segunda-feira, setembro 29

Termino

Dia de sol murcho,
vento fraco,
mas mormaço queima, ao meio dia.

poucas palavras,
muito pensar,
nem todo silêncio é calar.

já são nove,
me distancio nas palavras,
só para terminar.

E termino.

sexta-feira, setembro 26

Gira mundo

E a demora do tempo é a ressalva da vida. Gira mundo, gira.
E traz de volta pra cá, traz pra mim, o que o vento quiser me dar.
Se o ontem já foi e o amanhã não me apalpa, o hoje tomarei nos braços,
o hoje irá me erguer de louros vivos. Ressaltam os olhos, tementes.

E enfim, por fim... assim..
Gira mundo, gira.

quinta-feira, setembro 25

Festa

Cantou, dançou e bebeu. Viveu como nunca, jamais pudera. Pudera de fato, ser.
Subiu na mesa um pouco tonta, e disse a todos em alto e bom som; quem puder ser que me diga! me diga, se puder... Há quem dissesse loucura, pensasse solidão e há quem, alguém enfim que simplesmente não visse mais um show bêbado. E recostou-se sobre o vão, a vã cadeira lhe derrubara. Ou derrubou a si como visse, ou não enxergasse, nada via de fato. Do chão não passara, ao teto olhou o infinito e logo, o finito das cabeças que se juntavam para saber de seu apogeu. E não levanta, lá ficara. De modo que quisesse, nada dizia e tudo falara. Falou sobre o mundo, depois de dizer poucas, os olhos diziam tudo. E deslizavam as gotas até o chão, e sorrir de imediato era confusão e chorar alto era nostalgia, quem diria.. quem diria. E tudo ficou onde devia, levantou e foi pro banheiro viver mais uma alegria. Jogou até a alma pra fora, e deu descarga, voltou e assumiu o controle, mas nada, nada de escada.

quarta-feira, setembro 24

E amanha, tudo será diferente.

Você vai olhar o espaço vazio na cama, vai ver o azulejo que não mais aprecia aquele calcanhar..
vai perceber que a louça está limpa e o chocolate ainda sobrevive na geladeira. Vai perceber que a coberta muito lhe sobra e a pasta de dentes parece não ter fim.
Vai acordar tarde sem saber onde está e acordar cedo sem saber o porque. Vai acordar de madrugada sem poder abraçar quem quer que seja, e ouvir o som que vem do corredor, vazio.
E Andar sobre a madeira e o granito, fechar portas e abrir janelas, pois amanha o sol nascerá novamente, e a chuva cairá devagar. As flores nasceram sob tua janela, e as folhas vão cair sobre o passeio. A cozinha será amiga, o banheiro será companheiro e o quarto, só lembrança. Quando o amanhã disse que iria chegar ele não avisou de suas peculiaridades. Não falou sobre a roupa suja que não mais se acumula, não falou do perfume que o banheiro não exala, nem do cheiro de sabonete no corpo, esquecido. Nem das mil vezes que dançara aquela música, nem do abraço de boa noite e o beijo de bom dia. Esqueceu também de dizer, de dizer... adeus. Ou até logo, até breve... E olá, ao novo amanha, cheio de estranhos vazios.

Asleep

Uma canção antes de dormir,
adormecer ao som dos teus lábios..
e enfim permanecer num beijo inebriante,
e dizer adeus aos teus sussurros.


"Deep in the cell of my heartI will feel so glad to go"

The Smiths




Onipresente

Sua sombra me persegue, me fala aos ouvidos, a noite.
Sua sombra maligna, me retorce.. me cobre de injúrias.
Tomou as vestes do meu sorriso, escondeu os louros vitoriosos.
Só me deixou a sensação de estar sendo observada..

Reunião

Grita o mundo,
pelos dias..
de paz.

Gritam as nações,
pela economia,
ineficaz.

E gritam os homens,
nos microfones, o que se
disse a um tempo atrás.

Mas os homens de verdade,
gritam por um pouco de saudade,
do pão que não se lembram mais.

Odeio dizer

odeio sua caridade,
seu espírito de lealdade,
seu ser sem ser.

odeio sua cara sorridente,
seu ódio independente,
seu carinho a perceber.

odeio sua mão amiga,
sua graça e tulipa,
seu anseio de crescer.

odeio sua falsa modéstia,
sua beleza quando viva,
seu modelo de viver.

odeio sua fala amarrotada,
sua roupa mal lavada,
seu cabelo a crescer.

odeio seus olhos castanhos,
sua pele enferrujada..
seu medo de viver.

Mas o que odeio mais,
é perceber..
que odiando tudo que és,
ainda sim, amo você.

A menina que não sabe amar

Menina,
você não sabe amar.

Não entende um olhar,
não flerta sem pensar.

Menina,
você não sabe amar.

Não solta seus cabelos,
para que possam ver.

Não mente pro espelho,
só o que a mente pode ver.

Menina,
você não sabe amar.

Não se dá nem se empresta,
não deixa o coração a mercê.

Não sorri para o vizinho,
nem escreve um simples bilhete.

Não olha fixo para o vigia,
nem lança seu perfume ao vento.

Menina,
você não sabe amar.

Não cozinha nem é Amélia,
não ama como deveria ser..

Não diz que gosta ou não,
não dá oportunidade em vão.

Não deixa que falem por falar,
nem que conheçam seu amor.

Menina,
você não sabe amar?

No canto do mundo, ela.

Estrela solitária no canto do mundo,
perdida nas nuvens.. resguarda meu olhar.
O único fiel a teu brilho murcho,
único temente a sua solidão...
e quão bonita és, não precisa de adornos.

