sexta-feira, maio 30

Olive e o triângulo

E acabou Olive, acabou.
Ele se foi novamente,
apesar de dizer que ficaria.
Você de novo deitada na cama,

sozinha e saudosa, maldosa..
liga sem sucesso, ele disfarça.
Você Olive, mulher tão fogosa

já gosta... já gosta de sofrer.
Ele está lá com ela, de novo..
E adormeça querida,

durma para esquecer a solidão.
E não se esqueça Olive,
ele jamais a deixará... jamais.

A Veloso

De brincadeira que crescera,
aos olhos que de longe se encontram
E me faço de tola, incapaz...
e já era completamente sua.

Mais tarde, quando a poesia encontrou a minha vida,
me vi ao perder-te entre as nuvens,
onde na terra fiquei, a esperar-te.
Desça das estrelas e traga teu brilho, novamente.

Vi a noite em chamas ao tardar do dia,
não vi minha força para esquecer-te
e um grande amor gritar em mim como sonhei.
Como sonhei daquela brincadeira...

E sem você não há caminho,
se sem você não me acho...
E me perco enfim, na esperança que guardo,
e se me encontro, lá está você.

E é estranho o quanto aguardo,
se não me doei o bastante,
mas se você soubesse o quanto,
que guardei pelo calar da voz.

Certamente seria mais feliz.

quarta-feira, maio 28

Ramalhete.

Ele procurou as flores certas,
das quais ela mais gostava.
Embrulhou num papel transparente
e um laço envolto lhe bastava.

Ele suspirava ao ver o pacote
que ele mesmo preparava
e será que ela esperava,
o que há pouco a aguardava?

Ele sempre faz surpresas,
e ela sempre, admirada.
Então lhe entrega as flores,
ramalhete de tulipas rosadas.

Compromisso

Tenho um compromisso contigo,
daqueles que não se pode falhar.
Tenho em minhas mãos o destino,
tenho o que você me deu pra guardar.
Tenho os dias que faltam e as horas restantes,
para cobrir o que precisa se calar....
Mas não tenho sequer uma dúvida,
de que não vou lhe desapontar.

Não sinto saudade.

Não sinto saudade,
daquela saudade.

De quando partia tarde,
e chegava aos tropeços.
Dormia pouco, muito pouco.

Não sinto saudade,
da saudade tua.

De quando eras pedaço meu,
de quando fui realmente sua.

Não sinto saudade,
da saudade que tinha..

De tudo que vivi e até o que não...
de você e de mim, do teu sim e do meu não.

Umbigo.

Sempre que eu esqueço,
e os outros dou a frente,
não olho pro meu umbigo,
não sinto o rei na barriga.

Sempre que eu me deixo,
e penso demais nos demais,
não olho pro meu umbigo
meu ego não me toma mais.

Mas umbigo amigo, será que és capaz?
Então me dizes se volto a olhar-te mais..
me diz se devo olhar-te demais...

Não feliz.

Hoje eu acordei infeliz,
não infeliz, mas não feliz.
Acordei sem saber se dormi,
se dormi direito a noite inteira.
Não sei se sonhei contigo,
não posso dizer que sim.
Mas quando acordei e vi,
que eu estava ali sozinha,
nem em meu sonho eras parte de mim.

terça-feira, maio 27

O que falta.

Invade meu ímpeto nesse olhar,
e eu nas curvas da timidez,
me exponho em bochechas rosadas.

Me fixa de modo certeiro,
e eu vou e volto de teus braços,
sem saber realmente se fico...

Mas as vezes eu jamais consigo,
se algo me separa do teu olhar,
e eu sequer consigo, devolver o mirar.

Uma caneta.

..para anotar um nome que esqueci
para um telefone que se foi dos digitos
para uma estrela que desenhei no céu,
e suas pontas até poucas, mas nem
o pouco de sua aguda forma me recordo.

Asentimental

Por onde perdi?
Aonde é que está?
Será nas ruas ou nas vielas
será no tropeçar da minha
da minha vida, nessa solidão...

Aonde é que está?
O que sentia na pele
o que o coração me dizia
se agora não me diz, não.

Por onde perdi?
Aonde será que guardei?
se é que guardei, e agora
de tudo que era, tudo falta.
Tudo, sente minha falta.

segunda-feira, maio 26

Fingir

Fingir não ver
é como mentir.
Mentir de forma
que possa trair.
Trair o coração
o único capaz.
De lhe alertar,
voe pra longe...
não volte mais.

