quarta-feira, janeiro 27

Esquisito

As vezes enxergo o mundo em esquisito,
o que é esse nome estranho e preguiçoso
que se arrasta em sílabas e mais conjunções?

O que é significar sem significado e lembrar
o esquecido por perder de visão?

E por ser tão querido, amado e envolvido
não estar de, de por inteiro... mas na solidão?

E me pego a desenhar, captar e pensar..
esse mundo é esquisito ou sou eu que vi errado...
Sou quem não viu certo, não?

Aos montes

Faz jus a minha vida
eis que tragas sede,
eis que tenhas fome.


E recolha aos montes,
toda essa carga antiga,
terço de rosas despetaladas.


Pois atinge a promessa,
quando segues próximo,
e retêm ao todo, tudo meu.


Já não sei te remoer,
nem dizer, volte logo.
É a crença do desgosto.


Pois talvez tenha esquecido,
da dor do mais querido,
que é trazer um novo alô.

quinta-feira, janeiro 21

Satisfação

Estou viva, respirando e satisfeita.
Satisfeita? Jamais estou satisfeita..
sou feita, de toda essa massa inconclusiva.
Dessa praga que é escolher, e prever?
De promover e ficar feliz. Feliz de bem consigo.
Infeliz, talvez por poucas chances.
Poucos tiros no escuro... mas bem dados, explosivos.
minha satisfação, insatisfeito modo de meus desejos.
todos eles, corrosivos...
todos eles por respirar de menos.

Em dois

Já não sei mais, e se soubesse
não adiantaria falar...

as palavras são feridas,
aferidas por quem não tem.

e se pudesse escolher,
ah se pudesse contar...

te contaria as minhas sílabas,
te mostraria o meu falar....

além

não é mais nada,
do que mais uma,
decepção.

não é mais nada, além..
de toda essa divergência.
congruência do azar.

nada, não é mais..
do que mais uma,
tola e desconcertante,
desilusão.

sábado, janeiro 16

Plena

Desenho flores,
como se procurasse
minha cintilante fuga.

E se elas são doces,
em cores de verniz,
é porque assim, posso..
assim posso tudo.

Se desenho flores,
e nas flores me desenho,
eu as faço de finas maneiras,
mas não de traços certos.

E se elas são bonitas,
em mais do que bonitas,
é porque assim posso..
assim posso tudo.

Estamos conversando, por fim.

Estamos aqui, novamente. Eu e você conversaremos mais uma vez, mais uma última vez para ter certeza. Ah sim, tudo bem que você disse o que não queria ouvir, e lhe ouvi algo que não quisesse que dissera. E disse tão cheio de curiosidade, tão cheio de verdades. Somos tão assertivos para concluirmos certos, somos duros... Aponta-me o coração e fecha-me a boca, nenhum dos dois fala o que a cabeça transmite, pois pulsa a refinada maneira de perdoa-lhe as fuças. E novamente eu e você, você e eu conversamos por uma última vez. Uma última vez procurando a última palavra, aquela que daria o fim do fim, de toda essa falta de finalidade.

Zeloso crescente.

Adoro teu zelo,
teu zelo, amado.
Sumido, inesperado.
Desfigurado, coitado.
No tempo entranhado.
Por mais que calado,
é mais que amado,
muito mais que esperado,
e muito bem cogitado.
Teu zelo, parado..
mais que amado,
mais que amado...
mais que amado....
mais que amado.....

sexta-feira, janeiro 1

Frente e verso

E em seu caderno, escreveu-me:
".... E assim sussurrei teu nome em letras formais, únicas que me valiam alguma coisa. E apossei-me de outros ventos, outras sílabas.
Poderia ir ao alto de minha consciência, e dizer-te que jamais cobrarei estas palavras. Mas seria como tripudiar de meus sentimentos. E no envolto da escolha de meu título, fui mais fundo. Pedi ao meu perceber que me dissesse, sem malhas, o que seria-me convencional. Pois de convenções nos socializamos. "

Primeirando

ela se acomoda a beira de minhas costas
e meus sonhos são mais tranquilos.
se desdobra para acomodar-se no pouco espaço,
e virtuosa se estende em minhas propriedades.

irei compreender?