segunda-feira, abril 12

Planta baixa

Planta baixa


O que é, que se revela
e transpõe significado?
Orienta, prontifica
repõe e discorda o preferível.

Se alimenta do meado,
e nasce no sentido
de ser sentido obrigatório.

Que merece atenção
posto esse resignado
a cautela do outro eu
desmitificada história.

De ser para quem conheces,
de como afugentas, bobagem.
Tudo é questão de ler,
ler essas dores todas.

No singular

No Singular

Se é,
por si
nem por outro.
É sim,
quem te diz,
quem soa.
E projeta,
no outro
o de si.
De ser,
de estar,
em você mesmo.

No plural

No plural

Juntos estes,
postos aqueles.
Eis reunião.
Junção, abdução
somatório.
De certo,
conjuntos,
todos.
Assim, que falas
que falamos,
somos.
E até desconexos,
perplexos, humanos.
Somos.

sábado, abril 10

Baixando

ele engole o queimar,
o brando dos corpos,
a cegueira dos estigmas,
o refletir incessante.
só talvez nos cobertores,
nos aquecedores..
nos corpos ores, sabores...

Ele e seu ofício.

Estava a passar, olhando o frio se descompor.
Talvez nem tivesse tempo o bastante, nem vontade.
Não olhasse para outro que fizesse sentido, nem tempo.
Você passava na linha amarela, com as mãos ocupadas
e as costas curvas. Colhendo o que dos outros deixou ao desuso.
Nem olhos, nem olhares. Nem presentes, só migalhas; sujeira.
Na chuva tudo se misturava, decompunha e untava.
E você colhendo a discórdia dos outros....

sexta-feira, abril 9

De madrugada II

Doeu como um estilhaço em meu corpo, deixou em cada pedaço minhas más lembranças, mesmo que elas, doídas de uma vez só. Pra retirar cada um de meus lamentos, precisei de tempo, precisei de suas palavras duras. Eu as colhi como quem colhe mentiras, só esperando que caiam por terra.
E talvez tenha perdido cada lamento em teu ódio, a minha cura se ergueu em dias mais bonitos. Na mancha que teu nome representa, sou a mais borrada de teus versos. Nada mais querido do que anunciar o perjúrio de cada dia, em cada palavra que não fora, em cada sentido que não existisse em cada eu que não fui. Seria do tédio a mais cautelosa, fui a pressa das minhas preces... todas elas tão previsíveis, e solitárias. Cantei meus versos sozinha, um a um em meus lábios doloridos, ouvidos de tanta falta de mim mesma, disse-me que não era tão deficiente de cores vivas, de modos aceitos e de trajes meus. Só da ilesa compreensão não sou digna, nem da tua, e menos ainda da minha.

De madrugada

De madrugada as verdades são mais duras,
o que deprime a todos no frio de Abril.
Abrir este peito e dizer que mentir,
eu até sei omitir meus desejos.
Mas nada é mais do que verdadeiro,
do que estas palavras para você.

terça-feira, abril 6

De ve-los

Estou de mim até os poros
por vezes das outras saudades,
só as vezes deixo que permaneçam.
mas eles sempre vem...
eles sempre vêem....

Duas cartas por semana

eu escrevia duas cartas por semana
três versos em simpatia mais quatro de aversão,
era mais simples do que se imaginava,; era amor.


e nem eram cartas simples, nem sonetos, nem arraiais.
eram palavras de deleite ao que jamais poderia ser,
e se contasse como escreve-las era simples,
morreria de tédio por pouca aclamação.


eu escrevia duas cartas por semana,
e nem sequer as remetia,
era mais fácil dizer a quem quer que fosse.


e nem eram amores de tantas vezes,
eram palavras de curtas preces,
e longas e cansativas saudades,
daquelas de antigamente, amarelas.


eu escrevia duas cartas por semana,
era muito para o que escrever se tornou,
era pouco para o que tudo aquilo pedia.


E nem eram o bastante..
nem o suficiente,
nem nada mais do que pedia.