dos dois nos deixou mais a vontade, nos fez respirar mais fundo por puro prazer. Mas que pena, mera ilusão dessa massa cinzenta.
Quando escolhemos, acreditamos. Confiamos ao apontado aquilo que nos trará um pouco de paz, apesar de por muitas vezes termos de fazer escolhas não tão agradáveis, e nem tão "escolhidas" quanto o momento nos fez redigir.
Por muitas, a obrigação nos faz mais fortes. Não por vontade própria, mas por necessidade... necessidade essa de tampar aquele buraco, aquele que em você ficou por tantos anos, fazendo saculejar essa carroça que se chama vida. Fazer tremer a mente.
Tantas vezes tropecei em meus vícios, meu vício de corrigir as mazelas. Quando as escolhas são absurdas e movidas por um frenesi momentâneo, só me resta sucumbir aos vícios, tantos. Diria a preguiça, ou o medo, a aflição ou o sofrer por pura antecipação. Quando escolho, penso tanto que fico com a cabeça latejando, e apesar de tentativas frustradas à mente, por muitas, escolho mal.
Minhas renúncias são mágoas, pois se tivesse feito isso, ou aquilo, como estaria agora? Mais uma vez, medrosa, é claro. Mas não por muito tempo.
Depois que me conformo, desisto. Não há santo que me faça sofrer, nem anjo que me faça recobrar a dor do perdido, ou a imensa falta do que nem sei? Me faria...
Exatamente, algo que nem sei se seria tão bom quanto almejei, tão bom quanto a outra forma poderia ser, se não a tivesse escolhido. Os caminhos nem sempre são tão bons, as vezes, não existe lado bom e não existe de tudo, ruim. O curso pelo qual levamos nossas vidas, dependem completamente de escolhas, por vezes, péssimas... mas NUNCA, não feitas.
E essa é a verdadeira renúncia que devemos fazer, a todas as felicidades instantâneas que reluzem por aí, que tanto nos cegam.

Amorfo sentir.

Tão grande quanto nem sei,
tão pequeno as vezes, desconhecido.
Tão forte que chega dói,
ou nem dói, por puro orgulho.
Me toma aos dias mais frios,
me deixa aos mais quentes,
mas me busca, sempre.
Suas dimensões são inexplicáveis,
sua vida em corpo, desconhecida.
O residir de tua forma é ingrata,
não me diz, não me expõe... nem se mostra.
As vezes digo que sim, ou penso que não...
Mas sempre que tento explicar,
me foge, aquelas pelas quais me faria descrever-te.
Quando amorfo és ao meu redor,
o incerto é tudo que me resta,
e pairo sobre os ventos da ilusão,
que é apenas, tudo que realmente me resta.

Mentiras.

As vezes esqueço do seu rosto,
esqueço da cor do teu cabelo.
E esqueço do formato da sua orelha.
Não lembro de como me chamava,
Não faço a mínima idéia, de como.

Por mais que force para lembrar,
não vejo mais o formato da sua unha,
não enxergo na mente o seu sorriso.
Você se perdeu nos corredores do esquecimento.

Acho que o único pedaço que resta,
é a sua voz, que tanto murmura.
Me diz para não esquecer, nem pra lembrar
só me traz uma leve certeza, que você não está mais lá.

Não consigo.

Quando os meus olhos se fecham sozinhos,
eu não enxergo nem o preto que os assola.
Não ouço até, não sinto o gosto, não toco.. nem cheiro.
Os sentidos não se aguçam, desmereço as leis.
Eles me privam da percepção, da luz no fim do túnel.
Um saculejo na mente, dispersa.. nada eloquente.
O foco se perde, a distração impera. Tudo me é
enfim, pedaços espalhados por toda parte.
Que eu, não consigo juntar mais.

Ao céu, ao mar... a mim.

Lá em cima, bem alto
o desmanchar das nuvens
e o cair do sol... para nascer
em mim, um suspiro.

Apoio a testa sobre a janela,
e me desmancho sobre o assento.
Respiro cheia de esperança,
cheia dessa meia verdade, tão íntima.

Do meu lado o mar,
a festa das ondas, e as
pedras, caladas como sempre.
Só a areia os fazia enlace.

Eu daqui, querendo lá estar.
Perdida entre isso tudo, tudo tão meu.
Tanto, quanto nunca fora antes.

terça-feira, abril 15

Preocupada.

Ando tão preocupada,
calada, e inteiramente ocupada.
As vezes pensativa, na minha
choramingando carinho.

Assim, como quem não pede nada.
Não digo, fico, respiro e continuo.
Calada, obstinada... porém preocupada.
Acentuo o lembrar ao calar...

Progredir é regressar.
Quando preocupa a mente
o coração não responde
Ele murcha, se esconde.

Os dias consomem a espera,
e a espera? consome o pensar.
Preocupa-te demais menina,
vai dormir e trata de relaxar.

Que amanhã tudo será melhor,
tudo será melhor amanhã....

Pequenina.

Sentei no meio,
nas janelas de vidro,
e a pequena do outro
no outro, a cerca do outro vidro.

Sorria bonitinho,
uns cinco ou seis no máximo.
Janelinhas na porta da frente,
de seu sorriso, rosto ensolarado.

Me deu um tchauzinho tímido,
e olhou para a mãe aprovar,
sorri de imediato e olhei-a de lado,
mas fiz mais do que ela poderia esperar.

Lhe dei língua e revirei os olhos,
fazendo tua pequena boca gargalhar,
e ao parar do meu translado, pude
com ela ao menos me comunicar.

