quarta-feira, janeiro 30

O amanhã.

Contraditoriamente,
digo que quero, e não quero
que o amanhã se consagre.
O último, dos vários dias ao teu lado.
O primeiro, na tua vigésima primeira primavera.
O último, dos meus afagos junto a ti.
O primeiro, do meu carnaval contigo.
O último, suspiro ao ver-te.
O primeiro, justo escrever sobre ele.
O último, dos mais aconchegantes abraços.
O primeiro e último, dia em que dar adeus não
significa tristeza, só o sorriso no rosto
da verdadeira e única, saudade.

De volta, longe até a montanha.

Agora de longe não me assusta
mais, justo ao contrário me refresca
a mente sob o que devo consagrar.
O cume mostrou a força, a subida,
única maneira de descobrir.
A descida, ao fim, apesar de àrdua e
dolorosa, fitou aos meus olhos grandes e
curiosos como auto-conhecimento.
Apesar de, por doze trabalhos não
passar, confiro à mim as dúvidas para
quem sabe por assim dizer, questionar.

Conversa de ovelhas.

" Conto sobre os dias, dos quais se descobre à instituição. Não mais velha que a família, mas tão persuasiva quanto muitas são, em certos aspectos.
Vislubraram por todos esses anos que se passaram, apenas uma grande forma de proteger o patrimonio em nome de um bem maior, aquele que não deve ser dito em vão.
Por tudo que é mais sagrado lhe ensinam a amar o próximo, o dízimo a comunhão através da catequese, e só os batizados vão ter enfim, o reino dos céus.
Não trilhe por caminhos diferentes, não se rebele sobre os mais sábios. Aqueles que, sabem exatamente de onde tudo partiu, ou até mesmo são outra mera obra da grande concentração de poder e alienação. Lavagem cerebral, initerrupta a anos.
Por mais instituição divina que seja, perseguiu vários, segregou milhares e matou milhões. Sabe-se lá quantos, através desses milhares de anos de um mesmo discurso, daqueles que bem aventurados serão, se seguirem suas obras.
A mesma, que por várias formas, linguas, retratos de altruismo, cura, devoção lhe prende os olhos e lhe afeta a mente, vagarosamente. Não há sequer um inimigo, visto, celebre sobre as ações e abrasador por lhe fazer perder, mas há, um ser latente que devora os escritos os internaliza e dispõe aos outros, dando-lhes a graça.
Por mais tentativas de explicar, se partiu do coração, da razão, ou sabe-se lá de onde, construiu por anos, o formato do mundo, a conduta dos individuos e não menos importante, seu pensamento noturno, preces e desculpas ao existente em quem reside as perguntas.
Onde as respostas, essas são as divinas obras, do destino ou de algo maior? "
Suponho que, meu querido amigo, já não duvido dessa força que nos rege. Um ser superior que olha por nós, sim ele existe.Não lhe devo um nome, nem lhe faço suas formas, que se fossem humanas, frágeis e errantes seriam. Mas ela não se dispõe como tanto dizem por aí, não há uma mente ou um coração que possa ser perdoado assim, por meras palavras. Há sim, uma força de vontade, um pensamento que se consolida, se acredita, se realiza sobre a junção do coração e a mente, agora, trabalhando juntos. Não os deixando devorar pelas ilusões dos bons humanos, do bom homem, do bom pastor de ovelhas desgarradas.

terça-feira, janeiro 29

Preciso ir.

Todos eles são pagos?
Preciso tanto de um.
A agonia já se torna
tão grande, infeliz.

Todos são loucos?
Se ao invés, fosse certo
o meu errado é constante
revolto e inusitado.

Todos lhe dizem o que fazer?
Conversam, anotam e ouvem.
Deite-se e chore, lágrimas
sofridas, adeus mundo novo.

Todos são assim?
Preciso ir, já não há dúvidas
pois a cabeça está redobrada
de inconstâncias emotivas.

Todos eles são pagos?
Se agora só há insatisfação
não há meramente sorriso
Apenas, reclusão.

Pronto, é o simples debulhar
e novamente aqui estamos.
A nada lhe chamar atenção
só silêncio, silêncio e reclusão.

segunda-feira, janeiro 28

Soul man

I'm a soul man,
and u can understand this?
Not here baby.
I'm there, when i want.
I'm a soul man,
and u can try to make me feel ?
Make me feel like you move,
make me feel like you dance,
make me feel like you shake,
make me feel, like you shake me.

Considerações Finais.

Sobre os velhos panos quentes, ele se dispõe entre os demais. Sempre sorrindo, dedicando tudo aquilo que, meramente, existem de verdade.
Anda sobre a casa tocando com as pontas dos dedos as paredes, agora amigas das quais divide susurros sobre o vazio da casa. Gosta do silêncio, o único que lhe conhece por completo e o que jamais lhe dá respostas óbvias.
Se fosse para escolher, casaria-se consigo mesmo. Não por pura petulância ou egoísmo, mas pelo simples fato de ser cúmplice de todos os fatores que não lhe comprometem ao desmitificar suas cruéis dúvidas antes de dormir. Não acredita, que outra pessoa lhe conduza ao eterno acerto a dádiva de perdoar e ser perdoado, sempre. Tem um amor por si mesmo estrondoso, mas, infinitamente concorda que, precisa que outras pessoas partilhem, de certos momentos consigo.
É solitário, sozinho e mau humorado. Por mais novo que seja, é pessimista com o futuro crê na estrutura sólida daqueles que constroem suas vidas em cúpulas individuais, das quais, só se fundem para recobrar que estar sozinho é apenas mera ilusão, ilusão consagrada pelos longos dias. Bebe àgua a cada três horas, e vê o relógio a cada cinco segundos. Quando há barulho, só se percebe a música que se propaga em toda a casa, antes palco predominante daquele que nada lhe diz, e ao mesmo tempo, tudo lhe explica.
Multiplica seus sentimentos, os bons, os ruins e os demais. É um consumista nato, gosta de mulheres reservadas das quais queiram o que lhe é preciso; paz. Como nunca teve uma relção realmente estável, desconhece a "paz" da qual tanto procura, em comunhão de dois seres.
As vezes se envolve com seres estranhos, de vidas diferentes das suas. Hábitos dos quais jamais teria, pensa. Mas mesmo assim, as estuda, observa e usa, usa bastante.
Já se apaixonou algumas vezes, das quais deixou pra trás seu grande pessimismo, até sentiu no peito a falta de ar da qual sua irmã sempre lhe dizia quando conheceu Márcio, seu atual marido.
Existem duas coisas pelas quais ele preza demais, uma é a sua mente e a outra é não mais agradar os ouvidos alheios. Desde seus dezoito, jamais viveu para agradar ninguém, acredita-se que sua família lhe conduzia a ser, de certa forma, revoltado.
Essa revolta adolescente lhe produziu grandes planos futuros, hoje, não mais vive sem se olhar no espelho e enxergar aquilo que realmente necessita, um cara de barba falhada e de dente amarelo que sempre, sempre consegue aquilo que quer.
Seu modelo de vida foi meio conturbado, depois da quebra dos laços familiares passou por bons bocados, viveu num eterno embate contra os empregos que não gostava e o mestrado que lhe ocupava um tempo absurdo.
Mas enfim, cuidou no seu jardim. Como novamente dizia Sofia, sua mais amada e única irmã.
Cuidou do jardim e dele brotaram belas flores, mas um jardim que está trancado e só alguns tem passe livre, poucos por sinal. E os que estão de fora, só conseguem ver o colorido exaustivo, como todos os outros jardins, mas, não vêem as mais diversificadas plantas que nascem do nada, as flores de cores jamais vistas que ecoam da grama e os pássaros que lá visitam, para se deliciar com tamanha beleza.
O silêcio, antes dito é e sempre será seu melhor companheiro, e o seu jardim, é seu guia. Sob os dois constrói sua vida solitária porém, acompanha-se de lembranças, saudades e pessoas que vem e vão sem ao menos terem tempo de lhe dizer adeus, o que detesta fazer.
Mas remete em tuas considerações finais, constata que é um bom ouvinte, um excelênte rapaz, e jamais terá de viver em um embate exterior. Agora o que lhe prende é o seu eterno jardim, o silêncio e a solidão.

