terça-feira, agosto 30

Iluminado

pensei ter visto o seu rosto,
no dia em que jamais lhe conhecia.
mas dali no mais que os dias chegam,
fui firme no reconhecer.

primeiro te vi e senti coisa alguma,
você e seu brilho a mim ainda não reluziam.

já o vejo como mais disposto pensar,
pois nos dias ainda me pego a lembrar de ti,
como se fosse o riso escondido atrás das portas,
e nas frestas me vigiam ao andar.

talvez não me permita ser o que pulsa aqui,
e que de mim nada mais poderia receber,
a não ser outros sorrisos.


terça-feira, agosto 16

Sobre os sonhos III

Me cobre o corpo e me beija a testa, abraça-me e recosta suas mãos aos cuidados das minhas. Quando foi que disse que serias o aquecer das minhas tardes, não pude ver que seria a fria verdade de meus dias.

Sobre os sonhos II

Não acredito na única coisa que me parece verdade. E se sigo descrente ao mais palpável da vida, como posso mover-me lúcida?
Quantas vezes desaprovei o mundo em que vivemos, e disse-me em meu mais íntimo; acorda-te. Contei nos dedos as vezes que senti a vida pelas mãos, e que segura a hora em que tomaram meus dedos eu fui única e celebre em meus dias. Quanto custa para sentir-se vivo de verdade? Custa cada segundo em que se respira, você vive e habita em seu corpo solitário. Vive e habita outros corpos solitários, sozinhos de todos nós.

Sobre os sonhos I

passeio rápido das minhas horas,
que cansado o corpo dorme,
e estendo minha alma aberta,
num sono completo e duradouro.

quando recosto minha vida nesse mundo,
que a mim parece a mais nítida verdade,
sofro e amo como nunca pude,
e luto as lutas do mundo inteiro.

Te perder

quando olho pra você
e tudo que me fez perder,
me perder do meu sentido,
e sentir te perder.

te perdi também dos olhos,
e muito mais perdi de você.

perdi a dúvida que havia,
de talvez te perder....

terça-feira, agosto 9

Sepo

você vê e sabe,
que nada disso,
lhe permite.

sequer omite,
a sua frustração.

domingo, agosto 7

Sobre ela

Penso em ti como debulho meus olhos por não amar-te severamente. Que parte de mim oscila dizendo pertencer a ti, e parte de mim regenera as dores as quais não compreendo. Que tipo de amor é esse que encubro como folhas densas, e que na sombra de tua existência passo a cantar-te mil canções. Como é participar desse mundo inexistente, se aqui, existes viva e clemente. Como sentes falta da minha alma juntar-se a tua, como no passado fomos uma e perdemos a crença em nossa união. Se um dia ao qual esqueci de como te-la sob meus olhos é importante, é que esqueci também da própria existência, ao qual me lanço a procurar-me nos cantos. Você me dizia como morar na casa de Deus, e aprendi a passear por sua casa, mas manter a saudade de sua existência em meu coração. Como aprendi a clamar pela felicidade e não deixa-la como uma vela a ser extinta. A força que brota de meu coração devo a cara lágrima que teus olhos nunca a mim foram verdade, onde não exercito tal força com a mesma intensidade, pois a mim as lágrimas são companheiras audazes. Penso que sua beleza a toma ainda, a vejo livre de espantosos anos, como por outras consigo enxergar a velhice aguda. Talvez não acompanhes o mundo como o vejo, e de certo que não, mas, vestes uma capa fria de coisas que aprendeu, de vidas que viveu e de uma coragem de mulher altiva. Passei muitos anos a feri-la, e ainda o faço sem escolhas mais fáceis, e não perdoo meus dias por mante-la longe. Admiro o quanto tornas a vida real, sob a dor de tudo que lhe foi julgado, penso que és uma fortaleza de pés pequenos, mas sei também de tuas águas delicadas. Entendes tão bem a minha alma que força-me a esconder-te que sabes, para que finde em paz e talvez orgulhosa de tua cria.

A única

que te falte agora,
meu carinho,
e que meu amor,
por suposta existência
é o que mais me mantêm.

que te falte a mim,
nas minúcias do dia,
e que nas noites,
a ti velo o sono,
como o vento.

que te falte meu suspiro,
pois minhas preocupações
a ti não pertencem,
e só o quanto te desejo bem,
é o que precisas.

que te falte tudo,
menos a certeza que,
a amo como sempre fora,
como sempre pudera.

sexta-feira, agosto 5

Sobre ser próxima

quero sempre me ler naquelas palavras,
como nos olhos queria ser vista,
e nas mãos calibrar o fechar dos olhos.

quero sempre manter-me envolta,
e sempre próxima, ver-me.

Todo ano

Já é Agosto e eu me lembro,
que sempre acordo com passos difíceis
por esses meses.
Que sempre me exigem demais,
todos os outros tempos,
sempre nesse mesmo ponto,
preciso ser forte.

Os três tipos

Vou dormir açoitada por tantas coisas. Já pensou em muito mais do que poderia comportar? Ou talvez um único pensamento ecoa no vazio da sua existência. De certo que pode ser uma terceira possibilidade, a de que as coisas estão mudando seus pensamentos. O mundo está te tornando pensante. Não pensante de tudo que sua própria rota lhe conduz, mas pensando em tudo que lhe proporcionam. Dormir inflamado por essa dúvida é que me deixa mais contente.

