sábado, fevereiro 28

Vinte e oito reais

Vinte e oito reais,
e compro teu sexo,
parte de tua vida,
teu ensinar, vistoso.
Tuas palavras úmidas,
teu rouco imaginar,
sua saudade eterna,
seu entristecer.. tua prole,
teu sonhar.

Tão pouco comparado a ti.

F / J

Qual a diferença,
estado enérgico,
motivo ascendente,
valor atuante,
força decisória,
escolha perene,
auto- relevo.

Para essa diferenciação?

Nina e a escada.

Nina subiu a escada,
fazendo barulho com as unhas,
balançando o rabinho,
esvoaçando seu pêlo cinzento,
mas parou no meio da escada,
olhou para mim estranhamente,
disse-me algo com olhos de amêndoas..
e continuou a subir os degraus.

Par, ti.



O pior do partir de outrem,
é a parte do outro que fica.
Sustenta particularidades,
da parte do mundo que se foi,
partindo primeiro da lembrança e
participando do momento atual.
Mas parte do outro que fica,
o par que era sustento amado,
agora parte seu coração ao meio..

De todo, parte, para ti só ficou o meio.
Partícula desse lembrar,
que parte a cada dia saudoso,
que ainda bem, deixou de ser par...

Parte I

De tudo que sou,
a melhor parte
é o que amas.

mas nem sempre
sou doçura e sorrir.
não faço piada
do mundo à noite.

não cruzo os dedos
pro mundo passar,
só espero, espero..

não compro bemdizer
sentada na escada,
nem escrevo felicidades.

talvez, ames errado...
desde que não amas
e nem conheces..
parte de mim.

Tem dias

Tem dias que a alma
pede um pouco mais
de calma..

Ajeita os ponteiros
da reflexão, divide.
Incinera o tropeçar,
reduz acidentes.

Tem dias que a alma
só quer descansar...

Na madrugada

Já fazem dias que acordo as três para um ócio decadente.
Abro os olhos como alguém que tem um compromisso,
o corpo desperta para o dia que ainda não nascera,
os pés tocam o chão, e a cama se torna só uma lembrança.
Não digo uma palavra, não abro a boca para mais nada
além de beber água. Ando um pouco, ouço o estalar das
gotas d'agua no quintal, o frescor dessa chuva grossa
me faz confortável de retornar a cama.
Pena que nem todo dia é assim, nem todo dia chove...

segunda-feira, fevereiro 23

Humildemente

A todos aqueles que escrevem,
digo-lhes de imenso coração aberto,
o maior traidor de suas vidas..

será sempre você mesmo.

Ao valor de todas as coisas

Ao valor de tudo que nos cerca, talvez jamais se saiba o quanto. Mas talvez buscar o infinito em todas essas confusas lembranças, possa no material recriando o imaterial, ou do mesmo recriando sua suntuosa fonte. Do vívido das cores e pálido tempo inserido, pois nas cores vivas está a lembrança e também no pálido, o transcorrer do microfilme. O passado instintivo e o futuro fato, quem dirá que viva não é a lembrança e tempo algum cobiçará o recordar ao ponto de doma-lo. E exaurir todas essas coisas do profundo significado, é moderar-se de troféus. No ímpeto, a calma e singela conexão com o que passara, é introspecção.. e se busca nos cenotes da alma, o fluir dessa condição resguardada. Eclodindo em papéis, mechas de um cabelo, pétalas, fotografias... em um ranger de pisos,em um frio imaculado, em um nome gentil, mar poente de choro, em um anel de prata ou em uma paisagem de real vivência. O que seriam das lembranças, se não fossem seus objetos, se não fossem de tudo em si, uma conjunção perfeita. Mesmo que falhem através do tempo, que se percam em si mesmos através dos anos, que a validade de seus dias corte a fita da chegada, que não.. não se perca jamais o instruir de nossa condição de memória, de saudade ou até de amargor, pois tudo toca o sol da lembrança. Tudo toca através do valor de todo esse, todo esse catalisador da memória.

domingo, fevereiro 22

Se te fizesse um versinho

Ah! se te fizesse um versinho.. seria tão bonitinho, tão bonitinho..
colocaria tudo que te contempla, mar, azul, sorriso e verdade.
Vento, sul, carinho e vivacidade. Talvez um pouco da sua paz,
um tantinho do seu abraço ou da sua barba... do seu sorrir.

