segunda-feira, junho 30

Diminutivo estranho.

O que me é estranho,
se conheço bem
se imagino completo,
mas o nó que a mente contorce,
não floresce sorriso.

Há do que ser maravilhoso,
há de ser descomunal,
a mudança que um rio toma,
e o subir de cada degrau.

Já me tomo como sozinha,
e aceito a minha estada.
Me é supostamente claro,
mas enfim, sombria verdade.

E posso crer que o desatino,
me toma a cada segundo que chega,
e enxergo ao longe o que posso,
e de perto, não vejo nada.

Prefiro falar como prece,
aquilo que falo sozinha
e só o mundo ouve,
mundo que me escuta, compreende..
que me responde devagar.

E ouço de volta minha vitória,
apesar de todo esse calar,
me deixo, me tomo e retorno..
a pensar, pensar.

sexta-feira, junho 27

Até mais...

até mais as minhas flores,
até mais ao meu mar..
até mais a minha vida,
até mais, intenso raiar..

até mais aos meus amores,
até mais a minha casa,
até mais ao meu sol,
até mais meus rancores.

até mais a minha rua,
até mais meu irmão,
até mais minha Nina..
até mais o meu chão.

até mais aos meus amigos,
até mais eu posso falar,
até mais a tudo que amo,
e até breve, ao que vou amar.


(Saudade, palavra de duas vias..
uma de falta e outra de boa recoração.
Tenho as duas, nenhuma me é suficiente.
Mas o que tenho em mim... é a intensa
e indiscutivel saudade, eminente.)

quinta-feira, junho 26

Ápice

Eu,
e minha antiga paciência,
minha passada intransigência
meu calar por desistir.
minha mágoa por certeza,
minha difícil relação
com aquilo que não me condiz.
será o fim daquele rosto,
o debulhar daquele gosto,
que se foi, se foi de mim.
Mas pra que esse alvoroço
se não sobrou nem o caroço
da vida que prometi pra mim.

Eu, e minha antiga promessa,
nada daquilo de que preza..
foi de fato, assim.

Eu, agora meio controversa
plenitude da conversa
que não tive por mim.

quarta-feira, junho 25

Desabo, desato e fim!

Sono novamente,
novamente sono.
Durmo ou sonho?
Nada de pensar.
Pensar não faz dormir,
preciso me calar.
Sonhos são pra tolos,
eu adoro essa tolice,
me calo, durmo em profundo..
desabo, desato e fim!

Praga

Eu conheço esse rosto,
dos traços fortes da barba,
ao delicado delinear da orelha.
Como fui esquecer quem és?
Como pude lembrar tal besteira.
Enfim se foi de mim aquilo,
será que realmente existiu?

Seus detalhes me recordo,
suas facetas me trazem,
esse rosto eu conheço,
mas a mim, nada fazem.

Olho pro teu rosto e nada vem,
olho pra minha vida, sem você
e não me desespero mais.
Quem é você agora?
Se nem te reconheço mais,
sentimento sem nome,
pele sem vontade,
manto de indiferença.

Essa falta,nem maldita, nem maldade.
Não existe, não existe mais aquela saudade.

Alguém me disse - Não mais

Abre a porta dos teus braços,
deixa a minha vida entrar.
esquece se amassou a roupa,
posso ao menos me lembrar.
venho trazer más notícias,
que o meu peito não quer calar,
mas te abraço, que injustiça..
eu não vou mais me enganar.

Iris

seus olhos
meus olhos,
os nossos.
Cúmplices,
amigos
e deveras,
tristes.
meus olhos,
seus olhos
tão tristes.
E deveras,
cúmplices...
e agora,
olhos nossos,
em saudade.

De mim, pra mim.

Por você,
eu deixaria
de deixar
tudo pra trás.

Mas só por você,
eu faria tudo,
tudo pelo seu querer.
Mas tenho certeza,
que não é seu querer,
a minha estada.

Só por você,
mas só por você
faria dessa vida,
minha morada.

Alguém me disse - Calar

disfarço,
e finjo
nem ligar.

eu fico,
comigo
a me deixar.

me esqueço,
infinito
meu largar.

e de você,
nem de vocês
sei falar..

quem liga,
aprecia,
ou vai calar.

se eu posso
mas não devo,
falhar.

me diga você,
me cale,
antes de afastar.

estou sem jeito,
sem motivos,
sem procuras..
..só calar.

Alguém me disse - Avarias

Temo pela fenda,
essa que se abre
aos poucos. E deixa
sair, o líquido
vermelho, daquele
que antes lhe conduzia.
E só resta,uma gota de
esperança, um lampejo
de realidade.
Avarias da vida,
fendas sem fim.

terça-feira, junho 24

Nesse momento.

If I were a swan, I'd be gone.
If I were a train, I'd be late.
And if I were a good man,
I'd talk with you...
more often than I do.


If I were to sleep, I could dream.
If I were afraid, I could hide.
If I go insane, please don't put
your wires in my brain.

If I were the moon, I'd be cool.
If I were a book, I would bend for you.
If I were a good man, I'd understand
the spaces between friends.


If I were alone, I would cry.
And if I were with you, I'd be home and dry.
And if I go insane,
Will you still let me join.. in the game?

If I were a swan, I'd be gone.
If I were a train, I'd be late again.
If I were a good man,
I'd talk with you
More often than I do.



If - Pink Floyd

Papo de madrugada.

-E o que é o amor, cara?
-Eu sinceramente não sei...
-Talvez uma imprudência?
-Eu diria que sim...
-Imprudente que sou.
-Então o conheces...
-Não, nunca vi sua face.
-E tem face, o tal?
-Deveria?
-Acho que não, nem tudo tem de ser à vista.
-Escondido ele sobrevive?
-Talvez viva onde menos se espera.
-O que é o amor então?
-É clausura cara, é clausura...

Mãos

Gosto das tuas mãos,
elas conversam com o meu rosto.
se relacionam em pleno,
com todo meu corpo.
Gosto do enlace,
das tuas mãos,
da tua vida na minha,
do carinho de teus toques.
Gosto de senti-las,
em veludo sob minhas bochechas,
forte em teus abraços,
amena em seus amores...
Gosto das tuas mãos,
quando se escondem,
quando me deixam saudades,
e voltam, melhores que nunca.

A mercê de uma paixão.

Estou a mercê de uma paixão,
daquela que some por algum tempo,
e volta quando menos se espera.
Volta no calar da noite, se arrastando.
Pedindo o teu consolo, teu colo.
Tomando teus lábios rosados,
aquecendo-os, devagar..
Como se pudesse sugar o rosar,
como se fizesse parar o mundo.

Estou a mercê de uma paixão,
que me mantém refém de meus desejos,
meu desejo único no momento,
de saciar essa minha ininterrupta vontade.
Não meço as minhas deixas, e deixo.
Deixo a minha vontade vagar pelo teu corpo.

Estou a mercê de uma paixão,
quando respiro todo o seu ser,
e coloco pra fora o pior de ti,
o pior dessa tua forma imponente.
Que não me deixa, volta... sempre.
Volta a me atormentar nas madrugadas.

Estou a mercê de uma paixão,
e me contorço na cama, volta e meia.
Meia volta eu penso na tua forma,
no desenhar da tua silhueta, névoa.
O unir da tua boca com a minha,
mas não unir o que sinto, não.

Estou a mercê de uma paixão,
que de mês em mês me toma,
quando termino de sacia-la,
fico enjoada de minha investida,
fico tonta de toda e qualquer vontade,
e te esqueço por mais alguns dias,
por mais algumas semanas...

E volto depois, a mercê da sua vontade..
da sua vontade?
Da minha, minha vontade...
de estar a mercê do seu desejo.

Televisão.

A tv só fica ligada,
para pensar que estou lá.
Segura no sofá laranja,
presa as suas expectativas.

Não tão alta para não acordar,
o seu sono profundo de criança,
dessa tua profunda dormência,
até mesmo desperta.

Eu vivo para minhas dores,
eu durmo para ser feliz.
Não me entrego facilmente,
ao sonambulismo que indaga.

As vezes ando pela casa,
quando a madrugada me faz real,
quando posso ser quem quiser,
até mesmo quem nunca fui.

Bebo um copo d'agua para relaxar,
voltar ao meu estado infeliz,
e os goles que descem me dizem,
retorne a sua comodidade agora.

E o suar do copo me faz,
lembrar que esqueci a tv ligada,
para que você pense, que ainda...
.. que ainda estou feliz, acordada.

Aqui, sozinha.

Gosto de me sentir sozinha,
aqui, aqui de cima.
Onde eu fico sem saber,
o que estou fazendo?

De novo, estou aqui.
Dessa janela gelada,
desse mármore, cúmplice.
Das minhas lamentações.

Do ver a luz que transpõe
o feixe de luz da janela,
lá de baixo, reluzindo numa
parede escura, descascada.

E trago a minha tristeza como plena,
e vejo as luzes que explodem no céu,
como eu gosto disso, tanto.
Mas não gosto de todo esse barulho, no momento.

Mas quando eu prendo a respiração,
não escuto mais nada, nada.
E não fecho os olhos, para não perder..
para não me perder de vista.

Para não cair de onde estou,
desço com o esticar dos dedos,
no chão estou mais segura,
da minha vertigem momentânea.

E cruzo, o olhar novamente ao céu,
a essas nuvens cinzas que gosto,
como gosto de ve-las daqui,
como as vejo a me completar.