Despedida

Já, fui adeus...
sem querer.

já fui, adeus..
até mais ver.

já fui adeus,
meu bem querer.

Adeus, adeus..

terça-feira, setembro 23

Diálogos - O louco

Um dia perguntei ao louco sobre sua loucura. E com os olhos arregalados e a face enxuta, me respondeu que sua loucura era apenas um passo para o auto-conhecimento. O conhecer de alguém que esqueceu com o passar do tempo.
E foi embora rapidamente.

segunda-feira, setembro 22

Meu medo

O meu medo é o medo de falhar,
medo de dizer o impossível,
medo de fazer você calar.

O meu medo foi ser quem não era,
meu medo agudo e injusto..
meu medo astuto não pondera.

O meu medo, era perder você de vista.
Perder você da lembrança, da saudade..
perder de vista o que sentia.

O meu medo era ser boa demais,
meu medo era ser calada demais,
meu medo era sofrer...

O meu medo era te olhar demais,
meu medo de te abraçar demais..
meu medo de te dizer.

O meu medo foi querer demais,
meu medo de assumir, meu medo.
Meu medo foi até capaz,
de fazer do meu próprio sentimento..
um segredo.

Meu medo..

domingo, setembro 21

Anos

O amanha,
primaveril..
surgirá.

O amanhã,
de flores novas,
me cobrirá.

O amanhã,
de Primavera..
sonho estar.

E Primaveras,
só passam...
só querem passar.

As Primaveras,
da minha vida..
do meu calar.

71

E o domingo domina,
domina meu ego.
preenche as horas..
e me dispersa,
de pensar em todo resto.

sábado, setembro 20

Mendigo

Quando vejo se arrastar,
pelos bares, pelos mares..
por essa imensa tempestade.
que se fez.

Esse seu desacreditar,
essa sua inconstância..
esse seu deslumbre.
essa sua fome,
de degustar o impensável

ao passo que me livro,
da minha dor. Aos poucos
a sua me chama..
clama pelo meu pesar.

e eu insisto em te ver,
e eu insisto em te olhar...
e eu insisto... em doer contigo.

As horas

..as horas me acertam,
pesadas e intensas..
já não me levanto,
como ontem,
e já me esqueço,
como sempre.

as horas me matam,
me sugam a juventude,
me tomam as alegrias,
me trazem as tristezas,
me encurtam os sorrisos,
me enxugam as lágrimas..

as horas me acertam em cheio,
não me perdoam, nem me absolvem.

quinta-feira, setembro 18

12:00

Seguiu aos passos corridos para ver uma criatura austera. Perdido no mundo, no tempo.. na vida costumeira. Andou rápido, chegou e sentou. Mas inquieta que é, logo levantara correu até a esquina.. e ele.. e ele nada de chegar. Pensou, ligou.. olhou o horizonte, e nada, nada dele dar sinal de vida. Esperou alguns, poucos.. minutos. Correu até onde poderia, resolveu unir o necessário ao agradável, e foi, de encontro. Ao sair de sua sina, desceu as escadas com ar de insatisfação, e viu ao longe, a materialização da saudade. Sorriu de canto de boca, mas demonstrou desaprovação pela sua falta de compromisso.. Andou até o sujeito, contou um, dois.. três... E não resistiu. Ao abraça-lo depois de tanto tempo.
Um belo filho da mãe, que ela tanto adora.

Coração dos outros

Terreno baldio
onde se escondem..
mistérios.

talvez tesouros incríveis,
pérolas guardadas..
livros preciosos.

Ou apenas lixo,
entulho num canto,
e um cachorro raivoso,
a espera de carne fresca.

Mas nunca se sabe,
o que se encontra por lá.
Se a casa por fora parece vazia,
por dentro, só segredo.

Relatos preguiçosos

Acordei com um ar de quem não queria acordar. Me enrosquei sobre as cobertas e um dos travesseiros se arremessou ao chão, coitado. Talvez meus braços tivessem cometido homicídio ou ele, casou de viver no alto, descobriu no chão gelado sua vocação.
A luz do quarto me é pouca, e agradeço pelo tear das frestas da janela. A preguiça se recosta sobre meu corpo, e não há quem a faça sair de lá nesse instante de lamento ao nascer do dia.
Mais uma vez adormeço, mas sinto meus pés descobertos e de súbito, sento sobre a cama. Olho para meus pés nus, juntos e apaziguados sobre a cama... mexo os dedos para constatar que estou viva, mas não digo uma palavra. Descubro o resto do corpo e me levanto ao meio dia, sol de temência enorme, luz intensa no momento. Ando pela casa vazia, me há uma certa e adocicada forma de sentir-me bem ao acordar e andar sem rumo. Vou até onde gosto, sento sobre o meio fio entre a cozinha e o quintal e o sol me diz bom dia, boa tarde... e até que diga que não, boa noite. Fico em transe, por minutos... e fim.

quarta-feira, setembro 17

Solidão

Sopra nos meus ouvidos,
e eu ouço com carinho..
minha solidão eloquente,
me dá o que preciso.


Por enquanto.

Mundo perdido

Mundo perdido, onde pais matam filhos,
dinheiro compra felicidade, manda buscar de jatinho.
E de nada vale, uma vida... largada num saco qualquer.

Mundo perdido, de aquecimento global,
de congelamento emocional, e esquecimento do outro.
De consagração do eu, bonito e plástico eu.. tão cheio de mim.
E de nada vale o seu real eu, obscuro e temente ao impossível.