Assim faria em duas vias, a primeira para contemplar tua singularidade,
a segunda para dizer da minha bobagem. Boba que fico com esse teu sorriso,
essa tua construção do infinito, no finito que é a palavra viva.
E do contorno dos seus olhos, a profundidade deles...

Acho que seria mais ou menos assim.

Frente


Desconfiei até de mim,
quando fiquei só,
sozinha e sentada.
Esquisita até para as formigas,
nem encostavam.
Perdi a visão,
a frente tudo insípido,
o chão reclamava meu peso,
meus pés reclamavam do chão.
Nem sequer vizinhos,
todo mundo em si mesmo,
e eu fora de mim...

Maria de Castro

Dizia com a boca cheia;
sou dono de ti, Maria de Castro!
Dono do teu destino,
dono da tua dor..
e detentor de tua cura.

Sou dono de ti, Maria de Castro!
Dono de tua estatura,
de sua diminuta precisão,
de teus olhos castanhos
e cabelos curtos.

Dono do cheiro da tua pele,
dono do seduzir dos seus olhos,
das vias que a você contemplam,
e as curvas que Deus te deu..

Sou dono de seus pensamentos,
sua órbita e seu céu.
Dono da sua fala tremula,
do seu carinho e do seu fel.

Sou dono de ti, Maria de Castro.

sábado, fevereiro 21

Má ideia

Me queixei a minha velha vontade por não estar mais disposta. Ela me respondeu com um ar de orgulhosa veneziana, o feixe de luz da minha compreensão estaria escondido. Então resolvi recolher todas as minhas queixas, uma a uma foram todas guardadas no fundo do meu pulmão, respirei pouco a pouco e exalei o quanto que não queria. É a lei do respirar.

E daí percebi que coloca-las por lá, não foi assim uma boa ideia..

Dilemas de carnaval III

Eu na Ondina,
você na Barra..

No morro do gato,
no beco lotado,
me debato, esbarro..

No Espanhol,
você se depara,
de curtos e estreitos..

E até que milhões de pessoas
possam passar, o circuito
jamais deixará o nosso encontro.

Dilemas de carnaval II

Você por lá,
eu por aqui.
Ontem, de ontem..
foi apenas anteontem.
Nada mais.

Dilemas de carnaval

A sua mão segurara a dela de forma contundente.
Mas a inconstância de sua fala, o delgar de sua voz,
que em meu ouvido sussurrava vontades, não lhe deixou
um pouco mais de introspecção, a etílica bondade das palavras.
E ela olhara de certo em meus olhos, e eu difamava os teus..
pedindo que fosse embora.

Dilemas miliáticos

Quando me perguntou se seria essa a minha escolha,
não fui nem sim nem o talvez, daquela boca que lhe falara.
Pois bem, eu era o não, cortante e incisivo nas medidas que
a minha mente proporcionou. Tudo de mim era falho.
O meu sim era proposto num talvez esquecido, indigno de ti.
Pois sim se diz com latência e brilho nos olhos... não com sonoridade infeliz.
E o não se conduz num talvez também esquecido, digno de mim.

Coisas

das coisas pequenas
eu sinto saudade,
minúcias do tempo,
eterno suspiro.

calmaria dos dias,
olhares sortidos,
se escolhesse apenas um..
não faria o menor sentido.

se a boca que fala,
responde apenas,
agora é só lembrança,
saudade, saudade..
e nada mais.

quinta-feira, fevereiro 19

Chuva

Caindo certeira,
do alto ao chão,
é muito, desagua..
retorce os céus.
E enxuga devagar,
toda essa água,
faz parar de chover,
como se nada...
nada tivesse acontecido,
por aqui.

terça-feira, fevereiro 17

Musiquinha do coração

Pá, Pum, ziriguidum..
meu coração,
batendo assim,
descompassado,
como se visse,
um grande amor.
Pá, pum... ziriguidum..
meu coração, louco!
Foi só um susto..
aguente firme.

De onde partem todas as discussões.

