quinta-feira, agosto 4

gosto mais.

gosto mais quando não entendo,
e fico procurando,
buscando em tudo o consolo,
de tudo que é uma resposta,
reclusa em uma verdade,
indisposta de meus olhos,
meu ver nada capta.

gosto mais quando não entendo,
quando penso que compreendo,
e até tento, quando escrevo no breve
na obra viva que é meu pensamento
que me manda calibrar meus dedos,
e recompor tudo aquilo que se perde dentro de mim.

gosto mais quando não entendo,
e fico a beira de saber que nada me sobra,
alem de procurar infinitamente,
algo que me sufoque de tanta certeza,
essa clareza que a vida nos exige,
e que tão ofuscada pelos prazeres do mundo,
me deixou quase sem ar.

gosto mais quando não entendo,
e quando fico. quando fico aqui pensando alto,
destruindo tudo aquilo que penso que existe,
e tudo isso que a forma me diz para ser,
esse corpo aqui não me pertence.

gosto mais quando não entendo,
e fico a beira de perder-me a cada instante,
na duvida que é permanecer vivo,
e viver isso que colabora com a incerteza,
a cada minuto ser quem nunca se foi,
a cada momento ser quem sempre se é.

Eu gosto mais quando não entendo.

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