sexta-feira, fevereiro 29

Asas de papel.

Me leve nas suas asas, imensas asas de papel.. que vão com o vento a todo instante. Planam sobre meu olhar, de quem pisca os olhos com cuidado para não perder-te quando os fecho.
Me leve daqui com suas asas de papel, asas de um pássaro que vai para longe, se tão longe fosse assim, que me leves, pra bem longe de mim.
Lá eu encontrarei um rio, onde poderei sossegar meus pés. Onde a brisa me leve aonde jamais cheguei e os aromas me persigam sem ao menos percebe-los. Se o céu que me cobre a cabeça pudesse enfim refletir meus olhos, seria um céu azul de nuvens brancas, algodão sobre as mãos... tão precioso de se ver.
Então me leve em suas asas pra longe daqui, mal posso ver a hora de esquecer minha rotina, parar de temer meus temores, traçar longos planos pra felicidade e recobrar a minha sanidade. Já tão perdida... sanidade.

Descrevo

Anda afobada, metida
e calada, metida a besta..
tão besta quanto cega,
metida às avessas.
Todo um pensamento
na cabeça, a todo instante
sem que desapareça, aquele
olhar bondoso e os olhos curiosos.
Fica sozinha na mesa, come
calada e observa os afins
fala consigo mesma e responde
sem ter fim, é verdade, sozinha enfim.
Tudo que lhe disse era pura
esperança, do sossego que queria,
da vontade que sentia, da solidão,
e da saudade.. aquela saudade.

quinta-feira, fevereiro 28

-

Que merda...
Queria perder-me sobre as pedras ao chão
que o cascalho pudesse de leve me fazer tropeçar,
e ao sorrir por não ter caído, recordar-me dos
dias em que ao lado da minha bela Arles estive.
Daquele antigo café, que me fez sentar à beira da
rua e ver toda aquela gente bem vestida, toda
aquela gente que andava sem preocupação,
sobre as noites estelares, estreladas...
E ao rondar próximo dali, envolver as mãos e respirar
fundo, olhar o tapete de estrelas brilhantes, que me
trazem a mente flores de lótus brancas, minhas flores
estelares, de bulbos amarelos e pétalas brancas...
Que explodem de dentro para fora, como o cosmos
que envolve agora o meu olhar.

quarta-feira, fevereiro 27

Quantas vezes amor.

Quantas vezes amor, trai teu peito
com outro amor, outro amor que
me visita todas as vezes que por
essa porta tua sombra se vai.
Me vem ao peito e me toma o
coração à todas aquelas vezes que
me dizes adeus... e me deixa assim
tão fora de mim.. fora de ti.

Quantas vezes amor, pensei em
largar dessa outra que me consome,
tentei deixa-la imediatamente,mas,
não posso, se ela me tenta,me toma e
invade sem pedir...

Quantas vezes amor, ela cegou meu
coração com outras juras, juras de
palavras bonitas que me seduzem,
juras daquele amor que não se sabe
de onde, vem.

Quantas vezes amor, enrolei a
minha língua sobre o nome dela,
senti no peito a dor de te-la comigo,
e ao mesmo,de ti tão longe, dos
teus afagos.

Quantas vezes amor, sob minha
cama ela se fez, enrolou lençóis na
embriaguez e trouxe a doçura de
outra amora que me vem a boca,
amora descrita da mesma, mesma
que a tua boca me disse.

Quantas vezes amor, terei de trai-la
se por mim há a espera, espera
por ti voltar novamente e ter deixa-la..
meu outro amor que se vai quando
teus pés pisam meu azulejo, e te
digo com a boca amarga, daquele beijo,
beijo que a Saudade me dá, que vem
me toma e invade..
quando por essa porta tua sombra se vai.

Terreno inóspito

Quando daquela casa saiu a porta não bateu,
não houve grito de desespero e nem sequer
um adeus. Só lhe disse que não iria mais voltar,
e assim se fez.Choro, lágrimas e tristeza não
lhe visitaram por dias, nada de parar de comer
ou deixar de ir na academia às terças, só o vazio
das horas que o outro preenchia, foram-te
companheiras por vezes no pensamento, rude e
agora terreno inóspito, daquele amor que se fez
divino e em alguns segundos, caiu por terra.

Calar.

Falou por horas, discurso jogado ao vento como se fosse poeira. Nada demais ou tão desconcertante, apenas aquelas mesmas coisas que todos dizem por ai.
Nem ao menos pode ser o que realmente queria, ou quem sabe, deveria. Tentou por várias voltar ao centro de si, ao falhar por todas elas. Logo esqueceu tudo que era, deixou o si mesmo de lado, internalizou o que ouvia e acertou as mesmas palavras genuínas de todas aquelas pessoas tão iguais, das quais tanto fala bruscamente. E seguiu como quem condiz a todo resto, ouviu um pequeno açoite à suas palavras medíocres e foi, embora pra casa.
Quando que por muitas palavras pudesse dizer, só o silêncio diria o bastante.

Laura

Laura nada lhe diz nada lhe conta
tudo lhe esconde menina calada,
quase santa.
Santa Maria! disse a mãe ao saber
que Laura, Laura está grávida.
E Laura de tudo esconder, tudo
omitir, passou a dentro de ti,
esconder dos amigos um bebê.
Bebê que no primeiro mês não
existiu, no segundo e terceiro
parecia quase nada, no quarto
e quinto apenas uma leve barriga
e o sexo definido, era menino!
No sexto e sétimo não dava mais
pra esconder, barriga, gestação
Laura, você vai ter um bebê!

terça-feira, fevereiro 26

Àgua

Será tão fria quanto a desdenho?
tão cristalina quanto imagino,
quando sonho.. o quanto penso.
O quanto penso nela.

Penso à todo instante.
À fim das águas cálidas que
tanto sonho que me assegurem.
Ela, somente ela. Mas creio
que cálido é o meu coração,
apesar de toda essa clausura.

E ela, gelada o bastante para me
retorcer, me cortar, me congelar
o peito e apagar minha calidez.
Sempre temente, apesar de
toda esse descrença marítima.

Me coloco, disponho e suponho
que ela, se quer me vê, mas me
atraca os olhos e finge não ser
tal qual a defino, não cálida, não
fria e cortante, assim água minha,
ela, somente ela, um mistério pra mim.

Vento

Agora à proa me detenho,
nem popa, nem cabine se
assim pudessem, iriam me
seduzir, me abraçar.

Da proa vejo o mar, respiro
e a fumaça se vai, rápido.
A escota está atada, as velas
não se abrem contra o vento.

Agora recluso, sozinho e imóvel
persisto. Indolor aos pensamentos
infelizes de outrora. Só desejo uma
ida tranquila, quem sabe,
assim não dolorosa.

Sujeito infeliz que fui, de proa,
de popa de cabine, de barco que
me chamou para redigir, maldita
história de sete mares, que agora
enfim me deixam à mercê dos ventos,
do tempo..tempo que não passa pra mim.

Névoa

Por onde guiei meus passos
não havia trégua, não havia rastro.
Só a névoa que à cerca de mim me
engolia, me tomava tempo e espaço.

Nesse mar, onde finquei meus
dias passo horas a ver o infinito, o
inexistente que me acude em certos
momentos e me amedronta nos restantes.

Nada me é palpável, só a chuva que
me encontra às noites. O frio me
deixa triste e o vento as vezes tenta
me deter de viver, a soprar sem cessar.

Embalo meus dias a esse barco, à mercê
dessa reclusão que as vezes me enlouquece.
Só enxergo o nada, e nada disso sequer me
acontece. Penso estar morto e não saiba,
de tudo que a vida já me levou, só me resta
este barco, a névoa, o mar o vento..
e o pouco, pouco de mim que sobrou.

Curvatura infinita.

Assim como começam, os momentos da vida se vão. Por muitas vezes os ciclos terminam, mas isso não quer dizer que com eles as experiências, as lutas, as derrotas, as conquistas e as pessoas se foram. Apenas, mais uma circunferência cheia de mistérios se findou, tomou finalmente sua forma. E nela, todas as experiências se dispõe, para toda vez que precisar recordar ou até mesmo "tentar" esquecer, lá vão estar, todos aqueles pedacinhos de momentos que da memória não se sai.
Tudo tem seu começo, seu intermédio e seu final... Mas o que se importa, realmente, segue entre esse intermédio, que é o lugarzinho onde sonhamos,procuramos, estudamos para quem sabe assim realizar aquele desejo tão secreto, fazer aquela viagem que tanto se esperou ou finalmente resolver encarar a vida com outros olhos. Se os ciclos se fecharam, deixe-os ir.
Pegue o seu compasso e trace novamente uma curva... de início.

Laço azul.

Sobre o cabelo agora grande segue
um laço azul cintilante. Gosta de
fazer tranças e coloca-lo na ponta
ou pentear o cabelo pela metade e
prende-lo sobe o topo da cabeça,
como se fosse uma menininha
de cinco anos.
Segue romântico, o laço cintilante
agora disposto num cabelo tão
àvido, tão secretamente disposto,
pois antes, só lhe cabiam cortes a
altura dos ombros.
O mesmo laço, romântico e às noites
discreto, calado que por ti fala muito,
por ti fala do seu doce véu de carinho
seu acalentar dos dedos ao rosto e dos
suspiros antes de dormir.
Por ti fala, num rosto que por vezes
nada diz, numa boca que por muitas
tenta falar e por várias se cala e condiz,
com o que o resto das bocas lhe diz.
Apesar de laço, um nó lhe trava por
não abraçar teu corpo, envolver tua
alma e exaltar tua espécie, rara.