sexta-feira, janeiro 25

A maior falta.

A cada vez que a ti busco
mãos, braços, beijos e abraços
nãos só tua pele, mas tua verdade, carinho.
Tão doce quanto tuas palavras
num sussurro encojarador
assim sem mais, ternura.
Alimento meus sorrisos sob
tuas mãos, sempre ao tocar
meu rosto, delicado amaciar do meu ser.
As mesmas mãos, que acariciam
meus cabelos e me fazem dormir,
onde os olhos não veem mais.
Meu nariz é alvo do seu toque,
que rouba-o de mim assim,
de carinho desmedido.
Os lábios que te entendem, te buscam
à todo instante, incessantemente.
Até meus olhos, vítimas do doce
olhar-te, ver-te assim à todo instante
ao me entorpecer.
Teu abraço me assegura, me prende
me esvai dentre os braços.
Assim permaneço, tonta sob
tua figura junto à mim.
Meu peito já é teu abrigo, nele retribuo
todos os teus afagos,veementemente
entregue a ti como te entregas à mim,
meu mais puro e desmedido abrigo.
Se pudesse contar qual seria a
maior falta que sentira, diria assim,
sem pestanejar, a falta que me faz,
o que por ser, irá e será meu bem
o teu imenso e saudoso, carinho.

TALVEZ


Talvez não ser,é ser sem que tu sejas,
sem que vás cortando o meio dia com uma flor azul,
sem que caminhes mais tarde pela névoa e pelos tijolos,
sem essa luz que levas na mão que, talvez,
outros não verão dourada, que talvez ninguém soube
que crescia como a origem vermelha da rosa,
sem que sejas, enfim,sem que viesses brusca,
incitante conhecer a minha vida, rajada de roseira,
trigo do vento. E desde então, sou porque tu és
E desde então és sou e somos...
E por amor Serei... Serás...Seremos...

Pablo Neruda


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Sem ao menos dizer uma palavra,
apenas, o adorei.

Ao descer.

Por favor, não me machuques.
Sofri por dúvidas, nadei por
mares inquietos e me recobrei
no pior da estrada, pois agora
vales se tornam precipícios e
descer é inevitavelmente rápido.
Sei que me causará dores, eternas.
Tais cicatrizes, que vão me fazer
recordar para sempre.
Que pra sempre, recordar.

No cume

Agora sim, as vejo a me prender.
Lindas flores que me fazem perceber,
ao longo dessa subida, o que quis esquecer.
Mas aqui é tudo tão sublime, que não dá
nem para tocar, se vocês pudessem, o que
diriam a mim, que não querem me contar?
O ar, apesar de me faltar me fez pensar.
O oxigênio não passa sobre meus dutos,
mas mesmo assim, posso raciocinar.
Belas flores, me digam, só assim para
eu quem sabe, poder me calar.
Diante de tudo isso, o que esperar?
Se vocês me dizem que sim, lá é onde
estarei, apesar de longe estar.
Mas prefiro que se calem agora, já
consegui me responder, que o medo
me cegou e não há forma de me resolver.
A não ser descer até onde estava, até enfim
poder olhar-te lá de baixo e suspirar, sem sofrer.

Ao subir.

Subo, pois aqui não abraçam as certezas.
Subo, para esquecer, não recordar e ser
assim, feliz. Meramente sorrir, estridente.
Subo, agora o quanto mais posso subir, lá de
baixo, ao longe, cada vez menos vão me enxergar.
Subo, travando lamentos e esperando soluções.
Onde está você agora?

Sobre o cume, enxerguei o plano.

