terça-feira, maio 26

Lentidão

Lento
Outro dia dormindo pouco,
imensidão das horas.
Não produzo o esperado,
as vezes quase nada.

Onde foi parar
a minha vivacidade?
no descuido de criança,
pérola esquecida.

Ouço o ventre de minha alma,
apontar para a saudade,
do meu sagaz entendimento
daquela minha imensa vontade....

segunda-feira, maio 25

Paciência

Há força no pior dos dias,
desgosto foi passear.
Passeio de longa data,
desfecho de um dia será.

Tendo

Ontem não foi nada,
nem um pouco, fora.
Diante do hoje, maiúsculo...
Repleto de magnitude.

Hoje já não é, mas nada,
nada se o ponteiro mudar de ideia,
se a hora perder o tino.

o tino perder a hora.

Assim

Me responda devagar,
num suspiro extasiante,
nessa sua forma de falar.

me responda com certeza,
absoluto em teu olhar,
condinzente de ternura.

me responda oscilando,
como age ao dançar,
mero espasmo do pensamento.

me responda ao dormir,
no sonho um alento,
do abraço acalmar.

Pois cada pedaço dessa vida,
cada curva do pensar,
uma eira que minha beira assenta,
um rejunte que quero abraçar.

Palafitas do pensar

Quando giro, neste mundo
sinto náuseas de mirar,
de sentir, cheirar.
vejo lixo em toda parte,
brotando em sequências,
esse lixo humano de ser,
esse lixo humano de estar.
Cessar fogo

há tanto
venho a lhe dizer
venho a lhe falar

meu bem,
há tanto para aprender
há tanto a conhecer.

dois dias mais,
a tua boca rosada,
os teus olhos de caramelo.

onde foi que esquecestes?
se um dia fostes,
porque quisesses.

pois bem,
há vida no cessar fogo,
persiste chama, nesta vida.

quinta-feira, maio 21

Sou

Sou quem nunca fui,
e amanhã serei,
novamente..
quem não fui no hoje.

Publicação

Ontem me peguei pensando
na arte de publicar,
publicar é algo complicado,
destino esquisito, margem sem falar.

As vezes, por mais de obra aguda,
por mais de inteira doação,
aquilo do que se precisa,
não é preciso ao outro não.

Então somos planos,
inteiros, de meios relevantes,
para preencher outros anos.

Outras cartilhas, de caligrafia muda.
Criando do cego, surdo ao infeliz,
a fala consciente, a mente aguda.


As seis

Já eram seis, me levantei,
vesti meu casaco, calcei meus chinelos.
Andei pela casa sonora,
nada além do vento a conversar.
A chuva despia o chão de impurezas no quintal,
as plantas dançavam alegres.
E na cozinha logo a mesa, olhei pro café,
ele olhou para mim desconfiado..
não vai me tomar?

sexta-feira, maio 15

Filho de Jacó

Filho de Jacó guia-me a eternidade, me busque na tranquilidade e eu buscarei a ti. Leve-me pelas águas mansas ou até pela tempestade,se soubermos juntos como partir. Até que o céu se levante e minhalma se acalme, me traga bonança.. a vontade de conduzir,trazer por meio do existir essa palavra de esperança.

Nuca

O cheiro da tua nuca,
tão nua,
nua nuca.

Nunca,
nunca me fora verdade,
nem sequer proximidade,
desse cheiro teu.

Teu cheiro..
tão único.
Já me traz saudade.

Há pouco

Divida em palavras,
tudo que pode-se dizer,
esconda, como bem faz,
atrás, sabes bem.

Mas a duvida que corre
em suas veias, todo mundo tem.
Não use a falta de respeito,
e o julgamento prévio,
como algo que lhe convém.

Ainda há pouco de você,
onde não restou mais ninguém.

Efusivos³

Mentirosos do mundo,
de todos os amores,
todos, amores.

Desse amor que adoece,
reprodução de si mesmo.
Um amor Cáspio..
que águas mansas não desaguam.

Ronco

Quem ronca, será possível..
é a garganta que impulsiona o individuo
ou o individuo que impulsiona a garganta?
A festa das aves.
Assim que o milho se prontificou, chegou o pato. Um, dois, e mais alguns. O ganso arqueou de próximo sua vontade, os patos após fartos, mas munidos de guloso olhar, foram tristemente se despedindo perante a imponência do ganso. Logo ele, cheio de si entrelaçou entre o bico uma fartura milharistica. Apontou o bico aos céus e engoliu tudo em alguns segundos. Enquanto comia, os patos reclamavam em nado contínuo e descompassado. Gruniam, e lá pato pode grunir? Pato grasna. Grasnavam de pura impotência. De cima os pombos esperavam os restos, arrulhavam suas medidas de chegar ao milho amado. Muitos deles posicionados ao embate próximo. Assim como os pássaros menores, no aguardo de uma brincadeira cintilante dos patos, em que o milho se transmutasse em bola de brincadeiras vis. Talvez uma peteca amarela e deliciosa, flanando no ar como voam as guloseimas em filmes de comédia. Mas no suposto ar nenhuma peteca resistiria. Após a passagem do ganso pelo comer, os pombos fizeram de seu pousar a bacia próxima ao lago. Cinco deles comiam desesperadamente, o resto a fila. Dos menores, poucos se atreveram, a lei é conduzida pelo tamanho e opulência . Pouco obtinham.
Pássaros são obras de arte, aerodinamicamente, posturalmente, até no mentir de sua auto-confiança, ou da sua coragem. O apreço pelo seu voar é irredutível. Mas aqueles que se mantém em terra não são menos valorosos, como o galo em sua crisna embalsamada de vermelho. Quem é mais orgulhoso do que o galo? Nenhum deles. Pois o cisne resgata seu maior ganho na beleza que traduz no tempo, mas carrega pesar em seu pescoço. Marrecos são suaves e ocupados em si mesmos, nas suas dúvidas de nados latentes. E o pavão? Não de orgulho, e sim de prepotência, assim o pavão distribui seu recado. E logo a sua conjuntura, as fêmeas em trânsito.
Então, os patos a reclamar, o ganso a diferir, os pombos esperar. O marreco em seu mundo, o cisne a nadar, o pavão a andar solitário em solidão de placebo, o galo em seu completo orgulho, os pássaros pequenos a se inserir... Eis a festa das aves, no lago onde o chafariz escoa sonhos. Cada um na sua peculiaridade, cada um no seu ensejo.....
Pato, Marreco, Ganso e Cisne.