Instinto

Bem como nasceu, quando os olhos abriu, quando mamou sem ao menos saber o que estava fazendo e mesmo assim, precisando descobrir. Quando aprendeu a andar, grunir, latir, lamber, morder os dedos, os sapatos, as cortinas, os edredons, as sandálias, e tudo que no chão se possa manter, por segundos. Até ela poder descobrir.
Mesmo quando não sabia, o que eram aqueles dois potinhos coloridos com bolinhas verdes e vermelhas, bolinhas misturadas em um pote e no outro algo que lhe recordava o leite que tanto puxou da mamãe Mel. Mesmo que não soubesse, curiosa lá estava a fazer um barulhinho esquisito e engraçado quando come, meio parecido quando comemos amendoim japonês.
Quando não sabia subir na cama, no sofá e na cadeira. Aí sim, aprendeu a moeda de troca do mundo dos filhotes ou até mesmo das crianças, que compartilham dessa maravilhosa ferramenta para conseguir um colo, um biscoito a mais ou que, simplesmente, ponhamos ela na cama. Chorava para subir à cama, chorava para dormir, chorava para comer, chorava quando estava sozinha, chorava acompanhada, chorava pra tomar banho, pra pentear o pelo,chorava se tomássemos a sandália de seus dentinhos afiados, chorava se não a dávamos atenção, chorava se deixássemos ela no colo por muito tempo.. enfim, era um chorar esperto, cheio de aspirações futuras e um certo querer grandioso e astuto.
Agora me deparo com seu latido, aprendeu a latir aos poucos. Mas quando aprendeu, uniu o chororo ao latido de "Ei! Presta atenção.. eu to falando porra!". Aprendeu também que quando pegamos a bolsa, vamos sair, quando mexemos na chave, vamos sair e quando usamos perfume, definitivamente, vamos sair.
Dorme encostada na barriga de qualquer um, as vezes recosta a cabeça sobre travesseiros e braços, sente uma saudade imensa de qualquer um que deixe a casa e é simplesmente amável com todos os bípedes que a ela digam o quanto é fofinha. Não sei como, de que maneira astuta.. aprendeu que tem de perseguir pássaros, comer formigas e seguir lagartixas. Os pássaros por vezes, curtem com a cara dela, chegam ao quintal nas manhãs ou nos finais de tarde - sempre em duplas ou trios - e se aposentam por segundos ao esperar ela os perceber, parece que conversam algo do tipo "Ei, cadê aquela quadrúpede que sempre nos persegue? Hoje vou voar de uma forma diferente.. só pra deixar ela com raiva". Cansei de ve-la persegui-los, certa vez ao ler um jornal no chão, percebi que ela levemente saia do meu lado, abaixava-se um pouco e seus passinhos
eram regrados, calmos e articulados. Observa-os por alguns segundos e finalmente corre ao encontro deles, sem nenhum sucesso é claro.
Houve épocas, em que cavava buracos enormes no jardim do quintal. Foi uma época de muita sujeira, objetos que desapareceram e foram descobertos quando houve chuva e quem sabe futuramente, descobrirei outros artefatos maravilhosos. E no mesmo quintal por quantas vezes, trouxe as pedras-sabão do quintal, colocou sobre a cama, a cozinha, a sala, a mesa, o tapete, a escada e em qualquer lugar... Depois que a febre - bendita bolinha rosa, ou maldita ? quem sabe - chegou, ela esqueceu um pouco das pedras, mas, como tudo que é novo perde um dia o seu glamour, ela também, das pedrinhas não esqueceu.
Toma sol todas as manhãs e ao meio dia, as vezes vai as tardes para sentir o vento ou a brisa que a toma na varanda, ao vigiar o portão. Dele ela é amicíssima de uma gretinha que se forma entre o portão e o muro, na qual vê as pessoas que passam na rua.
Fica nervosa, eufórica e louca quando mexemos rapidamente as mãos, corremos ou puxamos o seu rabinho minúsculo. Quando quer algo de nós, além do choro, do latido, agora aprendeu uma nova técnica de persuasão e retórica, raspar nossas pernas com suas garras de leoa(Yorkshire, heheh).
Apesar de toda a forma que aprendeu as coisas, sempre foi de algo que de dentro lhe palpitava, seja lá os seus pequenos genes com informações sobre chorar, grunir, raspar, cavar.. Seja lá de que forma aprendeu nesses quase dois anos de idade, de um jeito tão auto-didático a explicar seu único e gradual amigo, o instinto.

segunda-feira, fevereiro 25

Good times, bad times.

Há de se encontrar na vida
aos demais passos na areia,
fundos e emparedados que
nos afundam quando passamos,
nos faz perder tempo e nos
força a dar um pouco mais de si.
Há de se encontrar na mesma
areia, da mesma praia.. passos
leves que à água leva e nem ao
menos nos faz perder tempo
ao caminhar.

Pés que afundam e águas que
levam o demarcar dos passos.
Apenas continue andando, tentando
e tomando consciência dos passos
futuros, e só quem pisa fundo e
raso, sabe como é andar na praia.

Desconfiometro

- Oi sumido!!!!!!!!!! ;)
- Oi, tudo bom?
- Tudo, como você está meu bem?
- To bem! E você como está?
- Eu estou ótima.... ;D~
- Que bom!
- E ai, novidades?
- Não, tudo na mesma de sempre...
- É? Comigo também...
- Poisé...
- Você tem visto Fulaninha?
- Não, nem tenho visto ela... tempão que não vejo a galera do Pub.
- Po.. saudade daqueles dias ;)
- Sim eram muito legais!
- Quem sabe a gente não pode recordar? Eu ainda moro no mesmo lugar...
- Po, não vai dar... eu to namorando.
- Sério? Com quem!??
- Com a Sicraninha...
- Logo ela?
- Sim, porque não?
- Ah, que que tem você me ver? Eu to com saudade... e sei que você também está..
- Não dá mesmo, espero que entenda :P
- Então vamos sair pra conversar... estou tão triste...
- O que houve?
- Acabei de levar um fora do cara que eu amo...
- Putz.. quem é esse babaca?
- Ah.. um zé ninguém ai...
- Mas me diz, vamo sair ou não? Preciso conversar...
- Não, eu to meio ocupado tentando dar um pé na bunda de uma mina que sabe que tenho namorada e fica enchendo meu saco.
- Quem é essa? =////
- Uma maria ninguém ai... :)

Chegue assim.

Amor, quando você chegar a mim, por favor não me diga piadas infames. E se disser, que por favor me faça um sorriso amarelo de quem não gostou da piada, mas adorou por contar-lhe algo tão inesperadamente besta. Gosto de piadas, adoro quando bem contadas são, mas o que mais gosto é de sorrir. Indiscutivelmete, sorrir.
Amor, quando você me ver, por favor não me olhe com a mesma cara de todos, não me esconda quem tu realmente és, não seja rude, não grite, não me espante. Não tire vantagem, não fale mal dos outros, só fale de si, de mim e de nós. Seja altivo, cativante ou até mesmo tímido. Tímido daqueles, de canto da sala, de olhos curiosos e andar despreocupado, analítico. E quando me ver, assim descabelada, com raiva e atrapalhada, não me julgue por ser assim. Só compreenda a moça legal que há em mim. Seja sorridente, gesticulado e quando necessário até mesmo calado. Me diga com os olhos, através dos beijos e dos abraços, mesmo que não existam palavras, eu irei entender.
Amor, quando você me reconhecer. Não me venha com tudo armado. Chegue quando menos esperar, quando distraída estiver a cantar por ai a sua chegada. Se esbarre comigo e derrube meus livros, me olhe nos olhos e me fite o coração. De começo serei indiferente, depois curiosa,mas não deixe de me perceber. Pois a ti todo instante estarei no pensamento.
Amor, até mesmo quando sem querer eu duvidar. Me tenha um sopro de esperança, me jogue num mar de dúvidas e me persiga até não aguentar mais. Entre nos meus sonhos, assole meus dias e atormente minhas noites. Serei eternamente grata.
Chegue como quem não quer nada, e quer de tudo de mim ao mesmo tempo. Me tome nos braços e diga que me ama, me suje de sorvete e me beije a testa. Há um certo e grandioso carinho nesse gesto, sincero.
E sabe Amor, chegue assim.. quando bem quiser. Chegue de mansinho, chegue rápido, chegue carinhoso, chegue descabelado, chegue na rua, no ponto de ônibus ou num restaurante, chegue num sinal fechado no elevador apertado ou na fila do banco. Chegue quando meu coração estiver fraco, desiludido e mau amado... Chegue de formas que eu nem possa perceber, mas Amor, só não fique assim.. desse jeito, tão calado.

domingo, fevereiro 24

Óculos escuros

Toda vez, que a ti ponho sobre
o nariz, sobre a boca ou sobre a
cabeça, tenho em mim, uma fuga,
sem sequerao menos que me esqueça, que fuja.
Toda vez, que venho a ti ou o vejo
de longe, tento não me conter a toda
vez abstrair pensamentos longos de
estilos que não para mim se fazem fonte.
Toda vez, que vejo o escuro, não tão
claro, nem tão óbvio, detenho-me de
ver o que todos vêem, para singular
ser o meu olhar.
Toda, mas toda vez. Que por ti enxergo,
me enxergo também, nesse ver dos outros
que nunca cessa. E a cada olhar, cada
ponto de relevância, se descobre cada
vez mais no outro, um pouco se si.

Corpo

Febre, moleza e inquietude.
Dores, males e respiração tardia.
Estômago que corta de um lado a
outro, ácido, foice e brasa.
Arde, queima e dilacera, corpo que
se retorce. Mãos sobre a barriga,
dedos que se encolhem, atrofiam ao ve-los.
Olhos que se fecham,apertados e quase
doloridos. Definem as retorções.
Moleza, febre e inquietude.
Corpo, sem mais, sem menos..
apenas ácido, foice e brasa por dentro.

sábado, fevereiro 23

Ahhh Lua.

Lua, que que é isso,
Porque faz isso comigo?
Me deixa assim, a recordar.
Teu brilho me traz saudade,
as que ao seu lado estão, só
me trazem saudade...


Lua! me diga..
Porque posso ve-la, outro
pode ver-te também,
e se por a vermos, não nos
vemos, que infeliz...


Lua, me conte.
O que há de errado comigo?
Toda vez que tento dizer,
engulo à seco e sorrio forçado.
Triste, cabisbaixo...


Lua, te confesso..
Toda vez eu falo aqui, aqui
dentro! Mas as palavras que
aqui, aqui mesmo... gritam,
lá fora não saem, não saem mais..


Lua, é difícil sabe?
Olhar você assim, quando
olhava você não tão assim,
não tão só. Só apesar de companhia.


Lua, já sei.
Conta meu segredo?
Assim não preciso mais
gritar, gritar aqui dentro.
Pra ninguém ouvir, ouvir lá fora.

Mudei.