Sobre vários anos, percorri terrenos inóspitos dos quais jamais vou me esquecer. Segurei as emoções para não padecer, sorri na hora certa e chorei, em momentos dos quais não teve hora alguma.
Descobri no outro, a discórdia, a maldade e o talento de apedrejar corações. Segui, sobre todos os aspectos que não poderia prever, captei mensagens subliminares das quais ecoam sobre meu consciente -antes, inconscientemente - e as paredes do meu pensar são tão distantes uma das outras, que posso ouvir por horas o mesmo pedaço de pensamento. É fácil, olhar e dizer para quem é mesmo importante o fato de se viver assim, sempre insatisfeito.
Subi montanhas das mais altas que jamais pude imaginar, depois de uma forma rápida e dolorosa, desci sob vales e precipícios que deixaram marcas até hoje. As cicatrizes nos mostram, que o que passamos não foi um sonho, para o qual a desfiguração se mostra tão real.
Lá no alto apesar de rarefeito, conheci e contemplei as mais belas flores. Flores das quais, sei que, jamais irei ver novamente. Apesar da distância em que o tempo as deixou, ainda vivem aqui na minha mente, a soprar uma leve brisa de lembrança ao retomar as flores mais belas.
A grama que recobria as ingrimes estradas, a mim eram estranhas. Pois apesar disso, pequenos riachos circundavam sua existência, onde as pedras também se faziam soberanas. E sobre o grande tapete verde, pude deitar-me e descansar enfim.
Procurei por algo que na metade do caminho, descobri que não existia. E só recobrei minha consciência disso, quando desci pelo vale. Vale e precipício, e como foi difícil descer.
Lá em baixo, já à mim, pude ver que subi com um propósito. Cheia de falsas esperanças, sonhos desgastados na caminhada. Quando na verdade tudo estava aqui, o tempo todo. Imperceptível aos meus cegos olhos, veementes ao inexistente.
As mais belas flores que me encobriram dessa certeza, mas apenas um pequeno pedaço da brisa que se lançou sobre mim, momentaneamente. Apesar de sorridente ao recordar, descer foi tão difícil quanto esperar o encontro ao esperado. Difícil o bastante para me esquecer de quem era, de quem fui e quem sabe provavelmente, um resquício que me tornará alguém.
Não importa quanto tempo se passou já faz parte de mim tudo pelo que andei, subi ou desci , meramente só me trouxe o lembrar, das circunstâncias vividas e das quais tais formas de se viver assim, veemente à sorrir.
Apesar dos inóspitos terrenos pelos quais percorri, do cume da montanha enxerguei felicidade e encobri minhas esperanças à ve-la de perto. Descobri os arroubos de paixão sobre o deslumbrar dos olhos e logo depois o decair da esperança, já afastada de mim. Mas de lá, do alto e celebre espaço, enxerguei o que havia em mim que se pronunciava lentamente; medo. E não seria melhor escolha, subir novamente ou descer as beiras e ingrimes estradas do meu conhecer, mas sim, recordar-me de que apenas o medo, cruel sob minhas ações e que me fez crer e descrer ao mesmo tempo nas duas formas de viver, seja lá de cima ou no mundo aqui em baixo.



quinta-feira, janeiro 24

Estabelecer contato.

Pega o telefone
disca algum número
diz alô, e ninguém responde.
Ao falar três vezes,
alguém esbraveja por
lá, perguntando o que quer.
Diz que quer apenas conversar.
Do outro lado, lhe responde
que não há nada a dizer, apenas
desligue o telefone e me deixe
em paz. Conversa é coisa de
quem não tem o que fazer.
E desliga, sem pensar.

Ciconniformes

Esguio sobre as águas, onde caminham juntos.
Sua cor esbanja esplendor e imensa adoração.
Por partes esquivo, indolente aos demais.
É da cor que lhe precede pela junção
de elementos corpóreos e a sua habitação.
Bico preto e olhos brancos, xadrez sobre
tuas eiras e beiras, do sul ao norte a viajar
e se escaldar num mar abrasador com suas
varetas posteriores.
Destreza no andar, pernaltas que esbanjam
realeza e sutil forma de se apresentar.
Flamingos, a nuance rosa do crepúsculo
que de formas simples, assim ao admirar.

quarta-feira, janeiro 23

O sorriso voltou.

Ahhh que saudade.
Que saudade que tinha
de deixar os olhos apertadinhos,
as boxexas arredondadas
e os dentes à vista.
Por vezes, gargalhadas.
Agora sim, orgulhosamente
te digo, estou esperançosa quanto a ti.
Parabéns, o sorriso retornou
e com ele a minha vontade de
te dar a mão, pra te ajudar no que precisar.
Esqueça os lamentos, meu amigo.
Teu sorriso é tudo que precisas,
e o que precisas, é de apenas um belo
e singelo sorriso, de volta.
E agora, quem sabe... pra sempre.

quinta-feira, janeiro 17

Androgeno 0612.