Tradução.

E o ama como ama o outro,
como os olhos brilham,
e o abraço é quente.

como ama a vida, em vida,
viver a vida do outro
no outro, até descontente.

e sacia, e mata a vontade
não mata, mas açoita.
E verdades são outras.

E não o ama, o outro.
Aquele a quem nada diz,
e se diz, mente e finge
rasga a dúvida..

Olhos brilham não tão iguais,
mas o amor de brilhar nos
olhos, não vê, nesse rapaz...

quarta-feira, maio 21

Ao meu amor que se foi.

Ao meu amor que se foi,
peço que volte.
Me deixou sem vestígio,
nem saudade mais me visita.
A descrença que me fez refém,
em uma viela chamada rotina,
e que desabou esperança e sorriso,
tombou pelas ruas...
e das casas, fechou as cortinas.

Queiroz

Protegia a vida de muitos,
protegia da ao Frank.
Era de toda a bondade
a maior parte dela.
Era o guarda da vida,
segurança da cidadela.

E a você que em natais fora único,
a um que sempre me fez sorrir
um adeus saudoso e inexplicável,
foi duro, difícil... mas foi melhor você partir.

E que de lá ainda me diga,
como me dizia em dias por aqui,
você foi, você é e sempre será..
aquele que preza pela vida dos outros,
até por vezes, esquecendo de si.

O maior dos medos.

E o medo de mãe,
é o maior dos medos.

O medo de mãe,
é o medo de perder
parte de si.

Medo de mãe não
é sofrer nem parir.

Medo de mãe é morrer,
mas ver seu filho partir.

Partir para um caminho
sem volta.

Mãe e seu medo,
medo de não ter
seu filho em casa,
de volta.

Foram

Há dias,
que os dias,
duram tanto.

E em dias,
sofridos dias
desato em pranto.

Mas os dias
dias que passam
esses, só conto.

Que os dias se foram,
ficaram para tras,
ainda bem...
pronto.

quarta-feira, maio 14

Tu, eu & você.

Tu e eu
eu e tu

que fomos,
que somos
que seremos,
e por fim, te amo.
Por começo, sinto
sua maldita falta.
Mas me encasulo,
em metamorfose,
de borboleta ríspida,
de lagarta desbotada.

Você e eu,
eu e você.

Agora um pouco polar,
agora em vida, por si.
Por si só, por seu nariz.
Você que sempre será
você pra mim.
E me perdoe a falta,
a minha falta, o meu sumiço..
me redimo em cada, cada vez
que a ti recordo, torço.. rezo.

Você e tu
eu e eu

Escassez de mim para ti.
Pedaço de mim que se vai,
todos os dias, em horas longas.
E me perdoe em fraternidade,
me desculpe por pedaços...
e te amo, te amo & te amo
mas não posso mais, nesse cansaço.

Divergência.

Ultimamente ela não tem sido,
nem tem falado quanto antes
e nem sorrido por puro prazer.
Não envolve com ternura,
nem conquista por bondade.
Ultimamente ela é... de si,
uma irremediável saudade.

terça-feira, maio 13

Filhos esquecidos.

Eu sou filho de João ninguém
sou filho de Maria pouca coisa,
sou filho das ruas e das praças,
sou filho do meio, fruto da coisa.

Eu sou filho do pão dormido,
sou filho da mágoa guardada,
sou filho do esquecimento,
sou filho da voz exteriormente calada.

Sou filho da falta de escolha,
sou filho da conclusão precipitada,
sou filho da remota possibilidade
sou filho da luta em mãos, contra a mão armada.

Sou filho da dor e da tristeza,
sou filho dos farrapos que me vestem,
sou filho de um ventre esquecido,
sou filho da margem que os perseguem.

Sou filho do pouco que me resta,
sou filho de um país em decadência,
sou filho das vozes que dizem
sou filho da voz precipitada, onde sou demência.

Sou filho do vento que me congela,
sou filho do calçar dos pés não existentes
sou filho do arrastar do corpo
sou filho do cariar dos dentes.

Sou filho da ignorância e estupidez,
sou filho da lágrima e da dor
sou filho e fruto da sociabilidade
sou filho perpétuo de toda falta de calor.

Sou filho da imprudência regente,
sou filho do meu pai que me deixou
sou filho da mãe que enlouqueceu
sou filho das ruas, das luas... e acabou.