Não me olhe assim,
como se eu fosse aquela
de antes, fosse a sua
antiga, antiga amiga.
Não me diga que sabe,
pois não sou mais a mesma
não mesmo. Não sou.
Sou outra, meu bem.
Então não me olhe assim,
como se houvesse esperança
e a sua amada ainda por
ti chora, pois não sou mais
assim, eu mudei.

11%, 12% e o terceiro? Não importa mais.

Mãos sobre o vento, ela sabe realmente o que faz. Desconversa sobre o plano alheio e sai de fininho,à francesa, como sempre faz.
Com a cara cheia de muita coisa, mas de coisa alguma ao mesmo tempo. Incrível? Pois bem, ela é astuta o bastante. Antes de sair de fininho, olhou as estrelas lindas naquela noite, e a lua? Meu Deus a lua!! Achava um absurdo, sobre sua cabeça ela, ela que por meses lhe fez respirar mais fundo, - putz..- e quão fundo precisava-se respirar..
Enfim, voltando a sua retirada de fininho. Mãos sobre o vento, sobre o nada que realmente era o que lhe cercava, além dos risos e da conversa em demasia. Braços abertos o bastante, receptivos, amigos. Subiu por tropeços, o corrimão lhe fazia juz ao nome, por onde suas mãos brincavam de se soltar, por segundos. Por pouco não caiu, os degraus pareciam infinitos.
Lá em cima finalmente, esquece por segundos onde é o banheiro mas, logo acerta. Adentra o amigo, diz "Olá" para os shampoos, sabonetes e o seu amado e furtivo amigo, o chuveiro. Fecha a porta rindo, risadinha descarada de quem não quer ser descoberto e de fininho ri, sorri e fecha a tranca, maldita tranca que balança.
Pequeno amigo, um box a frente tudo disposto como qualquer outro. Mas ele é diferente! Gira como o mundo faz, gira em torno de si, que maravilha! Pensa. Depois de descobrir a maravilha moderna dos banheiros que giram, enxerga shampoos que requebram, isso é loucura.. Maravilha! tenho um mundo só meu, aqui, bem aqui... loucura.. isso.. é loucura!!
Depois de se enturmar, se olha no espelho. Vira o rosto como cachorro que não entende o que você fala e solta um beijo malicioso. É descoberta sua paixão, enfim.
Senta sobre o assento, da privada óbvio. Coloca os cotovelos nas pernas e as mãos no queixo, as pernas se esticam e os dedinhos dos pés só tocam a pontinha, para que alcance o rosto assim.
A porta não se move, ela não gosta de conversa, é reservada. Assim pensou.
Depois que o sono lhe tomou,esse sim o vilão da história. Nem onze,doze, ou sei lá quanto mais nessa porcentagem poderia assim, lhe consumir por completo.
Decide sair do seu trono, o chão lhe pareceu uma cama, subitamente. Nele se deita, como quando veio ao mundo, nua não, simplesmente em posição fetal. Seu cabelo se espalha pelo azulejo, as costas tocam a parede de florzinhas e os olhos decaídos vêem o movimento do seu mundinho circular. Pensa em dormir, mas é pura loucura. Disse que ia tomar um banho e voltava já, esse já se torna amanhã, será? Quando vê já adormeceu.
Mas alguém bateu à porta, era ela, ela! Não, não a Lua.. mas aquela que quase lua é! Lhe pergunta se está tudo bem, e sim está, responde. Ela sai rápido, desce as escadas e volta para os risos. E daqui, a outra ela,devolta ao chão, que agora não no seu nível está, enfim resolve tomar banho. Rápido, como se sua vida estivesse acabando e o banho fosse uma necessidade não aliada ao seu tempo. Logo se enxuga, coloca a toalha no lugar correto pega sua mochila roxa e desce.
Desce?! Desce... trepidando como uma britadeira, porém desce.
Lá, já não sente mais vontade de rir, só apenas, dormir. Vê um sofá e se enturma com ele, conversa em sua mente e cochila logo em seguida. Pensa naqueles que a esperavam, mas pensa em si, em primeiro lugar. Agora em outro mundinho, onde com a lua sonha, ahhh lua.. que saudade da lua, que saudade.. saudade grande..

quinta-feira, fevereiro 21

Isla Negra

Nem ao menos enxergar o mar sobre tantos mares, aos olhos daquele que sempre viu selvas e relvas de pedra, concreto. Agora vejo aos meus passos a terra,barro e o frescor.
Venho à mim como a Isla Negra, que me penetra os ares a cada segundo, invade plantações de aromas jamais sentidos e flores selvagens de cores, nunca antes, em toda minha vida, vistas.
Deixo para trás os males dos velhos poemas, das velhas dores, agora cicatrizes de uma ferida que não mais se sente. Hora de seguir passos aos meus novos amores, que por dias passo a pensar incessantemente; as palavras descritivas, os poemas e as posias.
Venho à Isla Negra como à uma paixão, passo dias a inebriar-me em suas belas curvas de depressões e montanhas. Passo horas há deliciar-me com a vista das novas folhas que se desenrolam, debruçadaas à suas irmãs. As mais incríveis espécies que pude com os olhos enfim tocar, pois de mãos sou apenas livros. As àguas turbulentas que se chocam contra a parede rochosa, tão dura como minha antiga poesia. Linda Isla Negra, onde me delicio, entorpeço em me embrigado. Me apaixono a cada instante, apesar de recluso ser este sentimento, que terá de se abster de eclodir, pois como toda paixão um dia se vai, eu da minha bela e querida Isla Negra, um dia enfim terei de partir.

Taciturno

Seguiu o temete homem de várias faces, muitos pensamentos e poucos amores. Sempre que o sol começava a se deitar, ele recostava sua pequena cadeira dobrável ao passeio de seixos, mal colocados.
Nem o tempo lhe tomou vida e nem sua ingenuidade era bastante apalpável, não há vestígios de quantas primaveas lhe tem. O rosto é o mesmo de sempre, mas a peculiar forma de andar, os gestos sempre saudosos e a calma em passar as folhas dos livros de uma forma para mim, nunca antes vista, me deixam à cerca de um homem que nada fala, nada diz, nada me diz.
Jamais ouvi sequer balbuciar poesias pelas ruas, discutir a odisséia de um homem qualquer ou dedilhar ao vento a curiosidade de um novo suspense. Não há quem diga se tua veste é aclamavel, pois, sempre da mesma forma permanece. Sempre com seu chapeu preto, calça cinza e sua camisa branca de algodão, que quando contraposta ao vento remete as ondas que se formam à costa da cidade.
Já falei da cidade? Nela esse amigo taciturno vive desde sempre. Quando aqui finquei meus dias, descobri aos poucos seus costumes e impreterivelmente, seus horários tão acertados. Curiosos aos meus olhos e tementes aos demais, que o observam tanto quanto eu.
Poderia quem sabe lhe trocar algumas palavras, algumas gentilezas, mas se o fizesse não seria mais meu bom amigo, de uma maravilhosa forma, tão calado amigo. Não seria mais aquele pelo qual imaginaria uma vida, recortaria uma personalidade e apontaria um futuro, até mesmo quem sabe, seu misterioso passado. Não lhe faria juz aos olhares sinceros à costa, sorrisos não tão sorridentes aos crepusculos, onde sempre está, naquela mesma cadeira dobrável no passeio feito de seixos, mal colocados...

quarta-feira, fevereiro 20

Rumores

Há rumores por aí,
de um que chegou
à cidade, acompanhado
de flores, bombons e
trajando belas roupas.

Há rumores por ai,
que ele entra nas casas
sem ser convidado
Almoça ao teu lado
sem ao menos ser
apresentado e dorme
na tua cama sem ao
menos estar instalado.

Há rumores por ai,
que poucos lhe conhecem,
mas o que pelo nome o
chamam, sempre dizem
que é bom de papo, lhe
ganha em segundos e quando
se vê, já está apaixonado.

Há rumores por ai, que ele
invadiu à casa de todos,
bateu na porta de alguns,
e foi mal recebido. Bateu
na porta dos demais, um
pouco melhor foi acolhido.
Mas há casas que ele nunca
sequer, passa despercebido.

Há rumores por ai,
que tem de se fechar os
olhos e os ouvidos, pois ele
não perdoa nenhum que lhe
passa na frente, não faz destinção
de credo nessa gente.
Só espalha aquilo que pelo nome
o chamam e muitos, muitos
dos quais conheceu quase o aclamam.

Há quem diga que para essa terra
tão fria ele trouxe calor.
Nessa terra veio chegar aquele
que as portas bateu com muito ardor,
e com seu jeito cativante e todo esse, agora calor..
disse, muito.. muito prazer, meu nome é Amor.

Quando a saudade diz.

Ah, tudo me dói.
Infeliz, sua falta é assim
dor do que me dói mais.
Nem a luz, que me faz brilhar
me reluz mais.
Só há vazio e a pena de ti longe
assim, tão tardio encontro nosso.
Agora só te digo uma, ou quem sabe
duas palavrinhas... que me doem.
Como doem! malditas palavras..
que por vezes nem saem.
Ficam escondidas, restritas
e medrosas no meu pensar.
É difícil aguentar.
Mas falo assim, não vá se esconder
fique aqui bem aqui onde comigo
pode sofrer...
Mas sofrer de dor que tanto dói,
da falta que faz, do ombro que não
existe... que se foi com os demais.

Quando o corpo diz.

Que vontade, vontade
daquilo, vontade disso
e de mais.
Saudade da vontade,
vontade de saudade
disso e de muito mais.
Não espere amigo meu,
não espere mais...
Vá em frente, pegue
o táxi e o resto é resto
ficou pra trás.
Esqueça o passado, esqueça
o futuro. Pense no agora
pense em você e no que te
atrai mais, aquele sussurro
no ouvido ou até um pouco mais.
Quem diz é você, e pra mim? Tanto faz...
Injuria é não ter, não ter o que me
é de vontade e quem sabe, um pouco mais.

Quando o coração diz.

Bem, vamo denovo tá?
Não fica com essa cara,
se tudo já se foi...
Não era pra ser, esquece
deixa tudo pra lá.
Não deixa isso te abalar,
por mais que faça falta
aqui onde bate teu amigo, irmão.
Pensa num novo amor,
num novo calor, daquele
que me acelera, me bate e
me deixa louco.
Pensa em quem te ama,
em como é bom flutuar, viajar
pensar e planejar.
Ahhh, vamos lá.
Não há o que se temer,
não se perder é que é falhar.
Então não esquece de me ouvir,
me sentir pra depois falar.
Quem sabe um novo amor,
um novo sabor, enfim provar?