Contemplar a minha solidão,
a minha mais pura vontade,
essa que reside em todo meu ser,
que me faz Jazão de minhas aventuras.

Eu desço para não cair do lado errado,
para poder ver a sombra do cano
a casa do meu vizinho, calado.
Da casa que me observa ao lado.

Minhas mãos, procuram bases..
se seguram a madeira que se despedaça,
do verniz que está indo embora,
assim como minha sanidade, curta.

Tão curta que lá de cima não me enxergo,
só vejo o mundo lá fora, gritando.
O mundo que me pede em absurdo,
um pouco de atenção.

E o meu corpo adormece,
tonta nos olhos, cega as mãos.
Desço para descrever minhas oportunidades,
e escrevo sobre essa minha paixão.

Como gosto de ficar só,
como aqui sozinha é bom.

segunda-feira, junho 23

Registro dos anos de saudades.

Sinto estar, realmente saudosa de todas as coisas que vivi esses últimos anos. Talvez os rostos que se perderam na minha mente, não formem nomes que eu possa dizer em verdade, porém, os momentos eu jamais pude sequer esquecer. Há dias em que paro em instantes e me recordo de coisas que já passaram, algumas viagens que fiz, risadas que não tinham fim... brincadeiras na rua,aniversários, visita a casa dos meus avós... tudo que faz parte de mim.
As cartas que troquei, os amigos que fiz.. esse lugar no qual morei 20 anos da minha vida, tantas histórias bonitas, esquisitas.. ou até mesmo as tristes, me fazem cumplice desse imenso saudar. De todas as vezes que andei por essas ruas de nomes de flores, de todas as vezes que ralei meus joelhos, pés e mãos pelas esquinas, a bicicleta rosa que me acompanhava e o patins preto que me fazia sentir-me livre. O jogar todo e qualquer tipo de esporte com bola, correr desvairada pelas ruas a me esconder ou para passar o fado de correr tanto ao outro, o tocar de campainhas e sair correndo para não ser pêga, o pedir de roupas e comida para gincanas do colégio. Colégio! esse que estudei toda a vida, perto de casa... ô maravilha. Acordava as sete, tinha aula as sete e meia, aprontava até o meio dia e cinquenta. Era uma peste, admito.
Todos os meus amigos que moravam aqui e estudavam no mesmo, viviam grudados comigo pra cima e pra baixo, onde quer que eu fosse. Talvez as vezes, precisassemos uns dos outros pelo vinculo do dia-a-dia, hoje uns se foram, outros ficaram e fincaram seus laços comigo. Até mesmo aqueles que não iam muito com a minha cara ( Não é Sra. Peixoto?). Sinto tanta falta desse tempo, acho que o tempo mais feliz da minha vida, no colégio...
Meus vizinhos!!!! alguns muito chatos, outros, um poço de generosidade. A fofoca as vezes era o motivo do fechar das portas da minha casa, mas, a minha mãe não deixava de trata-los bem. Assim como eu, que adorava muitos deles. Lembro do meu vizinho da direita- "Seu Melo" - ele tinha um carro de 1950, verde oliva ( se não me engano) e tinha um pato Donald de borracha no fundo, e seu corpo era feito por aneis que se juntavam e sua cabeça prendia os pés a seu corpinho. Era um carro enorme e estranho, mas eu gostava. Ele me chamava muito atenção, ainda mais quando ele me chamava para ver pela janela o grande espaço de dentro, eu ficava olhando como se estivesse vendo uma espaçonave. Era muito bom para uma criança de 8 anos, uma aventura e tanto. Ele infelizmente depois de uns três anos, morreu. Uma das pessoas mais legais da minha rua, ele sempre radiante com seu jornal de domingo, seus cachorros minúsculos ( que eu tinha medo, eram bem mau humorados, Pinches desgraçados... haieuhea). Dona Ivone, sua esposa, ficou sozinha com os dois cachorrinhos e até hoje sinto que ela sente muito a falta dele e de sua radiante vida.
Do meu lado esquerdo, moravam - e moram ainda - Seu Rios, Tia Neuza, Toni, Tita Aila, Luciana e na época, cinquenta milhões de gatos. Sim, eram muuuuuuuuuuuuitos, dos quais, eu não gostava também. Eles vinham para o telhado da minha casa, cruzar, brincar, brigar e encher o saco do meu querido e amado - que Deus o tenha - Dino, meu primeiro Yorkshire. Certa vez, em pura e infantil maldade, eu e meu super ruivo irmão, colocamos pimenta em alguns pedaços de carne, amarramos um pedacinho de linha num galho e "pescamos" os gatos. Eles comeram tudo e felizmente -na época para nós, infelizmente - não sentiram nada. Bem! não só os gatos eram o atrativo daquela casa, ainda havia o seu grande e magnífico pomar, pois sim! variados tipos de frutas que eu sempre tinha vontade de comer e não tinha no meu quintal. Pois bem, pulava o muro quando eles não estavam, ou pulava, quando a vontade de comer uma goiaba, manga, pitanga.. ou qualquer outra dessas, era mais forte que eu. Até que um dia, Seu Rios me viu, fingiu não me ver, e um pouco depois que eu pulei o muro de volta pra casa, ele me chamou. Eu no momento, só pensei em pular novamente um muro, o do portão, para que pudesse estar bem longe porque, certamente, iria tomar uma bronca e ficaria de castigo. Ele, com aquele ar de sábio, me entregou um saco com goiabas verdes - amo goiaba verde-, disse-me para guardar direitinho e sempre que quisesse, poderia pedir a ele. Eu, como não tinha onde enfiar a cara, simplesmente disse muitíssimo obrigada, peguei o saco e sai correndo. Coisa de criança.
E os meus vizinhos da frente? Bem, eles tinham uma piscina maravilhosa. Eu lembro que saia correndo da garagem até a borda, para pular imensamente bem! O que nunca fazia de verdade. Erick e Paulinha me acompanhavam nessa jornada. Do lado esquerdo da casa deles, moravam Aderbal, Eremita e seus três filhos, Adna, Adjane e Anderson. A família A, e Eremita, que não acompanhasse isso... A de Eremita, Ok? Bem, eles tinham um depósito de bebidas, eu sempre ia comprar refrigerante, quase todos os dias. Gostava muito -e ainda gosto- de refrigerante de guaraná, dos quais arrancavam uma boa quantia diária de meus pais. Outra quantia, era com médico, porque sempre que eu ia comprar o bendito guaraná, eu era atropelada. Sim! atropelada, três vezes, por bicicletas de marcas,modelos,tamanhos e cores diferentes. Acho que não aprendi a lição do "olhe para os lados antes de atravessar a rua menina!" que a minha mãe me falava, teimosia desde já.
Bem, eu moro na terceira casa à direita da minha rua, de nome Margaridas amarelas. Já lá na esquina, moravam minhas primas e um monte de gente que até hoje nem sei quantos são. Sheila e Monique eram minhas comparsas em muitas traquinagens, e mais tarde, em baladas e afins. Lá também morava uma das pessoas mais humanas que eu já pude conhecer na minha vida, meu tio Eduardo, o Dudu que todos amavam tanto. Ele morreu em 2004, deixando muitas saudades a todos, a mim demais, pois todos os dias pela manhã quando ia ao colégio ele me cumprimentava com um doce "bom dia milinha, tenha um ótimo dia!". Milinha, adorava ser chamada assim.
Bem, já dentro de casa eu e meu irmão aprontávamos o quanto podíamos. Geralmente passávamos o dia brincando de bola, de gude.. ou de qualquer outra coisa que não fosse brincadeira de menina. Cresci sabendo jogar bola, gude, colocando fogo em muitas coisas, jogando vídeo game quase a madrugada inteira. Bem, eu era realmente feliz dividindo aquilo tudo com o meu irmão, acho que até por vezes, quando brigávamos, eu gostava. Pois ele foi sempre o meu herói. Ele era mais alto e mais gorducho do que eu, ruivo e sardentinho, carinhosos quando queria, uma mula quando queria me pirraçar. Porém, uma das pessoas que mais amo nessa vida. Me ensinou muitas coisas, a ouvir músicas legais, a jogar vídeo game - apesar de muitas vezes não admitir que eu ganhasse dele- a jogar bola, a dançar forró!!! Meu Deus... ele me ensinou muita coisa. E me ensinou uma coisa que vou levar pro resto da minha vida, que o mais forte, mais velho e maior, na maioria das vezes, te vence. Fato. Principalmente quando uma jarra de vidro quebra e você tem três anos a menos que seu irmão e por sorte dele, você não sabe argumentar direito para se defender dos estilhaços de um presente que a sua mãe ganhou a uns meses. Falando nele, meu ruivo fraterno que introduziu a todo o resto da rua, milhares de apelidos que eu realmente não gostava, com a contribuição de Toni, meu vizinho que me deu o apelido mor, o de "Bicicletinha". E na época bem me lembro, tinha uma música que era mais ou menos assim "Pedalando, pedalando na bicicletinha..... vamos dar uma voltinha" que toda vez que eu ouvia, parecia que as chamas se implantavam nos meus olhos, e eu em mente, conseguia queima-lo sem ao menos o tocar. Era uma criança rancorosa. Fora os outros apelidos, Miloca cara de pipoca e por ai vai.
Pelo Jardim - abreviação do nome do meu condomínio, Jardim das Margaridas - eu andava muito nas outras ruas, me aventurava muito de bicicleta e patins por todas elas, mas a rua B -Bromélias brancas- como era a maior rua de todas, ganhava o pedalar dos meus passeios. Jogava bola -vôlei, futebol e arranca pedaço de dedo, baleado, sete pedras, cinco cortes - na rua J - Jasmin do Cairo - com ouros milhões de meninos e meninas que apareciam para o acontecimento que reunia a garotada da época. Já as brincadeiras de correr e esconder, eram na rua O - Orquídeas Lilás - bem como, corre-corre, esconde-esconde, polícia e ladrão, brincar de se esconder na casa do vizinho e tomar bronca, brincar de correr na rua e sem querer arrancar retrovisor do carro e dizer que nada fez, bem, coisas assim. Época de aprender quem são os fortes, de verdade. Quem era o capitão do time e seus subordinados, eu com minha estatura imensamente incrível, sempre era a subordinada, porém uma formiga atômica subordinada, muito obrigada.
Bem, chegou a hora de falar das minhas desventuras amorosas. Eu era sempre o cupido de todo mundo, pois era tímida - tímida para namoricos, pois sempre fui muito cara de pau para o que quer fosse- para namorar quem quer que fosse e besta demais para gostar de alguém que gostasse de mim. Eu lembro que era meio que namoradinha de um colega meu do colégio, a gente andava de mãozinha dada no intervalo e ele comprava doces para mim. Ele me escrevia cartas, e eu não deixava em casa, entregava a Renata - minha best friend da época- para guarda-las. Me arrependo até hoje de não te-las, acho que iria rir muito das paixões de antigamente. E um ursinho que ganhei no dia dos namorados, que também não ficou comigo, enfim, uma completa e total menininha. Até que um belo dia ele começou a namorar uma amiguinha minha, que coisa mais linda era aquilo, e eu ainda ajudava. Não é Sra. Peixoto? Huihaeuieh..
Depois de um tempo eu comecei a ser um pouco menos tímida quanto a isso, até que consegui, alguns garotos até gostavam de mim, apesar de sempre estar fazendo ou falando alguma bobagem por ai.
Passados esses arroubos da pré-adolescência, eu comecei a fazer amizades de verdade. Fiz belas amigas, bons amigos e uma imensidão de colegas. Até hoje falo com todos eles e tenho um imenso, inevitável e incalculável carinho por todos eles. Por aqueles que estudaram comigo, pelos que não só estudavam, mas moravam pertinho de mim. Todos eles que me acompanhavam em festas, aniversários, papos pela madrugada e namoricos bobos. E as mentiras? Acho que nunca menti tanto na minha vida só para ir em festas, sempre inventava que ia dormir na casa de uma amiga -que na maioria das vezes era Iris ou Luma- e sempre ia para alguma festa lá onde Judas perdeu as botas, e é claro, cada uma de nós falava que ia para um lugar diferente, de preferência que a mãe não soubesse o telefone da casa em questão. Não esqueço nunca do dia em que fomos a uma festa do colégio e chegamos todas atrasadas, quando chegamos tudo tinha terminado. Daí nos juntamos e fizemos a cabeça das outras meninas para irmos a algum lugar, conseguimos e fomos de casa em casa implorando as subsequentes mães, para deixarem elas irem no aniversário da vizinha da tia-avó de Iris. Foi uma das coisas mais loucas e simplesmente o que jamais irei deixar de lembrar com um riso estampado na cara, dessa festa que fomos. Loucuras as vezes servem para trazer a lembrança bons momentos.
Depois que me formei no colégio, encontrei poucas vezes todos os meus amigos. Só as meninas que eu tinha um contato maior, mas que, do mesmo jeito era uma festa quando nos encontrávamos. Passamos, todas nós, por momentos conturbados, namoros estranhos e barraas pesadas. Também por momentos felizes, uma gravidez de uma amiga nossa que foi inesperada, mas que deixou todas as titias babando. E é claro, nosso reencontro aqui em casa no ano passado, com muita bebida e palavras de saudades, como sempre.
Jamais vou esquecer de todos eles, jamais.
Fiz muitos amigos na faculdade também, alguns muito queridos. Dos quais vou sentir uma saudade imensa... enorrrrrme. Queria poder saber dos passos de cada um deles, para que possa ficar tranquila do rumo que seguem.
Tenho todas essas recordações muito bem guardadas, num lugar onde sei que posso resgatar quando quiser, quando sentir a vontade de lembrar. As vezes deixar tudo isso pra trás é um passo enorme, mas, eu sei muito bem aonde estou pisando antes de me deslocar, e sei como nunca, que jamais vou perder sequer um minuto dessa vida toda que vivi aqui, nessa cidade que me formou quem sou, nessa cidade que me fez desse jeitinho. Dessas praias imensas e maravilhosas, desse pôr-do-sol interminável, dessas amizades e desses dias que não tem fim. Do calor que me faz sentir viva, não só o calor do sol, mas o calor humano, de todos esses que se tornam parte da sua vida sem sequer você perceber. Desses amigos que estão contigo pra quando precisar, onde quer que seja. Dos dias felizes e até mesmo dos dias tristes, todos eles vão comigo de uma forma muito querida.
Vou como quem não está triste, vou como quem digo adeus em saudades... mas saudades daquelas de sorrir de canto de boca, de arrepiar, de dar uma dorzinha gostosa no peito. Mas de saber, que aquilo tudo fez parte de você, e você também fez parte daquilo tudo. Uma união, que nem tempo nem espaço, podem quebrar.