Por alguns segundos pequenina,
se fez grande no meu esquecer,
esquecer de tudo e focar nela,
pedaço de um novo alvorecer.

E quando a notícia se fez pura,
minha mente pode perceber,
que ela era parte de mim que queria sorrir,
Que queria aquilo tudo conceber.

E quando ela e eu fomos, para nossos respectivos
nos saudamos com um adeus,
ela com seus dedinhos minúsculos
e eu com o meu total sorriso, a agradecer.

Repete?

Acho que não ouvi direito,
repete pra mim daquele jeito?
Acho que não ouvi a voz do teu peito,
mesmo que quisesse ficaria sujeito.

Esse teu amor é mesmo embaraçoso,
me toma de um jeito inesperado, de tempo ocioso.
Mas tomo gosto por esse teu calar precioso,
se posso ouvir baixinho o clamar duvidoso.

Como assim acho que ouvi?
Acho que ouvi, ouvi e senti.
A minha forma, de ouvir ou tentar...
Será que poderia ao menos me repetir?

Quando.

Quando só sei que nada sei,
Não me deturpo, não me julgo não me tomo. Não me asfixio, não entro em clausura, não há redoma de vidro. Não digo prós e contras, sou à finco da imersão. Trocada pelo vai e vem das ondas, ondas da vida, desse mar de planeta solitário, dessa vida sem saber de nada, pois nada é apenas o que sei. Quando nada sei, sou apenas eu, em questão. Quando só sei que nada sei, dessa vida sou marujo, tripulante, âncora, mar e imensidão.

sábado, abril 12

Sobre mudanças, solidão e percepções.

Solidão me faz bem. Passei muito tempo pra entender isso, e quando finalmente descobri o quanto é bom, tento aproveitar cada segundo dessa entrega. Gosto do convívio social - o que adoro por sinal - mas não existe nada mais prazeroso pra mim nesses últimos meses, do que ficar realmente sozinha.
Passei a me conhecer melhor, comecei a me fazer toda e qualquer tipo de pergunta. Daquelas que a gente só se faz em pensamento, eu enfim, falo em voz alta pra mim. Parece meio louco esse lance de auto-conversação, porém é um degrau pro auto-conhecimento, é ótimo. Quando você se pergunta, acaba vendo que suas respostas dizem muito sobre quem você é, porque gosta de verde e não de rosa, porque uvas e não maçãs. Quanto mais você se questiona mais se sente curiosa quanto a si mesmo, mais você aprende a gostar de si... mais aprende que, defeitos existem - muitos por sinal - mas as suas qualidades são triplicadas. Ao passo que a gente convive com os outros, passamos a ver suas manias, conhecemos seu timbre de voz e a sonoridade que ela nos produz, as vezes eu paro pra reparar no meu tom de voz. É estranho como ouvir a voz de um desconhecido, imagine que, se eu ouvisse a minha voz a um tempo atrás, acho que nem saberia de quem estava realmente falando... Quando parei pra pensar sobre isso, reparei que a entonação da minha voz muda a todo instante, as vezes, quando estou cansada, minha voz fica fina e melodiosa, quando estou triste falo baixinho e minha voz faz um declínio no tom, aos poucos, quando em êxtase falo alto e sinuosamente... dentre outras, que ainda não reparei.
Percebi também, a uns seis meses, que tenho duas pintas iguais nos dedos dos pés. O incrível, é que eu tinha uma do lado esquerdo no penúltimo dedo, achava uma graça... depois que fui reparar que nascera outra pintinha - exatamente igual e exatamente no mesmo lugar do outro dedo - que por sinal me deixou abismada. Falando em pintas, quando pequena eu me fiz um juramento. Me disse no espelho, que o homem da minha vida - aquele cara, sabe? - ia perceber um certo triângulo em mim, feito por pintinhas. Como sei que não existe algo do tipo, confesso aos poucos sobre esse meu segredinho.
Voltando as percepções, tenho um tique nervoso. Aliás, um tique de timidez. Muitos devem se perguntar se isso de mim é normal - Não, eu não sou tímida, mas em certas ocasiões algo se aflora por aqui - enfim, eu fico coçando o nariz sem parar. É MUITO engraçado, só de pensar dou risada.
Nesse pouquinho tempo eu mudei muita coisa na minha cabeça, acho que to sentindo um pouco o peso do real "crescer" que a gente tanto tem medo, afinal, responsabilidade é sempre difícil. Aos poucos eu vou me adaptando, a solidão me ajuda bastante, e passei a admira-la. Quando só, eu penso melhor, e consigo enfim descobrir qual a parte de mim que está com medo, ou está triste... e converso um pouco melhor com ela, pra ver se resolve.. (Quando me amei de verdade, livro da Kim McMillen e Alison McMillen, fala sobre isso exatamente).
Tenho certeza que na vida a gente deve mudar sempre, conceber sempre o inusitado, não receber o novo com sete pedras nas mãos.... sempre conhecer novos horizontes, se permitir a conhecer novas pessoas, novos mundos. Olhar pro próprio umbigo as vezes é uma delícia, faz bem e nos envaidece -precisamos de uma pontinha de egoísmo sim - óbvio. Mas que possamos descobrir o mundo lá fora, e quem sabe, conhecer muito mais o mundo dentro de nós... que é tão imenso quanto jamais poderíamos imaginar.
Trecho:
" Quando me amei de verdade,
Consegui ter consciência
nos períodos de confusões,
disputas ou desgostos,
de que essas coisas também
fazem parte de mim e merecem
o meu amor "

sexta-feira, abril 11

Lá.