Quando a razão diz

Olha, olha direito.
Você não tá enxergando.
Sou eu aqui, te falando.
Ouve maldito, para e
presta atenção.
Eu falo falo e é sempre
esse discuros em vão.
Uma hora eu canso,
te largo de mão.
E nem me venha falar,
muito menos pedir perdão.
Eu to sempre aqui, mas
quando me for vai ser
adeus pra sempre.
E não há raio que me faça
voltar a ti, ficar frente à frente.
Tento sempre lhe dizer,
com palavras simples.
Não vai, não faz, não diz...
E tu com essa cara de pateta,
sempre pensa que o que falo
não te condiz.
Então vai, vai lá infeliz...

Coração que ouve, que vê.

Será que é pra mim?
Tudo aquilo que sonhou,
tudo aqui que pensou
se era por amor, por alguém
alguém que não se sabe
quem. Alguém que não tem
nome, idade ou sexo, não tem
eira nem beira. Não existe.
Quem sabe me chamaria ninguém?

Será que é por mim?
Que guarda a paixão, que nada
fala pra mim, mas que diz assim
sempre tolo, alegre e entusiasmado,
deveras o que tanto fala, não com
a boca ou cordas vocais, mas com
o instrumento e progenitor do
sentimento,deveras chamado coração.
Espero que sim, embora esteja calado.

Será que é por nós?
Que sonhas à noite, que espera
aos dias e que suspira as tardes.
Nem sempre alegre, por vezes,
até chateado, sabe-se lá por onde
ou por qual razão, motivo do zangado.
Será por mim que dizes tudo aquilo
antes de dormir?
Não sei, se a prece é atendida.. mas
que seja pra mim, só pra mim.

Será que é certo?
Pensar que é simplesmente sim,
e achar tudo que lhe diz sempre
que não. Vestígios do sim e do não,
valor, curiosidade e sermão.
Sermão do cérebro ao imprudente coração.
Coração cala-te! Não é pra você não.

segunda-feira, fevereiro 18

E o que resta, enfim?

O pouco que me tem nada me é válido.
Se de outrora tua imagem em meus
olhos, tua pele no meu tocar e teu
cabelo sob meus dedos a bagunçar.
O pouco que me resta é mínimo.
Se de outrora eras tu a me acordar,
tu a me fazer dormir, ninar.
Se teus arroubos não me vêem mais,
teu sorriso não mais no meu sorri e
nem tua música faz ecoar saudade
de outro dia, que era ontem.
O pouco que de ti tenho é só sussurro.
Se agora há algo que não se ouve direito,
mas que dá pra se sentir, coração acelerado.
Sussurro do vento que se calou, enfim.
O pouco que de ti resta é só saudade.
Se agora só vale o não mais tardio amigo,
sincero e devotado, a visitar-me às manhãs.
Manhãs de olhos brilhantes, outrora...

Mentiras

Não o cabe, saber a verdade
saber da bondade que no outro
não existe. Não acredite.

Não lhe amena, amiga fiel
ou inimiga cruel, sabe-se
lá quem diz na tua cara,
verdade dos planos ou
maldita comparça, tramóias.

Não produz, os mesmos
planos, apronta armadilhas
e açoita o bondoso,indeciso
e enganado coração.

Não te diz, com a mesma
boca que em ti toca, boca que
pra ti fala aos dias, te fala as
horas a verdade dos teus
doces lábios, mentiras.

Não o quer, com a verdade
suposta, a palavra bondosa,
daqueles que antes lhe cercavam.

Sabe-se lá, verdade de um mentira
de outro, à cerca de ti. De ti que no
meio está, envolvido e que envolverá
mentiras mentiras e mais mentiras,
que elas contam pra te enganar.

Varanda - Noite e dia

O branco é maciço, jamais lhe diz
como se sente, jamais lhe fala com
palavras, do tempo em que esteve
por lá. Em seu ver-te, ferrugem aos
mínimos e palidez em seus demais.
Contraposto a outros três que lhe
acompanham, fiéis.

O laranja, é novo. Reluz aos dias,
traz nostalgia as noites. Esbanja
fineza, recorda o pôr do sol, rajando
um laranja úmido, fresco como
a própria fruta.

O verde, é vida. Vida disposta
à sua frente, é cheiro, tato ,visão
e esplendor, ao mesmo tempo.
É natureza, misturada, vinculada
que as noites se perde dentre às
sombras, se mistura com seus
parecidos verdes, musgo, piscina..
Verde que engole as flores, tímidas.
De tanto verde que produz.

Na noite e dia, varanda minha,
que sempre me conduz.

domingo, fevereiro 17

Atraso de vida.

Mais uma vez, acordou tarde. Pulou da cama rápido e foi tomar um banho, daqueles rapidinhos que só se esfrega um pé no outro, só pra não dizer que não os lavou.
Comeu duas bolachas e tomou um copo de suco, vestiu a calça batida e uma blusa qualquer, afinal, atrasada estava.
Pegou a bolsa e a chave o mais rápido que pôde ao passo que calçava o tênis branco. Sai descabelada pela rua, louca, daquelas que não lembram nem de lavar o rosto pela manhã.
Sua olheira deixa claro a noite mal dormida, - vaiii garota.. sai num domingo a noite! - pensa.
Chegando na faculdade, o cartão ela esquece. Só não chinga a mãe do vizinho porque ela te dá açucar quando esquece de comprar. Respira fundo, conta até três e pede humildemente a um "coleguinha" para passar na catraca junto com ele.
Sobe para a sala, senta em uma cadeira logo na frente. A professora já fez a chamada? Pensa inutilmente, já sabendo a benevolente resposta. Ouve o restinho da aula, entediada e sonolenta e vai correndo tomar um café, bem forte.
Encontra as amigas, conversam um pouco sobre o domingo e a festinha na casa do Marcelo, - Ô festa bacana- , exclama uma delas. Após o café e a fofoca, sobe novamente para assistir a terceira aula. Novamente as garotas tocam no assunto da festinha, afinal, foi o evento badalado do final de semana e elas felizmente ou infelizmente não poderiam deixar de falar sobre isso. Um ti-ti-ti tão alto que o professor as interrompe perguntando se está atrapalhando, logo se calam.
Pensa na bagunça que está a casa, o ninho de rato que o guarda-roupas se encontra e a pocilga que provavelmente, a cozinha está. Respira fundo, conta até dez, para de pensar na bagunça e assiste o resto das aulas.
Quando enfim elas terminam, sai correndo para casa pois há muito o que se fazer. Por onde começar? Ah! seja lá como for, que comece. A cozinha foi a escolhida, logo depois o quarto e o resto ficou pra outro dia.
Depois da arrumação e limpeza da casa, senta por alguns instantes na varanda. Prometeu não mais fumar, mas não consegue. Sente saudade da mãe, pensa em ligar pra ela mas logo lembra do tamanho da conta telefônica e deixa pra lá. Ela liga, pensa.
Ali sentada no chão promete a sí mesma, parar de fumar, de sair no domingo e de chegar atrasada na aula. Diz bem alto, três vezes a mesma frase -Não vou, Não vou, Não vou!- .
A noite se aproxima e o telefone toca, são as meninas e as tentações das boates badaladas da grande cidade que nunca dorme. Tenta se esquivar por segundos, mas logo aceita.
Luiza não tem jeito, jamais cumpre o que promete para sí. E lá vai ela pra baladinha...
E mais uma vez, acordou tarde, tomou um banho rápido e foi... foi pra faculdade.

Lamento Cubano - Parte II

Oh! pátria minha,
de céus tão azuis.. agora
se despede de mim com
seu tapete cinzento.

Formosa Cuba, que por vezes
minha música ouviu, minha
melancolia dedilhada nos
destroços da alma.

Oh! contemplava a ti,
Cuba linda, de campos
radiantes, mulheres ardentes
e música deprimida, minha
música que se foi... me deixou.

Quem diria que tu, céu azul
agora esse tapete imenso
e cinza, fosse por assim fincar
meus dias à eternidade.

Oh! pequena minha, imensa pátria
amada, não mais posso admirar-te
nem ouvir belas canções, as felizes
que me tanto tentavam seduzir.

E eu firme, a dedilhar tormentos
de amores que se foram, mulheres
que me deixaram, assim como
minha triste música.

Oh! Cuba formosa, me deixe
aqui, pois agora tenho meu copo
e nele vou chorar enfim o meu
lamento cubano, de um velho
músico que se foi, de um novo
homem amate que não mais
existe e de mulheres que me
deixaram como tu, minha música...

Motivação

Motivar-se é necessário,
diz respeito a força pela qual
lhe da impulso a ir em frente.

Motivar-se é contundente,
com tudo que diz respeito
a sonhos realizados, felizes.

Motivar-se é crescer,
reger a vida de forma mais
leve e sorrir mais vezes.

Motiva-se é assumir,
assumir que nem tudo está
como deveria ser, mas nem
por isso deves desistir.

Motivar-se é ir em frente,
não ter dúvidas na tua mente
mas a certeza do teu coração.

Motivar-se é engrandecer,
aquele garoto que mora dentro
de ti e pede para sair a anos.

Motivar-se é enfrentar,
seus mais memoráveis medos
dos quais há motivo para o embate.

Motivar-se é aceitar,
aceitar as circunstâncias mais
diversas e receitar um único
remédio a sua mente; altruísmo.

Motivar-se é digerir,
engolir sapos, fazer escolhas
e aceitar renuncias.

Motivar-se é exaltar,
a vontade que a dentro de ti
que não precisa falhar.

Motivar-se é dos tantos outros
é's possíveis, a força que lhe toma
e recorda que existe um pedaço
de ti esperançoso, temente ao seu
sucesso e enfim, sua glória.

sexta-feira, fevereiro 15

Nós.

Nós, que somos tão diferentes
e por assim, diferença, tão iguais.
Ambíguo, sermos tão antônimos de
nós mesmos e sinônimos do nosso
mais puro recordar, de nós.
Não tão diferentes, quanto iguais.
Iguais no sorriso, igual na palavra
e simplesmente iguais, no coração.