Sobre pensar

se você escreve com a mesma rapidez que pensa,
não pensa com a rapidez que deveria pensar,
e nem responde nas palavras algo que faça sentido,
mas diz com tudo que o conjunto desses sentidos seus produzem;

pensamento.

quinta-feira, agosto 4

Esse estado

Esse estado ao qual penso que transito é sempre o mesmo quando estou em êxtase. Os sentidos todos fluem em uma maneira completamente sufocante, tanto que me esqueço do quanto que escrevo e acabo escrevendo mais e mais. Fico na duvida se escrevo sozinha, engulo a seco todas essas perguntas. Meus olhos ficam duros e cerrados, parece que não cruzam muitas coisas alem de meus próprios dizeres. Fico rija como o chão que sinto pisar e a pele fica estranha e áspera. Quando escrevo no papel as linhas brancas acabam com meus olhos, a tinta reclama algo que eu não espero que conduza bondade e afinidade alheia. Não entendo porque tento agradar tanto e ser agradada com tudo que tento colocar aqui. As vezes acho que nada disso é motivo algum para quem quer que seja, muito menos pra mim. Estou escrevendo palavras que possivelmente sejam ditas pelas minhas preocupações, pelos meus anseios e por essa falta de ar estranha que me acomoda quando fico impressionada. Tudo parece que contribui para que cada vez mais se formem, todas elas, aos poucos conduzindo, remetendo, relatando, o que talvez seja impossível de tornar tangível. Todo esse frenesi esquisito que passa tão rápido pelos olhos da mente, esses que enxergam coisas inacreditáveis, e que jamais dormem. Nunca dormem de enxergar tudo, tudo isso que meu cérebro não consegue chegar perto, nem sequer nos milímetros do entendimento dessa complexidade. Tudo isso me mostra o quanto estou perdendo cada dia mais as forcas do que deveria acreditar e, possivelmente, tornar-me quem sempre fui. Pois sempre fui alerta e descrente, não corrijo nada que não me seja completamente meu. Nem me sinto na bondade de dizer que sou aquilo que pensava, nem chego perto de dizer quem é essa pessoa que vos fala. Vou caminhando entre esses espaços que as palavras me deixam respirar, se toda vez que prendesse a respiração por ver uma palavra deixasse de entender o que elas realmente significam, eu morreria a cada vírgula deixada para trás. Isso porém não faca sentido algum depois que possa ler, na volta que esse entedimento me chamar, não vou entender como ler a minha fala mais esquisita. Não vou saber traduzir nada que não seja neste exato momento, pois a forma com a qual me conduzo agora não serei daqui a alguns segundos. Não lerei nada e verei o mesmo vasto manifesto sobre meus pensamentos. Só verei algo que não compartilho nesse que retrato. Outro dia me parei, hoje me paro novamente admirada e impressionada. E é isso que gosto de manter dentro de mim.

gosto mais.

gosto mais quando não entendo,
e fico procurando,
buscando em tudo o consolo,
de tudo que é uma resposta,
reclusa em uma verdade,
indisposta de meus olhos,
meu ver nada capta.

gosto mais quando não entendo,
quando penso que compreendo,
e até tento, quando escrevo no breve
na obra viva que é meu pensamento
que me manda calibrar meus dedos,
e recompor tudo aquilo que se perde dentro de mim.

gosto mais quando não entendo,
e fico a beira de saber que nada me sobra,
alem de procurar infinitamente,
algo que me sufoque de tanta certeza,
essa clareza que a vida nos exige,
e que tão ofuscada pelos prazeres do mundo,
me deixou quase sem ar.

gosto mais quando não entendo,
e quando fico. quando fico aqui pensando alto,
destruindo tudo aquilo que penso que existe,
e tudo isso que a forma me diz para ser,
esse corpo aqui não me pertence.

gosto mais quando não entendo,
e fico a beira de perder-me a cada instante,
na duvida que é permanecer vivo,
e viver isso que colabora com a incerteza,
a cada minuto ser quem nunca se foi,
a cada momento ser quem sempre se é.

Eu gosto mais quando não entendo.

Sendo

voltei,
e fui novamente,
no que me tornei,
a parte que mais me ergue
é aquela que me sustenta,
e sou,
quando retornei,
a mim, se é que vejo
nas lápides de quem fora,
nesse sorriso mentiroso,
e nesses olhos esquisitos,
tão grandes de tudo.
vou e fico guardada em tudo,
em tudo isso que me modifica,
em tudo que me torna,
que me ergue,
sou tudo aquilo que me permeia.

nada mais

não estive vivendo nada disso a que penso que existo. não engulo o chão que piso como não abraço a a voz viva do mundo. se me fere e me ofende os olhos, se me persigo a cada instante nas paredes das cidades, se a cada gota de minha essência tudo se esvai por um segundo, como poderia viver tudo isso e nem sequer perceber a minha ida? estou e não consigo mais manter a minha mente viva, tão viva quanto penso que estou. que dilema é esse que contrasta com essa parte minha que dói, essa parte que cheira e que enxerga. como sequer prever o acontecido, e romper com tudo aquilo que acredito, sem acreditar na viva promessa. essas coisas já me dizem muito sobre o que sou, e estou ficando louca a cada segundo que me sinto parte. eu olho o mundo como o mundo me vê, cheio de promessas e dividas não pagas, como meu próprio corpo promete aquilo que esvairá com o tempo. vou perdurar pelos anos em que ainda conseguir extinguir aquilo que me pertence, em verdade todas as minhas maldades cairão sobe este mundo. todas as minhas bondades seguirão intactas, tanto quanto no vazio do que me tornar prossiga o eco de um grande espaço, pedindo um pouco mais. não vou arrumar estas palavras, pois nada aqui é certo ou errado, é tudo que existe nesse momento ao qual escrevo. nada mais.