Há mais tempo que o mundo é mundo,
diga ao mundo quem realmente é você.
Há mais de muito do que prometes,
e muito além do que podes prever.


O girar incessante requer um ponto fixo,
alento do descontrair da distração.
Assole todo enjoo com esse artifício,
retenha à vida um girar imenso.


De tudo, de todos e além..
somos dúvida, presságio e descontentamento.
Até que o bom vire bom, tudo se perdeu.
Até que o fim seja fim, o adeus já foi dito.


E onde estaria estrela cintilante,
que resguarda a alma dos confins,
extrai do mármore negro a esperança,
e nos conduz a plenitude do pensar?


Até que o mundo seja mundo novamente,
e que tudo que se diga, seja, haja.. retribua,
nada será enquanto não fores peito amado,
nada serás se não amares outro dorso.


E se fores a fim de rodopios do velho oeste,
siga a noite as estrelas e o vento amigo,
percorra o insólito, solitário e verdadeiro mundo,
e construa, parte relevante da sua mente.

Documentando

Onda amiga,
trazes flores
roseira arde,
e espuma acalma.

Onda amiga,
recolhes meu sangue,
e meu amor,
e fico por aqui..

rezando pelo seu retorno.

segunda-feira, fevereiro 16

É!

Quem puder,
sorrir por mim,
que não o faça..

Que me dê o prazer,
de guarda-lo.

E só sorrir,
quando estiver afim.

Igor

Eu te amo,
eu te amo..
eu amo você.

Eu amo tudo,
tudo em você.

Cada falha,
cada acerto,
cada passo.
Cada bronca,
cada choro.

Amo sua risada,
amo suas bochechas,
amo seu cabelo
e suas sardas.

Amo sua moral,
amo sua responsabilidade,
amo sua dignidade.

Amo nossas lembranças,
das boas as ruins,
amo até ficar do seu lado,
e não falar nada...


Amo você, irmão.

Fly me to the moon

Minha linda,
meu amor..

Sempre lhe darei,
o meu eterno amor.

Serás para mim..
a única e solene..

A minha preferida,
minha mais amada.

Para todo sempre.

Mistureba

(JLR)
Em outras palavras,
Pois as mesmas,
não cabem mais.
Só assim direi,
como sempre..
direi algo.

Taciturno dizer,
até um, dois,
ou a vida inteira.
Veio a minha boca,
minha língua conceber.


Ou até que as palavras,
maturem demais..
e me cale para sempre.

Beijo

Seu beijo matutino..
tão verde e rápido,
tão imaturo e indiscreto...
por mais simples,
por mais inesperado...

me balançou.

Dança noturna

Tentei de várias formas,
não ceder a essa dança noturna,
onde me entrelaço sobre passos,
batidas constantes de versos longos.
Até que uma hora eu esqueça essa música,
até que uma hora o poema se desfaça...
poderei dormir tranquila.

Eu

Não sei assobiar alto,
isso é frustrante.
Mas sei fazer carinho,
de modo constante..

Não sei cantar bem,
o passarinho em mim não tem asas..
Mas sei dizer o quanto posso,
do meu jeito, sabotagem.

Não sei lidar com amor,
esfera diurna em minha vida.
Mas sei sonhar acordada,
como ninguém.

Não sei fazer arroz,
dificuldade imbecil.
Mas sei fazer macarrão,
não morro de miojo.

Não sei ser sexy,
sou desajeitada.
Mas faço amor com minha pele,
com meu cheiro, meu ser.

Não sei de tudo que realmente gosto,
mas sei exatamente..
do que não, não gosto.

domingo, fevereiro 15

Tempo, por favor..

Tempo, por favor..

Não há mais verbetes nem arrepios,
festas livres e contínua ação...
nem a assiduidade do compromisso,
nem a palavra culta,
nem glória, dívida ou perdão.
Talvez paciência, humildade
interesse, mas não... tudo embora.
Nada disso me toma agora.

Tempo, único.
Diverso em si mesmo,
mais silêncio, mais ouvir...
sem mais ou menos dias,
sem pessoas descomunais ou
chatices escandalosas.

Nada disso..

Só um pouco de tempo, por favor.

quinta-feira, fevereiro 12

Zanzibar

Erga suas vistas,
pois lá está.
Cobertas, distintas,
quase de si, nenhum plural.