Lembrete II

Não ostente coração
no corpo que só é mente.
Não interponha dúvidas,
nas tuas respostas mais corretas.
Nem comente sobre o tempo,
a lua ou a rua, se agora distante
de tudo estás, sozinho enfim.

Eu

Eu, que sempre estive
à margem do teu querer.
Sempre estive junto à ti
sem ao menos perceber.
Eu fui aquela que te rogou,
aquela que por ti rezou,
te amou e se calou. Eu, sou
aquela que não mais te quer
por perto,pois querer-te é
distanciar-se de mim.
E se de mim estou longe,
não posso amar-te por inteiro,
pois não serei eu, mas só pedaço
do que fui, não de corpo inteiro.

Você.

Você, que sempre foi
só um nome na minha vida.
Que aos poucos se tornou um
nome dito junto ao meu.
Que sempre foi dos meus
dias solitários, um consolo.
Que sempre foi das minhas
loucuras, amante.
Dos meus telefonemas pela
madrugada, ouvinte.
Que foi aos poucos sendo
um pouco de mim e eu
um pouco de ti.
Que fui, por muitas vezes
só por você, só pra você
só em você, amor.
Eu, que em mim fiz um pouco
de ti, que um pouco de ti
guardo em mim, segredo.
Você, que foi e sempre será você, para mim.

Vira-lata

Hoje andei, andei demais por uma grande avenida. Andei tanto que me dói até agora as patas. Andei, por aquela mesma avenida, cruzei ruas e fitei pessoas, apesar de jamais me olharem nos olhos, me percebiam.
Algumas vezes, achei comida, fiquei feliz e de barriga cheia. Muitos me apontam, falam mal, olham feio e até me chutam, por ser um andarilho dos bairros, das casas.. do tempo.
Se eu fosse um pouco mais bem tratado, mais bonito e não tão vadio, já teria um lar.
Penso no dia que não terei de fugir à todo o tempo, não rosnar à alguns que as vezes se aproximam ou dormir em um lugar meu, só meu.
Se sou tão cachorro vadio, vadio é meu destino incerto. Me joga nas ruas, como fizeram aqueles que tanto diziam que me amavam, quando filhote. Vida de filhote é uma maravilha, quisera eu poder morder as coisas o dia todo, tomar leite na hora que quisesse e estar no colo de um e de outro, só carinho à todo instante.
Quisera eu, não mais tão vadio ser. Não andar por ruas frias, comer de tudo que achasse e correr contra o tempo, os homens , as ruas que tentam me levar a todo instante e a angustia de ser abandonado.

Antes, durante e depois.

Começa com um olhar, um "Olá" que depois se torna "Alô". Tudo é novo, diferente e entusiasmante, de forma que, se entrelacem dúvidas e a sua exaustiva tentativa de acabar com ela.
Depois de apresentados, requisitados, saem juntos para algum lugar comum, cinema,shopping ou barzinho. Falam de seus gostos, seus hobbies dos amigos em comum e da baladinha do final de semana. Há sempre um que se empolga mais com a presença do outro, apesar de afoito serem os dois, constantemente. Dias se vão, semanas e agora enfim, meses! Nossa, como rápido é esse tempo.
Cada um com seu joguinho, mas o que todos nós sabemos, - finja que não gosta que o outro se apaixona - sempre. O clichê mais certo que existe na contemporaneidade.
Depois de se conhecerem ( um pouco), dão vasão ao gostar que tanto dizem, gostam, mas gostam tanto que não aguentam não gostar do outro, é insuportável não te-lo. Agora sim, namoram.
Durante é simples ou não tão simples?. Conhecer a família, sair nos finais de semana, comer comer e comer enfim. Casais que saem juntos, amigos que enchem o saco e a mente de um ou do outro de abobrinhas, os olhares para terceiros que incomodam e os colegas em demasia "coleguismo" demais. Os parentes que se metem e o dia-a-dia que sufoca e chateia, a faculdade que dá ciúme o trabalho até mais tarde.. dúvidas,egoísmo e incompreensão. Ufa! difícil esse tal de relacionamento..
Depois, só há fração. Fração de algo que se dividiu por outro motivo, inerente à si mesmo. E a desculpa é que se separaram por incompatibilidade de personalidade, ciúme demais, traição, possível traição, possessividade, mentiras (grandes ou pequenas, que no fim se tornam a mesma coisa), alguém que dá palpite demais ou de menos, alguém que não era tão gostosa(o),bonito(a), inteligente o suficiente ou esportiva o bastante, alguém que não lhe deu atenção o suficiente, que te ligou vezes demais num mesmo dia, que te deixou ir numa balada sozinho, que não te deixou ir na baladinha sozinho. Aquele que é amigo dos seus amigos ou os detesta demais para aturá-los.
O depois é sempre em seu primeiro momento, culpar o outro. No segundo momento, o pensamento de como seria "se", como se o "se" - infame discurso - existisse.
E por último, ou joga sua vida a uma nova empreitada ou dá uns amassos naquele(a) "ex que não lhe deixa em paz", como sempre dizem por aí.
O depois é gostoso de ouvir, massageia o ego. Eu ainda te amo é a frase mais comum, volta pra mim é a segunda mais comum e sabe a terceira? Eu jamais vou deixar de te amar! Desesperador, não?
Não quanto dispomos a ser, se o antes fosse menos afoito o durante fosse mais compreensão o depois simplesmente não existiria, pois enfim seriamos pessoas mediadoras das nossas vidas, inclusive em conjunto à outro ser, tão complicado quanto nós mesmos. Fácil de falar né? Difícil é ser mediador de si mesmo, depois tranquilizar a vida a dois é um passo.
Se não fôssemos tão egoístas, egocêntricos e egotudoqueexistir, poderíamos assim compreender a vida a dois, e vive-la, quem sabe.

Em analogia:
Se a gente näo tivesse feito tanta coisa
Se näo tivesse dito tanta coisa
Se näo tivesse inventado tanto
Podia ter vivido um amor grand' hotel
Se a gente näo dissesse tudo täo depressa
Se näo fizesse tudo täo depressa
Se näo tivesse exagerado a dose
Podia ter vivido um grande amor
Um dia um caminhäo atropelou a paixäo
Sem teus carinhos e tua atençäo
O nosso amor se transformou em "bom dia"
Qual o segredo da felicidade
Será preciso ficar só pra se viver
Qual o sentido da realidade
Será preciso ficar só pra se viver
Ficar só.. só pra se viver.

Kid Abelha - Grand Hotel

Só, prossigo só.
Só o eu a me acompanhar,
me dizer, me falar.
Disso daquilo, aqui e acolá.
Estranho no espelho, não
enxergo vasão, se a vida
é assim, só e somente só
solidão.
Bom o bastante se amar
em demasia, fruto do ego
quese enfrenta a cada dia,
torce para vencer a batalha
do século, onde só reside o
homem, roda sobre o vento
amante da solidão.
Retorce a companhia,
campainha que não tem
reposta, pobre visitante.
Não bata à minha porta,
pois só e sou, somente só,
só e solidão.

Azul, transparente.

Azul, transparente. Curioso aquele que lhe quer conhecer.
Por ouvi falar de ti,com a boca cheia de saliva.É interessante, encantador, se faz no corpo como amigo, inimigo dele, só expectador. Nem por ve-lo muito menos te-lo, só lembranças de ouvir falar rápido de sua existência, sua existência que inflama o desejo, aguça a lembrança e retoma noites, noites de medo indolor.

Passo-a-passo.

Primeiro, finja.
Finja até não conseguir mais.
Depois, goste.
Goste, até quem sabe não querer mais.
Enfim, ame, se possível aquele
que te merece, belo rapaz.

Semente

Vi a semente púrpura se entrelaçar
sobre a terra. Dádiva esperança,
novo caminho.

Brota em dias aos poucos se faz,
pequena plantinha, broto capaz
de trazer de volta a serenidade.

A felicidade, nos planos de quem
jamais ergueu sequer capim, nos
vastos terrenos de solo seco.

De broto se faz segmento, maior
aos poucos aos dias e crescendo
às noites, onde seguem os sonhos.

Imploro,
Plantinha regada a cada dia, agora
sob seu solo úmido, adubado e
pronto para lhe fazer maior.

Que dela, frutos, flores e folhas
se ergam. Que dela, alegria, esperança
e sorriso se façam, mais nenhum pedido,
só que se torne robusta o bastante para dar
sombra aqueles que precisam.

quinta-feira, fevereiro 14

Jamiel

Estive pensando um dia
De que vale afogar-se em passado
Já que a história desse mundo errado
É fundamentada em desarmonia?

Pesquei dúvidas num mar gelado
Afinco os dias, assim calado
Sozinho, solto e soldado
De tudo aquilo que na vida havia encontrado.

Implorei um consolo divino
De um Deus que não sei se existe
Pedi que a vista dessa vida triste
Se amenizasse aos meus olhos de menino.

Se consolo divino ouço
Como posso residir em um moço?
Moço de cara feliz, mas jogado no poço
Num poço imprudente de vida que se vai
Assim, sem mais nem menos, como água que se esvai.

O tempo passa como um trem
Que busca o destino apressado
E segue um padrão, jamais desviado
Não olha pros lados, não vê ninguém.

Mas o tempo que enfim ficou
Nada fez, nada mudou
No peito daquele que amou
Só a esperança, assim se justificou.

(Relato de uma vida, por dois pensadores na faculdade
poesia de um e de outro, que em uma se fez.)

Aos meus mais sinceros agradecimentos,
por você meu amigo, Rafael Loiola.
Poeta de poesias que choram, que falam
que sentem.

Circo.