domingo, junho 22

O que não fomos.

tenho saudade dos dias,
das vezes em que fui menina
e sentia você comigo...

do ar heróico da sua barba,
do colo forte e seguro,
do rodopiar no ar, pelos braços.

tenho saudades,
até dos dias em que não fomos,
de tudo que perdemos..
do quanto eu senti a sua falta.

e isso me dói, tanto.
que não sei se poderei seguir,
te amando como deveria ser,
te admirando por apenas existir..

eu tenho saudades das vezes que sorri,
que fiz graça pra você gostar de mim,
que cortei suas unhas para agradar,
e que te abracei em poucas vezes.. quando pude.

seria até absurdo eu desejar,
que tudo isso voltasse pra mim,
ou enfim, existisse nesse paralelo desejo,
onde fui menina, onde fui... com você.

e até os dias em que nasci,
todos eles no raiar das manhãs,
parabenizavam minha vida cada vez mais cheia,
parabenizavam a minha falta... tua.

eu tenho a calma e a sinceridade,
mas não tenho mais aquele amor,
talvez minha paciência se esgotou..
ou não pude dizer o que muitos dizem..

pois não fui com você, deixei onde estava..
e me deixastes, por puro desatino.
Por ignorância ou egoísmo..
não sei se sem querer, mas doeu.

E agora eu me pergunto,
se terei saudades suas,
se a única falta que sinto..
é do que realmente nunca fomos.

Há muito a ser dito.

Se pudesse,
seria simples.
Como dar as mãos,
e andar pelo jardim...

Mas há muito a ser dito, ainda.

02:45 am - A mim, Luciano?

Rolou de novo na cama,
é falta daquele amor,
é medo daquele faltar,
são juras que não são verdade,
verdade! que não quer calar.

Seu corpo a fio da contribuição,
do calor, do edredon e então..
sabe que ficará sozinha novamente
com essa vida, num peito, em vão..
meio que por fim, descontente.

E és amena, fria e calculista
mórbida sombra de mulher
que fica, fica..
Não vai aonde quer que vá
não sente o sentir, aquele que dá..
arrepio na espinha, contorcer.

Enjoa do que a cerca normalmente,
fico só.. adormece, imprudente.
Pois não ouve os gritos que chamam,
nem o desejo que se aflora em outros,
outros enigmáticos sonhos.

Desses onde és protagonista,
da culpa dos corpos separados,
dos lábios seus, sempre calados
e ele.. a espera, do dia.. em que vás
enfim, beijar novamente teus lábios.

Bom dia

Bom diiiiiiiiiiiiiia a todos,
esses que eu vou saudar,
bom dia a todos vocês,
vamos logo acordar!

Que o sol lá fora brilha,
e esquece janelas e portas,
invade frestas e espaços,
não deixa a casa morta.

E as flores da minha varanda,
amam o seu chegar,
brilham como prata em áurea
falam bom dia pro dia a chegar.

O som já está tocando,
o dia pra mim vai reinar
e eu posso aproveita-lo como quiser,
como quiser aproveitar.

Posso voar aos céus,
ou no chão também voar...
posso dançar no chão,
e ao ar me levantar.

Bom dia, dia mais lindo!
Bom dia ao seu chegar..
Que venha grandioso como sempre..
que venha, para me alegrar.

sábado, junho 21

Conversando com uma porta.

-Cara, fiz merda.
- De novo? Puta merda..
-Sim, das grandes.
- Que foi dessa vez?
- O de sempre...
- Você não toma jeito.
- Mas eu não fiz por querer...
- E fez porque?
- Eu não consigo controlar!!
- Já tentou?
- Sim, mas é mais forte do que eu...
- Nada é mais forte que a vontade.
- Pois é....
- E a vontade que você tem, eu já sei qual é.
- E qual é?
- De não ter vontade alguma, a não ser de fazer essas merdas de novo..
- Tem remédio?
- Tem...
-Qual seria?
- Um pouco de vergonha na cara e MUITO de senso crítico.
- Hm...
- Talvez um pouco de amor próprio.
-Como é que é?
- Sim, isso mesmo.
-Não gostei disso..
- Não é pra gostar, é pra ouvir e se calar...
-Tá bommmmmm tá bom... me desculpa, sei que fiz merda.
- Desculpo não, só desculpo no dia que você tomar vergonha nessa sua cara.
-Tá bom, tá bom... vou tentar.... eu juro.
- Tá certo.
-Tá?
- Sim...
-Mas deixa eu te contar!!
- É melhor eu nem saber...
-Por que?!
- Porque se não quem vai fazer merda sou eu!