Erga suas vistas...
pois lá está Zanzibar.

quarta-feira, fevereiro 11

Minúcias

Cheguei em casa tirando os sapatos com uma rapidez descomunal, corri até a cozinha ainda de meias e bebi um copo d'agua vistoso. As vezes me esqueço de como beber água é gostoso, na temperatura certa e na rapidez combinante o prazer é colossal.
Sentei na cadeira de aço da cozinha, maldita cadeira, faz um barulho chato. Toda santa vez que me recordo de não sentar em nenhuma delas é tarde demais. E além disso, na cozinha só me restam elas, os dois bancos de madeira e o armário em que teimo sentar. Talvez se ainda existissem as borrachinhas de seu ser quadrúpede, poderia assim ter paz. Mas vai saber.
Toda vez me deparo desvencilhando o mistério dos quatro cantos da minha casa, como na vez que descobri uma transmissão no banheiro que não havia visto desde 1988. De certo alguma vez passei os olhos corruptos pelos cantos do banheiro, mas nada me fizera reparar. Engraçado é ver no mesmo banheiro, na porta exatamente, que data de 1998 a minha assinatura em caneta azul, seguida dos nomes do meu irmão, minha mãe e meu pai. Uma grafia estranha e desajeitada, digna de uma reprovação, visto que nessa época eu era, hum.. deixe-me ver, quinta série. Nada tão diferente de como ela se reproduz nos dias de hoje.
Depois desse passeio magnífico pela cozinha e banheiro, por que não falar da sala? Bem, na minha casa há duas salas, uma que eu não sei pra que serve, e a outra, pra assistir tv. Obviamente inclusa a que não tem explicação se encontra o objeto de minha obsessão, o computador. Ao lado dele um fax de querer próprio, pensamentos próprios e dificuldade de manter uma relação amistosa comigo. Engraçado lembrar que uma vez meu irmão gravou uma mensagem para a secretária eletrônica, que nunca funcionou de fato. Em uma voz grossa e ligeiramente desagradável, falava; "Não estamôÔôs, ligue depôôôôÔis!" e em seguida o bip do final da mensagem, parte mais bonita da sinfonia.
Não poderia esquecer que exatamente no lugar onde o computador está, antigamente era um corredor lateral, a casa era rodeada por corredores de chão verde, musgo e flores nos canteiros. E o um velotrol rosa que passeava com uma garotinha e sua boneca. Quem será?
Depois de quase meia hora refletindo na rangente cadeira, coloquei o copo sobre a mesa e levantei correndo para escrever. Não sei por que me deparo produzindo essas coisas, mas acontece.

terça-feira, fevereiro 10

Eis a questão

Por que acelera,
ao seu encontro,
e não diz o mesmo,
quando volto pra casa...

...quando volto pra casa,
me lembro vagamente,
do suplício que é questionar..
o que acontece realmente.

Quem diria

Em plena feira,
adjunto contínuo
as mãos inversas.
E diga de súbito
porque estais no chão?

tudo gira e contradiz,
eis a falta de léxico
eis a falta de tudo...


até de você mesmo.

segunda-feira, fevereiro 9

Poemas de madeira - II

Feito um broto inconsciente,
no remanescente coração surgira,
de toda gestação do pequeno ser,
de todo seu crescimento, ímpeto.
E surgira flor diminuta no solo confuso,
e finalmente lhe concebeu verdade.

Daí nascera Matilde.

Poemas de madeira - I

Era Matilde,
de certo que seria.
Mas Matilde,
de tantos braços,
de tantas eiras...

era única.

Falta

Minha falta é imensa,
como falto..
como sou ausente.

Deprimente,
tanta ausência..
tanta falta.

A Saudade

Palavra única.. talvez, em si mesma.

Saudade objeto,
saudade realeza..
saudade contida,
saudade rotineira,
saudade nem sentida,
saudade a vida inteira.

Qual o tempo certo,
de se sentir saudade...
Essa eterna vontade,
um lembrar ocioso,
mas há ócio na eternidade...
desse puro desejar?

Saudade palavra única,
que não dá pra explicar,
quando existe, está.
Pois só quando não há..
somente quando não há...
se entende.