Meu tempo acabou,meu mundo fechou,
se houve motivo,aonde será que estou?
Perdido no tempo, perdido no vento,
solto como papel no meio, no centro.
O circo se foi, a alegria acabou,
o mágico errou e o trapezista caiu.
Onde está o palhaço? amigo meu, questionou..
Ah descobri, felizmente.. infelizmente... Aqui estou!

quarta-feira, fevereiro 13

À margem, à deriva...à beira mar

Um casal, de loucos, de curiosos, novos amigos, novos amantes e novos amores.
Um casal, à beira mar onde se beijam, se ouvem e se falam. Contemplam a beleza do crepusculo,
regendo assim suas vidas à deriva. Regendo sua subta vontade de querer o outro, de querer a si mesmo a todo instante.
Areia, mar e vento, vento e brisa que lhes cobrem, maresia que os acolhe sentimento que os estranha, delírio. Sentados, sobre o horizonte à brilhar o mar a quebrar suas ondas e trazer
suas algas, parte de si que fica à beira. A tarde que se vai, as cores que mudam do laranja, vermelho e amarelo, agora fizeram-se azul, celeste, petroleo, ou até mesmo preto. Um deles, que fala, que ouve que diz sobre si mais sobre si, tudo sobre si. Segredos bem guardados, segredos recolhidos,experiências, livros, músicas, amores perdidos, amigos, família, arte, amor, sexo, divindade,saudade... uma vida compartilhada, perdida de saudade.
O outro deles, que ouve, que fala, que sente, quase treme ao falar, ao pensar, ao sentir-se parte.
Parte do outro, parte de sí mesmo, único. Agora, que fala sobre o que quer, o que gosta o que sente, se revela tão quanto queria. Mas um e outro, com o coração, mesmo coração que treme, mesmo coração que fala... sem ao menos dizer sequer uma palavra. Coração tolo, coração burro.. Agora, coração calado, recolhe-se a observar.
Sem mais, o céu fez-se expectador, de tantas vezes que foi visto, dessa vez se revelou. As estrelas, bombardeiam o mesmo tapete azul, lindo azul. Quando se dão conta, as horas se foram, o dia se foi.. só não se foi a vontade de permanecer à sós, à margem, à deriva.. à beira mar.

Movimento da vida.

Ah, se agora as flores da Primavera
se foram.. como serão os dias?
Se o perfume não mais exala,
a cor exuberante nos olhos não vibra,
nem ao menos sua bela forma surpreende.

Ah, se o Verão só trouxe calor
àspero calor, que deturpa cores
acende paixões e inebria mentes.
Delinquente estação dos amores perdidos.

Ah, se o vento sopra astuto no Outono
a brisa acompanha o luar, delirante.
E as noites claras trazem estrelas
diversas, estrelas cadentes...
Carentes de atenção.

Ah, se enfim o Inverno chegou
trouxe a calmaria no peito que
estava afoito, energico e temente
por amor, fraco diligente das obras
do pensamento, tolo.


Ah, enfim... se toda parte e em toda estação se fez remota, possibilidade de entendimento. Não há destino que faça perceber reação. Fração da vida cotidiada, que se esvai entre os dedos..
Mente em rotação, translação à todo instante. Perdida mente de susurros ao dormir, planos ao dia e remorso ao recordar dos dias que se foram, tão irreais. Sobre o tempo dança a vida, que balança mas não cai, esperta sobre os tropeços e as pedras do caminho.
E sobre a vida, dançamos nós. Cambaleando por vezes, sambando por outras.. mas jamais, sem ao menos se movimentar.
Movimento da vida, da terra, estações que se formam dentro de nós.

Falível, enfim desejo.

Ai que vontade, de te-lo nas mãos
de ve-lo por perto. Pois só de longe
o observo, o desejo e repudio.
Ao mesmo tempo.

Poucas vezes, meus lábios
tocou... mas das quais
relembro a cada instante
seja pela alegria que me dá,
a tristeza que me visita ou
a ansiedade que me estraga.

O desejo sempre que meus olhos
o fitam, minha mente o recorda
ou com outras o vejo.
Não importa.

És tão pálido, tão falho em teus
propósitos, tão indecente em tua
forma e tão maldito em passar
do anos.

Te repudio, te desejo mãs não
te amo. Não necessito de tua
presença, assim tão presente.
Mas querer-te é sempre um
desejo, grande desejo, que se
une à emoção, paixão repentina
ou lamento desnecessário.

És enfim, meu desejo..
falível desejo.

terça-feira, fevereiro 12

Destreza.

Que alegria,tão fascinante.
Agora tudo é distante no
peito, no peito daquele mesmo
que te amou. Alegria fascinante,
grito de desespero, mas o rosto
é só sorriso, sorriso doloroso.

Íntimo

Não tente me achar nas ruas,
nos quadros ou nos corações.
Sou aquilo que não lhe aparece,
aquilo que não se escuta e nem se vê.
Mas se sente, como se sente.

Não tente me despir com palavras
bonitas, flores intensas ou amores de
verão, sou aquilo que longe de ti está
sem ao menos sequer sair de tuas mãos.

Não venha me procurar, me escondo
onde não residem pessoas, não existem
afagos. Sombra à tuas perguntas e as
respostas mais sutis.

Não tente descobrir, qual o meu
mistério qual o meu objetivo, pois
nunca irá desborir. Sou aquilo que
te aflige, que te aguça e que te prende,
por palavras que não podem ser ditas.

Não tente, por mais que sejas forte.
Me deter quando apareço, me reter
quando emudeçoe me envolver quando
desejo eclodir.Sou aquilo que não te
cabes julgamento,o próprio julgamento
sou de ti.

Por fim, não me tente, nem me descubra
não me procure pois apareço dentro
de ti, a cada instante. Não venha me despir,
pois minha nudez é eminente, pura e ativa,
ativa no peito daquele que ama, seu íntimo.

segunda-feira, fevereiro 11

Dosagem.

Deitado sobre a cama, aquela mesma cama que lhe acompanhou por anos. Ele espera que algo lhe ponha denovo em vida, por outro plano.
Seus olhos, único vestígio de vida externa quando em seu íntimo o pensamento reside todo o tempo, o tempo todo, mero impulso orgânico.
Já não existe mais dor, amor, luz ou calor . Só a vontade de acabar com o tormento, dele e dos demais. Pois para uns despertar é simples, mas em seu caso seguir acordado é a cada dia planejar como morder sua própria lingua, engolir algo que lhe faça mal ou convencer alguém pelo olhar, meticuloso e traidor olhar, a lhe tirar o bem, diga-se de passagem assim tão precioso.
Médicos dos quais mecânicos se fazem, rotulados e experientes amigos da saúde pública. Acreditam em melhorias significativas em quadros de pessoas em coma, o coma do universo pelo qual se vive, se cria, se destroi e infinitamente, se intitula tudo que se puder.
Deitado sobre a cama, aquela mesma cama que lhe faz agonizar diariamente. Aquela mesma cama pela qual tua família espera o "wake up" repentino, e choram, como choram.
Se pudessem descrever aquele olhar, aquela mesmo olhar que por anos brilhou nas pistas de corrida, que prêmios ganhou, fama surtiu e mulheres conquistou. Aquele mesmo, olharzinho, de mais tarde, pai coruja ao nascer sua primeira filha e marido espantado ao ver a esposa no altar. Agora, olhar opaco, olhar taciturno que por si só mais nada diz, mais nada fala. Não lhe abraça com os olhos nem lhe rejeita com os mesmos, nada lhe dispõe, nada lhe compõe..
Olhos opacos, frígidos e insanos. Olhos de um homem que se foi, à muito.
Olhos de um homem, pedaço de homem, figura de homem que se eternizou no infinito e escolheu aquele corpo, para se tornar apenas latente.
Se por meios ele pudesse, sua dosagem iria controlar. Iria proferir, qualquer sinal, qualquer ruído para pedir àqueles que ama, que o amam, que o tanto amam... que deixe-o partir. Que ajude-o à partir, assim por meios dos quais não existem explicações. Enfim dos quais, todos motivos pelos quais, se tornam humanos, se tornam desumanos de muitos dos quais se tornam objetos, vegetais. Só uma deixa, para o eterno debulhar de lágrimas e fincar destinos à eutanasia.

domingo, fevereiro 10

Resposta às cartas.

Olá meu querido,

Passei dias, triste e irremediavelmente decaida. Tua presença errante me fez assim, debulhar-me a todo instante de saudade, saudade imensa.
Os dias aqui se vão devagar, como queria que fossem meus dias ao teu lado. Digo a ti, com essa mesma cara lavada do porto na qual chorei, chorei demais quando parti ao passar por aquele pequeno retângulo que nos separou, nos dividiu mas não me fez deixar de amar-te. Se por vezes sofro com tua ausência, quando suas cartas chegam sou somente olhos, olhos atentos e vigilantes que me dão o prazer de poder recordar essas tuas tão úmidas palavras.
Tudo é difícil para mim aqui, mas estou aos poucos me adaptando. Quando vou dormir, abraço o travesseiro, forte o bastante para deixa-lo com a mesma marca de meus braços, assim a todos os dias. Nele enfim, coloquei teu perfume... e durmo, errante companheiro de minhas noites.
Sabe, eu tentei por vezes.. não lembrar dos dias de sol, das noites estreladas ou do teu carinho. Tentei por vezes, esquecer-te e jamais recordar de ti. Mas falhei, falho a todo instante pois tudo traz o pensamento a ti, a nós, a o que fomos.. somos, enfim.
Tentei por várias, esquecer teu corpo que me afaga, teus beijos que me inebriam e teu colo, meu universo restrito.
Tentei assim, como quem mente a todo instante. Mentirosa como você, à resistir de lembrar, de sorrir e para assim depois, não chorar.
Sinto muito, mas é tudo assim. Infeliz, por não te-lo comigo, como quero, como sempre quero.
Mas sempre que falo com tua voz, seja ela quando me ajuda aqui, aqui dentro ou lá, no telefone.. seja qual for o som que me acude, ele enfim, me faz prosseguir.
Finjo à todo momento, ser fortaleza, ser montanha ser cume... que jamais desce do alto, jamais se mostra realmente, jamais erra por amor. Nem tua ausência me fez assim.
E sigo, com aquela mesma cara de sempre. A cara que você poderia amar, que pode amar, sempre.
Sigo, meu mais querido, sob a esperança de ver-te novamente...

Me desculpe, mas daqui não posso mais prosseguir.. me faltam palavras. Me falta você.

Um abraço, daqueles... da sua e sempre sua.

Infância

Saudade de minha infância,
de meus pulos em pontes
de meus laços no cabelo
de minha chatisse para comer
de meus cachorros que amei,
de minhas bonecas, que enfim
foram minhas esperanças futuras.

Saudade das brincadeiras com
o meu irmão, das bolas de sabão...
dos jogos que joguei, na rua, descalça.
Nos aniversários que fui, e rasga-sacos
que rasguei, brinquedos que ganhei.
Da minha bicicleta rosa, do meu patins
preto e do meu bambolê colorido.