Mundo perdido, de guerras étnicas, civis,
de guerras santas, de guerras costumeiras..
de guerras... por interesses, afinal, são sempre interesses.

Mundo perdido, não como nos filmes...
o mundo cruel de pessoas cruéis, de conjunto maciço de
uma obra de interesses, onde quem vence..
é aquele que sabe pisar no pescoço dos mais fracos,
onde assim, prevalece aquele que souber...
ser tão oblíquo, quanto puder.

E corretos são aqueles que seguem,
pois são fortes, obstinados.
E os fracos caem aos seus pés...
e são como tapetes para o Olimpo dos vencedores.

A quem insiste em residir,
...mundo perdido.

Uma canção esquecida

A minha canção,
deixei de tocar.
deixei de dedilhar,
a minha canção...

esqueci das notas,
os passos se foram,
o compasso sumiu,
não sobraram, nem versos.

Do poema que fiz..
em meu coração,
e se tornou música
para todo meu ser.

...da minha canção
esquecida canção,
que deixei de tocar.

terça-feira, setembro 16

Pequenas palavras, grandes sentidos.

Aos meus tantos palavrões, digo sim. Palavras de um teor tão grande e explosivo, uma carga atomizada formada de uma ira contida ou uma euforia eterna. Ao passo que os anos se vão, a culpa pelos desvios do português se esvaem. Não há sequer vestígio de um olhar para trás e sentir a culpa de dizer tal dizeres, - de pleonasmo sim - ora bolas. Quando pequena, a merda me era o cálice do mundo, o elixir da vida, se o falasse.. era o fim do meu desterro como pessoa e o início dos sete infernos em minha casa. E mais tarde, o merda já munido de ornamentos se tornaria uma das palavras mais ditas e consagradas pela minha pequena e desviante pessoa. Juntamente ao puta - de puto, irado..- chegando ao mundo com o cordão umbilical no merda, a mais linda,sublime e estilhaçada expressão para momentos de filosofia, antropologia e quem sabe, para questões de grande envolvimento social, -refletindo na situação de forma que pudesse compreender o tamanho do problema em questão, que ser humano não cumpriria o papel de refletir sobre si mesmo? Sobre sua vida ? Sobre a situação complicada com a chata do 512? - daí surge a doce e solene; puta merda... Desvencilhando toda e qualquer culpa para um catalisador de pensamentos finalizadores, comprometidos em refletir sobre a negatividade e possível dificuldade que está por vir. Eis alguns exemplos;
Puta merda, comeram meu miojo - virou até comunidade no orkut -. Puta merda vou chegar atrasada no trabalho.... e quem sabe até, Puta merrrrrrrrrrrrrda, que merda de fila de banco...
Não há dúvidas que os degraus da idade nos fazem subir também na escala de palavras que não eram bem aceitas - principalmente quando você é o caçula e para completar, mulher - de forma que o ouvir lhe proporciona mesclar seu conhecimento no assunto. Juntamente ao puta merda, temos também o putaqueopariu, que escrito juntamente me dá uma sensação falsa de aumento de grau, exigindo do leitor uma compreensão mais aprofundada. Partindo do derivado puta que pariu tradicional, usado quando a estrutura dos "nervos" não corresponde a harmonia do momento. E de abreviações; pqp, derivados subsequentes; puta que te pariu, puta que pariu mano, e o pior, dito em caixa alta, resultando numa explosão cinematográfica de fúria e ódio, onde o problema resulta numa única conclusão; PUTA QUE PARIU, FODEU! Exigindo do locutor uma certeza do problema em questão.
Não há quem não passe por um momento de reflexão e impulsão da palavra, seja ela dita ou escrita. Não há sequer um ser humano que resista aos afagos de um belo palavrão, dito em alto e bom som. Que por sinal pode representar autoridade e superioridade, conforto, felicidade, tristeza, fome e toda e qualquer expressão de sentimentos humanos, a depender do momento de emprego e impostação da voz.
E creio que, nada mais consagra uma conquista do que em respeito aos meus velhos hábitos, dizer; puta merda! consegui cara%%$¨#$#@ ...

E assim prossegue o rumo dos desafios, agora felizes e prontos para serem conquistados.E digo amém as grandes palavras que muitos resistem em não dizer, em não afirmar sua santidade e poder de esvair as mazelas.






segunda-feira, setembro 15

Trilogy

Que mistério há de existir, nas vísceras de minha alma. Na inconclusiva forma de meus pensamentos, na distinta obra de minha caminhada. Que rasgo há de se sentir na pele desidratada, no ombro esquecido.. no amargo gosto da boca. Que findar há de existir, nos meus mundos esquecidos, nos meus eus mortos, na vinda de tantas más notícias.. e boas torrentes.
Que mistério há de cobrir meus dias austeros, minhas plantas murchas... -aos louros de Kalil - e suas preces as mil vitórias, que não valem... custam muito mais barato que uma única derrota. E que mistério maldito consagrado em mil palavras vãs, de alguém que nem lhe abre os olhos, nem lhe acelera o coração... nem lhe conheces vida, que maldita palavra regorjitada, repulsa das letras.
Que mistério desvendado, de curta que se foi, destino passado. De beijos esquecidos e sofrimento agudo, tênue fator de suas más distrações... de seus pesadelos contínuos, seus pecados cada vez mais existentes.. persistentes. E lanças ao vento a malha fina, a única gota de sua bondade. E voa.. ao longe o reflexo que sorri, a menina que corre e a beleza pagã.
Que grande mistério, ó vida..