Um dragão cruzou o céu,
quem sabe um tigre, uma
borboleta um pássaro ou
um peixe. Talvez uma mão,
um dedo uma esfinge, um
crocodilo, um garfo ou o
monte Sinai. Um coelho,
um elefante, um telefone e
uma garça, uma folha um
casal e muita, muita fumaça.
Talvez stratus, uma estrela
e um carrossel, um pedido,
um sussurro e um pedaço
de papel, um coração, uma
casa e uma corrida, talvez
Aladim e seu tapete, ou Davi
e seu Golias... Marco Polo a
desvendar, Alexandre e Dario,
Touro, Gêmeos e Aquário
Gandhi, Hitler e Mao, Juscelino
e FHC Ford e Kant, Durkheim,
azul, amarelo e branco, esfera
e triângulo, Sinatra, Belchior
e Veríssimo, ou quem sabe
Letônia, Estônia ou Lituânia,
Índia e Atlâtida, Chile e Bangladesh.
Talvez a noite, as estrelas e as
nuvens, a se confundirem junto a mim

quinta-feira, abril 10

Neles.

Nele sou pedaço
sou saudade, sou espaço.
Espaço em vazio,
por alguns, meros.. dias.

Nele sou chuva, sou vento
sou água... sou o dia e noite
sol, lua e as estrelas.. a estrada.

Nele sou saudade, sou amor
sou vento e sou calor.
Sou eu, nele, ele em mim.
Nós, como dizem por nós.. neles, enfim.

A pontada.

- Tô meio decaído.
- Que que foi?!
- Não sei, só sei que estou assim.. meio pra baixo.
- Tá sentido alguma dor?!
- Não.. acho que não.
- Acha?
- Sim... acho que sinto uma dorzinha, no peito.
- Gases?
- . . .
- Ué? Se não é isso então é o que? Você tem problemas cardíacos?
- Não pô!
- Então me diga...
- É saudade, pura saudade...
- A pontada miserável, né?
- Sim... a pontada, dói demais.
- Sei exatamente como é... É GASES!
- Já disse que não... preciso repetirrrrrrr?
- É sim po, é sim....
- Você tá maluca... É SAUDADE, já disse! S-A-U-D-A-D-E...
- Eu não to maluca, pensa comigo.... saudade não dá pra ver... mas a gente sente. Dá uma pontada no peito e quando vai embora, a gente sabe... então... É GASES sim senhor!

Pecando, até morrer.

Não fala disso que é pecado,
não come isso que é pecado,
não olha pra isso que é pecado,
não faça isso que é pecado,
não tenta isso que é pecado,
não pensa isso que é pecado.

Falar, comer,olhar,fazer,tentar,pensar...
Pecado é dizer não a tudo isso.

Tento dormir.

Tento dormir cedo, pro dia enfim acabar.
Pra semana passar.. a quinzena, o mês.
Dormir cedo, pra evitar a olheira, pra evitar
a canseira.. mas não dá, não dá..
Tento não dormir no trabalho, tomo café,
capuccino... água. Tomo uma dose de risos,
outra de afazeres, tantos por lá. Tento não
dormir para escrever, rever.. ler... falar.
Mas enfim o que deveria fazer, pra dormir
sem ficar de blá blá blá? Acho que digitar
menos, pensar menos... menos falar...
Dormir pro outro dia, finalmente chegar.

Xis, por favor.

Vamos lá,
vou enquadrar,
focar e iluminar.
Talvez contrastar,
estourar ou desfocar.

Primeiro ou segundo plano?
Depende de você,
profundidade tá nos meus planos..
por puro e imenso prazer.

O diafragma me guia,
o fotômetro me mostra.
O obturador é o tempo.
Tempo que guia teu mover.

Um zoom quem sabe,
Num Iso perfeito...
De lentes, corpo e não automático.
Como gosto, um serie de fotos,
assim, que maravilha... perfeito!

Fila.

Me empurra !
Pisa no meu pé,
passa na minha frente,
xinga a minha mãe
de um nome qualquer...

Olha pra mim de cara feia,
passa com cinismo a minha frente.
Um pontapé na tua cara, é preciso.
Nessa tua cara que finge ser
velho, gestante.. deficiente.

Porque só passa aqui quem for,
e cara feia pra mim é fome.
Essa tamanha falta de educação,
porque eu to aqui já faz uma hora.
Esperando essa carroça, buzão.

Boa merda é essa fila,
fico pra trás, não sento e vejo
todo mundo entrar pelo fundão...
O ódio que me dá, desse povo
sem um pingo de educação.

Como posso te deixar?

Como posso te deixar, assim?
Tu não és amor residente,
Não o abraço não o beijo.. nem o sinto.
Aliás, o sinto.. aqui no backstage.

Mas meu coração incinera,
por ter que deixa-lo, por ter
de não ve-lo mais.. Porém,
ao ir, vou, te amando de longe,
um pouco mais que o normal...

Te ver todos os dias me viciou,
sentir você pertinho, teu aroma
que colocas sobre mim, aos poucos.
De mansinho, cuidadoso.

Sentirei falta de quando o observo,
o quanto te observo, demais... seja
revolto, calmo, híbrido... calado.
Quando traz calmaria a meu ser,
quando se mistura ao pintar dos dias.
O acalanto dos céus sobre teu horizonte,
e o amarelo rosado que se mistura sob tua imensidão.