Lá estou, mais uma vez. Ônibus à passar, meus ouvidos com a mesma música de todo o tempo, do tempo todo e a espera incessante de algo que me leve pra casa, o mais rápido possível.
Penso no engarrafamento, pois a festa nesses quatro dias está parando a cidade, literalmente. Como fugir? Pensei. A orla é uma boa rota de fuga, eu diria.
Masco meu chiclete e bato meus pés, sinto um cheiro de cachaça e olho pra trás, são três ao se deliciar com o tal do cravinho. Finjo que nem percebo, e retorno a meu mundinho apesar de ser incomodada por gotículas que vão de encontro à meus pés, susto. Só escuto o sussurrar malicioso dizendo para ter cuidado com a menininha, no caso, a mesma que vos escreve.
Eram três, da pior espécie. Olhei feio e deixei pra lá, vai saber de onde aquelas criaturas surgiram e de qualquer forma, não eram o bastante para me irritar. Derrepente ele chega, para o meu brilhar dos olhos, subo, passo o cartão e penso comigo o quanto queria sentar, imediatamente. Quando lá na frente, vejo um banco vazio e um cabelo enorme que cobre parte de um deles, enorme cabelo. Vou feliz, alegre e serelepe para o descanso prometido, me sento e vejo uma figura estranha ao meu lado, voltado à janela como se estivesse se escondendo, curvo sobre o banco à esquerda, do qual observo. Nem sequer se incomodou quanto sentei, suas mãos ao meio de suas enormes pernas que quase não cabiam no espaço entre o banco e o vidro, suas unhas grandes em tom escarlate - assim como sua bolsa e cinto e faixa na cabeça- me faziam curiosa a cada segundo. Um short minúsculo e belas curvas, mas não há sinal de belos seios mas sim um pequeno "top" que cobre seu peitoral. No braço, uma borboleta sobre a prata grossa que reluzia com a luz do ônibus, um anel de cobra que se entrelaçava bruscamente e não sabendo ao exato onde ela começava ou terminava.
Apesar de não ouvir absolutamente nada que se passava lá fora, de alguma forma senti o meu objeto de estudo susurrar algo que se perdeu, diante dos meus fones. Logo retirei um deles, em vão. Não ouvia sua voz e não enxergava sua face pois só se voltava ao seu refugio - se por assim dizer - a janela pela qual se voltava, sem me dar esperanças de conhecer-te.
De alguma forma, procurei puxar assunto. Logo perguntei o trajeto do ônibus, devido ao engarrafamento - questionando com a cara mais lavada desse mundo- se o bendito, iria parte pela orla parte pela paralela. Me respondeu friamente que sim, que iria passar parte pela paralela mas que "já já" iria entrar na orla. Agora sim, pude ver seu rosto. Seus grandes lábios pintados nas bordas de marrom, assim como suas sobrancelhas - inexistentes - apenas traços de um lápis qualquer num rosto que, apesar de tudo, não queria mesmo ser visto. Uma faixa cobria parte de sua testa e assegurava que seu cabelo retrocedesse ao vento, a chuva, à maremotos e tufões. Seu queixo era bem definido, agudo e cerrado. Meus olhos atentos lhe enxergavam os dentes, com uma fenda ao meio dos mais vistos, e eu que exatamente o estudava, não ouvi palavra alguma que tenha me dito apesar de ter um máximo de curiosidade por isso.
Por segundos fui segregadora, mas logo recordei o motivo pelo qual lhe questionei, então recobrei a conversa com mais uma de minhas infalíveis perguntas;
- Entra na rua da Ucsal, certo?
Pensou, pensou e me respondeu que entrava na rua do Playboy, Kama Sutra, Decameron & Hollywood. Com um sorriso de canto de boca, porém como ao primeiro sussurrar, aos olhos não me dava atenção.
Pensei comigo, se não conhecia a Universidade Católica de Salvador, porém não questionei, apenas ouvi e sorrateiramente respondi um sim contundente ao balançar a cabeça.
Apesar de não fitar meus olhos, tentou falar um pouco comigo. Falou sobre o trânsito, e sua tentativa de fugir pela orla, assim como eu.
Logo percebi que algo nos observara, era o motorista pelo espelho com aquela cara de quem desaprova com o olhar. Para o mesmo espelho olhei, e sorri sem ao menos lhe dizer que sim ou que não. Ao lado, uma menina barriguda e sua filha de mais ou menos quatro, que gritava desde o momento em que subi no bendito. Era um clima estranho, como se todos me observassem, curiosos como eu, sobre a pessoa ao meu lado.
Ao conversar um pouco comigo, logo parou. Acho que se recordou de algo que realmente até o momento não descobri. Fiquei meio confusa, porém aceitei e não invadi seu mundo novamente.
Com os mesmos olhos que cobri teus pés até seus longos cabelos, novamente voltei à suas mãos que nunca se deixavam a pressionar uma à outra, abruptamente. Retornando também, à janela que lhe esvoaçava os longos e crespos cabelos.
Uma figura androgena, homogênea e desorientada à minhas curiosidades minha busca de sei lá o que, assim permanecendo taciturno e eu, temente à minha amiga que tenta saber o porquê de tudo.
Logo se levantou, quase que me cobriu por completo. A cabeça se abaixava para não tocar o teto do automóvel, seu salto era fino e como todo seu adorno, chamava muita atenção. Levantou e rapidamente foi próximo aos degraus, nos quais permaneceu até descer.
Por mais surda que estivera por causa da música em minha mente, pude ouvir o balbuciar dos integrantes do mesmo que eu havia, risadinhas sarcásticas e comentários maliciosos.
Permaneceu nos degraus sem olhar pra trás, uma atitude bem previsível e plausível, eu diria.
Eu, me detive a pensar no momento e nada mais, pelo qual realmente me resguardei. Rápido chegou sua hora de descer, e receber os atrativos dos demais, podres comentaristas.
Assim segui ao pensar, porque algo diferente do normal é tão comentado, mal visto e sempre, sempre expulso, animalzinho escondido entre grades e que de lá, não deve sair. Apavorado, esguio sobre os comentários e calado sobre as respostas, nunca ditas.

Negar à mim.

Minto,
Minto a todo tempo.
Quando lhe digo que não.
Minto,
minto até pra mim.
Como assim, pobre coração?
Nego,
Nego o tempo todo.
Quando digo que não, não peço.
Nego,
até a morte sem perdão.
Como assim, desmitificar
minha emoção?
Se minto,
nego e deixo aceso aqui onde
jaz tudo que sinto para contigo
acabo de negar à mim, e então
prossigo, placebo de negar a ti também.
Quando nego,
me escondo para que não
saibas o quanto gosto, de ti
e de mim quando tornamos
do ti e do mim um nós, nós
veemente às tardes crepusculárias.
Se minto,
busco rodear meu rosto com
dúvidas, será de mim aqui agora?
Jaz em mim pensamento.
Nego,
até onde conseguir e se
agora nego o amor que sinto,
posso negar até à mim.

terça-feira, janeiro 15

Vincent Willem Van Gogh

Não tinha sorte na vida
seja no trabalho, na casa ou no amor.
Simplesmente tentava a vida de
um mero temente à Deus, como
todos os outros e com louvor.

Viajava incessantemente, por
todos os cantos da Europa.
Por sua breve vida, apenas
sustentado pela família.
Seu irmão Théo lhe escrevida demasiado
preocupado, aflito expectador.
Pediu uma linda senhorita em
casamento e ela lhe furtou a
felicidade quando lhe disse;
"Jamais! adeus, meu senhor".

Era um louco, louco estudioso
das cores. Holandês de barba
ruiva, pairou sobre Cezanne
e Monet, destemido pintor.
Viajou, à dentro, Paris,
Holanda, esplendor.
Pontilhou sua escrita sobre
as telas, magnífico céu azul
e trigo vermelho esbanjador.
Corta a orelha e retrata seu
auge. Auge de cafés parisienses,
girassóis embalsamados galhos
que se retorcem e lindas noites
estreladas. Assim, criador.
Devoradores de batatas ao
seguir comendo, exatamente
como são. Aquilo que não lhe
pertence, ele não retrata à mão.
Temente, realista com ardor.
Caveira que assusta, demasiado
fumante criador, causa causa tanto
de que me causa aflição, mas não dor.
Ruivo amigo temente a Deus,
descreve tua aflição sobre teus dedos,
atua sobreo eterno das cores e exalta o
campo realmente à fim de realidade expor.
Botas que exprimem quem são,
retratos de médicos da loucura e
quartos que sentem tua falta,
cachimbos aos céus, louvor.

A morte lhe cegou, suicídio
eminente. Morte daquele que
em várias telas e vidas, ainda sim,
se exibe presente. Presente vida,
retratada por um autor, autor de poemas,
poesias e prosas, vice e versa,
versa e vice olhos brilhantes, assim
como um total e presente adorador.

Get Out.