Tudo ao longínquo

Nada lhe faria mais feliz. Pisando no chão sob as nuvens, padecendo num estado de único frenesi. Seriam as estrelas que entrelaçavam os ares, os olhos e a alma.. em baixo e em cima as gotículas de vigor deslumbrante, de piscadelas do mundo... por todos os lados.
Lá em baixo elas eram azuladas, talvez amareladas. E ao longe as brancas e pequeninas faziam saudades. E quase que sem saber o algodão cobrira tudo.. e então a aeronave desceu, as estrelas se tornaram luzes e as luzes, próximas, não me eram mais saudadosas como antes.

domingo, setembro 14

Três pipas

Um fio enorme cortava o céu, e três pipas nele seguiam.
Uma, duas.. três de uma mesma cor.
Apesar da mesma sina, cada uma seguia o contorno de seus sonhos.
Flanavam as pipas vermelhas em anil, de um lado para o
outro em vértice olhar.. suas caudas balançavam com o
vento seguindo as coordenadas do leste, esquecendo o que viria do sul...
E sem que percebesse, uma das pipas enrosca sua cauda
em sua vizinha em cádmio. E a pipa do meio não consegue mais balançar..
só acompanha o triste fim de flanar em espelho da outra.

A vaca

Uma vaca no meio do asfalto,
repudiava sua indecorosa vida,
de cascos doloridos e descascados,
de viver sem pasto, só em dor.

uma vaca despida de cores,
ao longe o cinza a engole,
e deixa seu preto e branco
se tornarem parte do todo.

uma vaca balindo reclames,
babando, cuspindo tristeza..
mugindo aos poucos com o resto de força
a quem irá terminar sua tristeza.

uma vaca, no meio do nada..
esquecia no vácuo cinzento.
e os pastos que foram seu lar..
a esqueceram, no momento.

sexta-feira, setembro 12

Shh

Me olhava de longe e calada
em sua órbita de véus brancos,
em sua pérola forma longínqua.
em seus montes de cinza,
recostada sobre o infinito.

E eu a olhava despida e latente,
em minha forma desigual,
em minha sombra costumeira,
em minhas nuvens brancas,
recostada sobre o granito.

Nada me dizia, sempre.
Eu sempre dizia, nada.
Era só o que eu queria,
era só, o que esperava.

Como posso

Como posso ser quem fui ,
se o eu que impera esqueceu de quem era.
Como posso ser quem fora,
se o mim que me diz respeito,
não recorda do eu oriundo a ontem.
Como posso me despir de hoje,
se o ontem me observa de longe,
mas não me acena da varanda.

Ao céu

Lembra que te disse,
que a música cresce?
as notas sobem aos céus,
e o meu coração vai junto.

Junto a cada nota,
cresce.. mas decresce juntamente.

Cresça

Cresça em mim, tempo.
erga seus brotos,
em minha vida..
mostre-me a verdade,
que preciso enxergar.

Visita

A casa era meu berço, onde me aninhava em lençóis amarelados. Os quartos todos, foram minhas lembranças mais calorosas. Em cada um deles me vi em um outro tempo, fazendo o que me era de costume. Talvez a conversar pelos cantos. O azulejo branco era-me gelado e inescrupuloso na época, e agora, sua frieza me faz mais forte. O banheiro pequeno de espelho alto, pode enfim me dizer que não havia mais enlace de minha estranha figura naquela casa. Subir as escadas me era tão feliz e radiante, agora apenas cimento e rejunte. Então descer me foi mais caloroso, descer e ver que tudo não passou de uma visita, nada mais.

And..

...Lullaby wins.

Ana

Todo esse momento,
essa perda de tempo,
de viver de você.

E me faz sentir por dentro,
como se a cada momento,
fosse tudo se esvair...

E a cada dia,
essa tal calmaria,
se afastou de mim.

Onde está minha vontade,
de seguir a verdade,
do meu peito que diz sim.

Diz sim, a felicidade.

quinta-feira, setembro 11

Relatos

Hoje não estou afim de escrever nada de sol que se põe ou de cantos matinais. Hoje quero apenas fazer um relato de minha solitária beleza. De como posso ser feliz ou infeliz dando minha cara a tapa. Pois quero, ser como posso e nada mais. Poder dar risada de tudo que me faça sorrir e ficar deprê, sempre que der, só para contrariar o meu sorriso diário.
A tristeza é nobre, mas não há nobreza em sofrer no ombro do outro. Há nobreza em sofrer sozinho, em enxugar as lágrimas de um lamento solitário num banco qualquer, de uma praça no centro da cidade. Isso é nobre. Chega de explicações diárias sobre os desalentos de uma alma perturbada e inconscientemente louca -ou consciente?- que seja.
E a felicidade? Maldita que se esconde, dobra a esquina a cara vez que cruzo a avenida. Mas tenho o sabor de seus ventos em minhas papilas, a mais pura e deliciosa beleza, de sorrir sozinho. O incrível é olhar para os lados e não ver ninguém, ninguém que se conheça a sorrir em conjunto, nem por isso ser um sorriso menos valoroso. Penso que os sentimentos solitários alavancam perguntas e respostas incríveis. O amor sempre vem me perguntar porque não me apaixono, a tristeza sempre me pergunta porque não a deixo, o medo sempre me rodeia com suas respostas rápidas e a intenção - coitada -, sempre fala baixinho no meu ouvido nada tuberculoso. As vezes consigo minhas respostas num clarear de estrelas, como faíscas que aparecem. E num estalo tudo se encaixa, e então finalmente consigo. Benditas lantejoulas radiantes.
E digo adeus ao meu tormento.
Bye bye!

