quarta-feira, dezembro 29

Notas de um dia solitario IV

Vivo do silêncio
onde digo-me injurias
e conto piadas infames.


Choro minhas dores
e fortaleço meu coração.


Vivo do silêncio,
pois o preencho de mim,
a quem tão necessito.

Notas de um dia solitario III

Poderia eu fazer parte de qualquer que seja?
Velar-me o sono, beijar-me a face adormecida...

Como em um brinquedo, montar suas peças
cada finalidade de encaixar um final conexo.

Poderia eu fazer parte?
Sendo que falta-me um pedaço,
onde desencaixo o arranjo.....

Notas de um dia solitario II

foi-se sem glória, sem contar da minha hora
não lestes meu recado, tola forma de adorar-te.


presumo que fostes, por invencíveis modos
sem amor ou piedade, caístes em tua palavra.


não há sabor mais ácido, talvez em toda sua amargura
sentir o gosto permanente da desilusão.

Notas de um dia solitario

no perpétuo de meu amor,
quem fui, se não fosses,
e de que me eras,
dura realidade.



no desapego de teus dias,
fui a perdida falta,
resposta e indulgente,
mas não és religioso...


para coibir meus dias,
contei-me mentiras,
e fui ao cercado alheio
pisei na grama vizinha.. pedi-me.



do mais que me espera,
estar sozinha é necessário
e para mim precioso,
onde reinvento meu amor.

terça-feira, dezembro 14

Mais uma vez.

Nada mais que absurdo,
espero o que virá.
Não me poupo de dizeres,
mas me poupo de falar.

segunda-feira, novembro 22

Ao que se nunca imagina.

de longe a espreita,
cada parte tua,
esmagada.

a luta invencida,
daqueles que perderam.

circulam pestes,
afrontam vidas,
e partem todas elas.

Quase nada, pra tanto.

Quando pensei que fosse o bastante, jamais seria. Todo dia recuo nessa vida tentando me dizer a maneira correta, e deslizo nas coisas que a vida traz. Me desespero com toda essa hostil maneira de viver, não há nada que se hesite de toda essa exatidão. Ser humano, difícil e insensato. Por vezes pedi que me dissessem as respostas, clamei pela altitude das palavras, e briguei com todas aquelas que me apedrejavam. Qual a certeza que tenho disso, se existe alguma certeza para se dizer na vida, morrer é breve demais para acertar. Já tentei entender porque caminho nessa maldade toda, porque dos outros as tristezas me partem em pedaços, porque dizer adeus a tudo em que se acredita, se reinventar é um trabalho para poucos.
Já temi falecer de minhas duvidas, tenho medo de perguntar de menos, tenho medo desse amor que acho que sinto, amor pra mim não tem sido muita coisa. Não vejo amor nas pessoas, nem sequer a sombra do que isso significa. Só sinto a doença se espalhar, a mentira conduzir e o mistério do futuro produzir repudio e veneração.
Eu não sei mais dizer se sou infeliz, feliz ou sou humana. Sou uma espécie de pessoa que no lapso dos dias esquece a vida e tudo que ela diz respeito. Já não canto as canções de antes, não falo as belezas de amanhã, não digo a mim tanta delicadeza, quando digo sou tão incapaz que minto. Prefiro me recostar no imaginável, e quando penso que estou longe me sinto mais segura. Não ouço que estão morrendo aqueles, aqueles que necessito. Necessito de todos, cada pedaço que reproduz essa figura descrente que dilacera aos poucos.

Toda vez

Onde foi que esqueci, quando me perdi nesses planos, dissonando.
Toda vez, a minha bondade. A minha maldade cresce, deturpa e ignora.
Toda vez, a minha maldade. A minha bondade verde, indecisa, latente.


Onde foi que esqueci, se perdi, falhei.
Deixei minhas palavras, guardei meus sentimentos,
menti com a boca, desviei o olhar.

quarta-feira, novembro 3

Reclamações

Eu paro na minha vida perfeita,
as quatorze, murcho o passo.
Reclamo um pouco da vida,
só para não perder o gosto,
de reclamar.

quinta-feira, outubro 7

Velha mania

eu disse a velha mania,
que abastada era,
a mais miserável
de todas as cruzes.


pois carrego arredia,
e sincera demais.
E toma todas as formas,
todas as vidas possíveis,
no impossível dos amores.


ela resiste...