Sair daqui, é só o que quero.
Apesar de preso dentro da
sala, apodrecendo e
definhando sobre os demais
que sempre tentam dar
rasteiras uns nos outros.
Preso por sonhos infindáveis,
dívidas à debitar, palavras
que não quero escutar.
Só quero sair, ir embora.
Sentir o sol me tocar
a luz em meus olhos
e o vento que me inspira
os bons dias a vir.
Não quero mais escutar,
bom dia, boa tarde, boa noite
só quero o silêncio, shhh!
Quero sair daqui,
aproveitar o quanto posso
o quanto devo, quanto
poderia aproveitar, só pra mim.
Agora vou embora, dar o fora aqui.
E não me diga adeus, eu só quero ir.

Dúvida

Circunda meus dias
meus pensamentos
minha mente, meu corpo
minha alma e meu coração.
Peço licença e não me dá,
finjo não perceber, mas lá está.
De onde vem assim a todo tempo
a me fazer questionar?
Me deixe em paz, vá pra lá.

domingo, janeiro 13

Dor.

Finjo não ver, mas se esconde por todos os lados.
Já não sei se, através dos sorrisos estonteantes, das famílias maravilhosas as amizades perfeitas consigo enxergar de que é feito o ser humano, na sua essência.
Se escondem através do tempo, dos prazeres, das certezas não tão certas. Do objeto que se tem, da verdade que se diz, não se sabe o quão infelizes são.
Se pudesse descrever em palavras, cada pedacinho da dor poderia enfim reclamar por jamais ser infeliz o bastante quanto os alfinetes que teimam em permanecer nos corações alheios.
Alfinetes inúmeros, de vários tamanhos e dimensões inexatas. Se mesclam, perfuram a carne e dilaceram vidas, futuros e caminhos.
O passado reclama no futuro tudo aquilo que se mal resolveu, toma tua vida como num vendaval e não lhe deixa segurar bem forte num poste para tentar se salvar.
Vento forte o bastante para levar de ti toda a felicidade, essa tão mal acolhida, mal reconhecida e mal internalizada.
É tudo tão difícil, tão monstruoso e infinitamente assustador. Não se compreende a si mesmo e mesmo assim se apontam os erros dos demais sem saber a fonte do teu ser, da tua obra como ser humano, que por sinal, é por várias vezes traumatizada.
Traumas condizentes com tua personalidade, que se formou na inquietude no indevido e desesperadamente no infame. Infame ao atar laços de arrasar teu peito.
Aqueles que lhe percebem, só enxergam sua capa. Sua grande capa da individualidade, que por muitas, várias e incontáveis vezes, se enxerga o esplendor.
O esplendor que cega, e não deixa ver o pântano que borbulha de rancor, de tristeza e faz com o que a cada dia possa surgir da lama, os galhos que se retorcem de dor.
Detestáveis, por muitas vezes és julgado, sentenciado e morto de várias e infinitas formas.
Morto, quando já era jaz sua mente no vale da morte. Perseguido pelo espectro da dor, que fincam suas foices no sentimento que já em ti eras fraco, esperança.
Por mais desmedidas que sejam as palavras dos teus chegados, o tormento é eterno. Eterno dentro de ti, ao lembrar a cada milésimo de segundo do martírio de viver e pairar sobre a dor.
Espectro que rasga, espectro que retalha, espectro que consome.

Erros antigos.

Te digo assim, de coração
Eu não quero estragar a vida
daqueles que me rodeiam.
Eu não quero que você fale
a não ser consigo, sobre o que te digo.
Não me culpe, por favor.
Não me julgue, estou fraco.
Fraco e frágil o bastante, para
reconhecer os erros antigos.

Te digo assim, de coração, eu não sei
se te amo, ou se é tudo confusão.
Eu passei por poucas e boas,
e isso não foi em vão, hoje carrego
comigo o fardo de viver sem falar,
sem ao menos me libertar dessa dor.
Te digo assim, de coração.
Fraternal é o amor, que agora me julga
me depende de respostas das quais
nem ela queria ouvir, o estalo no peito
da nova informação foi estopim para uma
nova briga, vida em vão.
Tentei ao menos lhe contar, lhe dizer
mesmo por não querer falar.
Porque o que eu sinto aqui, não é o bastante
para falar, daquilo que eu nem sei se é o bastante.
Te digo assim, de coração.
Me sinto preso com isso tudo, e não mais penso
sobre tudo aquilo, aquilo tudo que hoje me prende.
Os erros antigos, me fizeram quem sou
quem acho que sou, e se te amo e te odeio
é por pura chance de me permitir a errar
novamente.

Te digo assim, de coração e com os olhos vermelhos.
Do choro, do álcool, aquilo que guardo aqui
que te conto sem saber, pois você a tempos
de mim distante estava, e quanto... quanto senti tua falta.
Você sempre da mesma forma, me diz
que tudo vai dar certo, e eu nem sei o que é certo.
Já perdi meus sentidos, só abraço forte o travesseiro
e cruzo minhas pernas que se atrofiam à cada segundo.
Meu coração gela, só de estar diante de ti assim.
Desligue a luz, meus olhos estão frágeis
e por favor, peça que eles saiam, não quero que ouçam.
Perdi mais uma vez a linha,
eu não sei mais por onde meu caminho vai.
Só a certeza de errar, e assim sossego.
Te juro, te rogo a cada dia. Incessantemente
pra amenizar, a dor, aqui dentro.
Te digo assim, de coração.
Desde que tudo aconteceu, não contei,
não remediei, por vezes falhei ao me calar
me abster, por ser criança, por ser pequena
de alma, de corpo e de vontade.
Fui fraca, consequentemente medrosa
e hoje, já se vê, o quanto eu obrigo a todos
à se afastar.

Te digo assim, de coração e me olhas
assim com essa cara, de que tenho
de ser forte. Se nem a força conheço.
A força que não brota em meu peito,
a força que não brota em meu pensamento.
A força para seguir, depois dos erros antigos.
A força que vem de ti agora, ao me falar sem
medo o quão devo seguir em paz, remediando
tudo aquilo que se foi e me tornando assim,
quem sabe alguém que busque, na verdade
na vida, e simplesmente nos erros, a conduta
a ser feita, a forma de seguir, seguir em frente.

Te digo assim, de coração e
desmedidamente em fúria ao encontrar
com o meu passado e através dele, fortalecer
aquele reflexo que enxergo, todos os dias
quando passo pelo espelho.
Reflexo que mente, estar contente.
Reflexo que não enxergo ao certo.
Reflexo inútil, que me persegue.
Reflexo que não quero para mim,
sem saber de quem se trata.

sexta-feira, janeiro 11

Os demais ao ventrículo.