Só o Samba

O samba cobre,
a dor no peito,
a tristeza no olhar,
o samba, é meu alento.

Sobre os bares da cidade,
há saudade.. só saudade.
e só o samba, cobre..

a dor do peito...

A Jorge

"Quando ela irá voltar
para alegrar seu coração?
quando ela irá voltar,
para alegrar seu barracão.. "

Quando?

quarta-feira, setembro 10

Mundos

Em mundos tão próximos, existe a tal da diferença.
O ver do outro ficou cego, ficou só na aparência.
E o que reluz de um planeta distante?
mais uma explosão e caos..
Só mais um problema diplomático.

E o verde musgo do vizinho,
não interessa aos olhos anis,
aos teus olhos de admiração lunar.

Quem dirá que os mundos são iguais,
e quem fará com o que suas diferenças existam?
Quem vê sabe o que quer ver...
e quem é visto não sabe de sua visão brilhante,
que ofusca, sua simplicidade.. que recolhe, seu real brilho.

Para que tanta informação,
se o mistério é que encanta,
para que tanta descrição?

Se cada mundo existe em torno de si mesmo,
e os mundos a sua volta vêem o que podem..
só o que se pode ver de tão longe.

O sono

Cochilei sem querer, talvez me fosse melhor dormir do que atravessar minha sinuosa carreira sobre os ventos litorâneos. Sobre os coqueirais ao longo da orla.. tementes a minha tristeza de sempre, como fora. Meu olhar jogado ao fundo do que me levava, meu rosto contido a uma janela estreita e gelada. A música que me acompanha até o esvair das forças, e os livros que foram esquecidos na mochila. Mas o cansaço me liberou dessa auto-flagelação.. E então fiz diferente, minha tristeza e eu fomos dormir, pois juntas somos mais fortes, e nos sonhos somos temidas... por todos os outros sentimentos.

A espera

Esperar é doloroso,
a espera machuca,
a espera contida
machuca só de pensar...

quero parar de pensar.

Ir tão longe, quanto pudesse.

Parei um segundo, novamente tonta. Bêbada de tanta informação e assim esquecida num banco qualquer, jogada no meio da cidade. Onde estão minhas pernas? Não as sinto mais.. não consigo levantar daqui, apesar de querer sair correndo.
De correr pra bem longe e me perder no tempo.. no espaço, pelo mundo a fora. Indo tão longe quanto meu pensamento pudera ir..
e se fosse.

Não era você.

Era o seu rosto,
seu cabelo,
sua boca,
e as suas pernas.

era a sua voz,
o seu sorrir,
e o seu abraço.

Mas não era,
mais você...
pra mim.

Engano

Até onde fui, como pude?
Era apenas mais um engano...
só mais um erro.

Mais um para a coleção.

Assumindo.

Assumi um compromisso,
de amar e ser amada..
de seguir e ser seguida,
de pensar e ser calada.

de sorrir quando desnecessário,
de chorar baixinho,
fingir o contrário.

Assumi um compromisso,
de pagamento ilusório,
de semente plantada,
de tempestade esquecida.

Meu compromisso,
agora atado em palavras.

De ligação.

A brevidade de um pedido,
assumido em alguns minutos.
esquecido em alguns meses,
descartado em alguns segundos.

terça-feira, setembro 9

Se segura, malandro.

Pois quem desce a ladeira,
já sabe do rebuliço.

quem sobe os degraus,
conhece a guarnição.

quem anda nas ruas,
percebe o movimento..

quem cala e consente,
vive, pra contar a história.

Texas

Texas,
muito longe daqui?
Se eu pudesse
pegaria um táxi..

pra te ver, novamente.

Perigo

Você e seu olhar,
me dão medo.

Não sei o que esperar..
desse teu olhar..

Cheio de coisas que
não quero saber,
prefiro deixar
tudo como está.

Terça

Terça-feira!
Dia e noite, noite dia..
dia de feira, mais uma feira.
Ao meu terço, eu rezo..
pra passar depressa.

segunda-feira, setembro 8

Coqueiral

Como são rápidos,
os ventos..
que sopram
nos coqueiros.

Rápidos demais.

3

Contornos,
desse corpo,
delgado..
ofegante.

subindo
e descendo..
ladeiras...

escorregando,
para o fim..
Fim?

O início,
de tudo.

2

Para ganhar,
essa corrida
é necessário estar pronto.

Seu corpo, estável.
Sua mente aberta,
e o seu coração..
esperançoso.

1

Compreender,
esse coração,
é como beber
de uma taça de vinho.

Só com o tempo,
o rodopiar da taça
lhe representa
alguma coisa.

Separações

São bem vindas,
são úteis,
são conclusivas,
são essenciais
e são, por si mesmas
contínuas.


Só caminham os rios,
que se findam,
em outros rios..
em um lago cristalino,
ou desembocam
na imensidão do mar..

Esquecer

Eu queria,
que esse lembrar
não existisse.

queria,
que essa dor
não corroesse.

queria eu,
viver no esquecimento,
esquecer tudo que quisesse..

do que viver em
hipocrisia.

Acordando

Ao acordar,
dei bom dia
ao cobertor

bom dia ao
meu travesseiro,
bom dia ventilador.

bom dia a prateleira,
bom dia livros
emaranhados.

bom dia aos quadros,
e bom dia aos
irmãos.

bom dia guarda-roupas,
bom dia
espelho vão.

bom dia aos interruptores,
e bom dia ao
querido chão.

bom dia minhas coisas,
bom dia a todos
seus nomes.