Tomo

..e me embriago,
tomo cada gole
como o último.
Cai na boca como
nem queria.
Me embriago,
desse amargar
tão íntimo, e agora
tão próximo.

Desabe.

Tá chovendo de novo, chove fininho e implícito.
Daquela que segue por horas se arrastando,
dedilhando seu delicado tocar onde desate.
E chove, sem cessar. Como um frescor no ar,
com um frio de saudade. Quando chove as
certezas não existem, o que tomas nome é a solidão.
E se chove em demasia lá fora, por aqui se derruba tempestade.
E o mar na chuva não é calmaria, e a água não escorre,
se acumula em mais água, mais pranto do céu.
Quando chove diminui a persistência, frestas não se abrem.
Mas quando chove é de minuto consequência, de todo calor
que jamais é em prosseguir, forte.
E prefiro que não chova de fininho, que as gotas sejam
robustas e fortes, que lave a falta do que faltar.. a incerteza no caminho.

E a verdade dói.

E me é cansativa a espera,
e resido triste e desapontada..
que nem consigo sequer falar.
Minúscula de mim, órfã de outrem
amena de todo o resto.
Tão magoada e frágil, em
cárcere dos lábios, aparento-me
feliz mas ao adormecer nem
mais me digo, não discordo,
não aceito nem vou aferir.
Nem consigo me levantar.
e me pego tão incapaz,
que foge qualquer saída,
descrente e mal avisada,
sem segurança,certeza e vida.
Estou tão impotente,
que nem o chorar é meu,
é de alguém que insiste aqui,
onde a vida me faz recolher.
e a cada gota de sal,
a cada torcer do nariz,
as bochechas vermelhas
e o queixo que se contorce.
e o choro não vai ajudar,
a tristeza não vai afagar,
as mãos não tem onde firmar,
e segurar a tal esperança.
Fujo e volto a cada segundo,
não posso mais convencer,
de que se pode fazer o necessário
assim, que pare de sofrer.


segunda-feira, maio 12

Mulher

quando estão, ninguém as pode tocar,
tudo é faísca, momento intempestivo
maremoto de querer e desejar.

quando prosseguem, ninguém as detém
vão até onde querem, e lá elas começam
tudo de novo, ao querer de suas fantasias.. regressam.

quando querem, nada lhes pode acalmar
é fuzilar de passar os olhos e prender ao lábios,
mulheres sabem como lhe fazer delirar.

quando conseguem, são donas e domadas
são como pedra que se esconde, antes de ser lapidada
são como fósforo que sem o risco, mantém a chama apagada.

quando satisfeitas, insatisfeitas estão.
querem sempre mais, poder, amor e sedução.
sob teus pés aquele que remete sua devoção.

quando caladas, falam com o corpo
sinuosa estrada do derrapar da certeza,
e nenhuma delas, lhe diz o que quer, em clareza.

quando tigresas, esfregam tua pele de
ouro marrom...e dizem que com alguns
homens foi feliz, e com outros foi mulher...



domingo, maio 11

Gosto.

Gosto quando estou quieta,
e no escuro me escondo.
Adornos ao ouvido, como gosto.
Gosto do ouvir da vida noturna.

Gosto do som do vento contra as folhas,
e dos aviões que cruzam o céu ameno
sem aparecer, pois as nuvens o escondem.
Gosto dos grilos e do gorjear das aves.

Gosto do sopro do vento,
e do som ao pisar a grama molhada,
gosto das pedrinhas minúsculas contra o solado.

Gosto do ouvir das vozes sem entender,
e gosto de ouvir o que o meu peito diz,
gosto de ouvir essa voz que insiste, sempre.

sexta-feira, maio 9

Releituras.