Será?!

Será, que é a minha tampa?
da panela... do pires.
Será que é a minha rampa?
onde eu possa, me jogar... uff!
O que esperar?
O que esperar de Sampa?

A tampa.. a tampa.

sexta-feira, junho 20

Reciprocidade

não gosto,
do gosto,
do comum.

do comum,
abraço
que é dado,
a qualquer um.

do beijo,
beijado
em aleatório.

da palavra,
dita
em qualquer
peito.

da alma,
que inflama
a outra
qualquer.

do gosto,
desgostoso,
de ver, comum
o amor, jogado.

A qualquer peito,
aleatório,
desconhecido...
no momento, condecorado.

Olhos verdes - Fim

De novo,
novamente,
mais uma vez.

Te vi,
gelei
mas nada falei.

Era você,
de novo,
novamente
mais uma vez.

Tirando minha paz,
mais..
mais uma vez.

Uma caneta?
Não há nada,
nem papel tenho.

O livro te cala,
a brisa sopra
na sua parada.

Mas felizmente,
infelizmente..
te vi.

De novo,
novamente,
mais uma vez.

No quarto das estrelas - Stella

penso,
penso e logo não durmo,
privo-me de sonhar novamente,
com essa realidade inexistente.

mas sem querer, durmo.
o sono mais profundo
em ti adormeço,
para desabar-me em confusão.

e depois, não quero acordar,
pois a vida que vivo por lá,
é só felicidade, pois a vida
que vivo por lá..não há sequer
não há sequer maldade.

Estou onde queria estar,
mas eles não estão,
o que me custa ficar?
Talvez o sonho de resguardar,
a minha dúvida poder calar..

Pois eles deveriam estar aqui,
traria todos eles pra cá.

quinta-feira, junho 19

Contos

Eu conto, contei sobre várias vidas, que eram minhas.
Vidas não vividas por mim, não em pele e vistas... vidas que vivi sem ao menos precisar estar por lá, mas sim, residi em todas elas. Tantas histórias de amor! Ah, tão lindas.. tão tristes.. o amor é belo quando triste, a tristeza do amor serve para dar recobrar o que se sente com saudade. A propulsora desse tal sentimento. Contei sobre férias, férias do pensamento pois esse, precisa ser liberto, imune a preceitos, arredio a correntes e comparsa do sentir. Cantei sobre luas, flores, dias... o sol, que brilha e encanta. Tanta vida, contada, cantada.. amada. Tudo que se pode repetir com sinceridade, produzir sem realidade, Mas pois! O que é real? Pois real, é o que se ama no pensar. Real, é o que se sente no peito. E essa realidade incondicional, não se tira com as mãos, mas se tira, sim, com outras realidades. Quando não convergem... não se fundem. Daí o real é apenas, imaginação. Contei, sobre eles, aqueles que tanto nos cercam. As pessoas, tão confusas tão difusas em si mesmas... as vezes, seus segredos e costumes, por outras seus momentos mais sinceros. Graças, a mim, enfim.. pude assistir a tudo isso. Nem choro, nem vela.... apenas a imensidão do mergulhar no outro, essa espécie desconhecida, desprovida de atenção. Atenção? Sim, se conhece por desperceber, não sabemos qual a cor dos seus olhos, já viu as estrelas que lá residem? Pois bem, conhecemos por desperceber, talvez por comodidade talvez por "as coisas serem intangíveis a palma da mão".
Contei, por momentos meus. Não precisei dizer em palavras simples, só fui em mim.. certeira. E quando ler qualquer fragmento que seja, vou sorrir em sarcasmo, dessa metáfora da vida, essas palavras estranhas... confusas. Sim! são minhas, só minhas.... E conto, sempre. Conto sobre meus contos, meus sonhos... e aflições. Detalhes dessa vida que não passa tão assim, despercebida.... pra mim.

quarta-feira, junho 18

Alessandro

Alê, onde está você?

Talvez te busque,
nas imensas saudades,
nas manhãs de sol,
e nos corredores da faculdade.
no infinito céu azul,
nas certezas incertas da vida,
no debruçar sobre janelas.

Talvez te acerte,
quando não me importo a outrem,
quando esqueço o que não é,
e me lembro do que interessa,
o eu, o meu, o meu eterno ser.
Por um segundo te esqueça, e te lembre
com mais força depois,
com saudade da tua voz.

Talvez me esqueça,
de quanto era feliz aqui,
mas sei que você pra mim,
é a minha certeira fraternidade.
das vezes que te abracei,
das piadas que te contei,
e das que ouvia, todo dia.

Talvez não aguente,
a saudade do seu abraço,
o murmúrio de preguiça
e a fadiga de tentar.
ao frio que irei passar,
ao teu abraço que não vai calar,
essas minhas incertezas.

Talvez insista,
em dizer que voltarei,
fazer tudo que falei,
e te ver, com um sorriso eterno.
Daqueles, meus de sempre.. nosso elo.
Meu amigo, mais sincero....

Para mim - Quindim.

Docinho meu,
diz pra mim,
como te conquistar?

Esse teu sorriso
que não vejo,
esse teu lampejo..

Lampejo de carícias,
ah menina, diz pra mim
porque escondes quem és?

Sempre me deixa de lado,
fico confuso, te digo..
até mesmo desamparado.

Trem das onze

Barbosa meu amigo,

..que eu pudesse dizer mulher, ô mulher...não posso ficar, não. Como é que pode? Partir as onze,partir meu coração, deixa-la por aqui. Moro longe meu bem, Barbosa por favor,diga para todos, para que todos ouçam. Que eu não posso, ficar nem mais um segundo, não consigo, ô mulher..não chore, aguente firme.

terça-feira, junho 17

Tanto quanto por você.

"..que eu vou sentir tanto tanto a sua falta
que por mim você não sairia de pertinho de mim
quanto mais do bairro,muito menos da cidade
e muito menos ainda do estado...
que eu não quero me acostumar com a sua ausência
que eu quero sentir saudade eternamente,
que se eu pudesse não te deixava ir (ou iria com você) "

Friozinho gostoso.

Friozinho gostoso,
em seda e alvoroço.
Vem aqui, vem aqui
traz o calor do teu corpo.

Pezinho com pezinho,
olhinho no olhar,
corpinho com corpinho,
cala a boca, eles vão acordar.

Ri baixinho até calar,
Me ama? Sim, sempre vou amar.
Mãozinha com perninha,
bracinho com cintura,
eu te amo e você me ama,
vamos lá, sem censura.

Diz pra mim o que quero ouvir,
não aguento mais esse calar,
sente a minha vontade dizer,
que só quer, enfim, aproveitar.

Eu te amo e você me ama,
O que mais pode enfim desatar?
Vamos como podemos ir, friozinho
gostoso, já deixou de existir.. já deixou de calar.

Os as e os.

o ar que me falta,
angustia.
a obra inacabada,
puta..
a vida que me deixa,
volte aqui.
o amor aonde está?
nem o vi partir.
os amigos que ficam,
saudade.
a casa que moro,
paz, de verdade.
aquele que me diz,
não quero ouvir.
o vento que me pede,
sinto muito.
o tempo que fica,
adeus.
A vida mais bonita,
eu quero, Meu Deus.

Vinte e nove.

Já que você, não me ama mais.
Vou-me embora pra Passargada,
onde lá serei feliz.
Infeliz é meu passo a despedir,
ao calçar da minha ida, me despeço..
do meu amor que fica.
Estou nas ruas onde estive,
onde vivi minha vida.

Meu amor, meu bem já vou,
já que você, não me ama mais..
vou-me embora para Marte,
flutuando por involuntária,
essa maldita propulsora,
dos meus dias solitários,
infame companheira,
que não me deixa em paz.
Já que você, não me ama,
não me ama mais.




Não sei.

Não sei como não te amo,
não sei como não te chamo..
para ficar aqui, comigo.

Não sei porque não te peço,
não sei porque me calo,
e eu fico, em mim... mais nada.

Não sei se você seria,
não sei se você poderia,
mas eu queria, poder te amar.

Não sei pois estou aqui,
não sei pois já vou embora,
você fica, reafirma minha obra.

Não vou mais dizer que sim,
não vou mais falar em vão,
eu não pude, trair meu coração.

A minha hora.

As horas se arrastam,
o mundo que não vai,
e eu fico a espera,
dessa vida que não sai.

Eu quero sentir,
que tudo me proporciona,
o que eu quiser que seja,
e que venha a tona.

As horas se arrastam,
declínio da rapidez,
me ouço a todo instante,
onde está minha solidez?

Eu quero pedir,
o pedido que me assola,
passa tempo, passa.
Fica onde alguém te quer, não me amola.

As horas se arrastam,
fruto da minha ansiedade,
pulso que bate firme,
mas é por pura, pura vaidade.

Eu quero talvez,
ser dona do meu nariz,
para viver essa vida,
sem medo... angustia, de ser feliz.