E bom dia a Nina,
que corre e vem
me dar bom dia...

de volta.

A pequena flor

A pequena flor,
não deposita
seu pólen,
onde quer que seja.

Ela só aguarda,
que o vento
ou os pássaros,
o possam fazer...

e só assim,
vão haver outras,
pequenas flores
de reclusão.

sábado, setembro 6

O sambinha

Fiz um sambinha,
pra dizer..
pra você, meu bem querer..

quanto me é querido,
quando me da prazer.
E que prazer,
é a graça de te ver.

fiz um sambinha,
choroso e cheio de saudade,
minha obra prima,
meu alvoroço.. minha verdade.

Cheio de contornos,
de adornos... só para você.
Só pra te dizer, meu bem..
que eterna saudade de ter você.

Vício maldito

Meu vício, me deixa a cada dia mais dominada.
E tento e falo, digo que vou parar...
Mas minto, mentirosa.. ilusórias palavras.
Meu vício me consome, me toma por querer.
E acordo com meu vício, meu vício, me domina..
E me beija, o meu vício.. meu vício me envolve.
Meu vício de manhã, na rua e na cama.
Na ladeira, no almoço e no olhar...
meu vício me persegue, aonde quer que eu vá.

Contagem regressiva

E dez,
eu esperei
na varanda.

e nove,
você saiu
de casa,

e oito,
meu telefone
tocou.

e sete,
meu coração
me tocou.

e seis,
você me disse
que estava chegando.

e cinco,
ouvi você
no portão.

e quatro,
sai alegre
e sorridente..

e três,
o vi, lindo
cheiroso
e atraente.

e dois,
me beijou
como quem
não me veria mais,

e um,
acordei sem saber
porque desperta estava.

Zero.

Partida

Meio de campo,
complicado..

o zagueiro
adiantado,

o atacante,
resguardado

o goleiro
está longe..

e o meio-esquerda
foi expulso.


Mas o outro time nunca vencerá.

Le Rock

Onde está a música,
e onde, me diga ONDE
onde estão seus braços?

onde está a fumaça,
e seus braços, sentir seus
braços.. e abraços?

onde está a euforia,
e seus beijos... beijos..
e beijos.

Onde está meu peito?
acelerado, desmedido..
junto, juntinho.. apertado..
pertinho do teu.

Só porque disse.

Ai que saudade,
ai que vontade,
que vontade..
sua.

Te-lo envolto,
recobrar teu gosto,
em meus lábios..

Há pouco te provei,
há pouco te usei..
há muito já sinto sua falta,
ahhh que saudade...

Nega Olívia

Ancas dormentes,
que reacendem
um eterno sabor..
sabes como, querida..
sabes o que ele quer.

E como fizeres,
minha nega,
estarás nas nuvens.

Nega Olívia,
não é brincadeira.

La Luna

Sorrindo,
despida,
no véu da noite.

ela vem,
desata,
desagua
minha vontade..

minha sina,
de estar em busca,
do sorrir,
de verdade.

quinta-feira, setembro 4

De noite

De noite sou olhos,
de noite sou vias,
de noite sou ouvidos..
orelhas e dedos.

De noite sou pensamento,
sou saudade e nostalgia.
De noite sou reclusão,
música e letras..

De noite sou conduzida.
Volto a minha pátria,
de noite volto a minha essência.

De noite sou triste,
de noite sou tão triste de feliz,
e de noite controvérsia..
conduzida até..

..o raiar do dia.

De dia

De dia sou sorriso,
sou ventre amado,
sou criança feliz,
sou ponte admirada,
sou cálice da vida.

De dia sou luz,
de dia sou braços,
sou pernas...
e pés.

De dia sou falar,
cantar e festejar.
De dia sou menina,
sou contente e radiante.

De dia sou o dia,
faço parte do meu dia,
conduzo-o até a beira..

do crepúsculo.

Eterna admiração.

Estava, novamente fronte ao mar.
Novamente pensando em como
voltar para casa, e novamente admirando
aquele céu que me abraça todo o olhar.

E as lantejoulas cintilantes,
me diziam como voltar,
dançavam de olhos fechados,
aumentando ainda mais seu brilho.

Brilho, confundido até..
mas que não poderia ser tão primoroso,
tão incitante, como insistem as pequenas,
como só as pequenas conseguem brilhar,
as grandes-pequenas, meninas do céu..

Até que as vezes, de súbito posso
reclamar dos céus em perjúrio,
mas que maldade pior não existe,
quando a mãe lua se dispõe a ouvir,
meus reclames, meus sempre reclames.

Sequer confirmo, minha loucura.
Peço aos céus que me guardem,
digo ao céus que o amo,
e o amor de volta é o melhor de todos.
Como brilham em meu olhar.

As pequenas lantejoulas,
oh destino cruel e inovador,
que me brilha os olhos de longe,
que me faz amante, amada..

Desse imenso que me cobre os dias,
e as noites, sou fiel escudeira
das vontades de meu coração.

Guitarra Crioula

Volte, já!
Volte ao braços de seu amado,
seu mais amado, seu único amado.

Aquele que tudo diz,
que lhe tira um sorriso
estrondoso, outro melancólico
e outro um pouco mais tímido.

Volte a ver sua guitarra crioula,
os temerosos passos na praia..
as corredezas de seu profundo mar,
onde colhes as pérolas de seu coração.

Volte, rápido!
Antes que mais um dia se desmanche,
antes que a neblina cubra o céu,
antes que se percam, as esperanças..
como perdestes a quatro meses.
E recobrastes, quando a suas
mãos, as conchas diziam que sim.