-

Você jamais vai entender. Porque minto com a cara de quem nem sabe de nada. Eu minto porque despejo tudo que sei mentir, talvez eu minta quando digo que pareci.
Minta quando digo que perdi, ou sei achei, menti por te encontrar. Menti nas vezes em que pelo mundo a fora me domestiquei, me criei inútil e ignorada pelo resto do mundo. Eu menti a cada segundo que chorei pelas dores de outros dias, jamais sobrevivi a tanto. Menti no ato de meus prazeres, do sorriso que empreguei em toda solidão alheia. Menti de norte a sul por contar os segundos, no místico que é esperança. Mentira maior da vida.

Coisas que esqueci de dizer

Já tenho escrito tanto que continuar parecia irreal. Eu só escrevo pra me alimentar, para não surtar de tanta falta de mim ali fora. Sabe-se lá Deus quando a vida dirá seu curso, e eu não sei de que planos falo quando estou dizendo que preciso deles.

terça-feira, setembro 28

Para ser - II

Há em tudo que me rodeia,
um pouco do que já sou,
e se tudo que existe me permeia,
sou o que deveria ser,
estou onde deveria estar.

Para ser

Eu pensaria a cada vez que fosse dizer,
e diria a cada vez que fosse fazer,
faria cada vez que fosse falar,
para pensar..... para dizer..
para ser.

quinta-feira, setembro 23

Recuar



Eu falo com medo de dizer o mais,

se digo com a cantiga é quando me dói mais,
porque escondido aqui dentro tudo fica desperto,
e eu espero um dia recuar.

terça-feira, setembro 21

Tolice

Já passam uns dias,
e a tolice continua,
persistindo no acaso,
da preguiça amiga.....

domingo, setembro 12

música para mim

O inesperado,
esperado
está perdido.


Nessas manhãs,
que me afronto diariamente.
Olhando para as partes,
para vir-me toda.



O inesperado,
esperado..
está morto.


Perdido nas manhãs.

Minha maldade III

Preciso dizer-te,
como jamais diria,
e se pudesse,
que menti em arbustos,
me escondi por lá,
travei minhas batalhas,
no escuro das folhas,
que me permitiam pensar.


Eu preciso lhe contar,
que falei alto e em bom som,
que teu peito morresse falho,
e que fosse a minha espada viva,
cortando a tua alma.


Mas era tudo mentira,
que dizer era o bastante,
mentir para si mesmo,
mentir em vão.

Minha maldade II

Contei nos minutos,
o que faria,
se preveria,
o fato maldoso.

escalei as montanhas,
de pedras afiadas,
e joguei tudo a baixo

acabando com a vila.

Minha maldade

A minha maldade as vezes me diz,
que não posso ser boa como preciso,
que penso, inexistente espaço,
onde mato, onde morro, pouco a pouco.

Setembro

Já é Setembro em meu coração,
e a minha vida se permite a falar,
que os dias passam, as coisas mudam
as vezes, pra variar.
de nada vale toda essa euforia,
no despertar das horas,
desprendemos nossas falas.
esquecemos das palavras,
que dizíamos com frequência,
tão ditas pra falar,
tão fracas de dizer.

Outros planos

não gosto mais do gosto,
do que me atraía.
é de certo que não,
minha língua rejeita.
minha fala não diz,
pois estou ocupada,
traçando outros planos.
não gosto mais do gosto,
sincero e impermissivo,
de dizer de mim.

domingo, setembro 5

como a vida

primeiro não se sente,
no que existe.
o falecido comando,
extinto.
depois a dor, com prazer,
e dor, novamente.
pense em não se mover,
e estremece, antes de recobrar.
recobrar os movimentos,
sentir circular,
de volta ao controle.