Você, que sentirei tanta falta de ver.
Para me cobrir com tua energia,
ao me levar as profundezas,
ou me trazer ao raso, quando queres.

Me afogaria em ti aos poucos,
só para perder o ar por ti.
Como perco todas as vezes,
que desse amor me faço telespectadora.

quarta-feira, abril 9

Pelo puro prazer de dizer não.

Já disse sim por puro impulso. Já disse talvez por cinismo, mas o não... o não eu digo sempre por puro prazer. Digo não só pra ver o que o outro vai me falar, a cara de espanto. Adoro quando alguém se sente petrificadamente incomodado com o meu não. Aguço o poder de argumentação do outro, assim quem sabe, eu possa obter uma resposta que me cabe a mente.
Eu desafio por puro prazer, as vezes minto no não, quando o sim é apenas o doce que lhe tiro da boca, por pura falta do que fazer mesmo ou por vontade de ver a criatura se virar nos trinta.
Quando o meu não é verdadeiro, dá pra ver na minha cara. No tom de voz e na expressão de que estou pouco me importando, se fulaninho não gostou e Cicraninha também.
As vezes o meu não é uma forma de dar o troco, sou rancorosa sim, das boas. Não aquele rancor besta, de alguém que pisou no teu pé.... mas aquele que você guarda a muito tempo e dá o troco na hora certa, na hora em que tudo lhe é propicio.
Já disse não, só pra dizer sim depois. Ninguém gosta de nada fácil, lhe garanto. Não existe fórmula do sucesso pra se conseguir as coisas, mas isso ajuda bastante em doses periódicas.
Não digo só na parte afetiva não, muitos nãos na minha vida foram cruciais pra tomar um rumo totalmente diferente. Certa vez, disse não a uma entrevista de trabalho, disse porque estava cansada de ir a entrevistas de telemarketing. Acho que as vezes as pessoas perdem a idéia do que é Publicidade e Propaganda, enfim, dei um não logo de cara... depois de ouvir a certa palavrinha. Por não ter ido a esta entrevista, o meu cadastro não ficou preso na empresa de estágios. Assim pude arranjar um emprego quase que, se por assim dizer... que caiu do céu. Pensei na puta sorte que tive, e agradeci aos céus pelo belo e estridente NÃO que disse ao telefone.
Posso até as vezes não me dar tão bem pelos nãos que pelo passado transitam, mas digo com a boca cheia que nenhum deles me traz arrependimento. E se pudesse, teria dito em alto e bom som, para aqueles momentos em que você só quer chutar o pau da barraca... e ver a quitanda desmoronar ao chão.

terça-feira, abril 8

Durante.

Adormeço sem querer,
me dá certo sono ao dia
quando tento acordada
dizer que sinto muito.
Sinto tanto, aqui.
Tudo dói e machuca,
tudo é sensível ao tocar,
as vezes penso nesse estado
de apatia, que sempre vem me tomar.

Ulisses, a ela.

Te amo, desde esse teu esquecer-me até a tua
própria ausência. Até quando calada está, ao
meu lado residir, quieta. Te observo a dormir,
emudeço meu coração. Crio nele a tua vontade,
a vontade tua nele, somente. Por vezes, a amo
sem saber, penso sem querer, e teu nome redige
notas na minha mente. Tocam as manhãs e as tardes...
quando lembro desse meu amor por ti. E as noites
sois presença tão saudosa, quando adormeço
sem perceber... e lá está, lá está você.

Palavras e Grafite.

Risca o papel em branco,
recolhe todo esse turbilhão.
As vezes não consegue acompanhar,
essa mente a todo instante em combustão.

As mais variadas formas,
em minhas mãos traduziam um fato,
da cabeça redigia um mundo.
sobre o papel, meu ato.

Balbuciei poesias ao vento,
tentei pesca-las no ar.
Olhei-as as minhas mãos...
mas no papel só havia o calar.

Até que finalmente consegui,
a essas coisas todas captar,
prendi e amarrei bem forte,
para de mim, elas não conseguirem mais escapar.

Gilmar.

Conversei contigo,
olhei a tua mão..
Pensei nela comigo,
dada a minha então.

Você falava aos poucos,
e eu sequer entendia
só olhava a tua boca
em plena e total euforia.

Sentamos lá juntos,
bebemos e falamos...
Falamos sobre tudo,
sobre todos falamos..
E fomos, tudo e todos.

Olhava pra mim estranho,
como jamais fora antes,
era meu desejo falante,
e eu tua ouvinte, que emocionante.

Quando sequer me toquei,
de você já estava tão perto.
Perto demais da minha euforia,
assim com você a frente,
do meu rosto, tão perto..
Tanto quanto quis, antigamente.

Amo

Me amo quando mais me preciso,
quando parte de mim precisa de atenção.
E assim quando a deixo confortada,
tudo em mim fica mais bonito de verdade.

Amo quando consigo esquecer,
quando lembro do que me alegra,
quando consigo reagir, sentir
planar sobre minhas angustias.

Me amo quando sou eu, apenas eu.
Sozinha e pensativa, dançante por
dentro, as vezes, por mais calada..
Mais calada que esteja.

Amo quando olho pro céu e vejo,
vejo que há um lugarzinho pra mim,
onde eu possa brilhar tanto quanto
a luz do dia, e esconder-me como a noite.
Amo tudo isso em mim, realmente.

Sempre vou, sem adeus.