Saudade da escola, onde corria.
Polícia e ladão no intervalo, detetive
e assassino na aula. Do feijão no algodão,
do sabão colorido com nome da mamãe.
Das apresentações no palco, dos jogos
na quadra. Dos amigos estranhos....

Saudade das palavras erradas
dos choros fingidos, do braço
quebrado e dos primos que
aprontavam na fazenda.

Saudade do cavalo que nunca foi
meu, dos patos que correram atrás
de mim, das pescarias de peixe algum.
Do pão da vovó, das moedas do vovô
do abraço da titia, do carinho dos meus
tios, das brigas com o Ícaro e dos
cuidados com o Iago.

Saudade de Santa Luzia, Linhares,
Aracaju, Canavieiras, Stella Mares,
Imbassahy, Itapuã, do Petroclube ,
de Tia Cota ,da rua O, da rua M, rua J,
das ruas.. ruas do Jardim.
De Feira de Santana, Itabuna, Camacã,
Porto Seguro, Panelinha ,Salinas...Ilhéus.

Saudade dos meus apelidos, dos apelidos
que dei, dos amores que amei, já que
amar não era amar, não era, era só uma
palavra, um carinho um simples dar das
mãos, uma cartinha um ursinho...

Saudade do meu bico, até os cinco.
Do óculos aos oito, rosinha e pequeno.
Do aparelho nos dentes, pra dormir.
Da botinha pra consertar os pés...
Das fotos de princesa, de cowgirl
de bailarina, de marinheira..

Saudade dos jogos que joguei,
das brincadeiras que inventei
das loucuras que falei, dos segredos
que contei, e dos segredos que guardei.
das mentiras que contei, muitas..
Da lingua do pê, do gê do seiláoquê...

Saudade do Dino, da Suzy, Polegar,
Menuda, do Trovão ,dos coelhos,
apenas coelhos e até mesmo das
dentadas dos coelhos. Dos cagados,
dos periquitos, cacatuas , répteis,
formigas que eram mortas sob
cera de vela, gatos que nunca
gostei e espantei de casa, das aventuras
sob os pequenos espaços, com Dino..
Dino querido.

Saudade das casinhas que fiz,
com lençois, papelões, redes
dentre outros tantos panos...
Das roupas que vesti, sapatos
que usei maiores do que meu corpo
menores que o brilhar dos meus olhos.

Saudade do Ballet, do Jazz da natação..
logo depois vôlei, futsal e totó
handball, ping pong e baleado.
Tudo tudo tudo, saudade assim...

Saudade de correr na praia,
ter medo de algas, caçar peixinhos
coloridos, fazer amiguinhos à beira mar.
Comer bixos estranhos que não sabia
o nome, e assim descobrir uma paixão,
chamada Polvo.

Saudade dos meus primos, todos eles
Sempre a pequena para os mais velhos
a caçula mile, a menininha curiosa.
Por outros menores era a primona,
inteligente, bonita e meio doidinha.

Saudade das minhas descobertas,
como o skate que te joga no chão
como tomar sorvete e gelar o cerebro
como ser atropelada 2x por uma
bicicleta, como tocar a camapainha
da casa dos vizinhos e sair correndo.
como voar na rede até o chão, como
não subir em coqueiros e quebrar braços.
como não encher o saco do teu irmão,
como não comer farofa quente, como
mentira tem perna curta, como ser curiosa
é bom, como ser chata é legal e como
ser sapeca é emocionante.

Saudade daquilo que foi meu,
daquilo que é e sempre será meu
faz parte de mim, faz parte do que sou.
Daqueles que hoje, não me olham,
não me vêem nem me conhecem mais
mas de mim fizeram parte, e fazem.
E alegria, por tudo que ficou por todos
que ficaram, e ainda sim.. saudade.

Lamento Cubano.

Ah, se agora a guitarra não chora
os amigos não bebem e a noite se foi.
Os bares vazios a mente também.
Volto a ti, linda donzela de corpo
daquela mesma, mesma guitarra
que toquei por dias, por anos...

Se sofres tanto, como sofreu minha
música, sinta comigo agora a nostalgica
saudade, daquela mesma viola.
Linda moça, tudo se foi e só sobramos
nós, esta mesa vazia e teu copo não tão cheio.

Vazio teus olhos.
Não contemplam nada, não me vêem..
não me vê assim, triste e sozinho...
só tua dor que nem ao menos em palavras,
cordas ou tons, eu poderia assim repartir
o teu lamento?

Converse comigo, não tão bêbado estou.
Se é que realmente ainda existes...
mas existes sim, aqui.. aqui.. aqui...
Aqui nesse copo, aqui no meu fígado
no meu coração, o que é o meu coração?

Saia dessa mesa vazia, desse copo não
tão cheio e me diga, se ainda posso tocar-lhe
em corpo ou em viola, viola minha.

É fácil, quando era fácil.
Quando era jovem, ver-te. Mas
lhe vi enfim, quando meus grisalhos
cabelos me descobriram, quando meus
dedos não suportam mais as cordas e
a viola, minha viola... me deixou.

Carta - Parte II

Minha pequena,

Hoje o dia se foi rápido, nem sequer troquei uma palavra contigo. Contigo aqui dentro.
Jamais pisei num terreno tão desconhecido como está sendo por agora, tudo me é tão estranho que posso até sentir vontade de correr, pra perto de ti.
As horas nessa casa são parceiras, elas me abraçam todo o tempo e me ajudam quando durmo, se vão assim... tão rápido. As vezes o relógio me engana, sinto-me frágil, como nunca estive.
Tua presença sob esses azuleijos era tão àvida que me esqueci como andar por eles sem ver-te passar pela sala, apressada, como sempre.
Vejo em tuas cartas, tuas frases, que não falas de mim ou de nós, mas de ti à todo instante. Não me vejo mais em teus argumentos, que me eram tão fortes, fortes demais. As cartas mais dolorosas que já pude ver, estais triste por mais vezes, e isso me parte o coração.
Alimento minha força no teu sorriso, na tua foto que aqui guardo em minhas mãos. E de ti, meu bem, espero palavras mais doces como sempre me reportou, espero doces palavras.
Não fique assim, tudo está indo de forma amena e eu estou aqui sempre que precisares e de qualquer forma, estarei aí quando precisares de mim, por perto.
Das mais belas formas serei amor por ti, aqui, aí e lá, onde estaremos juntos. Se cobres meus lábios agora só de saciar teu beijo, não cubras os teus de lágrimas, jamais. Tudo que lhe disse, é realmente o que sou, quem és, e quem somos, à finco.
Se é de seu gosto falar de ti, que fales. Me conte sobre tua vida, tua vitória, teus mais graciosos passos... serei seu eterno ouvinte e leitor, sabes disso. Mas não apronte sua mala a cada vez que algo lhe faltar, algo falhar... não, não. Seja forte, como estou sendo. Esteja triste, quando houver de estar, chore sobre teu tapete, mas recobre teu sorriso... teu sorriso tão lindo que me faz acordar todos os dias. Não deixe o desespero tomar tua mente, muito menos teu coração...
Lembre-se querida, que se te amo, é porque mereces. De tantas vezes que lhe disse, do amor nada mais me é necessário, do que teu feliz afago, teu apreciado abraço e tua presença, em meus sonhos, em minha vida. E sabes, como bem sabes, que de mim sempre terás esse pensamento, pensamento em ti à todo instante.
Soa bem quando dizes adeus, ao telefone. Penso como lhe dói no peito, como doeu no porto ao dizer-lhe adeus com os olhos, e minhas mãos, as mesmas que te tocaram por meses, foram mãos desconcertadas ao acenar. Mas lhe aprecio, de adeus à bom dia, como lhe disse todas as manhãs ao lhe beijar o nariz. Soa bem, pois penso no teu rosto, que até mesmo triste me faz feliz, de puramente existir e assim, coexistir.
Sabe, que por vezes, menti para poder escapar. À cada tormento que tua ausência me causou, porém, segui a mentiroso ser e ao mesmo tempo escapei, sorrateiro como sempre fui. Isso me causou um buraco, imenso, de tantas vezes que pulei a saudade que sentira. Tentei mentir para alguém que não há como enganar, e ele esperto, me decepou a mentira de imediato.
Pude então sofrer, chorar e em loucura residir, mas em um certo momento do qual não mais me recordo, levantei do chão e sequei minhas lágrimas, pois você estava logo ali, aqui... aqui dentro. E eu jamais pude perceber, você jamais se foi.
Jamais se foi de mim.
E assim, fique sob tua calma, por favor. E eu estarei aqui, sempre curioso sobre tua voz, amante das tuas palavras e eterno apaixonado do teus olhos, olhos de amêndoas rubras... olhos que não mais precisam estar como meus lábios, à tua eterna espera.

Um abraço carinhoso e devotado...

sábado, fevereiro 9

Carta - Parte I

Minha querida,

Queria lhe dizer por meio desse papel amassado, esse mesmo papel amassado pelo qual tantas vezes tentei lhe escrever palavras simples, relatos da minha vida pacata e a imensidão da falta que o seu rosto me faz. A falta pela qual minha pele sente, meu corpo treme e minha alma chora.
Todos os dias algo me vem a mente e é sempre você que me traz o pensamento, por todas as formas que tentei, ali estava você, residindo nas mais distintas formas.
Fosse o vento que me abraça, a rua que deixou de ser alegre, fossem os blocos de carnaval ou o sol que brilhava somente pra ti, o céu que sempre em um tom azul claro lhe amava em segredo ou as estrelas que sempre por ti olhavam, lá estava sua sombra a me perseguir.
Tentei por vezes esquecer nossas noites, nossos dias e o teu perfume, ahh o teu perfume. E de tanto lembrar de esquecer, finquei meu coração ao deserto, nada mais é um oasis no qual irei acabar com minha infinita sede, sede de amar.
Se cada abraço teu fosse um conforto, acho que dele é que mais sinto falta. Agora estou desacertado, o frio cobre meu corpo e rasga meus lábios. As noites em teu peito eram minha salvação, onde teu calor recobria minha angustia e teu susurro o meu pesar.
Os lençol não mais cobre tua silhueta, tão minha. Assim que lembro da ternuna e do amor, amor forte, amor dissimulado, amor que desespera, que machuca, que dói, dói tanto. Mas aqui permaneço, cada vez mais querendo cutucar a ferida, lembrar-me do teu amor, do nosso amor.
Se tua forma de fazer amor me inebriou, me corrompeu e me afastou, de mim. Agora ser quem era ou me tornar quem sou, já não existe mais. Só reside o suspiro, dialeto e as bochechas.
Te digo minha querida, minha pequena, meu amor, jamais esqueço de recordar de nós. Tudo que lhe peço é só o teu olhar, aquele mesmo que me amou discretamente, que fingia não me acertar mas que me fincou bem no peito, sem ao menos poder me defender. Tudo que almejo, minha querida, é tua forma mais simples de me jurar saudade, de me trazer a paz de me falar sob teus dias, assim mesmo à finco de muitos quilômetros.
Tudo que, assim lhe quero meu bem, é só... só você. Sempre minha... e eu sempre teu.
Assim de tu e de mim, de você e de eu, de nós e deles assim só nosso, eterno e as vezes discreto, tímido, sussuro amor que se vai... por dias.. quilômetros apenas, recordação.