Pego tua mão e digo, deixe eu te guiar.
Não tenhas medo.
É só assim, que vais ser feliz.
Não importa mais nada,
só me ouça, me sinta
e deixe sentir.

Não te escondas, pois
aonde quer que vá, lhe
encontro, lhe cego e lhe
arranco sorrisos.
Os temores estão longe de nós,
deite-se e deleite-se, sobre tua vida
teu momento.

Aconhego eu tenho de sobra.
Mil abraços apertados sobre
os quais você mais precisa, que eu sei.
Venha comigo, esqueça as normas.
Só vamos findar nossa inquietude.

Não tente me dizer que não sente
pois eu sei que sim.
Vejo nos teus olhos quando a vê
Vejo na tua pele que reluz.
Vejo no teu humor que se modifica
E até mesmo nas palavras que diz.

Agora desmedidamente, me de a mão
vamos saltar juntos, você e eu.
Feche os olhos e me siga, não tenha medo!
Estou aqui, e aqui pra sempre estarei
e quando quiser me recordar
sobre os demais ao ventrículo, eu estarei.

Os demais aos neurônios.

Já lhe disse
Não me tomes.
Me deixe ir, pois
não vou deixar você
me tomar.
Da mesma forma que
digo que não estou,
digo a você, não está.
Não deixo, não me permito
não me flagro pensando
incessantemente.

Não me digas, não quero ouvir.
Depois você, simplesmente esquece.
Ou sei, como sei, que te entristece.
Fique como está, lhe garanto que
nada vai te acontecer.
Converso contigo, te digo a verdade
não te coloco na névoa, na relva alta,
na maré dentre a tormenta.
Só lhe protejo, acredite.

Não me tomes assim,
solte minha mão.
Não insista em me enlouquecer.
Digo que não, mas só
pra você não saber.
Que já está tomado,
de mãos atadas.

Não insista em me falar,
eu não quero ouvir.
Que aos demais ao ventrículo
tentam todo o tempo em
me flagrar.
Não digo que estou,
mas sabes.
Os demais ao ventrículo,
a minha alma até, tomam.

Não insista em falar,
até assim por mesmo, querer ouvir.
Eu não aguento seu demasiado
frenesi depois de um tempo, só tormento.
Então me deixe aqui, prefiro.
Quieta e sossegada, sem beira
sem rumo.
Que assim me conformo.
E peço que, os demais ao
ventrículo, por favor.
Me ouçam.

quinta-feira, janeiro 10

Minha missão

Através dos dias, assim apenas vivendo dessa rotina, maldita rotina que me consome a cada segundo e me detém a pensar apenas no óbvio, mero engano.
A cidade sempre se move da mesma forma, pessoas por todos os lados, preocupadas, ansiosas e seguindo o destino do seu próprio nariz. Por vezes eu me perco a observa-las, não por pura curiosidade cotidiana - que por sinal me estiga também - mas sim pelo movimento humano, pela destreza com a qual se falam, se comportam, se tratam (ou não) e não menos importante, pela vontade incessante de conhece-las, estuda-las e perceber que todas em suas particulares formas, detém uma imensa vontade de falar sobre si.
Por vezes, as encontro nos pontos de onibus, nas filas do banco ou simplesmente ao caminhar pela rua, elas te fitam, te prendem e te descartam quando se vão, tão rápido como passaram por ti. Um mero bom dia, as faz contar sobre o que aconteceu há anos atrás, quando estava enamorado de uma moça que morava em frente a sua casa. Dez anos mais nova,a garota sempre lhe enchia o coração de alegria, e ao observa-la um dia da sacada, e ao ver-te acenar, percebeu que algo estava estranho. Ela pedia socorro, dizia. Remexia os dedos e levava as sobrancelhas. Correu ate lá, se deparou com três homens, ao assalta-la. Ele dizendo-me com olhos radiantes, adentrou a casa e gritou aos covardes que ela tinha um amigo para lhe ajudar, "metendo a mão neles", dito assim com suas palavras de homem velho, vivido e muito corajoso. Dizendo que o pouco do karate e da capoeira foram-lhe bons companheiros, apesar dos dentes e as cicatrizes que agora, depois de alguns anos lhe fazem companhia.
Da mesma forma com a qual apareci na sua vida, sumi derrepente. Meu onibus chegara, e ele, ali sentado ao ver-me ir e ao mesmo tempo assim meio que sem querer, ou querendo, feliz do meu simples bom dia e da minha simples conversa, desmedida. Vários nos observavam, pensavam,discriminavam e de certa e verdadeira forma, invejavam. Ele era uma criatura especial, velha e sozinha, querendo apenas alguém que lhe conforte, pois os anos fizeram questão de lhe tomar o apreço dos demais.
Penso, que apesar de toda vontade de viver e de minha insensata forma, inconformada de ser, sigo assim com essa rotina infame e apesar disso percebo por muitas vezes que algo sempre tenta recobrar minha razão, sempre tenta me amenizar, me amolecer o coração.

quarta-feira, janeiro 9

Céu

Longe ele vai, por toda parte
o azul, o amarelo
e meus pensamentos.
O céu é meu amigo
companheiro, e ouvinte.
Só ele sabe, o quanto
de todas as dúvias, sobre tudo.
Como as nuvens que se desprendem
sou eu, ao ve-lo, esqueço e me
desprendo do mundo, da vida
me jogo ao léu, ao pensar,
misturar o azul o amarelo
como no céu, me misturo
sobre pensamentos, dúvidas
e respostas, quem sabe.

Gabriel.

Admito, ter pensando em você durante esses dias.
Daqueles pensamentos que vão e vem à todo instante.
Te ouvi por alguns minutos e já me deixou saudosa.
Tento, no mesmo horário ouvir aquela mesma canção que me
traz você, mas infelizmente, falhei.
Well Gabriel, és tão curioso.
Perguntas sem fim, e apenas oito sobre tua vida.
Tão lindo, ao imaginar-te ao falar, de mansinho.
Penso como ei de ser feliz,com um Gabriel na minha futura vida.
Ao me perguntar incessantemente,o porque dos porquês.
Quero ninar-te em meu colo, cobrir-tede afagos e ver-te sair
correndode medo do escuro até meus braços.
Seguir teus primeiros passos,vibrar sobre as primeiras palavras
e e ouvir você Gabriel, ao perguntar assim, tão delicado.
O porque dos porquês, meu garoto.
Imagino teus dedinhos, ao encontro
de tua boca, incessante.
E teus pés que se juntam quanto estás
tímido, tão fofo.
Seu olhar sereno e despreocupado, lindo
ver-te assim, meu pequenino.
Well, well, well Gabriel.
Agora entenda, que estou aqui novamente ao imaginar
ouvir-te perguntar,o porque dos porquês,
admirada e de certa maneira, coruja.
Como mãe de primeiro bordo, que ainda não sou.
E sem ao menos ser nada sua e qualquer forma, sendo também
tornando desperta, a Toller que reside em mim.
Ao ver-te assim, com apenas oito, meu garoto,
ao perguntaro porque dos porquês, assim delicado
que me deixou nas nuvens, e o que seriam as nuvens de fato?