Por alguns instantes permaneci,
ele me olhara, e eu percebia.
Tentava aos poucos ouvir o
que tanto ouvia, nos fones.
Curioso o bastante.
Eu continuei a ler o papel,
ele me disse algo que nem ouvi,
fingi que não ouvi, ignorei.
Mas na segunda vez, entendi.
Não respondi, só fiquei...
quieta como antes, fiquei.
E logo após alguns instantes..
sem ao menos me despedir
sem um simples adeus,
desci ao meu destino, calada...
como na hora em que cheguei.

Antes.

Triste como uma órfã,
largada sobre a mesa.
Arrastando-me pelas ruas,
sofrendo, cabisbaixa.. a toa.
Fui tudo menos eu mesma,
do tipo que não demonstra isso,
fiquei péssima por horas,
e disso, jamais esqueço.

Ela sorriu pra mim.

Ela me sorriu,
me deixou ve-la...
depois de tantos dias.

Lá no céu se fez fina,
se fez amarelada e sorridente.
Nostalgia me visitou, recostou-se
sobre meus pensamentos, lá ficou.

Sorriu pra mim, linda.
E eu sorri de volta, tímida.
Como se ela me dissesse,
pro meu sorriso ter de volta.

Então enfim lembrei,
que só ela tem razão,
que esse meu sorriso se perdeu,
mas não foi embora de vez, não.

Quando fui abordada.

Eu desci do ônibus e esperei para atravessar a rua. Quando cruzava a avenida, percebi que alguém me seguia. Na rua entrei e lá estava ele. Sinalizou com a luz da moto e encostou do meu lado, não sabia quem era realmente, por segundos senti medo.
Meio esquiva, parei. Então ele tirou o capacete, acho que pior foi meu medo quando o vi novamente. Jamais esqueci tudo aquilo que já tinha ido. Mas não foi, pra mim.
Fingi cansaço e mau estar, desconversei rápido... balançava as chaves na mão. Falei sequer duas palavrinhas, dei um sorriso amarelado e disse-lhe adeus.
Não me falou nada demais, na verdade nada em certo me disse. Me olhou com aqueles olhos oblíquos e dissimulados de sempre, como sempre. Mas dessa vez algo queria me dizer, dessa vez? Sempre tentou me dizer alguma coisa, engasgada o bastante.
Assim que me despedi, senti uma pontinha de rancor. Dessas que deixam um gostinho amargo em nossas bocas, para sempre.

All I Need.

Eu só preciso de tempo,
assim que a maré baixar
vou aparecer novamente.

Só preciso ouvir de novo,
e voltar a ser quem era.
Pra minha vida, de volta.

Preciso de pouco para realizar,
esse que aqui dentro vibra.
Tão pouco, do que preciso realmente.

Tão pouco, quanto preciso..
tudo que de mim precisa,
e precisamos, mutuamente.

segunda-feira, abril 7

A cidade de Villas Boas.