E na capa dura de seu rosto,
ainda suspiras de lembrança.
Do primeiro, segundo.. e terceiro,
encontro diário e apaixonado,
não deixe quem te ama ir embora,
não permita que as palavras se percam.

Volte a guitarra crioula de seu amado,
volte aos cenotes, ao Parracho
as Lulas, Polvos e Unicórnios do mar..
volte ao tovaritch! Tovarich.. só seu.

De mudança

Engraçado como me lembro de você,
mesmo que o portão não seja o mesmo.
Mesmo que as paredes não tenham outra cor,
ou que a varanda esteja mais bonita.

A sala despida do que de outrora,
os quartos divididos ao bel prazer.
As cortinas se foram, o sofá se mudou.

Só a cozinha é a mesma.

Mas qual a diferença?
Se eu também mudei,
se eu mudei... também.

quarta-feira, setembro 3

Queixosas palavras.

Retiras a minha cabeça, para redigir tuas considerações. Canibal, animal... sujeitinho do mal.
E parte de mim se esvai ao branco, transformando minha vida líquida em um alfabeto indiscutivelmente corruptivo! Maldito! Maldito! Não sabes se eu realmente queria ser parte disto, não sabes! E por suas crendices loucas, ainda vais a minha retirada cabeça, e a morde sinuosamente, indiscutivelmente maldito, reintero mais uma vez.
Porque me apertas tanto? A pressão em meu pescoço me sufoca, permanecer de cabeça para baixo não me agrada de forma alguma. Só me traz mais sangue a cabeça, quase estourando em meu nariz. Mas sei que é o que desejas, infame.
Meu dorso passeia por seus dedos, por suas mochilas e seu bolso sujo. Por longos dias, por longas datas.. até que enfim, caio ao chão, imprestável. E na portinha do armário da sala, meus irmãos e amigos estão para me substituir. Para que servirei, se não tenho mais meu sangue para dar por ti? Alguém tem de pagar o preço, e agora, seco e intransigente.. permaneço no chão, até que o lixo me seja um novo lar.

Abra os portões do jardim

Bom dia ,
Acordei mais cedo hoje, tive vontade de lhe dizer algumas palavras.
O jardim anda novamente trancado, as folhagens já tomaram conta dos bancos e as flores estão desaparecendo em meio ao verde. Porque não cuidas mais do jardim?
As rosas não lhe machucariam por querer, apenas, os espinhos as protegem dos duendes que tentam arrancar-lhes as pétalas.. Talvez o Lírio não converse, por ser tímido. A Gardênia está muito preocupada pois não sente mais o seu aroma inebriante, por ser esse aroma desde sempre. As Camélias disseram adeus no último Inverno, foram dormir até o outono. E as Azaléias? Ahhh as Azaléias sentem muito a sua falta meu amigo, por apenas precisarem de um pouco d'agua que só as suas mãos a proporcionavam as duas vezes que a visitava, felizmente. E os Hibiscos, fechados como sempre... porém seu vermelho jamais deixa de prevalecer sobre os arbustos.
Todos precisam muito de você, até a grama deixou de crescer num verde-musgo interessante.. e passou a ser apenas mais um verde de papel de parede.
Volte a jardinagem, meu amigo. Volte a cuidar de quem te ama, volte. Antes que tudo se faça apenas em uma cor, em folhagens que engolem de minuto a minuto as lindas cores das flores.

Minha clareza

Esqueci
por um segundo
como voltar pra casa.
Esqueci, por um milésimo
quem eu era.
Esqueci, por um minuto
onde larguei as chaves..
E me lembrei,
que todos os dias,
esqueço algo pelas ruas.

Dormir

Dormir,
só me resta dormir.
E acordar,
e andar
e voltar..
e felizmente,
a noite..
dormir.

terça-feira, setembro 2

Vilã

Sou a vilã do filme da minha vida.
Matei meu sorriso aos poucos, escondi minha beleza no fim do mundo, tramei para meu coração sofrer, ameacei a minha esperança, dilacerei qualquer força de vontade, fiz meus e outros olhos chorarem e por fim, rasguei meu carinho ao léu..
Matei, escondi, ameacei, dilacerei e rasguei tudo que me dizia respeito.
Inclusive o gosto pelo dizer mais bonito da vida. Que residia em meu bom coração, falecido.

Quem poderá?

Quem poderá
me salvar agora?
Ninguém.

Só tenho a mim
como escudo,
só minhas mãos,
meus pés..
meu pensamento.

Minhas mentiras,
minhas verdades,
meu sofrimento,
e minha euforia.

Só tenho o advento
da minha circunstância,
a essência de minha
válvula de escape..

a lágrima.

Grande heroína
de mãos atadas.

Falha

Prometi não
escrever
sobre mim hoje.

..mas chorei
por tentar.

Deleites de um anúncio

- Insira aqui - e agora,
o seu discurso em vão.

Em poucas palavras,
em pequenas frases,
o que o seu coração, diz.

Para todos aqueles
que nem te escutam,
não te lêem. Nem sabem
de sua existência.
Mas grite, flane, erga
o seu mérito de amar!

Para todo objeto singular
de um amor inexorável,
a sua mais bela descrição.
Diga como onde e quando,
aconteceu de fato, o fato.

Gracejos, saudades e
aquela vontade de sim e não.
Desespero? Casualidade?
Cabe tudo em uma tirinha de jornal.

Num anúncio qualquer,
de um jornal qualquer...
aos deleites românticos,
de um romântico qualquer...