Um beijo...

Sândalo.

Segue sobre a folha o
púrpura sobressalto
da talisca. Equivo de
tua mente, só aberto
por segundos a tua
observação.

Sobe sobre o ar, dança
sobre tal. Remete aos
antigos ancestrais, na
Índia. Onde o aroma
lhe produziu, o amor
incandescente, sob véus,
tragos e aromas de
flores silvestres.

Flana sobre teus olhos,
some de tua vista e de
uma maravilhosa forma
permanece sob teu faro,
o aroma dos deuses.

Inebriante aroma, nostalgico
perseguidor do olfato.
Se paz, entusiasmo e
espiritualidade lhe trazes,
de minha parte lhe dou todo
meu prazer.

Ao sentir teu incandescente
esplendor, assim raio que
corta ao meio os sentidos,
e os designa eternos amantes.
Do àvido sobressalto da
talisca, murmúrios do teu
bel prazer.

Se assim fossem todos os
sabores, mas não há sabor
que lhe estremeça aroma
que toma todo teu ser.
Seja assim Sândalo, amante
amor e prazer.

sexta-feira, fevereiro 8

Tesouro.

Ela lhe pediu, que se lembrasse com um sorriso, apenas. Que de lágrimas não fossem feitas
tuas lembranças, e se assim fosse, esquecer seria o melhor.
Ela lhe pediu, que realmente tudo fosse lembrado, cada toque, cada abraço e tudo aquilo o que lhes foi real, compartilhado e agora recordado sempre com um belo sorriso.
Ela lhe pediu, sorria. No peito de alguém que a todo momento só te amou.
Lembre-se, dizia. Como se fosse tua própria tentativa de sorrir.
Mas lembrar, para ele seria tormento. Mas de tormento ele não vive, no coração de quem nem sequer precisa lembrar, pois jamais esqueceu.
E de sorrisos, sempre lhe recebe o nome ao qual a ela foi dado, a mesinha na qual sentaram juntos e o por do sol que se dividiu naquela tarde quente.
Ela lhe pediu, lembre-se de mim. E ele, jamais fez questão de tirar-lhe do pensamento, único e incessante companheiro.
Ela lhe pediu que com um sorriso lembrasse, e se de lágrimas forem feitas tuas lembranças, que esquecer-lhe seria melhor.

Quando tudo se foi.

Quando tudo se foi,
ele agora tenta falar,
tenta reagir, mesmo
que a reação tenha
de ser sua. Tenta lhe
responsabilizar, lhe
manter amena, a deriva
de seus propositos.
Tenta lhe dizer, com
palavras estranhas, o
quão sente sua falta.
Mas não há mudança
em seu ser, só há o
sentimento de perda,
isolamento e indiferença.
Pelo qual jogastes o
sujeito ao mar, e aos
poucos ele se afoga, sozinho.
Deixe que agora acorde
sozinha, sorriso no rosto e
a preocupação no bolso,
esquecido como um papel
velho.
Pois quando tudo se foi,
ele tenta lhe manter
dormindo, quando desperta
já está o tempo necessário
de curar as feridas, e dizer
que tudo se foi, novamente.

quinta-feira, fevereiro 7

Verdadeiros propósitos.

- Olá?
- Olá...
- Como vai?
- Bem e você?
- Muito bem, obrigada.
- Era só isso?
- Sim, somente isso.
- Por que ?
- Porque só preciso saber se está tudo bem contigo.
- Está tudo bem...
- Que bom.
- Né?
- Poisé...
- Ainda me ama?
- Não quero falar sobre isso.
- Ok então.
- Certo, tenho de ir... adeus.
- Tudo bem, adeus...

terça-feira, fevereiro 5

Varanda

Finalemnte em casa, se despede do tormento da cidade.
Senta na varanda em sua cadeira favorita - daquelas brancas de ferro, com duas cadeiras de assento único, outra em disposição de sofá e uma mesinha de centro - acende um cigarro, errante amigo de pensamentos infalíveis.
Sob a mesinha, seus pés se ajeitam. O branquinho sob os lábios, a mão a bagunçar o cabelo e a inquietude da música nos fones.
O rock dos anos setenta acompanha seus ouvidos a todo o tempo.
É religiosamente cumprido seu ritual, assim que, depois das oito, do trabalho finalmente chega. Logo o cachorro se aproxima, mas não lhe pede absolutamente nada, apenas reside a seu lado esperando alguma forma de contato. As vezes apenas uma promessa e por outras um belo carinho no pelo brilhante.
Mais um cigarro, e o olhar do céu estrelado. É Fevereiro, os dias são mais quentes e as noites, mais claras. Cruzeiro do sul, três reis magos e ursa maior sob teus olhos, agora expectadores.
Tira os sapatos e sente o chão gelado e àspero, depois de reprimidos, seus pés agora são fãs incondicionais daquele frescor que se mistura com aspereza.
Respira fundo, algo lhe angustia, como sempre. É fácil respirar em casa, depois de um cansaço mental, físico e muitas vezes espiritual. Como as pessoas lhe tomam o tempo, as boas novas e lhe enchem a paciência, como diz.
O celular agora toca, mas de despercebido se faz. Não o escuta, pelo som e pela simples vontade de se isolar, como realmente gosta. Apesar da luz se propagar no escuro da varanda, incomodando seu latente estado, por algum motivo pelo qual não sabe exatamente, sente uma imensa vontade de escrever.
Como sempre, não reside suas palavras em papel. Só sai correndo de sua preferida cadeira, para o encontro de outra, agora disposta à frente de um computador.
Onde descreve sua solidão, seus pensamentos mais desprendidos e sua vontade de escrever que chega assim, quando menos espera.

The dash

Pés que suportam o peso.
Gravidade que reforça o impacto,
joelhos que se manifestam, rótula.
Estica e dobra, em série.
Dentre ladeiras ingrimes,
buracos pelo caminho,
areia, terra e asfalto.
O vento sob o rosto,
os braços livres e o
gingar dos ombros.
À todo tempo transição, transpiração.
Quando correr não é limitar-se.
É só, somente só, imensidão.

Como vão ser os dias.

Simples,
como abrir uma garrafinha d'agua.
como sentir o cheiro de terra molhada.
como abraçar quem se ama.
como falar besteira.
como dormir tarde.
como lembrar daquela canção.
como dançar bêbado.
como cantar no chuveiro.
como dar bom dia.
como assistir tv.

Como vão ser os dias,
Cuidados diários contra serpentes do espírito, que se enroscam nas àrvores do pensamento. Agora, prudente. Resarcidos de esperança, determinação e sonhos, sempre sonhos.
E as traiçoeiras, assim quem sabe esquecidas. Para sair brotando e crescendo, assim àrvores robustas, práticas da vida.

Crocodilo.

Entra,
Só gente; aqui, ali e acolá.
Se beijam, se abraçam
se olham e se amassam.
Devereas, jamais assim, juntos.
Pois a maioria dos olhos
não os gostam de ver.
Do Rio, Miami e Minas
amigos, dos mais , amigas
em demasia, delícia.
Delícia repetida pelo mais
forte e a alegria entusiasta do
branquelo careca, feliz.
Bebe um pouco mais,
grita, pula e dança, frenesi.
Salvador lhe proporciona
êxtase, assim como seus
amigos, companheiros
e no fim da noite, parceiros.
A todo segundo mais gente,
gente que não tem medo
de ser feliz, assim dito.
E ao ve-los, aos beijos
abraços e sorrisos, assim
fortes, altos, lindos e juntos.
Só, e somente só; homens.

segunda-feira, fevereiro 4

Lembrete:

Sabe-se que aquilo que jamais
lhe reservou futuro, nunca do
teu passado será uma recordação.
E de presente, reserve apenas
aquilo que apuras, bom.

sábado, fevereiro 2

Flores azuis

Nada se foi, além do
vento que te fez balançar.
As flores azuis ainda grudam
no teu cabelo.
Caem sobre a varanda, se
espalham sobre o imenso verde.
A parede laranja agora se contrapõe
ao sol, a sombra das flores
descarta meu pessimismo.

Pequeninas, não tão azuis
quanto as disponho.
Grudam, colam e te deixam
sem perceber.
Se vão, como vieram. Rápido.
E somem, para o imenso
verde que se diz dono das
pequenas, azuis, assim, flores.

sexta-feira, fevereiro 1

Carnaval

Olha o bloco,
tem gente sorrindo
tem gente pulando
por todos os lados
é só alegria.

Olha o bloco,
de gente que dança
de gente que beija
de gente que abraça
e de gente que chora, emoção.

Olha o bloco,
que passa tão rápido
que passa tão único
que passa pelos olhos
e passa na memória, por vezes.

Olha o bloco,
onde todos se divertem
onde todos se soltam
onde tudo é bonito
onde não existe ser triste.

Olha o bloco,
aqui de cima se vê melhor
aqui de cima se vê maior
aqui pra cima eles acenam
aqui de cima se retribui.

Olha o bloco,
dança leve sobre a avenida
pula e gira sobre o asfalto
corre e volta, sobre o meio fio.
Treme a rua, euforica por passos.

Olha o bloco,
de gente boa de se ver
de energia contagiante de se sentir
de corpo que se move com a música
de mente que se abre, entusiasta.

Olha o bloco,
desfila sobre nossos olhos
acude nossas expectativas
explode nossas convenções
aguça, nossa vontade.

De ver o bloco,
passar novamente.