Primeiro ato,
Quem aceita e define, murmúrio. E se diz, que sim, que acontecera e foi, verdadeiramente em ato. Traição por intermédio, por fino e duradouro trato. Crianças se conhecem, se fitam na adolescência, casam suas vidas e destroem seus laços em anos. Talvez a maledicência de uma boa esposa, e a controvérsia de uma excelente amiga. Quem possa responder ao ventre das perguntas, ou a resposta infame.
Segundo,
E se talvez, houvesse uma mulher dentre os vales de trigo aos cenotes, entre a Lua e a flor que te escondes, a guitarra que tocara em seu corpo perfeito ou os arroubos das noites ao furtar retratos, onde não sabias o rosto da mulher amada.
E foi, porque ela fora. Sem saber de suas foices e tracejos, seu doce relâmpago de carinho e suas investidas em novos caminhos.
Terceiro,
Já aqui, ela seria tutora de suas idéias e regida por um velho tio. Agora toma a vida em suas mãos, pisa no coração daquele que te dizia amor, e pagou, caro por seus desejos. Com o orgulho nos dentes e o rancor em sua alma, lhe tira amor do peito, e lhe prevalece raiva. Quando compra-lo era o bastante, ele em débito surtara planos, e lhe devolvera em honra, lavar a tua com o pagamento. Pagou com amor.
E último,
Ela nem acreditara, a mais descrente das mulheres. Seguia com o olhar a procura daquele, que fosse sua paz. Jamais encontrara. Frustrada e indolente, agora nem ao menos enxerga suas fontes, seus amores ou suas dores. Incorpora a vida como um andar em descompasso, e vai, a deriva das sinuosas ruas. Não se dá, nem se prende. Mas imagina, apesar de perder o foco... por muitas vezes.

Sobre extremos.

quando não se consegue,
controlar o apreço
ou retalhar a inquietude,
tudo lhe é extremo.

e se fosse verdade,
de inverdade sobrevivesse
faria das suas, as que agradam
e a ti entregaria o silêncio.

e andas pelos caminhos abertos,
intro as paredes de concreto,
para frente é que se anda
para os lados, pesadelo.

quando se segue em permanência,
e cala a fonte de todo sacrifício,
não há mediação para as vertentes,
só duas, fazem compreensão.

e de duetos se dispõe contrário,
antônimo de si mesmo,
não se completam, nem se degladiam
se anulam, por disposto e incerto caminho.

quinta-feira, maio 8

Ah! se eu...

Ahhhhhhh se eu tivesse..
sorrido um pouco mais
te olhado quando me olhou,
feito uma piada sobre o dia
ou falar puramente na cara de titânio.

Ahhhhhhh se eu tivesse..
um papel e uma caneta,
uma idéia, meu celular em mãos
ou um espaço, me faria
salivar um pouco mais..
só mais um pouco.

Ahhhhhhhhh aquele teu olhar,
quando longe já estava,
porque antes me olhava perto
e eu nada fazia, calada.
E burra, diria.

E quando ficou,
ahhhhhhhhhh maldita falta,
maldito hesitar, malditos poréns
e talvez, quem sabe, se.

Ahhhhhhhh pura bobagem,
e desejo, te encontrar novamente,
e peço! como peço.. que me cruzes,
o olhar, novamente.
cinza,

desde a roupa
ao céu rajado
desde as flores
e o carro ao lado.

tudo esta cinza
de minuto e conservado
cativo em si mesmo
fingido e calado

e a agua escorre,
nos dutos e frestas
nas ruas e nos entraves
e nessas palavras, sem festas.

terça-feira, maio 6

Ao Loiola de todos nós.

Me vê agora?
Olha nos meus olhos,
eles dizem o mesmo.
Nada é provado, nem
contexto é um sim.
Eu te provo de amor,
em dor pelo mundo.

Na vida circunda,
paixões e freios,
demandas instáveis
amigos, e pretextos.

E somos, e pensamos ser
sentimos por sentir,
seja lá dor ou prazer,
me é, te é, e sempre será,
desse tal que aparece
desaparece, desaparecido está.

E me diz, e te digo
falamos por dias,
qual o tal do amor,
que visitara o coração,
como é, de onde vem,
se chegou, verdade?

E somos, sempre
em cuidado mútuo,
se for eu sou, te digo
e me dizes... contamos
em único desejo, descobrimos,
a semente e o destino...

Falhamos, por tantas.
Achamos e perdemos.
Onde estará e porque
não nos faz visita, de tempo
que se esgota... de vontade
que amarga, e sofre.

segunda-feira, maio 5

Chão

Deitei no chão, encostei de perfil,
e fui aos poucos adormecendo...
se o mundo fosse infeliz,
seria de mim parte da felicidade,
em chão eu sou completa,
descanso em paz, com vontade.

E as mãos que tocam o azulejo,
nem os dedos podem descrever..
e se os braços tocarem meus segredos,
quem sabe, do chão possa os ver.

E se fora, de verdade... eu serei então.
Serei em perfil, aquela que fora antes...
ela, que nunca fora sozinha... não.