Quando deixei a cidade, nem olhei pra trás. O trepidar da carroça me fazia enjoar, todas as vezes que subi nesse troço, quase coloquei minha alma para fora. Depois que passou a ânsia, já estava longe demais para sofrer por aquela cidadezinha, que tanto me maltratou. Dali, guardei muitas mágoas, das quais nunca vou esquecer. Mas não me tira da mente, que nasci e cresci nesse antro de comodidade e discriminação.
Penso que por vezes esqueci do quanto fui criança, amadureci cedo demais. Vi o bastante para ser tão dura, dura o bastante para um menina tão pequenina. Meus vestidos de tantas anáguas, se sujavam no barro vermelho e eu simplesmente adorava, não me era necessário bonecas e panelinhas, eu tinha a mim e aquele mundo todo. Nascia debaixo das árvores, crescia nas águas quando decidia nadar sobre aquela lagoa cristalina. Via as folhas secas no outono, caíam sobre meus olhos curiosos, sempre curiosos. Na primavera as flores me faziam chorar, elas desabrochavam às manhãs, um botão de cada vez em sua ordem florescente e misteriosa. Adorava o orvalho que ficava nas folhas e o que se acumulava nos copos-de-leite, fazia das minhas mãos o refrescar dos dias, com aquelas gotículas.
Sempre me sujava, minha mãe me repreendia a todo instante.. mas sabia que eu gostava tanto de descobrir toda aquela vida, fora da casa que tanto me asfixiava. Meu pai vivia viajando, quando voltava sequer sabia meu nome ao certo, nunca lhe cobrei que soubesse. Meus irmãos eram mais velhos, um foi para a cidade grande ser um grande médico e o outro, se jogou ao mundo com dezessete anos, foi para europa trilhar sua revolucionária mente entusiasta. Sempre foi meu ídolo, acho que seus genes pulsam em todo meu ser.
Sempre quis ser médica, mas nunca tive muita força de vontade com ferimentos. Tinha nojo e me dava náuseas, só de ver. Sangue era-me outro empecilho, o maior de todos eu diria. Logo esqueci da medicina, e descobri a minha verdadeira vocação, os livros.
Quando muito pequena, minha mãe me deu um livro de literatura. Se chamava "O poeta" era de um autor Italiano, que nunca consigo soletrar o nome direito. Foi o meu primeiro contato com esse mundo que tanto me encantou, aos nove anos de idade. Mal entendia sua forma de escrever todas aquelas páginas, mas lembro de uma frase da qual me fez pensar. "Tudo na minha vida, só será infinito o suficiente, se eu puder esquecer que o finito me é tão injusto." Algo me tocou nisso, e só após dez anos descobri o porque.
Quando completei quinze anos, passei por muitas dificuldades. Meus pais brigavam bastante, e eu fiquei muito perdida no meu mundinho, a minha redoma particular e fiz questão de calar o que sentia pelas pessoas aos poucos, não demonstrava nenhum tipo de sentimento com os tais. Só os animais e as flores me eram ouvintes, dos bons. Depois de longos anos nessa vida de mundos paralelos, também porque o mundo se perdia lá fora, as pessoas daquela época eram totalmente imbecis, e naquela maldita cidadezinha a segregação era ato de altruísmo ao futuro.
Me fazia enjoar, mais do que a carroça. Em seu livro, o italiano contava das tantas guerras que ele via acontecer. Todas elas por uma superioridade que um sentia por ter isso ou aquilo, e eu vi nesse meu mundo, uma distância não tão grande, quanto a linguagem me proporcionara. Redigi na mente toda e qualquer reação de estranheza quanto as pessoas que faziam da superioridade um modo de vida, perdi muito por isso, mas ganhei a minha mente e o meu coração sempre crédulos em uma forma de ser verdadeiro. Perdi o bastante com meu pai, aquele pai que tanto me dizia, com a boca cheia, para ser uma dama ao invés de uma "procuradora de problemas", como citava. Não lhe respondia, terminava meu jantar escondia meu livro no vestido e ia para o quarto le-lo, até adormecer.
Quando acordei na madrugada, ouvi gritos no quintal. Era a minha mãe, desesperada. Meu pai havia atirado em um negro, que tentou pular a cerca da propriedade para pegar os milhos que nunca eram colhidos. Ele sangrou até morrer, sem ninguém lhe dar socorro. Assim ouvi da Matilde, a única que era um ser humano naquela casa. Matilde era a cozinheira, cuidou de mim a toda vida, agradeço a ela tudo que sou hoje, porque enfim, ela me criou. O monstro que mata uma pessoa, disse que em sua casa nenhum bicho poderia roubar-lhe o que era de direito, que o maior fazendeiro de Villas Boas, não poderia permitir um ato desses. Quase cuspi na sua cara quando ouvi, e o fiz, logo depois. Quando ele me levantou a mão e acertou em cheio a minha face, mas já tinha me maltratado o bastante a deixar que uma vida se fosse em vão, assim como a minha, que achara que uma hora iria também.
Minha mãe nada fazia, vivia em suas eternas rendas. E vivia na sua eterna lamentação por ter uma filha que não obedecia o pai, que o detestava, e fazia questão de mostrar isso. Não a culpo por ser um brinquedo, por ser um fantoche que nunca teve um Gepeto para transforma-lhe em ser humano. Pobre coitada, através dos anos a vi perder a juventude e apenas aos trinta e sete anos, vi a vida lhe dar um golpe fatal, a morte de um de seus filhos, o mais querido dos três, o médico. João Paulo Villas Boas, grande médico em Minas Gerais, morrera em uma noite n'uma casa de jogatina. Um fim absurdo para uma pessoa tão brilhante.
Minha mãe não suportou, logo morrera, acho que de desgosto... três meses depois.
Meu pai perdera a única coisa que lhe fazia um pouco ser humano, Maria Eduarda Visconde e Villas Boas. Minha mãe, minha mãe que nunca foi-me mãe, mas que era a única que tinha.
Então logo seu ranso era cada vez mais acentuado, e eu cada vez mais obliqua ao mundo. Seus desastres foram cada vez piores, sua discriminação piorava a cada instante. Até o dia em que Pai João aparecera em sua vida. Ele era o pai de Zulu, o mesmo do milharal. E lá mesmo meu pai deu seus últimos suspiros em vida, desfeita com um facão velho.
Aos vinte e três anos, eu fui embora de Villas Boas. Meu irmão, Carlos Eduardo me mandara uma carta, estava no Rio de Janeiro a minha espera. E eu nem sequer pensei em ficar naquela cidade, larguei tudo que aquela casa representava para trás.
Peguei apenas meus livros, e uma foto minha de garotinha. Beijei a matilde na testa, e lhe abracei com um eterno tom de saudade. Lhe deixei a casa e tudo que nela havia, e lhe disse com os olhos a lacrimejar que ia seguir o meu rumo, finalmente.
Subi na maldita carroça, a mesma que sempre me deu enjôos. Mas sentia-me feliz de me despedir do meu passado, e a minha vida nova me esperava, com o meu irmão e as minhas palavras. Todas elas se fizeram, saudosas ao meu amigo Italiano de infância, no qual me inspirei para escrever sobre minha vida em Villas Boas.

Na tua boca.

Fiz do teu sorriso moradia,
deitei sobre tuas palavras,
debrucei-me sobre tua língua.
Deslizei sobre teus lábios..
e até passeei sobre teus afiados dentes,
Mas da tua boca fiz moradia,
para provar to teu eterno gosto,
e inebriar-me sob teu sabor.

Finalmente.

Finalmente percebi,
quanto demorei
o quanto demorei em vão.

E descobri, tudo.
Tudo isso que me deixava
desse jeito que estou, em questão.

Mas não digo, não digo mesmo não.
Sobre o que finalmente percebi,
não falo pra qualquer um não.

Labirinto.