Olhos verdes II - Vá

Maravilha te ver, de novo.
Segui teus passos novamente.
Peguei na tua mão por querer,
e vi, teus olhos novamente.

Você e sua barba mal feita,
só fazem acelerar meu coração,
e eu te olho de novo pela janela,
é a minha pura e sincera, distração.

Sempre esses teus olhos verdes,
esses que tanto me mostram..
o quanto posso ficar vulnerável,
até mesmo ao seguir teus passos.

Vais ao mundo que visito as manhãs,
mas a noite é a sua companheira,
te digo adeus com a boca que nada fala,
e fico, em olhar a tua espera.

Te vejo sempre que o meu coração clama,
por esse tal amor que não me visita,
mas a força que a tua boca me faz,
me faz esquecer essa falta, contida.

E te digo adeus novamente,
olhos verdes que tanto me prendem,
me peças e fico onde estás,
mas vá, contribuir ao meu lamento...

Torcendo.

Estou torcendo pela tua falha,
para que caias de novo ao léu.
E que no erro possas buscar,
algo que realmente te leve,
desse misero mundo que te trancou...
Busque a vida na tua vida,
e esqueça a vida do outro,
erre novamente e ajude,
essa tua vida a viver, de novo.

Cansei.

Cansei,
se não sou,
se não vou
e não estou.

Cansei,
de fingir não me importar,
ver e me calar,
retroceder, parar.

Cansei,
de todas as lutas,
de todas as preces,
eu quero agora é descansar.

segunda-feira, junho 16

T.H

Eis o homem lobo do próprio homem,
aquele que engole a carne sem abrir a boca.
E dilacera a vida dos que cruzarem seu caminho.

Eis o homem, lobo do homem.
Engole as entranhas da paz,
cospe o resto de esperança.

E do Leviatã que pune e é imune,
só lhe resta permanecer em seu corpo,
como todas as outras cabeças dos suditos.

Sua espada governa um mundo,
detém a vértice da alma que pensa,
coage o resto do que não se massifica.

Tudo é um contrato de mão única,
quem ganha e quem perde é bem claro,
quando o monstro que os une em estado,
os separa em mundo austero.

Quem pode contra a força do homem?
Se o homem é lobo, do próprio homem..
se o homem lobo, é o lobo.. do mesmo homem.

domingo, junho 15

Palavras.


Dentro de todas as formas,
a mais fácil de se representar
são as boas e velhas palavras.
Nas palavras cabem dor, cabem
amores e planos.
Nas palavras cabem todos os
acertos os desfechos e os adornos.
Cabe o pobre e o rico, alto e o baixo..
a fila de banco e um amor de verão.
Cabe da primeira gota de chuva
ao crepúsculo visto na praia.
Nas palavras cabem tudo,
todos os mundos, do mau que
se alastra até o conto de fadas.

Como é fácil falar de amor,
como é difícil de compreender.
Como é fácil sentir a dor,
mas como é difícil de se entender.

O amor e a dor, tão diferentes e tão
procedentes da mesma incompreensão..
e nesses versos, tão juntos num mesmo dizer.

O rumo da vida..

O rumo da vida,
essa coisa engraçada
que é ser dono de si.

E a relação com o ocorrido,
vai de ouvido a ouvido,
a não depender mais de si.

Talvez a vida pregue peças
dessas idas e vindas dos amores,
e as dores que nos dão rasteiras.

Mas não existe erro atemporal,
não existe vida sem tentativa,
e errar faz e é parte, do que somos..
nessa errante vida, apenas mortais.

O rumo.

Se fossemos menos egoístas, se houvesse mais confiança ou se a tal amizade pudesse fortificar o passo daqueles que caminham juntos, será que o rumo da vida seria diferente?
Os laços seriam mais fortes e a vida seria de plena comunhão. Porém, infelizmente as pessoas são de uma complexa e adorável forma, loucas. Todas elas.
Sempre existe alguém que sofre mais, sempre existe um outro alguém que não se importa. A fila do desapego é imensa e a dor no peito do que sofre, é descomunal. As vezes é interessante observar o quanto todos nós conseguimos enxergar a vida dos outros como um problema, - corrigindo, como um pequeno tropeço que pode ser resolvido com duas palavrinhas e uma garrafa da pior vodka que se possa imaginar - e em perplexo, assumimos o papel de uma jurisdição maior, que aponta todos os erros postos em mesa, para que, seja dado o veredicto.
As piores histórias do mundo são vistas, contadas e relatadas. E sempre, sempre... há de se ter uma resposta na ponta da língua. Mas enfim, quando estamos passando pelo little problem, a história muda um pouco de jurisdição, se é que vocês me entendem. Daí entra a falha humana,
colocar sempre seus sentimentos a frente de seu dom natural que o faz diferente dos animais.
A crença da vida em laços perfeitos é impossível, ninguém conseguirá - em santa e impreterível forma - sobreviver a um relacionamento, seja ele qual for, sem ao menos ter uma pequena desavença de pensamento, ação ou seja lá o que for que se faça hoje para viver a dois. Pois é, somos nós, cheios de defeitos,qualidades e vontades inconscientes. Incrível é que alguns conseguem controlar suas "necessidades, desejos e demandas", e digamos de passagem, a demanda está totalmente pesada, incisiva e imperdoável. Os tempos são outros.
E como fazer para sobreviver a tudo isso? Bem, vamos lá com a receita mágica, apontem seus lápis - ou coloquem a ponta na grafite - ou uma caneta, se preferir. A solução para todos os seus problemas está num lugar onde, creio eu, nunca procuramos. E onde será? Fala logo porra! Bem bem, vamos lá, a resposta está ai dentro. E vocês se perguntam, aqui dentro? O que essa maluca tá falando? Sim, a resposta está nesses miolos que a gente chama de cérebro, que por muitas vezes é inutilizado, jogado as traças. A resposta está como você lida com uma situação, e como isso responde ao rumo que a sua vida irá levar. Vejamos, um casal de namorados marca para sair, mas, derrepente o garoto precisa resolver um problema e não avisa a sua namorada. Algumas pessoas já estão espumando de raiva só de ler tal possibilidade, porém, ao invés de escândalos e múltiplos telefonemas, ou quem sabe, até mesmo mandar esmurrar o garoto. Ou pelo lado do nosso amigo esquecido, porque pelamordeDeus não mandou uma mensagem - mulher precisa de notícias, mulher precisa de tantas coisas que nesse espaço aqui faria uma dissertação com umas 500 páginas - enfim, somente um "Preciso resolver um problema, explico depois. Beijo"
E porque diabos não ligamos somente uma vez, para saber o que aconteceu? Bem, é sempre falho esse sistema de dar conselhos - Sou uma droga para me auto-medicar sentimentalmente - porém as vezes conseguimos desfrutar da situação do próximo para enriquecer nosso vasto e inconsolável curriculum de grandes amores e desastres da vida, que não são poucos, garanto.
Penso que através dos tempos, os relacionamentos duram cada vez menos. As pessoas não tem mais paciência para aguentar meios e manias do outro, não tem tempo para descobrir aquele mundo tão diferente e para quem sabe observar, tão encantador. Talvez por pura preguiça, ou por manter a velha e depreciável, vista cansada.
O rumo das situações mudam, de acordo como nos relacionamos com os nossos problemas. Desesperos e atitudes imediatas devem ser sempre repensadas, digo e reafirmo pois já fiz muita merda nessa vida, e tenho certeza que ainda irei fazer, em proporções menores óbvio.
E um pouco mais de compreensão, talvez amizade, pois amizade parte de respeito e consideração, duas coisas realmente necessárias para um casal ser feliz.
E que sejamos todos, errantes e decadentes algumas vezes, só para aprendermos a ser felizes do pior jeito, mas do jeito que tem de ser.

Vontades.

Queria romper valores,
experimentar outros sabores,
viver a vida que sempre quis.

Seguir o vento aonde quer que seja,
soltar o cabelo e dormir sobre a mesa,
tentar do futuro não falar.

Saber que tudo tem sua medida,
mas não há sequer uma ferida,
que os dias não possam curar.

Conhecer montes e mares
cálice da minha juventude, bares.
Aqueles em que fui feliz.

Desvendar o mistério do mundo,
esse caminho árduo e profundo,
que todo mundo tem de caminhar..

Traçar o meu destino na rua,
morar na casa onde possa ficar nua,
e ter sempre o que conversar.

Esquecer que chove lá fora,
ouvir música a qualquer hora,
deixar de sentir-me menor...

Viver a vida de forma pura,
não deixar essa tal clausura,
chegar a sequer me maltratar.

E que possa gozar dessa vida,
da forma que me seja mais bonita,
sem saber se os sete ventos vão gostar.

Não ter medo dessa condição,
pois o que vale está em meu coração,
que simplesmente, não pode se calar.

Jardim

Pisei no jardim da saudade,
onde as folhas cortavam meus pés,
alérgica a toda e qualquer vontade,
sem saber ao menos o que será de mim..

.. andei pouco e ensanguentada,
nesse espaço que tanto me maltrata,
seria eu saudosa daquela vida,
ou a vida, de mim... ficaria em falta.

Intro

Queria estar na tua mente,
só para saber como é pensar,
como eu a tanto pensava antigamente.

Queria por um segundo,
sentir aquilo tudo de novo..
só para ter certeza,
de que não preciso de nada disso.

Nada disso.

Não gosto.

Sei, do que não gosto.
Mas não sei, quando gosto.