terça-feira, janeiro 8

Sorrir dormindo

Chega em casa e olha o relógio, são oito horas da noite.Cansado o bastante, todavia não esquece de acariciar o cachorro,beijar esposa e mimar os filhos.Come qualquer coisa e vai para o computador, são dez horase nada ainda foi feito. A gravata ainda aperta sua garganta mesmoque não esteja com ela envolta do pescoço.Os números oscilam demasiadamente para todos os lados, gráficosvão e vem num frenesi de informações. Através de seus olhos se enxergasua exaustiva luta contra o sono e o cansaço... é mesmo capaz de aguentar isso?Brutos deita em seu pé e lhe arranca um sorriso de canto de boca, eramacio o seu pelo, tão macio quanto foi da quando o encontrou no canil, tão pequenino,uma bolinha de pelos brincando com um chinelo velho jogado em um canto. Mordiatudo que encontrasse pelo chão, nada escapava de seus dentinhos afiados. Ao amanhecereram seus grunidos para subir na cama que o acordavam, era também hora de levantare ir para o trabalho. Quem sabe ele já não sabia disso?Por um instante esqueceu de tudo ao lembrar de Brutos, ele era realmente um bomcão.Volta aos gráficos, percebe que há algo errado. Não há uma equivalência entrea relação investimento/ganho, isso lhe assusta estremece e amedronta.Como poderia resolver tal problema de forma tão rápida? Uma simplesondulação em uma reta lhe faria perder anos de estudos.Sem perceber alguém lhe faz um carinho, era Suzana lhe dizendoque já estava muito tarde. Ela era sua esposa a cinco anos, dedicada,companheira e realmente linda. A conheceu na faculdade, num elevadorcom certos problemas técnicos, por sorte.Nada lhe fez mais feliz (além do nascimento dos filhos) do que sua época de faculdade.Suzana era sua colega de sala, colega de olhares inusitados de dúvidas e de poucas palavrasdentre as aulas. Não eram grandes amigos, nem colegas de trabalhos. Porém, emseus olhos apesar de fita-los com receio, conseguia ver toda uma vida pela frente, uma famíliaum grande amor e um exemplo de mãe.Talvez, por obra de um destino maravilhoso estava no lugar certona hora certa. Um elevador, um botão quebrado e um "Oi" conseguiram selarum futuro radiante. Nela se enxergava o sorriso pelo olhar, a felicidade pelomovimento leve do corpo e a curiosidade por suas mãos, sempre inquietas.Já nele, o cabelo desarrumado lhe dava charme a música sempre nos ouvidoslhe fazia viajar num mundo só seu e seus pensamentos sempre otimistas o levavamà acreditar num futuro feliz.A rendição foi imediata; ele e ela, ela e ele agora juntos. Sorrisos e frases longastomaram seus dias na sala de aula, e pouco a pouco um lugarzinho guardadoem suas mentes e corações.Depois de realmente juntos, decidiram mudar-se para uma cidade onde pudessemcrescer de mãos dadas. Formados e com mais experiência, foram a luta no centroda profissão em seu país. Eram tempos de luta, de procura de emprego e de umpouco de sossego quem sabe.O casamento foi breve,a cerimonia mais linda de suas vidas. A brisa na praia levava os cabelos de Suzana contra seu rosto, e o sol fazia seu vestido branco se iluminar cada vez mais.Os pés estavam descalços e conseguia sentir a areia os massagear bem devagar.Não conseguia pensar em outra coisa, a não ser naquele sublime momento.Hoje pensa o quanto a ama, por tudo que passaram juntos. As dificuldades os fizeramcrescer, os filhos trouxeram a alegria de viver. Júlia era a caçula, com dois anose Lívia a filha mais velha, de seis.Mesmo sem ouvir o que Suzana dizia, sabia que já era muito tardepara conseguir trabalhar. Apesar de não prestar atenção nos númerose nem no que ela dizia, ele sentia uma pontinha de felicidade ao recordar daquelesmomentos.Ela vai dormir, dá um beijo de boa noite e anda devagar em direção ao quartopara não acordar as meninas.Ao terminar sua sina se levanta da cadeira, Brutos faz o mesmo. Toma um banho,come algo novamente e vai dormir.Sonha com Júlia,Lívia e Suzana. E sorri dormindo.No dia seguinte acorda e percebe que tudo aquilo não passoude uma simples demonstração de tudo aquilo que ele vive diariamente.Apesar de todo cansaço, de toda luta e de todos aqueles númerosque cansam em não entrarem em uma equivalência.

Alongamento.

Deite-se, simplesmente relaxe.
Solte seu corpo sobre a cama, eleve
seu espírito e respire, bem fundo.
Seu pescoço agora será um pêndulo
e o fio que o sustenta será sua coluna.
Os dois são um só, mas sua mente irá
muito, mas muito mais além.
Respire e inspire, como se o ar adentrasse
todo teu corpo e cobrisse todo teu ser.
Feche os olhos e deite-se de bruços, eleve
uma de tuas pernas até o braço contrário e
atravesse teu tronco de forma suave, assim
também não deixando teu ombro sair do
chão. Faça o mesmo continuamente com a outra perna.
Feche os olhos, sinta os fluidos do corpo ao
passear, não só ele como o sangue a vibrar sobre tuas veias.
Agora eles são um só, assim como você.
Esqueça de tudo, só sinta seu coração palpitar,
seus dedos ao se mexer sem tua vontade e tua cabeça
que vai além de todo aquele pequeno espaço
sobre tua casa.
Olhe pra cima agora, sinta a pressão sobre tua garganta
e os teus olhos que teimam em fechar, frágeis.
Seus braços que se vão ao encontro das costas, atrás
da cabeça e o outro braço que puxa teu cotovelo, agora
sua face está em perfeita simetria com tua omoplata.
Repita o mesmo, como dito antes com o lado oposto.
Lembre-se do pêndulo, ele jamais deixa de girar em torno
de seu centro gravitacional, e seu pescoço, agora rotaciona
leve acima de teus ombros.
Não esqueça dos quadris, deite-se e levante os joelhos
e logo após, suspenda teu quadril aos céus contando
exatos dez segundos, em exatas três vezes.
E respire, devagar e inspire soltando toda e qualquer
maleficência de teus pensamentos, só cubra teu ser
de tudo aquilo que lhe faz bem, teu astral só depende de ti.
Alongue teu corpo e tua alma, faça deles instrumentos do
teu humor, instrumentos dos bons dias, das boas notícias
e de toda e qualquer forma de alegria.
Alongue teus pensamentos, até longe dali. Onde ninguém o
possa tocar, a não ser você mesmo.
Energia se dissipando dentro de ti, e apesar disso
se desdobrando em mais energia, se deslocando
ao infinito que é exatamente onde queres chegar.
E lá, perceberás o quanto és forte, se souber
desdobrar teus músculos dos medos e relaxar
sobre tua vida, assim quem sabe por um mero
e simplesmente; respirar e inspirar, alongamento.