Ademais

Penso que usamos de todos os artifícios para produzir algo maior.
e que dessas fases, dessas ferramentas a vida partirá e existirá futuramente.
o fragmento será reabilitado, retornando a perfeição.
se é que perdidos, achando soluções aos poucos.

todas as palavras serão parecidas, e a voz substituída.
você poderá tocar a si mesmo, e da pele amarga nada lhe dirá.
sua vida será agora a extensão de tudo, e externa migrará para fontes.

as habilidades juntas, tanto conhecimento convergido.
e serão maiores aqueles que puderem prever,
todas as dimensões do inexistente, inapto agora.

poderemos recobrar nossas lembranças, viver nos diminutos,
saber do irreal a atroz, como se soubéssemos de toda fragilidade.

recursos, maleaveis e persistentes. encontre seu destino em mundos,
afunde nas suas convicções, permita subir as margens se preciso,
contudo, resista a sua alma viva. contemple seu santuário, respeite seus limites.


se existirem.

segunda-feira, agosto 30

como escrevi no papel, página 2.

Perdi minha doçura,
apesar dos meus olhos,
pensarem de tão ternos.

Esqueci de como ser,
e ver quem é visto
com mais compaixão.

Queria, e quero de pedido..
ser-me só e esquecida,
esquecendo o que pedi.

Quando foi que me embalei,
quando jurei?
Partir sem despedidas,
fui covarde e indecente.

As coisas, que chamo.
Se assim são tratadas,
desmerecidas, tolas.

Da briga sonora,
meus pedidos, roxos.
Sublimam meu coração.

Se o tenho perdido,
peço encarecidamente,
recobra-te.

como escrevi no papel

preciso desesperadamente que me ame, como se pudesse amar o bastante.
para que me fizesse amada.
preciso, de tão orgulhosa desse amor, deixar nas palavras a semelhança de teus carinhos.
preciso dizer-me sincera e precisa, de meu amor contundente e insóbrio.
deseducado de seu querer.
preciso como dizer palavras ao dia e abrir a boca para soar o meu apelo,
onde as palavras são comi insígnias
preciso do teu amor, tão erroneamente sob meus olhos. e advertidos pelo meu coração
eles seguem.
preciso ceder a quem fui, retornar a mim para padecer de amor.
como a ingênua esperança.
preciso compor minhas palavras de amor puro, inexistente.
mas insiste de tornar-se perfeito.
preciso da sincera e desnecessária verdade. admirada pela vida alheia,
para conduzir-me vida.
preciso, tão desesperadamente dizer-me. todas essas palavras, para sentir...
para sentir e prosseguir, vida.

domingo, agosto 29

Tudo

certas coisas não surpreendem,
quando chegam sem aviso.
quando se sabe aos poucos,
que você se transformou.

e nada além,
de saber.

quinta-feira, agosto 12

Burrice

Burrice é um pedaço
de madeira enfiado
na sua mão esquerda.

Pra não dizer os periódicos
ditos por aí.

Ontem a noite - II

Estou esquecendo os momentos.


Não me lembro ao certo de minha infância,
certas coisas se foram com o deixar da velha
estatura. E agora?
Parei de crescer.
Parece que tudo passou rápido, esquecido.
Que doer a memória se faz necessário, sim.
Puxar na fina lembrança, coisas que ficaram por lá...


E eu ainda não lembrei o bastante para fingir contentamento.

Ontem a noite

Esta noite tão gostosa, que o ar se torna
precioso em sua temperatura.
Não o ríspido frio da manhã para batalhar,
nem o calor de Dezembro em P. do Flamengo.
Eu encosto a cabeça no travesseiro, sossegada,
e me prometo não calar estas palavras,
para não perder o que sinto.
Nessa curva que os dias fazem, eu me pego pensando...
quando me sinto assim estou viva, e disponho um pouco
de mim nas palavras.
A única maneira de prezar pelo mundo,
é quando o percebo em mim.

segunda-feira, agosto 9

Gentil

Eu não escrevi em Agosto,
o que deveria dizer em Abril.

Eu não segui as minhas palavras,
como se pudesse segura-las em meu coração.

Eu não abdiquei de dizer que te amo,
só porque não disse.

E não parti todos os meus dias em horas,
para ser-me gentil...