Antes de dormir

Após o dia se esvair, o mundo se deitava,
e do sopro de um dos lados, calado, reprimido,
sofrível.. como acha. Recluso, introspectivo,
diminuto e reflexivo, ficou em seu tear.

Então soou o boa noite, do norte, leste e oeste...
e nada do sul se apresentou.

Coração

Um dia meu coração,
foi partido, ferido..
desigual.

Um dia meu coração,
fez questão de sofrer,
saudoso.

Um dia meu coração,
fugiu, baniu aquela canção,
calado.

Um dia meu coração,
se acostumou, arrumou..
pedacinho.

E juntando os cacos,
cada pedaço pelo chão,
cada minúcia de seu bater...

eu o refiz.

50 de cada um

Depois do desterro,
do diminutivo,
e da saudade...

Fiz de um tudo,
tudo que me era,
possível tudo.

E que prazer,
que prazer em sentir,
que é pra valer.
A pipa

Há tempo escrevi,
sobre minha imprecisão,
essa visão do mundo
sobre o voo da pipa.

Um fio agudo,
singelo flanador,
arranjo do liberto,
presídio do mesmo.
Amarela contundente,
de sorriso juvenil...
sobe simples,
sobe leve,
dança sobre o céu.

Que astuto,
mundo inteiro,
poderá responder..
a pipa voa liberta,
ou está presa?
Se o mesmo que lhe incita,
lhe conduz ao retorno,
dispõe o infinito,
e lhe toma, liberdade.

Sobe pipa, sobe linda.
Arranha em oito, contundente,
o céu azul de tempos vis,
de tanto mundo passado.
De tanto passado mundo,
o mudo perguntar.

Mas possa ser,
mera.. pura ilusão,
pois a pipa que voa no céu,
nem sequer saiu do chão...
Pois seu fio é parte de si,
lhe contém a ventania,
lhe concede dobradura,
pois no céu se desprende.

E de destreza,
mero vento contínuo,
de fio a fio, pipa amiga..

O que te desprende,
o que te liberta,
o que lhe toma,
te assegura,
e assim lhe traz segura,
de volta.

sexta-feira, fevereiro 6

Quando

Quando tudo era um tudo inválido, nada mais era importante. Quem vê só o que quer não enxerga nada, e quem não vê oque quer.. também não. Então incita na maturação dessa disciplina, qual a regra existente, qual o pulso certo, o mundo dissidente, a órbita requerida e quando, quando tudo isso vai girar em conjunção? Talvez nada se vê quando se possa abreviar, abreviamos os momentos como abreviamos nossos sentidos, comedidos, acomodados, esquecidos e resguardados.

Como

Assim subi as escadas da diferença, adentrei a porta do desconhecido e saboreei a estranheza. Era um gosto insípido e envernizado. Cheio de novidade breve, lotado de pulsação descontínua momento concluso em uma, uma palavra algoz; culpa. Uma culpa soberana, de ímpeto falante, pois não era nada daquilo... que faria satisfação.
Apesar do olhar extasiante, e de toda euforia desgarrada... Uma palavra havia reinado, e era eu quem a pronunciava.

Pessoas - I

Seu sorriso,

De matutino, nada tinha.
Mas a minha vida convidara.
Um sorrir enorme,
coberto de dentes enormes,
e cheio de segredos enormes.
Mas sei que minha disposição
de descobrir era escassa.
Mesmo assim, sorri de volta.
Passagem

Toda vez, estranha
como irei explicar?
Não sou quando estou,
e sou quando não resido.
Eu minto.

Há uma antiga canção
que canto incessante
e não se esvai.
Como posso contar?
É mais que um arranjo sutil.

Eu vejo e te vejo,
recuo desesperado
assunto comedido,
Como posso falar?
É tudo que posso,
mas não é tudo que tenho.

Sugiro que andemos,
assim não doerá,
e a passagem do tempo..
vai se mostrar.

terça-feira, fevereiro 3

Feliz Rotina

Há uma certa novidade,
em toda rotina que se desdobra,
e se posso ver como preciso
e até enxergar na mesmice...
qual tolice do repetir
não me seria tão feliz?