É pior dizer que sim,
quando o não corta a mente.

A cabeça sabe o que procede,
e o coração continua teimoso.

Sabe? Eu sei que não gosto...
mas do que gosto,
é um pedaço do que tenho medo.

Pois sei que do que não gosto,
me mantenho arredia..
não chego perto, nem me mostro.

Mas se gosto, me exponho em completo,
deixo um rastro do que sou.
E se sou, esqueço.. do que posso...
e se posso.. assim eu vou.

Coisas que mudam

Não me importo mais como antes,
não atravesso o mundo para te ver,
não me concedo a falta de orgulho,
nem o destino a busca de um prazer.

Quando quero disco teu número,
te vejo por pura falta do que fazer,
se estou lá, está tudo realmente bem,
mas se não estou... não faz mal, tudo bem.

Não fico noites a assobiar teu nome,
nem escrevo mais versos que combinam
com a tua voz, nem descrevo a tua beleza,
de minha própria palavra, não sou mais algoz.

Não vejo sua foto como um pedaço meu,
nem ao menos consigo lembrar-me do teu rosto,
sua voz as vezes fala comigo para recordar-te
mas sequer as tuas palavras presto atenção, não ouço.

Não discuto mais a sua falta de atenção,
ou sua disfunção quanto a tal consideração,
não me importo com a sua carência
o teu plano ou sequer a tua mão.

Me mantenho na única paz que existe,
aquela que jamais se acha no outro,
a paz que o peito precisa, pede e agoniza,
quando se espera buscar a paz dentro do outro.

Coisas da vida

Quando te disse,
que era pra sempre,
o meu sempre,
foi há dois dias atrás.

Quando te disse,
que era infinito,
o meu finito
era minha paz.

Quanto te disse,
que ia embora,
você queria,
queria voltar atrás.

E eu não quis,
te dar uma chance,
novamente..
meu rapaz.

Dureza

Que dureza,
não há certeza
não há certeza..

Essa falta de clareza,
dureza, que dureza.

sexta-feira, junho 13

Miss...

E belisca,
aquela dorzinha
aquela fininha..
de palavras que doem.

São lindas e doces,
como açúcar nos lábios,
como mel na boca..
mas logo seu sabor se perde,
logo sua calmaria acaba.

E a dorzinha reside,
e a palavra bonita vira tristeza,
e o cerco se fecha..
e o jogo termina, sobre a mesa.

Luiza.

Hoje quis ser Luiza,
ouvir uma canção feita
para esquecer-me...
apesar de saber do amor residente.

Quis ser Luiza,
ir até onde meus olhos pudessem,
dar as mãos a face da paixão,
saber que o meu desejo é sempre
o teu desejo, e cobrir-me de certeza.

Ser Luiza,
saber do trovador, apaixonado.
um ameno mensageiro da tua paz,
e ver a lua só por Luiza... só para ela.

Luiza,
de amor que nunca cessa,
de mãos, as tuas mãos... porto seguro.
e saber da canção, essa canção
feita somente para te dar, Luiza.

quinta-feira, junho 12

Um pouco menos.

Diminuindo o ritmo, para deter-me.
menos as vezes é melhor,
talvez pela falta se sente feliz,
pois a falta é o recordar do completo,
e se em infinito nada é recordado..
em pedaços, tudo é completo.

Passarinho.

Pássaro menino,
leve-me contigo..
me ponha em tuas asas,
pra voar pelos desatinos.
Seguiria tuas vias amarelas,
sentiria o sabor de viver.
Gostaria de viver contigo..
e descobrir todo esse teu ser.
Mistério que me envolve,
palavras que me deixam algoz,
e sou e serei se quiseres que seja..
sejamos então, eu e tu.. você e eu.

Eu queria mesmo, de verdade.
Queria te falar, te dizer.
Se eu pudesse, sentir o que se quer.
Se houvesse.. houvesse esse querer.
Eu saberia ser feliz, saberia como é..
Saberia aproveitar, cada pedaço desse teu eu.
E se aqui se faz terreno inóspito,
nos grãos que a vida tentou plantar,
não há semente que brote desse peito,
se a semente é você quem vai plantar.

Sonhos desfeitos.

as vezes durmo sem querer,
me vejo em ruas estranhas,
mistérios de esquinas geladas..
pessoas que conheço, mas nunca vi.

e toco um corpo desconhecido,
mas não toco todo seu ser,
abraço o vento do corpo amigo,
e me vejo novamente, sozinha.

o grito não sai com qualquer força,
a voz se cala nas tentativas irreais,
a curva do som esqueceu minhas cordas...
eu não consigo falar, não consigo dizer.

roubo um amor de quem era,
de quem foi amigo do peito meu,
e arranco as entranhas daquele sentimento,
ponho na mesa, corto em pedaços... mas não engulo.

tento dizer àqueles que amo,
mas só em um abraço minha voz se faz,
e digo adeus com os dedos inquietos..
e fujo novamente, vou embora sem mais.

eu corro tão lentamente que nem tento,
ando descalça nas ruas, nua nos pés
nua em pensar... liberdade nos olhos.
tudo que preciso tenho as mãos.

em meus sonhos sou aquilo que quero,
neles meus mundos criam certas possibilidades.
Sou a única protagonista de meus medos,
os temo, os supero.. quando me é vontade.

Cruel

do plano que sobe o vento,
da crueldade que desce a serra...
era a infame vitória da maldade,
era o exclame grito de glória na guerra.

quem saberá quantos dilacerados,
quem permitirá que não existam mais,
e de mãos cortadas, corpos extensos..
é a vida, é a morte... é a praga.

é melhor quem não perdoa,
e não teme a dor do outro,
e mata, finge e domina,
corta o céu azul em vermelho.

Incinera a vida em dois cumes,
um para a fumaça dos que foram,
outra para os corpos doentes,
das mãos que pediam em desespero a liberdade...

e foi, ,mas acabou?
Talvez a crueldade ainda resista,
a única que verá o mundo nascer e decair..
sobre tantas esperanças daqueles que tentaram,
sobre todas as vidas do que se foram...
.. não puderam ver o dia nascer novamente, claro.

Hoje

E quem liga?
Eu não ligo..
Não eu ligo...
Ligo eu não..



...eu ligo... eu ligo.

Próximos.

Vi no espaço que me faltara
Sentir o apreço da vida, enfim.
Era você o que encontrei.. e Vi
na paz da tua voz, sentir.
E se fosse, e Vi... em ti..
a falta que o sentir me traria.
Vi sentir na alma a calmaria..
se fosse a única que me restara.
Enfim, sou eu e era você..
tão próximos.

terça-feira, junho 10

Sotenos em Saudades.

Quem me dirá que a saudade,
é a única verdade
do peito que pede perdão?

essa palavra maldosa,
que deixa a vida teimosa,
por aquele peito em questão?

essa causa com motivo,
esse punho exato e amigo,
direito sem dever,
que o outro tem por você.

e te calas quando não se espera,
e aparece sem ao menos razão
saudade que bate a porta da vida,
saudade que não sai do dito coração.


Ele que não pude saber...e eu, louca.

E indo pra casa, de todas as horas dos dias que tenho de voltar pro ninho. Me vejo sozinha e gente ao meu redor, gente com a mesma vontade, de não ter gente ao redor.
Eles passam apressados, gritos telefones e buzinas mochilas, sapatos e filas. Todos querem ir logo para casa. E sem mais nem menos eu olho, pro lado com algo a me chamar. Vejo um sujeito, maltrapilho e pus-me a o observar. Seus dreads na cabeça, sua camisa amarela escrito "meus heróis" e a foto de um homem e uma mulher em encardido dourado. Heróis do esquecimento, do maltrapilho amigo, calado.. que dava passos pequenos, contando alguns números ou assobiando uma canção..
Mal pude saber o que era, cantava uma reza que não compreendia, juntava os pés como se o fortificasse e falava com os lábios a língua dos sábios. Ficava minutos naquele estágio latente, onde seus olhos não olhavam a lugar algum, sua boca movia em pedido a uma força maior e seus pés juntos o energizavam a tal reza.Como não pude sequer saber de sua vida, de suas pernas cheias de vasos abruptos que saltavam das pernas finas e magras. Das quais não se separavam.
Queria saber qual reza fazia do mundo seus passos, se de lá pedia algo que lhe fizesse.. quem sabe dizer o que se queira ouvir, ou falar o que se deve calar.
Calamos aquilo que nos parece distinto, enquanto ele está lá a cantarolar uma reza que jamais vou saber do que se trata, de uma pessoa de modos esguios. Ele cruzou meia hora de uma intensa observação, que não lhe pude desgrudar os olhos. As pessoas passavam como se não o percebessem, imaginei que estivesse louca. E aqueles que o viram, o ignoravam por puro prazer de a "sanidade" os agraciar com um beijo de verão.
E ele mudava de lado com seus pés estranhos... os juntava como se sua certeza fosse a única que existisse. E eu sem mais nem menos, sem entender... sem saber. E jamais saberei, pois descrente do mundo que os cercam.. todos eles que largados ao léu estão. Ao meu observado amigo e seus heróis da amarela camisa. Quem sou eu pra dizer que compreendo... quem sou eu pra cruzar palavras de ostentação. Se sei ou se não sei o que se passa naquela vida.. não sei o que passa em sua mente, tampouco em seu coração.

segunda-feira, junho 9

Como é bom te amar.