Acordando e lutando II

pedi-me,
Deus de toda luz,
impeça-me do pior,
fala-me nos ouvidos,
as rotas de meus caminhos,
as longas horas de andar,
para ser-me chegada.


além de seguir,
Deus,
contenha-me,
de perder toda a prece.


de pedir em vão,
agradeço baixinho,
as mesmas frases,
que cunho na mente.


peço-me imensamente,
mais que inconstante,
permita-me de toda força,
para permitir de ir,
para prezar de ficar.

Acordando e lutando

acordei no meio da noite
com medo dos olhos abertos,
pensando no escuro,
no escuro das horas....

valeu-me em aceso,
que nada pudesse,
perder-me de vista,

e perdi as horas,
tentando me encontrar.

quarta-feira, julho 28

De certo que sim - III

diga-me de perto,
com toda tua vida,
que amar é contundo,
mas portanto é o fim.


fale-me de longe,
que tudo é inverdade,
que é falta de amor,
que todo mundo tem.


e aceite essas palavras,
que tão poucas,
quase nulas.


e aceite essas palavras,
que tão minhas,
minhas suas.


e aceite essas palavras,
como tuas vestes,
vista...

De certo que sim - II

A noite em meu travesseiro, quando se fazem todas as incertezas,
digo a Deus que o acompanho, que sua luz me faça mais forte,
que me faça mais digna. Talvez menos humana...
mas Deus não permite minha dor em seus braços, nem fazer-me perfeições.
Então afaga meus pensamentos em respiros de coragem.

Meus dias permitem todo sentir,
e se oscilo nos cabelos
da certeza,
é porque não estou tão longe de chegar.

De certo que sim.

Quando sequer soprasse minhas dúvidas, um lampejo me reergueu. Talvez nem soubesse de que parte aquela luz se faria, mas era ela enfim. Tomei nos braços como uma criança, cuidei como se fosse a última parte de minha vida. Não precisei, nem recomendei ao meu coração que fizesse o que quer que fosse, o deixei livre para ser reconhecido. E nada mais me fez perder o curso dos meus sonhos, nada mais....

segunda-feira, julho 26

Bom dia

Bom dia,

de olhos,
queria.
Bom dia!
ao nascer,
mais vezes.
Bom dia...
dizer já com saudade.

Um bom dia para você,
te vejo mais tarde.


sexta-feira, julho 23

A sorte

a sorte é muda,
e só lhe fala
ao não esperar.

e em maneiras,
todas elas esquecidas,
pelos nossos sentidos,

a sorte diz,
quando somos capazes,
de talvez ouvir.

sábado, julho 17

Rápido

em várias as portas,
entrou na terceira,
cruzou a sala,
retornou da cozinha,
almoçou ali mesmo.


comeu tão rápido,
com mãos e dentes,
faminto de vontade.


e vazio o prato,
recolheu o prazer,
retirou a louça,
e levou a cozinha.


o tapete é cumplice,
do que nada se diz,
por matar a fome alheia,
alheia tão de ti.

Anotações

eu não quero o teu amor,
nem o teu dia a dia,
não quero as tuas manias,
nem sequer seu olhar.


não consigo lidar com a sua vida
assim, tão próxima.
não preservo suas palavras,
só esqueço do teu beijo,
nem preciso lembrar.

sexta-feira, julho 16

Mais humano que de costume.

Nós amamos,
a nos mesmos,
e despertamos
nossos medos,
nos rostos,
rostos alheios.


Nossos medos,
como errar,
e acertar?
O risco previsto,
a previsão de errar.


Nossos medos,
de sermos,
como somos?
E se somos nós,
nós somos outros de nós.
Não somos os mesmos.


Nossos medos,
de criarmos elos,
e mais ligados, vivos
concisos em nossas veias,
perdidos em nossos dias.


Nossos medos,
de incapazes,
capazes de tudo,
até de amar,
amar a si mesmo..
e continuar a falhar.

O Criador

O criador perfeito
pensa, reflete
perplexo.


Moldar o passeio,
passar o de si,
para o meio.


E como faze-lo?
Qual o permeio...
de tal solução?