Teci minha saída contra as paredes, em busca de enfrentar um homem touro. Passei sobre as paredes estreitas e deixei o fio ir das minhas mãos aos poucos.
Senti medo e frio, um frio que me tomara a mente. Mas meu maior trunfo e meu mais imenso receio... estavam por vir. Pois sim, eram vertentes que coexistiam... das quais jamais poderia me livrar, de uma ou outra.
O caminho me foi difícil, quase perdi o tecer do fio do qual seria o modo de retornar do meu labirinto. Por pouco me desesperei.
Era um jardim que se fechava a minha frente a cada pequeno passo a cada respirar com dificuldade. As paredes aos poucos me engoliam. Andei por muitas, cansei de tanto andar. Quando finalmente o encontrei, gelei por dentro. O via em sua robusta forma, o medo me corrompeu. Por alguns instantes relutei, mas lembrei que segui de muito longe para desistir em vão. E ainda me restava um fio, por um fio voltaria a minha vida, agora livre.
Tirei a coragem do bolso e ateei-lhe a espada no corpo. Ele caiu sobre meus olhos, e quando o vi sobre o chão ensanguentado, recobrei meu consciente e descobri... matei meu Minotauro que se escondia, e quando o fiz, retornei são e salvo pelo tecer do meu filamento de esperança.

domingo, abril 6

Lírios

Brancos e graciosos,
se entrelaçam a um único galho
me trazem paz e oportunidade,
de recordar da minha boa vontade.

Quando encharcados morrem,
se desprendem do retorcido galho,
se jogam a imensidão do chão,
deixam pra trás sua bela impressão.

Seu cálice é amarelado,
tuas pétalas são suaves
teu bulbo existe? Se existir, fica calado.
Mas tua base é como cetim,
num recorte bonito e afilado.

Ligação.

Meu elo é imenso,
de alma entrelacei minha luz,
de coração confundi meus batimentos,
de mente.. pensamento se perde, oscila.
de corpo é junção das formas.
de mãos meu espaço preenchido.
de vida, és meu momento.

Meus eternos recados - V

No dia em que te beijei,
sonhei que te beijei, aliás.
Nem fui, nem fomos... nem te toquei.
Só fiquei a olhar pra sua cara,
com aquela minha de curiosidade.
Sempre me pego a pensar,
nessa tal, tal possibilidade.

Meus eternos recados - IV

Quando me vem a mente,
lembro de tantos dias felizes.
Éramos nós então, mãos dadas sorridentes.
Fazíamos tudo juntos, eu e você sempre.
Mas te perdi por puro querer,
meu querer de longe de você estar.
Porque os felizes dias se foram,
e eu não poderia mais ficar..
Ficar numa casa cheia de goteiras,
até que um dia a água me tirasse de lá.
Então fui com minha sombrinha
a outras casas abandonar.

Meus eternos recados - III

Você me conhece tão bem,
que as vezes tenho medo.
Te vejo todos os dias e fico,
fico boba com essa tua percepção
as vezes me fala como se eu mesma
falasse, fico a me questionar então.
Te tenho um carinho imenso
que não cabe em palavras em vão,
só sei que você é meu mais querido,
e quero você por perto, então.

Meus eternos recados - II

Que saudade tua,
antes me era tão presente
éramos como unha e carne
era nos meus dias tão vigente.
As vezes a vida nos separa,
nos coloca em caminhos diferentes
mas sempre recordo de ti
na minha mente, teu nome é vivo.
Saudade dessa tua voz confortante,
dos teus conselhos amigos
dos nossos eternos conflitos
que resolvíamos juntas, somente.

Meus eternos recados - I

Te vi na primeira escolha,
era tua forma de viver
era tua, aquela cara única
que apesar de sorrir
só me dizia com os olhos sofrer.
Previa tua insegurança, só tua.
Via a tua cara, desapontada...
Seguia a te confortar, ser sua amiga
como sempre fui, apesar de calada.

Quando chega.

Quando os dias se aproximam,
Fico triste e decaída.
Nem lembro meu rumo.. onde estou.
Quando lembro de não entristecer,
esqueço e caio em vigência da apatia.

Cubro-me com o véu da inércia,
como se estivesse sobre efeito
de uma duradoura anestesia.

Então, quando chega o dia
esqueço a vida, esqueço a realidade
só fico quietinha... na minha, infelicidade.

Quando apaixonar-se é inevitável.

Já me apaixonei por uma música
E toquei ela na minha mente por meses
Já me apaixonei por um filme
Fico lembrando das cenas até hoje.
Já me apaixonei por um desconhecido
No ponto de ônibus, na fila do banco... na faculdade.
Já me apaixonei por um poema.
Do Neruda, óbvio.
Já me apaixonei por uma foto.
Uma que tirei, uma que vi e outra que roubei...
Já me apaixonei por um olhar.
Um olhar único, jamais fui vista assim.
Já me apaixonei por um vestido.
Preto, maravilhoso.
Já me apaixonei por um cachorro.
Um Labrador muito dócil.
Já me apaixonei por uma flor.
Um Lírio que me deu o ar da graça.
Já me apaixonei por uma causa.
Não a qualquer tipo de exclusão.
Já me apaixonei por um ator.
Inúmeras vezes.
Já me apaixonei por mim.
Quando o bom humor opera.
Já me apaixonei por um sorriso.
Lindo e sincero.
Já me apaixonei, tanto.

Disco em branco.

Sou disco em branco,
sem graça e sem cores.
Ao passo que todos me vêem
me apontam e me discutem.
Sou a forma pela qual me enxergam,
sou boa e sou má, sou fria e sou brasa.

Sou um disco em branco,
de todas aquelas cores, todas elas.
Que nele existem... mas giro tão rápido
no meu epicentro, que não me incomodo
em abrilhantar os olhos alheios.