Fina chuva

Chuva fininha na varanda,
molha o chão branco-azul.
Deixa gotículas no mármore,
mancha o laranja cítrico em escuro.
Dias de chuva fina e nostálgica,
para as folhas se fazem gentis amigas,
nas poças d'agua elas se abraçam
ao chão dançam de mãos dadas.
Para logo depois, irem desaguar
nos bueiros das ruas frias...

Todos - Relatos cônicos

Calem-se todos!

a tristeza e sua lágrima,
o amor e sua flor,
a esperança e sua espada,
a dúvida e seu saco,
o ódio e sua vassoura,
a vontade e seu cartão.

Deixem a razão
falar, agora.

Sim - Relatos cônicos

Tenho pouco tempo para conversar,
só tenho poucas palavras para te dizer,
esqueça o vento que sopra na tua janela,
ele mente as controversas formas de dizer.
Esqueça o vento que preza pela tua saída,
feche a janela para o seu chegar.
E ande rápido pois ele pode ouvir,
enquanto termino de lhe dizer.

Por que? - Relatos cônicos

Amas desde sempre, sabes disso. Ao passo que as dúvidas quanto a presença escaldam de maneira tórrida. Esquecestes quando disse o último gracejo, real. Posto que entregas a cada dia a vida em outras mãos, e sentes cair ao chão quando esperas que lhe resguardem.
Mas que mentira , não entregas vida a outras mãos!. Não entregas vida nem a tuas próprias... quem és para privar-te de cair ao chão, descer ao gélido destino.
Desconverse e beba mais um pouco, sua sede de esquecimento contribui para o nascer de um novo dia, que revela a retrospectiva de cada passo que destes. De cada vez que seus pés afundaram, da aflição de sentira.. e da glória que pudestes, quando estavas livre.

Mundo inteiro

Acho que estou enlouquecendo, o silêncio me comprova.
Não olho o papel ao escrever, só dito as palavras sem ordem,
ao sentido obscuro de minhas limitações.
E jogo toda salinidade da minha vida no mar, salgo cada vez mais o mundo inteiro.
Com toda essa loucura, vasta.
E o mundo não me digere, estou na boca, em meio aos dentes.
Passeando pela língua tênue de movimentos bruscos... Subo e desço, rapidamente.
E sou, jogada para fora.. sem se quer poder me segurar.
Pois os dentes são afiados... e minhas mãos estão frágeis.

Deixe-me

Não me chame,
não quero acordar..
deixe-me dormir
mais um pouco..

deixe-me sonhar.

segunda-feira, setembro 1

Fim do fim.

O fim do fim chegou,
e não posso mais negar.
Não me há rancor,
não me há um chorar
não me há mais nada..

Não me há vontade,
não me há tristeza
não me há desterro..
só me há um nada,
um vazio..
daquele mundo inteiro.

Tristeza

Eu estava com medo,
com tanto medo..
que nem pude prever.

eu estava sozinha,
tão sozinha..
que a minha solidão me iludiu.

eu estava triste,
tão triste,
que a minha tristeza
não quis soltar minha mão.

E apertou-me os dedos,
e não me deixou tão só
quanto estava.. nem tão
sozinha quanto era.

Éramos eu,
e minha tristeza.

Soneto da criação

Molde de tudo
tudo do corpo
que gera uma alma,
alma de tambor.

Ecoa nas ruas,
soletra nos ventos
as suas palavras
os seus sentimentos.

Quem dirá ao presente,
a criatura e o criador,
onde estão os imprudentes?

Esquecidos nos vales,
estreitos nas verdades,
lá estão os imprudentes.

Zéfini

Uma, duas,
e Zéfini..
escafedeu-se
a obra certa.

Mas mói
de estar
curreto?

Me empresta
tuas asas..
e assim saberei.

Conversas

O vento não vai mais dizer,
o que está por vir.
Quem dirá será a chuva,
quem dirá será o sol..
e a Lua nada mais me dirá,
pois já me disse o bastante.
Me avisou o bastante,
assim como as estrelas..
do espaço que compartilhas.

Acordes

Tocas as notas,
mais lindas.
Tocas o som,
venerado.
Tocas os corações,
apaixonados...
e tocastes as notas,
do meu coração..
quando tocastes
aquele pequeno acorde,
tocou assim minha emoção.

Percepção

Dormindo sem perceber,
a sua estadia.
Me viro, contorço..
e lá está você.
Me cobrindo
do frio, novamente.

E me diz aos sussurros,
boa noite meu amor
e finjo não perceber,
para parecer-me um sonho.

Setembro

Setembro!
Mês das flores,
mês do florescer..

Setembro,
mês das cores,
dos sabores..
marcas e amores.

Setembro..
mês rosado,
começo de tudo,
final do que passou..

E me deixe contar uma prece,
floresça em meu coração, oh
digníssimo mês.

Ah!

Ah! Essa sua beleza..
essa beleza sua,
beleza longínqua
beleza pálida,
beleza séria,
beleza crítica,
beleza linear,
beleza entretida,
beleza quieta,
beleza rara...

ah! essa sua beleza...
passageira.

Sempre

Brinco, não brinco
ou deixo pra depois?
Realço, corto ou
invento?
Transformo, acabo
ou defino?
Subo, desço
ou permaneço?

Escolhas, escolhas..
sempre escolhas.

As pazes

Vamos fazer as pazes?
Você me dá a mão,
e eu te dou a minha.
Juntas não vão se separar.
Você não me dá mais nada,
além da sua mão e a sua real vontade..
de retornar a mim.
Felicidade.
( ! )