Saudade, só de saudade.

contei os segundos
do abraço esperado,
rodando no mundo,
mesmo parado.

e aperta no peito,
o corpo apertado,
quando longe é feito,
o abraço esperado.

segunda-feira, julho 5

1

esse corpo que habitas
do que dizes ser teu,
é a forma mais estranha,
que a forma concebeu.
e na mente o que fica,
nada menos, tudo eu.
que depara com o outro,
e conhece aquela tez.
nada fala a tua mente,
que esse corpo infeliz,
é o que és na tua vida,
é o que somos, por um triz.

Conversas tolas

ontem mesmo
me disse
baixinho,

cala-te peito,
pára, agora.

e baixinho
ouvi de volta,

um não,
teimoso.

sexta-feira, julho 2

Ao meu grande amor

assim que puder reatar,
todo meu amor,
eu o farei.

direi que mágoa forte,
não sei de onde nascera,
porque viera, verde.

e que possa entender,
antes que nada se faça,
a sua idade avança.

sexta-feira, junho 25

O Exercício




O mais difícil,
do esforço,
é a força, aplicada.


Força mais,
que mais distinta,
do que conheces.


E contornas,
ou tentas,
na força que aplicas,
as imperfeições,


todas elas.

domingo, junho 20

As duas da manhã tudo é diferente.

Outro dia mais, cozinhando minha alma,
preparando um estepe, uma dúvida perpetua.
Esperando ficar pronto, posto meus vinte e dois anos,
e sendo em outro mundo.


Eu não gosto mais de nada disso e pormenores...
gosto de dizer o que não sou, e se as vezes sou, é porque eu também sei errar.
Sei andar e partilhar das pedras, perder o ônibus e amores,
não estudar a prática de ser melhor e deduzir que as visões são verdades.
Nada mais de atrativos bobos, gosto mesmo é de respirar fundo,
e do cansaço da exaustão. Apesar de tanto evita-la.


Não consigo imaginar minha vida sem desdenho,
pois as vezes nem mais serve... dizer que se pode colaborar.
Algumas coisas são perdidas, esquecidas no mais bravo de nossos meios,
e nem dizemos a todas essas pessoas, o quanto se foi perdido.
Das demais coisas da vida, somos sempre essas pessoas,
tão completas e astutas, melhores. Não somos nada disso mesmo.


Nada que possa mudar para sempre, todo esse pensamento pobre,
de viver em outros planos...

A direita .

Jajá peço desculpas, a todas as minhas faltas.
De jamais poder juntar minhas dívidas,
as falhas de acontecer e ser acontecido.
Desculpas não me dizem e nem te ajudam,
só machucam nossas mãos unidas.
Podemos mais quando calados?
Mais sinceros que medíocres.
Mais distantes de feri-los.

A culpa

a culpa,

corajosa e destemida,
minhas palavras,
pois de nada,
valem todas.

covardes.

De volta a Saturno - Ser.

Postos dias de Saturno, e que retornas, não mais. Ficais no mundo das rotas perdidas, comungando a velha maneira podre. Regido pelos mais tórridos sentimentos, brutos todos, passando pelos seus olhos tão ternos. A aspereza de sua social, nem requer quem quer que seja a tuas vistas, é o mais solitário dos prazeres. Amargando a sua vitória, vitória alguma de todos esses anos. Falhando na incubencia de viver a vida de todos e todos viverem na sua vida. Participar, aceitar, mudar.... mudar para quem nada requer é caos. Só quando vive de tuas terras, mudando em Saturno cada vez por meia vez. Já não se sabe dizer quem passa nessa vida perto, tão perto de descobrir quem é de verdade, nem se pisa com tanta força e nem enraízas as palavras de ser como se é. Nada muda para ser quem somos, tudo que somos é mudar para todo e todo sempre. Indo e voltando de todas essas vidas, todos esses planetas esquecidos. Tão lembrados quanto foram algum dia.

É de tudo.

são tantas as vezes de dizer,
por mais absurdas, ditas.
e menos veneradas, palavras.


é tudo a ser o que não sou,
da fraqueza de se ser.
comunhão de toda passagem.


são tantas as vezes de dizer,
que falar é um tanto constrangedor,
tímidas vezes de se dizer a verdade.


é tudo a ser o que não é,
da ligeira maneira de fugir.
não se sabe o prazer de calar.


são tantas as vezes de dizer,
que se espalham murmúrios,
nos olhos de quem não disse.