Giro sob minhas cores enfim,
de verdes, azuis, amarelos e vermelhos,
do cádmio, limão, ocre e bordô
Não me incomodo em ser, enquanto
sou, sou quando giro de forma rápida...
e sou, quando finalmente paro e me mostro.

Me mostro em cores, todas elas.
Que juntas, em giro não mostram ciência,
muito menos sua petulância.
Prefiro deter-me a rapidez, e cessar quando preciso.
Quando for a hora, quando preferir...

S. Vieira.

Tu és gênio, és inspiração
és inspirador, és meu brilhar dos olhos
és minha vontade de seguir
és minha vontade de pensar,
és minha incessante forma,
de não enfim, só querer agradar.
Ser quem sou e pensar, planejar
nem sempre o que sempre.
És a luz que brilha na parede escura,
Lanterna e lampejo de esperança.

Imprudência, cresce sobre eles.

Pensei ser um primor,
tudo era-me divino
era importância eminente
jamais jogada ao vento.

Olhei de novo e nem acreditei,
nem sequer apareci, na mente.
Só havia o destino de cada um,
força desse querer tão egoísta.

Forcei e fiz vista grossa,
tentei remediar o irremediável.
Busquei a paz e o plausível perdoar,
para um livro, que, não me dava respostas.

Senti o gosto amargo do esquecimento,
tomei goles da maldita falta de compreensão.
Tentei esquecer e seguir em frente...
Mas enfim não pude, dependo dessa outra apuração.

Desatino.

Não parou de chover,
apesar de cessar um instante.
No qual a luz se fez tímida,
e esquecida logo depois.
Não houve calor nem brilhar,
o cinza dominou o dia novamente.
Nem sempre é tão bom quanto,
quanto era bom, tão bom quanto ontem.

Um novo olhar.

Elas morreram. Deixaram de voar por ai, as vezes até mesmo se batendo dentre as paredes.. afinal uma vida de um mês seria uma eternidade na mente daquele que as viu flanar sobre a cidade, tão implacável sobre tua pequenina forma.
Passeavam sobre os prédios, sobre os canteiros à frente das grandes garagens ou até mesmo perdidas nas salas de reunião. Por vezes os ventos as cercavam, empurrando-as para bem longe dali. A fumaça as fazia esmaecer aos poucos e as pessoas, eram apenas elas, nas suas vidas tão compactadas.
Antes de passear sobre as lacunas sociais, elas passaram por um processo de metamorfose, mudaram suas feições com alguns dias... deixaram de lagarta ser, para conceber belas asas com olhos de Lince. Mas não perderam o seu íntimo, assim intacto. Não resistindo a todo aquele vigente concreto.

sábado, abril 5

Ao Sr. Orgulho.

Olá novamente,

Venho através deste, informa-lhe duas coisas.
A primeira, é a minha satisfação em ter-lhe por obséquio de outrem. Sinto uma imensa honra em partilhar dessa tua vitalidade, dessa tua memorável forma de fazer-me bem, em certas circunstâncias onde me apresentas a honra de sorrir em função de outro alguém, posso me dizer Orgulhosa então?
A segunda, é a minha permanência ao teu singelo nome. Só o seu, não o do teu gêmeo do mal, aquele que por mais que queira dizer-lhe o que quer que seja, reluta por pura petulância.
Permaneço com teu nome nos lábios desde às seis da manha, onde pude enfim saltitar por receber vossa visita.
Enfim, espero boas novas sempre. E quero que partilhes comigo um prestígio não só interpessoal, está bem?


Lembranças a todos.


Jamile Marcellino Rodrigues

Quando sou deixada pra trás.

Quando sou deixada pra trás, me sinto um fiasco de pessoa. Me ponho a questionar, pensar e quase sempre a ter um pensamento pessimista quanto a situação. Normal, sou mais um ser humano que tem momentos de auto-flagelação. Geralmente tenho meu momento loser, onde sempre me sinto de mãos atadas para com a fase que me encontro. Fase? fase mesmo, jamais acredito num carma tão grande desses...
Penso ser um cachorrinho, esquecido no carro... ele luta pra sair, mas não sabe como. Se fosse claustrofóbica, já teria morrido... e simplesmente, tenho fobia de ser esquecida, simplesmente.

Irritada.

Odeio irritar-me.
saio de mim, infinitamente.
Me irrito fácil, facilmente..
Me irrita a forma de dizer-me
a forma de fazer, me fazer dizer?
Me irrita toda essa barulheira,
toda essa gente... toda essa poeira.
Me irrita tanto que passo a não
ouvir, não falar e não sentir..
só pra não...não me irritar assim.

Crer.

Crer nessas tuas formas,
é despencar nesse teu paraíso.
Mergulhar em tuas grutas escondidas,
padecer num eterno redemoinho.

Crer nessas tuas palavras,
é como descer nos meus sentidos,
lá vejo a felicidade e a tristeza ao
travar uma batalha, o ciúme a querer
sair da jaula e a dúvida a percorrer o salão.

Crer nessa tua vontade,
é como acreditar no imprevisível,
abraçar o infinito e ter nas mãos o inesperado.
Ter-me como única certeza, a esperança.
Essa que exala sua vontade a todo instante.

Mas crer na falta de certezas,
é como deter-me ao tênue gosto
de partilhar desse mel e fel e um segundo.
De ter-me a cada instante inconsequente e
subsequente...que espero, isso é crer realmente.