Em desapontamento.

Dei desculpas o bastante, tantas, que nas mãos não cabiam.
fingi ser boa o bastante, perdi meu tempo.
Gastei a verdade dos outros, matei o olhar de admiração,
furtei o brilhar dos olhos castanhos e o ar de devoção.
Em preço, paguei o bastante, tanto que nem minha vida pagaria,
em instantes, de flor que desabrochara, era eu a planta com erva daninha,
e definhei em poucos, eternos instantes.
Cobri as cores e não deixei a luz entrar, adormeci um broto de calidez rubra,
e deixei a beleza se calar. Calei o ventre do crescer em beleza, deixei a falta
em mim transparecer, e fui, fui eu quem fiz tudo isso... em desapontamento
a outro ser, outro, que reflete nessa parede, e reflete, em demasia viver.

Você

Hoje você é quem nunca fora,
hoje você é o que de mim não era,
hoje você é sombra da tua sombra
hoje você é alheio na tua própria terra...

hoje você é alma que pena,
hoje você é inverdade e loucura,
hoje você é parte de nada
hoje você perde a cabeça, tortura.

hoje você é um nome alheio,
hoje você é tão alheio que desconheço,
hoje você é tudo que nunca fora,
hoje você é pra mim falta de escolha.

hoje você é apenas um inquilino,
hoje você é uma voz que me diz adeus,
hoje você é uma saudade que em mim belisca,
hoje você é tudo que eu jamais quis pra mim.

hoje eu e você somos,
nada que todos deveriam,
e somos, eu e você
aquilo que jamais... na vida
poderíamos e deveríamos ser.

Em particular.

Eu já te amei, já te amei tanto.
Já te amei de acordar cedo, e te ver de manhã dormindo esticar a tua pele para sorrir, ver a tua cara feliz de manhã. E você acordava atordoado, eu sorria e cruzava as pernas sob o lençol branco. Era-me felicidade e afago.
Te amei em fortaleza, em dutos de carinho e paisagem segura. Te amei de cortar suas unhas,
bagunçar teu cabelo e correr aos teus braços quando chegara. Era tua maior admiradora, maior
expectadora e menor companheira. Você pra mim era meu céu, imenso e azul de calmaria, vasto e presente sempre que eu queria.
Mas você um dia se foi, do meu lado. Se foi e levou teu sorriso, teu afago. Foi pra longe, de perto estava... és resto da pessoa que era, pedaço do amor. E eu te amei, te amei até quando quis dizer não, até quando chorei e fui embora com as malas nas mãos, chorei quando
falou alto e partiu corações, sofri quando esqueceu aos oito, o que fui e o que deu. Esqueceu de mim, jamais de mim se foi. E se foi, de você mesmo... se foi do nosso laço, se foi da admiração, verdade e apreço, porque te amei, te amei tanto e nunca, jamais sequer, apesar das dores.... esqueço.

domingo, maio 4

Soneto da confusão.

O que me é em mãos?
A não ser minhas linhas
meu tolo tocar, em vertigem.
Vazio plano das idéias.

Um nó na mente, sim.
rodopiam os conceitos
as idéias em saltos
e a certeza serelepe.

Distorce o mundo
escurece e embaça,
onde estão minhas mãos agora?

Nem as linhas ficaram,
e no vazio entorpecido
minhas idéias se calaram.

Metalinguística

olhei para todas as letras,
nenhuma sílaba se moveu
nenhum hiato se formou,
nem sequer uma consoante deu início.

dos mais a menos querer,
as palavras não se formavam
meu dizer não saiu do brotar,
e elas continuaram distintas.

nada se forma, enfim.
nenhum adjetivo condiciona,
nenhum substantivo é meu...
de mansinho as vogais se vão.

quanta simbologia pra pouca idéia,
podem ser até letras demais,
e quando menos espero, lá estão
todas elas juntas novamente.

sábado, maio 3

Quando me digo baixinho.