é tudo a ser o que não foi,
do olhar de muitos dizeres,
não se diz a boa e velha maneira.

quarta-feira, junho 9

Notas para descrever I

Já perdi meu olhar nas ruas,
e deixei cada pedaço de mim nos arames..
o que era da minha, fora.
Agora é só esquecido.

terça-feira, junho 1

Eis que todos

eis que nos moldamos,
filtramos, nos tornamos
e somos, todos os dias.

Naquilo que reside,
e que incide, latente
permanece, incluso
vertente, conciso.

Pois somos,
todos os dias
filtramos,
moldamos..

eis que todos....

Procrastinar




Sei que bebo de tua saudade,
assim como rogo por sua existência.
Resistência de tua passada, tua chegada
tua eterna presença.

Sei que arrumo meus lençóis,
desarrumo meus poemas,
num vacilo dos dias, para esquecer-te
permaneço em minhas dúvidas.

Sei que jogo meus pedidos,
nas árvores de tua existência,
e confirmo minha presença,
em tua falta de verdade.



sábado, maio 22

Verdade

Tão bom quanto não fora,
você se despediu da minha hora.
E fiquei olhando o tempo,
que não passava nunca....

A hora da raiva

Eu queria dizer impropérios a sua existência
como quem diz a raiva para aumentar sua hora.
Queria dizer que tal motivo é a culpa de tua boca
maldita que acelera o passo para o precipício.
Dizer que isso é o que faço para podar-te maldita,
em toda sua incompreensão de criança mimada.
Que você irá na hora da morte, saber sua culpa.

Quem diz que é tudo brincadeira, mentiu.

Quem diz que é tudo brincadeira, mentiu.


Levantar para o de sempre e cobrar do presente um futuro prévio. Andar como nunca tivesse passado pelas ruas e descobrir os mistérios de flores jamais vistas, de cores perturbadoras que passam a cobrar-te mais estigma, mais estima mais estudo. As dúvidas coroadas em coisas de pequenos, encruada nos grandes e perplexas em todo canto. Não se sabe mais da verdade do coração de si mesmo se o mundo carrega sua falha viva em tuas mãos.
No que diz respeito aos costumes, cos tu todo mês que queres coser a mão a tua imensa falta de quietude, de faltas cobradas a tua própria existência, de impetuosas atitudes do dia a dia. O futuro vos reserva algo de preces, preços e praças, onde passas toda hora de sua incessante pergunta. Que questionar é a forma mais expressa de um café saber sua dose.

Datas tardias

Aprendi a dizer até logo para longos dias,
datas tão tardias de minha chegada.
Onde perdi meus sapatos, larguei minhas cartas
e subi o morro das distâncias áureas.
Já não perde o Tempo, que esperto cobiça nossas almas.
E pouco a pouco entranha em seu guardar nossos dias,
deixando apenas as saudades, as mentiras, as verdades não ditas
as perdas irremediaveis, os sonhos e tudo mais que ficou aqui dentro.

Unhas vermelhas

É vermelha,
a unha dela
tão viçosa,
e intransparente.
Recente,
de amor,
é unha dela.
Cheia de vida,
de vontades,
é dela.
A unha vermelha,
retirada das cores,
das rosas.

Para Rita

Meu coração sorri,
pois a vida é bonita,
quando vista, assim.

Quem merece, louros verdes
e aplausos para festas.
Não há nada de mal,
em sorrir pelos outros...

com os outros,
tão felizes.

Sem dizendo

Já faz tempo e não sei
não sei como dizer.
Se permito, é por vacilo...
nada mais há de ser.

Dessa coisa, que dizem
que é estar neste estado,
indefinido, recluso...
confuso.... calado.

domingo, maio 2

Parque da Aclimação - 10-05-02

As flores desta vida, todas elas aos meus olhos.
Tento ser se sou uma, ou duas delas que me fazem.
Do feliz e verde mundo, eu giro em águas profundas.
E me peço bem baixinho, erguer este mundo em mim.

As frestas destes outros planos, são crianças que sorriem
ao caminhar, e desesperadas pela vida, elas disparam.
Se o barquinho que vai entre os peixes, pudesse levar
todos eles, talvez a imaginação deixasse de ser um projeto.