domingo, janeiro 6

No final das contas.

Tão difícil e apesar de tudo
tão apreciado.
Fechar portas e janelas, para
que ninguém entre.
Digo não e me abstenho de
viver, algo que simplesmente
não era de meu sublime intuito.
Digo não e recobro meu senso
de liberdade, minha prosa sobre
o liberto ser, meu àpice e por
meras obras do destino, apogeu também.
Digo não, por não prever
destino que condecore meu sorriso,
acalme meu peito e desmedidamente
flane sobre o não-individual.
Digo não, assim sem querer
e por mais e um pouco menos
dizer sim, no final das contas.

sexta-feira, janeiro 4

Wake up alone

É, mais uma vez acordou sozinha. Mas dessa vez, havia algo estranho.
Havia um sorriso no rosto, meio escondido no cantinho dos doces lábios. Sorriso diferente dos habituais. Acordou com a cara amassada, o pijama rosa de borboletas que pairavam sobre seu tronco. Sentou na cama e alongou os braços, pescoço e ombros. Olhou para cima e sentiu a coluna vibrar assim como teus olhos naquele dia de sol. Levanta da cama rapidamente e sem mais nem menos sai saltitando, era um dia como outro qualquer do lado de fora.
Por dentro, ela acordava para si. Descobria a cada segundo que nada ia tirar sua felicidade, nada mesmo. Sorriu para as flores, acariciou o cachorro e tomou um belo suco de laranja, estupidamente gelado. Depois do café, um banho bem gelado para acordar de verdade.
Após pronta, olhou pela janela o solzão de sábado. Abriu as janelas da casa para que aquela imensidão cobrisse todo seu lar. Agora com um só pensamento, ela segue enfim, cordialmente merecedora de tudo que lhe é de direito, agora a felicidade em seus planos. Ligou um som, um Soul de matar qualquer um. Daqueles de dançar no meio da sala sem se importar se alguém está vendo, tocando seus instrumentos imaginários, guitarras, baixos e baterias de acelerar o batimento cardíaco.
Ahhh doce momento, um dos quais levará consigo pela eternidade.
Solenemente findando seu bem estar, agora vivo em seu pensamento. "Sim!" respondeu, era seu dia de sorte, dia em que percebeu toda sua imensa solidão e se sentiu também feliz por demais por ter a si mesma agora de forma apreciada, comemorativa e "muito do caralho" como ela mesma diz.
Rápida no gatilho, já acerta o findar do dia. Que vai terminar em boemia, até quem sabe um dia, não acordar tão sozinha. E se fosse pra ter algum conselho, agora quem sabe, iria ouvir a sua melhor e menos comedida amiga. A Amy simplesmente lhe diria, "I'm not drinking my friend... and i have to say something to you... GO AHEAD GIRL!".
E é exatamente assim. Vivendo agora, pelo único motivo
plausível, para exaltar sua vontade e quem sabe infinita felicidade.

quinta-feira, janeiro 3

Quando você se for

Agora aqui, venho oferecer-lhe meu bem maior, minha dádiva alcançada e meu mais desmedido apreço. Por meio desta, busco a ti todos os dias sem ao menos recordar que longe estas de mim,
dos meus afagos. Já esqueço que as manhãs não tenho o doce tocar dos teus lábios sob minha testa e um breve sussurro a dizer-me bom dia. Já nem me lembro mais a quanto tempo
busco a ti sem sucesso. Todos os dias passo sobre tua morada, antiga morada dos meus sorrisos amarelos e mais simplesmente, assim sinceros.
Os dias agora são longo se o entardecer ainda sente tua falta, assim como eu. Ele ainda entusiasma a todos nos que por aqui ficamos, mas ainda busca o brilho dos teus olhos por todos os cantos e o balbuciar de elogios assim por puro querer. A areia da praia ainda queria poder tocar teus pés, esfoliar o redor deles e cobri-los de caricias. O mar, este sim chora tua ausência, por muitas vezes o vi espalhar tua tristeza sobre as pedras, e as gotas do seu pranto que se recolhem, para que ninguém veja. Entendo sua dor, meu amigo. As estrelas, essas sim estão felizes. Pois lhe acompanham aonde quer que você vá. Brilham intensamente para que recordes
que aonde quer que esteja, elas vão estar sempre ali pertinho do teu olhar para conversar
quando precisar. O sol e a lua, apesar de tudo, contentes. Viram teu sorriso de canto de boca apesar dos olhos saudosos, antes mesmo de partir.Sabem que ira reluzir, agora em outros cantos do mundo e agradecem veementemente a sua presença e sua delicadeza quando lhes conta segredos em baixo tom, que só os dois sabem ouvir. Os coqueiros não mais apontam para o norte, eles seguem o teu rastro, ao sul e avante, sabe-sela a que destino, incerto amigo por anos. Não mais vou me entristecer ao pensar o quão longe estas,só penso no teu sorriso brilhante ao ver seus mais queridos, aos abraços loucos e olhares domadores de sentimentos frenéticos. Todos merecem um pouco de ti para recobrar que existe uma essência flamejante temente a brilhar cada vez mais.
Agora assim com essa cara de noite bem dormida, por sonhar com tudo isso que lhe escrevo, simplesmente me despeço,pensando em ti apesar de toda essa distancia, ambígua distancia,
que nos uniu de forma inesperada e nem mesmo por isso, menos valorosa.