terça-feira, maio 29

Em plena razão

Há uma certa pausa na razão
quando no outro exige de ti
e que a ti exige ainda mais.
Pois no mais raro dos corações,
na mais nobre das intenções
reside um pouco do irracional.

terça-feira, maio 22

Doze sóis - II

Contei que andei tão longe que esqueci o quanto percorrera? Na memória falha de minha vida, nem nos dentes raízes criei. Não fui a intensa pessoa que flutua sobre a bondade, não fui o pacto de minhas palavras, muito menos a sabedoria dos mais antigos. Só flutuei num mundo de doze sóis, e que nos pés os trago do seco ardor. Nas cruzes que ainda enxergo, o doce e molhado esperar que sempre me consola. E assim que aproximo as mãos ao cumprimento, arranco o espinho da sede. Bebo a água das distâncias, esquecendo a cada segundo por onde cheguei, de onde parti. Que caminho é a vida dos que padecem?

Doze sóis

Vivi aonde doze sóis a mim cobriam,
e na mente tosta a cansada verdade.
E nas noites de céu, o breu de minha vida,
pois nos dias de doze sóis, a sós, era-me bem vindo.

Toda mentira do mundo

Estava crendo na palavra do sacerdote
no punho do violento
na cama da doença viva
e na carne que sangra no balcão.

E nada jazia de mim,
apesar dos sussurros de maldade,
enfiar a mão e trazer com força
toda mentira do mundo.

Sob tua lente

Se um dia me dissessem que seus olhos poderiam ser palavras, nisso poderia crer mais que minha própria visão. E que no contorno de suas vistas o mundo me seria verdade, poderia sim contar-me que nunca seria sem teu olhar. Que nada além de sugar-me a ternura, e acima de toda visão pessimista, sob tua lente, ainda seria altruísta.

segunda-feira, maio 21

Sítio

Já o vi, me deti, me perdi
me parei a mirar tua face a dormir.
Já pedi, implorei, supliquei que
não fossem meus olhos em ti.

E fiquei, sussurei, aguentei
as palavras e choros que um dia eu quis.
E travei, eu finji, impliquei
com todas as minhas visões sobre mim.

Já temi, já larguei, e voltei
e de fato, estou aqui.
Já segui, compliquei, decidi
e entendi que não há dever de mim.

E aprendi, que vivi, e reconheci
que em ti a mim tudo vivera.
E voltei, junto a ti, acordei
e nunca mais de lá saí.