E cães de tanto amor, a cura de todas as desilusões.
As línguas de que pude nas mãos, um presente molhado,
os pelos esvoaçam a minha saudade.
Eu não consigo ser sem os cães.

Neste parque minha vida, se põe como sol nos bancos
e eu fico a espera, de entardecer em mim tal energia.
Para ser o que jamais pude, para ir onde jamais estou quando desperta.

Ás

Só consigo me privar,
do que não conheço.
Não me rogo de deslizes,
mas me faço de alguns.

Já pensei em prever,
previsões são meus ás,
de tanto joga-los,
perdi a batalha.

Mas não a guerra.
eu tinha um sonho,
um sonho delicado
de tanto amor
de amar por pouco.

Por tão pouco,
ser quem sou por amor,
por amar a quem,
a quem amar,
o meu amor.

eu tinha um sonho,
tão juvenil e sincero,
que as mãos poderiam segurar,
e sentir o que por lá diziam,
era mais que um pouco,
era o bastante.

segunda-feira, abril 12

Planta baixa

Planta baixa


O que é, que se revela
e transpõe significado?
Orienta, prontifica
repõe e discorda o preferível.

Se alimenta do meado,
e nasce no sentido
de ser sentido obrigatório.

Que merece atenção
posto esse resignado
a cautela do outro eu
desmitificada história.

De ser para quem conheces,
de como afugentas, bobagem.
Tudo é questão de ler,
ler essas dores todas.

No singular

No Singular

Se é,
por si
nem por outro.
É sim,
quem te diz,
quem soa.
E projeta,
no outro
o de si.
De ser,
de estar,
em você mesmo.

No plural

No plural

Juntos estes,
postos aqueles.
Eis reunião.
Junção, abdução
somatório.
De certo,
conjuntos,
todos.
Assim, que falas
que falamos,
somos.
E até desconexos,
perplexos, humanos.
Somos.

sábado, abril 10

Baixando

ele engole o queimar,
o brando dos corpos,
a cegueira dos estigmas,
o refletir incessante.
só talvez nos cobertores,
nos aquecedores..
nos corpos ores, sabores...

Ele e seu ofício.

Estava a passar, olhando o frio se descompor.
Talvez nem tivesse tempo o bastante, nem vontade.
Não olhasse para outro que fizesse sentido, nem tempo.
Você passava na linha amarela, com as mãos ocupadas
e as costas curvas. Colhendo o que dos outros deixou ao desuso.
Nem olhos, nem olhares. Nem presentes, só migalhas; sujeira.
Na chuva tudo se misturava, decompunha e untava.
E você colhendo a discórdia dos outros....

sexta-feira, abril 9

De madrugada II

Doeu como um estilhaço em meu corpo, deixou em cada pedaço minhas más lembranças, mesmo que elas, doídas de uma vez só. Pra retirar cada um de meus lamentos, precisei de tempo, precisei de suas palavras duras. Eu as colhi como quem colhe mentiras, só esperando que caiam por terra.
E talvez tenha perdido cada lamento em teu ódio, a minha cura se ergueu em dias mais bonitos. Na mancha que teu nome representa, sou a mais borrada de teus versos. Nada mais querido do que anunciar o perjúrio de cada dia, em cada palavra que não fora, em cada sentido que não existisse em cada eu que não fui. Seria do tédio a mais cautelosa, fui a pressa das minhas preces... todas elas tão previsíveis, e solitárias. Cantei meus versos sozinha, um a um em meus lábios doloridos, ouvidos de tanta falta de mim mesma, disse-me que não era tão deficiente de cores vivas, de modos aceitos e de trajes meus. Só da ilesa compreensão não sou digna, nem da tua, e menos ainda da minha.

De madrugada

De madrugada as verdades são mais duras,
o que deprime a todos no frio de Abril.
Abrir este peito e dizer que mentir,
eu até sei omitir meus desejos.
Mas nada é mais do que verdadeiro,
do que estas palavras para você.

terça-feira, abril 6

De ve-los

Estou de mim até os poros
por vezes das outras saudades,
só as vezes deixo que permaneçam.
mas eles sempre vem...
eles sempre vêem....