Como é bom te amar.
Sei que vais embora,
no mais tardar...

Porém fico a tua espera,
de noite meu peito,
só pode se calar..

Mas no raiar da sua vinda,
minha vida se contorce,
ama o seu chegar.

E te amo como jamais pude,
e te amo como jamais irei amar..
Me acorde com um pedaço teu,
me acorde para poder te abraçar...

Sentir teu calor e tua luz a me invadir,
e o meu peito, a bater sem cessar.
Jamais pude negar... jamais.

Como é bom te amar!

Sempre.

E ela pega o ônibus,
aquele mesmo, de antigamente.
Senta do lado esquerdo do mesmo,
na janela tem o mundo nas mãos.

Quando se despede da estação,
abre seu livro de viagens mundiais,
de amores intensos, versos e carnavais..
de frio e medo, de luta pela paz.

Esquece a Paralela vida tão rotineira,
esquece os prédios e as construções,
conhece o caminho sem sequer olhar para os lados,
conhece o caminho na palma da mão.

Sobe o viaduto, luz e o virar da atenção
desvia para o retorno rotineiro,
sobe a via onde Piatã se faz.
Na ruazinha estreita, conta os minutos.

Logo chega no paraíso, logo ali.
Logo ali onde o vento lhe sopra a paz,
onde larga o livro de mão, como sempre faz.
Fica ao debruçar na janela, em êxtase repentino.

Como é delicado o vento,
lhe beija a testa em afeição,
lhe chama para lembrar da vida,
lhe ama como nenhum poderá.

E o paraíso dura por alguns minutos,
e volta, volta pra vida rotineira de lá.

Majestade

As vezes o crepúsculo me rouba a paz,
me rouba o melhor de mim, a certeza.
Talvez se eu a tivesse, diria ver o mais
lindo calar da natureza a minha frente.

Meus olhos que se inflamam de deslumbre,
que beleza é o rubro atrás dos coqueiros..
que beleza é ve-los negros em demasia.

E dos pés felizes e enraizados,
vejo entrelaçar das duas formas,
aonde sou parte da vida que me cerca,
aonde sou, aquilo que a mim é dado sem receio...

Do mar e seu azul resplandecer,
dos tapetes de areia formados no céu,
do rosado céu, amarelo e azul...
Onde as nuvens são de todas as cores,
é só você escolher...

E ao longe a estrela de brilho intenso,
se despede de mais um dia ávido,
e me despeço em cumprimentos e saudades,
e me despeço... até logo, até logo majestade.

Orla

Quem pode de lá chegar?
Sem o cantarolar de uma canção,
sem o vento amigo,
sem o arder da pele.

Nos mares não tão revoltos,
dos cabelos de quem corre,
a orla que sempre lhe abusa,
e usa por puro prazer.

O mar de três cores,
de beira é areia e àgua
de meio verde oliva,
e onde o horizonte se perde,
o azul mais lindo que se pode ver.

Quem pode me dizer?
Se na Barra o sol é majestoso,
se no Rio vermelho tudo se mistura,
e em Jardim de Alah as pessoas encontram a paz.
Se em Patamares o vento é mais forte,
e em Piatã o mar lhe beija a fronte.

Se em Itapuã a vida é amena,
e em Stella o fim de tarde é mais bonito,
porque no Flamengo as cores são tão lindas?

Talvez na Orla tudo fique mais bonito..
...talvez a Orla só aspire vida.

domingo, junho 8

Indiferença.

Essa sua indiferença,
que me mata.. dilacera.
Essa sua, falta minha
essa minha... falta tua.
Esse teu jeito, estranho.
Essa minha vida, clausura.

CCR

Ouvir-te é passar por cima de tudo,
sem saber se os pés estão descalços
e o chão coberto de vidro.

Mas senti-lo é cobrar-me a precisão,
daquilo que só se sente na alma,
só se vive sem os pés no chão.

E como o corpo move por palavras,
e as palavras entram na mente, é tudo
como se fosse ontem, é tudo como se fosse da gente.

Quem pode ouvir sem sequer gostar,
é imune e toda e qualquer perfeição,
pois a batida que de lá me chama, esquece dimensão.

E eu me perco nessa batida imensa,
me perco nesse envolver da alma,
pois só me sobra aproveitar o que há da vida,
só me resta... aproveitar o que há de melhor dela.

sábado, junho 7

Morrer

Se morre pelo fim do laço,
o laço com a harmonia em vida.
Se morre pela falta de esperança,
se morre pelo faltar da vida.

Se morre pelo pensar no morrer,
e se vive, sem ao menos tentar.
Porque se morre a cada segundo..
Quando morrer só é conseguir parar.

Crescer

Andas pelo mundo,
sem saber da verdade.
Se o que falam é o que pensam,
mas não é matriz, só possibilidade.

Vive através dos tempos,
que dizem como se deve viver,
mulheres não ficam sozinhas,
sem amor elas não sabem viver.

Em parte a vida é viver,
de outra é só observar..
que a vida se vai dentre os dedos,
e o teu eu, não se cansa de calar.

Nascer.

Quem nasceu Eva,
permaneça Maria.
Das dores, das lástimas..
da culpa e da nostalgia.

Quem nasceu Adão,
permanece Judas...
Onde perdeu as botas,
onde perdeu o valor..
da vida, do amor.

E quem nascera sem sexo,
por favor levante a mão.
Pois nascera do vento em popa,
sem saber dessa imensa desilusão.

In the Garden.

Talvez, a sorte de sentir a falta
daquela flor que jamais se abrira,
pois era a mais esperada, em beleza.

E por obra do destino ao amor inexistente,
a curiosa certeza que existe, e o platônico
sentir que reside em flor.

E se a grama pudesse pisar, pisaria.
Para dela estar próximo, desabrochar
em tuas pétalas, morrer em tuas raízes.

E sentiria a falta que a sua presença lhe faz,
e sentiria a vontade de ve-la apenas uma,
que pudesse transcender todo o resto.

Passeia pelos espaços abertos, onde não há..
não há quem possa dizer que nunca foi.
Mas a flor que nunca lhe abre as certezas, escondida está.

Do jardim que nada fala por puro prazer,
só lhe diz em vontade de manter-se taciturno
e o sopro da vida ao redor lhe ameniza... sim.

Mas talvez ir embora é preciso, se o platônico
lhe serve as mãos, amor teu de flor mais bela
e serena flor que nunca lhe teve as mãos.

Se nem os olhos a pôde tocar, será motivo
para ir embora novamente? Se a flor não se
abre por petulância... ou por tempo, só tempo.

sexta-feira, junho 6

Hello my dear - Contos alheios I

Hello my dear, ele disse.
E nem pude sequer conter-me,
ao derreter pelo telefone.
Sua rouca voz em festim,
que pude ver estourar
as lágrimas, e ve-lo,
produzir novamente a
vontade de ter aquela vida
nas minhas mãos.
Quando o disse,
já pude sentir o sabor da boca,
na boca, minha boca sedenta.
E pude, tocar-lhe sem presença,
amar-te sem descrença..
ter o prazer do pensar em ti.
Do pensar em ti, me dizendo ao
pé, a unha do dedinho... do ouvido.
Aquela frase, que tanto amo que
a tua boca produza, novamente.

Contei.

Contei a ele que o amo,
e o fiz sem pestanejar,
contei a ele o quanto o amo..
..e assim pude meu coração acalmar.

Temo

Temo pelo gosto acabar,
temo pelo mundo não resistir.
Temo pelas vidas que se vão,
temo pelos dias que esperam por mim.

Temo pelo esquecer das pessoas,
temo pelas dores que vão vir,
temo pelo envelhecer da pele,
temo por algumas coisas ter que deixar partir.

Temo pelo lembrar do passado,
temo pela obra mal feita,
temo pelo ar que me falte,
temo pela comida, sobre a mesa.

Temo pelos laços desfeitos,
temo pelos mundos que esqueci,
temo pelo esquecer de mim mesma,
temo pelo amor que deixei partir.

Temo pela vida a dois,
temo pela vida em grupo,
temo pelo futuro que escorre,
temo pela vida, pelo mundo.

Temo pela ordem que tudo segue,
temo pelo nascer, crescer e reproduzir,
temo pelo morrer daqueles que amo,
mas não temo, se um dia tiver de ir.

Horas - Bares IV

Quem inventou as horas,
conhecia a dor de esperar.
Pelas horas que não passam,
pelas horas que teimam não passar.
Quem inventou as horas,
sabia do minuto de dor,
sabia dos segundos de um recorde,
sabia do milésimo que te faz calar.
E num estalo de um número e outro,
se pode com os dedos contar,
que o tempo teima, mas passa..
ele sempre vai passar.

No fundo da barraca - Bares III

Acendo um cigarro,no fundo da barraca.
É a solidão, batendo à porta.
Ela clama pelo meu zelo,
implora pela minha paixão.
Não me esquece, nem me larga,
me confunde, mundo vão.
E o cigarro que nada me fala,
não me pede atenção.
Ao contrário, eu que vou..
aos poucos buscar teu gosto,
para esquecer...esquecer a solidão.

Amor amor, adeus adeus. - Bares II

Amor amor adeus adeus,
no bar não te vejo mais.
Pouco me enxergo.
Amor amor adeus adeus,
comecei com petiscos
terminei no prato principal.
Amor amor adeus adeus,
te digo que vou embora,
mas sei que fico, sempre fico.
Amor amor adeus adeus,
saia de dentro de mim
quando a bebida entrar.

