terça-feira, maio 13

Filhos esquecidos.

Eu sou filho de João ninguém
sou filho de Maria pouca coisa,
sou filho das ruas e das praças,
sou filho do meio, fruto da coisa.

Eu sou filho do pão dormido,
sou filho da mágoa guardada,
sou filho do esquecimento,
sou filho da voz exteriormente calada.

Sou filho da falta de escolha,
sou filho da conclusão precipitada,
sou filho da remota possibilidade
sou filho da luta em mãos, contra a mão armada.

Sou filho da dor e da tristeza,
sou filho dos farrapos que me vestem,
sou filho de um ventre esquecido,
sou filho da margem que os perseguem.

Sou filho do pouco que me resta,
sou filho de um país em decadência,
sou filho das vozes que dizem
sou filho da voz precipitada, onde sou demência.

Sou filho do vento que me congela,
sou filho do calçar dos pés não existentes
sou filho do arrastar do corpo
sou filho do cariar dos dentes.

Sou filho da ignorância e estupidez,
sou filho da lágrima e da dor
sou filho e fruto da sociabilidade
sou filho perpétuo de toda falta de calor.

Sou filho da imprudência regente,
sou filho do meu pai que me deixou
sou filho da mãe que enlouqueceu
sou filho das ruas, das luas... e acabou.

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