Tenho dúvidas, tantas.
Perguntas insistentes e medos demais
as vezes medíocres, incertos companheiros.
tenho um nó na garganta e os dedos entrelaçados
os pés inquietos e a mente fluindo.. meu coração
não bate como antes, quase para e nao responde.
tenho minhas magoas e mazelas, meus dizeres
imprudentes meus reclames e controvérsias...
tenho planos futuros e dores passadas.
Meus olhos murchos, dizem adeus aos dias
e meus lábios confusos, se encolhem.
Por um segundo esqueci meu nome, esqueci quem sou,
esqueci de lembrar mas não esqueci de esquecer..
de completamente tudo a minha volta.
E fui e sou, sempre assim.
Aos dias que puxo da memória as dores e as noites que
digo pro meu eu que tudo isso vai melhorar..
e me digo baixinho em positivo, vai passar.. vai passar..

sexta-feira, maio 2

Mr. Pretzell

Lembra de tudo aquilo?
Eu ainda sussurro teu nome do terraço,
daqui quem sabe você escute, e responda.
Diga meu nome baixinho, como o teu se faz.
E nada mais precisa ser provado, pois ainda
estou aqui. E a qualquer chão que pise, qualquer
degrau que suba, seus olhos ainda vão me perseguir.
E teu nome, ahhhh o teu nome.... esse vai viver na
ponta da língua, tão comum quanto quis que fosse,
desde o dia em que fizestes tão usual na minha vida,
tanto, que as lacunas dos dias se fazem cada vez maiores,
e os terraços, cada vez mais visitados. E o adeus que os
lábios dizem, sussurram teu nome outra vez, lá de cima...


... adeus Mr. Pretzell.

Alphabeta, Arco-íris.

Alphabeta cresce, decresce como as gotas de luz que se formam no mar, tocam nas portas do céu e voltam as profundezas das águas. Sempre em teus olhos emerge, e foge de mansinho no escorregar de gotículas, no emaranhado de cores.
E se com os dedos os toca... os raios dos arcos ascendem, das cores quentes em exuberante, ao recolher-se no gélido lilás que se retrai. Se forma a frente da tua íris, e em arco se funde.
Cada vez mais distante ao se chegar perto, só para manter o apreço de ser intocável, translúcido e encantador.
Em Itapuã começou, em Patamares se perdeu e na Pituba, já não mais existia.
Alphabeta cresce e decresce, como nos olhos, no arco e no mar, do feito onde se esconde pote de ouro, da obra natural que se funde em gotículas e incidência de luz, de íris dos olhos e arco da vida, tão óbvio quanto o Herbie, tão simples quanto sua batida. Tocando em oscilações.
E em analogias simples, de formosura e encanto, de gélido e estupendo, de olhos e distância, de primor em água e luz.

quinta-feira, maio 1

Fase ruim

E lhe toma nos braços,
te açoita o coração
toma mente e espírito
e joga num mundo estranho.
E de fase ruim se passa,
em fase, tudo é rotação.
E ela pede para que o mundo gire,
e reza que por favor não demore.

Fim.

Não queria ver ninguém,
nem dizer Olá nem Bom dia.
Não queria apertar a mão,
e nem sequer escrever poesia.

Não queria olhar nos olhos,
nem dizer o quanto amava,
não queria abraçar por amizade
e nada que fizesse a motivava.

Não queria conversar nada,
e nem ouvir em prantos,
não queria pensar no outro,
nem em lamentos, tantos.

Não queria por fim,
que a boca se abrisse,
não queria dizer nada a ninguém
e nem que alguém sequer a ouvisse.

Não queria afeto nem carinho
não queria nada em coração,
não queria um conto de afeição,
não podia mais dizer, falar ou discutir a relação.

Em uma década.

Meu herói morreu,
em uma década.
Caiu do cavalo e faleceu,
para mim não deixou uma légua.

Minha infância tomou,
foi como água que escorre
meu rumo descrente fincou,
e crescera, em inverdade.

Meu palácio caiu,
no momento em que falecera
e a tristeza que em mim residiu
sobrou, derramou em fraqueza.

Eu, por mim.

As vezes me sinto tão estranha
me cubro de esperança vã,
me deixo rodopiar pelas distrações
e me faço algoz da vontade.

As vezes me sinto tão diferente,
que nem sei de onde vem tal verso
que não mais sei de onde vem o pensar
e me esqueço nos corredores da casa.

As vezes me sinto tão culpada,
por nem ao menos me deter,
por nem mais, poder resistir
e me tomo como crueldade.

As vezes me sinto tão só,
e me sinto esquiva, junto
e me sinto controversa em união
e me abro o peito de lamento.

As vezes nem sinto nada,
só vou por onde o vento me empurra,
só sigo onde as ruas me levam
e me jogo ao pensar no rotineiro.