Vergonha, nessa minha cara - Bares I

Quando é que eu vou tomar?
Mais um gole de vergonha na cara
mais uma ou duas, dessa pinga maldita.

E será que vai prestar?
Mais uma ou duas garrafas,
assim eu vou me embriagar.

Com certeza irá calar,
aquela dúvida que resta,
essa maldita, de vergonha na cara
de pinga que me cerca.

terça-feira, junho 3

The rain song.

O que cresce na alma quando o solo toca, é a dúvida da alegria quando o vento surge. Talvez o amor que jamais pudera sentir, nas flores em broto, possa tocar. E se no ventre na luz que o teu corpo emana, puder sentir a vontade de parte de ti, gostaria de ver toda paz que me traria, a qualquer tempo que o destino me desse.
Nas estações as vidas se formam, as vezes se quebram, mas nunca se deixam. E o sopro de vida que ainda me resta é a vontade de tecer meus planos, a cerca da verdade. Falar com os olhos é a fonte de toda delicadeza, daquela que só se entende aos olhos de quem ama, e a vontade de dizer o que se espera, é imensa. Mas não se diz o bastante com as palavras.
Assim como na vida os passos são decisivos, o inconsciente busca a vontade primitiva, aquela que não esquece o inevitável, mas remete o conhecimento daquilo que se deseja. E a minha vida não conhece mais o inverno, quando se faz verão em todo meu ser, se perdurasse toda essa energia positiva, seria a única paz que desejaria para sempre.
Mas para adentrar na casa da felicidade, é preciso bater na madeira em suave, a espessa porta do conhecimento, traz tudo que está fora para o centro de ti. E a dúvida da janela que ficou aberta, é a certeza de esquecer os perigos de outrora. Se a verdade de ser feliz é única e invencível, não existem janelas o bastante para amedrontar-te.
Talvez dissesse o que queria dizer, e a forma que o meu corpo se move, tudo diz. Mas a saudade daquilo que nem mais se espera, é o que deixam as estações ainda maiores. E elas esquecem que o tempo é curto, e elas não consideram os anos que se vão, elas voltam para aquecer e amenizar, a dor e a alegria que reside nessas almas. Mas não cansa o sol de nascer, nem as flores, nas manhãs. Não esquece o vento de sussurrar a noite, nem as folhas ao cair do secar. Tudo se conecta ao passo que o tempo fala, e ele diz o bastante para se aprender aos poucos.
E ele passa, te toma os planos das mãos e os dias nascem e a vida floresce, desabrocham as vontades e morrem alguns argumentos. Apenas alguns. Do que te resta, é o aproveitar de todo o fim. Do fim, que surge sem ao menos mandar uma carta. O fim, para um novo recomeço. Onde a vida pede para nascer novamente, e nasce radiante. E os ciclos se fecham novamente, para outros nascerem.
Talvez não exista o amor em pleno ajuste, porque a alma não cabe no corpo que deseja,
e não aceita a vontade que não lhe condiz. Ou talvez o amor nem precise de certezas, como as estações. Como surge e vai embora, para outro lhe tomar posto. Modifica suas características, esfria em Junho, aquece em Dezembro. Mas jamais deixa de existir. Desata sobre a vida daqueles que estão a mercê. Bate na porta dos perdidos, vai embora da casa dos que pensavam o achar. Derrubam uma chuva de fina forma, mas chove dias sem se poder ver a lua. Onde a lua se fazia cúmplice das vidas que se entrelaçam.
Quando a mente pensa na vida, ela deseja algo tangível. Mas o pensar é intangível e esmaece a verdade do coração, aflito. Busca o que lhe pode acolher, não o que o acolherá. E a vida quando pensa na mente, a diz para retornar a sua vontade inconsciente. Que busque entender o sentido do sentir, a vontade de viver. Se pensar é a única saída para ser livre... Pois na vida nada termina, pois nada se perde. São meses que têm data para chegar, para partir... são como a chuva que chega sem pedir permissão, e vão de lá da janela quando se dorme.

Teus e meus.

os teus olhos,
esses olhos meus,
nos teus olhos vejo os meus.
na tua pele,
pele tão minha,
sinto os lábios teus.
na tua boca,
boca tão tua,
colo os versos meus.
na tua voz,
voz tão tua,
inquilino é o nome meu.
na tua lembrança,
lembrança minha,
juntamos o meu e o teu.

Mas..

se eu disser que não,
é mentira das palavras.

se eu disser que sim,
é confusão da mente.

se disser talvez,
quem sabe acerte.

se disser jamais,
nunca saberei de verdade.

segunda-feira, junho 2

A tristeza.

quem pode dizer da tristeza,
a mais pura beleza,
do palhaço infeliz?

quem pode falar da tristeza,
essa malha fria e delicada,
sem ter sido feliz?

quem pode desdenhar a tristeza,
aquele que chora escondido
só por não sorrir igual.

quem pode fingir tristeza,
se no peito só cabe amor,
mais um dia houve dor.

quem dirá da tristeza,
esse estado de espírito,
que nos deixa sem calor?

quem fará da tristeza,
instrumento a alheia,
sem saber da outra dor?

Se na tristeza há beleza,
é da lágrima que escorre,
que o palhaço faz valor.

Mas a vida sem tristeza,
não há sequer uma beleza,
se não houve aquele amor...

Lembrança.

Fui a noite te visitar,
quando você dorme calmo.
E eu sussurro no teu ouvido,
até você acordar na madrugada.

Sou eu que sempre te acordo,
quando está sozinho, calado.
Sou eu que te afogo, que te jogo
naquele mesmo murmúrio.

Jogo o véu da saudade,
e lhe cubro com a tensão,
as vezes não lhe deixo dormir de maldade,
lhe tenho na palma da mão.

Dois chapéus.

Meu compromisso em amarelo,
eu era a menina dos olhos dele.
E me pedira um dos chapéus,
para ser meu par na quadrilha.

Aceitei seu pedido,
fui a frente e o cumprimentei,
passei debaixo das mãos atadas,
e até o meu braço no seu colei.

Você queria um beijo meu,
e eu sequer beijo te dei,
fui teu par de chapéu junino,
fui tua mulher do começo ao fim do túnel.

E quando a quadrilha acabou,
minha mão você não quis soltar,
perguntou meu nome e sobrenome,
anotou no que tinha na mão.

E te dei adeus, sem querer.
Por querer não te atendi,
sou assim... sou assim.

Falta

Que falta é a falta, que tanto me falta?
Se falta, me falta a tua falta...
A tua, a única falta,
que me faz, tanta, mas tanta... falta.

Aos, para os pelos.

aos dias pequenos,
dou graças aos céus.

aos dias longos,
eu rezo pro meu leito em véu.

para os dias amargos,
um doce beijo de amora.

para os dias felizes,
que caibam todos os sorrisos, de outrora.

pelos dias passados,
aprendo, saúdo ou apago.

pelos dias que virão,
ansiedade, suspiro e vontade.

domingo, junho 1

Ciú

Não me diga,
não quero saber.
Esconda de mim,
parte de você.

Ele e você,
como é que pode?
Se você nem o conhece,
e se conhece, nada pode.

Eu sei que nada foi,
e pra você nada será...
mas esqueça, esqueça de me contar.

Dança

E a cintura foi protagonista,
do vai e vem dos passos...
ele lhe ensinava o que podia,
e ela, acompanhava o entrelaço.

Meu interesse desinteressado.

As vezes é um absurdo,
que prezo muito, muito
mas não abro mão do
do... do desinteresse.

Eu não sei que diabos,
eu encontro na mente,
e digo não sem saber,
e digo sim pro maldizer.

E é incrível a falta que me faz,
o sentido que procuro nos olhos,
e a permanência do não na boca,
o não do meu interesse, louco.

Que interesse é esse?
Assim tão oblíquo...
se digo sim com o corpo,
e vejo o não acenar lá de dentro.

E ele me procura,
eu só procuro me esconder,
se gosto, não sei mais...
só tenho a infame crença de me arrepender.

E se meu interesse morrer?
Já que de desinteresse sobrevive,
esse meu intenso e estranho querer...

Junho

Que Junho chegue!
E traga boas novas,
e lave toda tristeza.

Que traga o frio da sabedoria,
e a chuva de total redenção.
Que molhe o ventre da terra,
sedenta e esperançosa.

Que Junho consiga,
através dos dias ser sereno,
e traga consigo, parte de toda alegria
aquela esquecida a um tempo.

Que se possa dizer adeus,
sem dor nem ressentimento,
aproveitar o restinho de calor,
para abrasar o coração, coitado.

E que Junho seja bem vindo,
bem vindo e amado.

Não, Não, Chão, Chão.

Não gosto de frases prontas,
das quais repudio elogios.
Não gosto de beijos necessários,
dos quais são sempre estranhos.
Não gosto de abraços sem sentir o calor,
dos quais tenho maior repulsa.
Não gosto de dançar com rédeas,
gosto de ser livre, flutuar... sem sair do chão.

Querido, dizer.

Ao mais querido dizer,
se digo baixinho e delicado
te digo na orelha em sussurro
até você ficar embriagado.

Adoro quando me diz assim,
se você não consegue se conter,
eu consigo e como consigo.
Mas minhas palavras não vão deter.

Você me liga e eu estou cansada,
a noite do outro dia já virou.
e eu estarei cansada sempre,
pois o teu dia, já a muito se passou.