Cisne negro de papo vermelho,
papo algum tem o cisne. Cisne não dá papo.
Tão solitário quanto o longo
tear de seu pescoço, quase ilusório.
O homem não enxerga a vida dos Cisnes em suas vestes,
seus longos pescoços, sua esguia forma.


Pato branco mergulha no lago,
bico amarelo, mergulho raso.
Não alcança os peixinhos.
Penas alvas, impermeáveis.
Patos são engraçados, inquietos
desajeitados,donos de si.
Patos são lindos, impermeavelmente lindos.


Marreco, Marreco.
Pequenino do lago amigo.
Marrom de listras brancas,
suave marrom de amendoa.
Napoleônicos.Bico pequeno,
sonho azul.Marrecos são pequenos sonhos
em penugens desconhecidas.
Nadam em si mesmos, singelos e distantes.


Gansos, só na expressão assim entendi.
Reproduzem-se no submergir.
Antes desconhecido a olho nu,
Pois do bico deles nada me entende.
Não falo a língua dos Gansos,
enormes aves de protuberâncias nasais.

segunda-feira, maio 11

Sem fim

Quantas vezes, vezes demais para preces. Até que fosse tão consciente da ideia de viver comummente, que o desespero fosse apenas um esquecer da outra via amiga, quando calei-me de tanta vibração? Chorei em demasia, sorria como nunca. Meu coração destemido, lutou até a morte, caiu e reergueu-se do fim, que fim é fim para o amor? Fim algum. Jamais olhei para meus entes de fácil sentimento, aqueles que amo nunca são compreensíveis ao meu coração.

Seus olhos, talvez.

Teus olhos, tão lindos.
Quase amarelados,
distintos, únicos.

Seus olhos,
lentes da minha vida,
colorir do meu passear.

Talvez seus olhos,
tão meigos olhos,
eu nunca...
eu sempre...

talvez.

Voltando

Voltar pra casa,
tornou-se vazio,
vazio seu,
vazio meu...


vazio nosso.

Fala aguda

engraçado,
o que foi dito,
assim desmerecido
piada ao vento,
risada ao nada.

engraçado,
como o que havia falado,
inesperado,
dócil fechar dos olhos,
enrugar da testa.

ainda persiste.

sexta-feira, maio 8

Cântico isolado

Já me canso desse informe
de toda hora um desaviso.
Não me busco, pois me falto..
retiro do mundo seu resquício.
Talvez num destino incerto,
concretize minha fala.
Cântico isolado, fresta da vida
púrpura segmento de meu pensar.
Se as vezes estou cansado,
inerte a situação, flutuando por ai..
é porque talvez me falte primor,
e me sobrem indulgencias.
Do passo dado, ao inconclusivo
não há controle submerso,
há somente o protagonista neste,
e o paciente aquele....
Sou melhor quando não sou,
talvez por falta, me consagro.
Me reafirmo na ausência,
não me escolho de brevidade.
A brevidade me acompanha...

terça-feira, maio 5

Antes

Temo que agora, no agora é o que somos.
Então fiquemos, no permeio, no minuto.
Onde faço de minhas preces a oratória.


Dos meus dias, meus conceitos, minha glória.
Assim a prece, onde ser, divinos dias...


Por sim, meu Deus.. por não, a mim...
eu peço, encarecidamente.

Temo que seja

De certo a fúria. Modo hostil do fui que fora o mim, do fostes a me dizer. Sou de ferir com sonoridade, vivida de meu humor rude. Sou simples, quando boa. Bondade esqueceu de mim,
quando as dez se fez de noite chuvosa, até..
Até que de chuva gosto. Mas o humor de onde me detinha sabe-se hora certeira, rasteira medida de meus pés inquietos, enfurecidos de café amargo, amargar da minha mente. Café algum me mente. Fui das dez a uma da manha, o mau humor imperial e robusto de cortes fundos,
dilacerador de olhos... contos de outrem. Bobagem em cronicas esquecidas, só por me lembrar em rapidez, nem escuto, nem entendo. Motivo algum me abraça, sou parte do meu mundo hostil, acolho cada canto de minha alma. Sou do ser que errante ficou, mas a boca que calara era consciente, do mau, o humor se ateu. E ao escrever, dormiu... dormiu... o eu, de fúria, agora encontra-se dormente.

No one

Ontem olhei pra cima e estrelas me chamaram,
todas elas cintilantes, tão vivas quanto são.
Mas meus olhos, meus feridos olhos deixaram o brilho dos céus,
e abraçaram a noite. Sem lua, sem estrela.. e sem ideias.

Nada disso.

Nada do meu velho eu
perambulando por ai,
nem sombra,
nem cordão,
nem sua mala.

Nada do mim que fui,
do mim que serei.


Pois apenas sou, o eu de agora.