Duas cartas por semana

eu escrevia duas cartas por semana
três versos em simpatia mais quatro de aversão,
era mais simples do que se imaginava,; era amor.


e nem eram cartas simples, nem sonetos, nem arraiais.
eram palavras de deleite ao que jamais poderia ser,
e se contasse como escreve-las era simples,
morreria de tédio por pouca aclamação.


eu escrevia duas cartas por semana,
e nem sequer as remetia,
era mais fácil dizer a quem quer que fosse.


e nem eram amores de tantas vezes,
eram palavras de curtas preces,
e longas e cansativas saudades,
daquelas de antigamente, amarelas.


eu escrevia duas cartas por semana,
era muito para o que escrever se tornou,
era pouco para o que tudo aquilo pedia.


E nem eram o bastante..
nem o suficiente,
nem nada mais do que pedia.

sexta-feira, março 19

Seja lá o que for isso.

Vamos diminuir um pouco,
essa marmota toda.

quinta-feira, março 4

A Frieza

Já não levo a frieza como maldade,
Já não lembro do frio como distância.
A frieza nos lembra do calor de outrora,
e nos mantêm aquecidos por dentro.

Já nem sequer frieza longínqua,
não lembro do frio como estático,
A frieza nos torna próximos de nossos sentimentos,
nos realiza um volver de entendimentos.

Já não sei ser sem a frieza,
arma contra meu desconhecer.

sábado, fevereiro 20

Carta brava do mundo novo

Eis a carta brava do mundo novo,
onde conto minhas aventuras.
E me despeço de alianças,
pois as guardo em meu eterno.

E de novo, eis que belo
o púrpura de se renovar..

e achar..
que sonhar.

segunda-feira, fevereiro 1

Apatia

Já não sei se ponho as minhas fichas nessa mesa, sentei como quem nem poderia ficar para beber um copo d'agua. Mas acabei me rendendo a essa tamanha distração, ou seria apenas, uma das mil maravilhas que desaguam as beiras dos rios... e correm ao longe. E é tão estranho permanecer sentada em apatia, tão estranho quanto essa pessoa que já não compreende mais seus versos.

No one

..e existe uma verdade
inexata e insensível nisso tudo, eu sei.

Mas não é nada, nada além..

desse medo ofuscante,
que me fez fechar os olhos,
e respirar em paz, agora.

quarta-feira, janeiro 27

Esquisito

As vezes enxergo o mundo em esquisito,
o que é esse nome estranho e preguiçoso
que se arrasta em sílabas e mais conjunções?

O que é significar sem significado e lembrar
o esquecido por perder de visão?

E por ser tão querido, amado e envolvido
não estar de, de por inteiro... mas na solidão?

E me pego a desenhar, captar e pensar..
esse mundo é esquisito ou sou eu que vi errado...
Sou quem não viu certo, não?

Aos montes

Faz jus a minha vida
eis que tragas sede,
eis que tenhas fome.


E recolha aos montes,
toda essa carga antiga,
terço de rosas despetaladas.


Pois atinge a promessa,
quando segues próximo,
e retêm ao todo, tudo meu.


Já não sei te remoer,
nem dizer, volte logo.
É a crença do desgosto.


Pois talvez tenha esquecido,
da dor do mais querido,
que é trazer um novo alô.

quinta-feira, janeiro 21

Satisfação

Estou viva, respirando e satisfeita.
Satisfeita? Jamais estou satisfeita..
sou feita, de toda essa massa inconclusiva.
Dessa praga que é escolher, e prever?
De promover e ficar feliz. Feliz de bem consigo.
Infeliz, talvez por poucas chances.
Poucos tiros no escuro... mas bem dados, explosivos.
minha satisfação, insatisfeito modo de meus desejos.
todos eles, corrosivos...
todos eles por respirar de menos.

Em dois

Já não sei mais, e se soubesse
não adiantaria falar...

as palavras são feridas,
aferidas por quem não tem.

e se pudesse escolher,
ah se pudesse contar...

te contaria as minhas sílabas,
te mostraria o meu falar....

além

não é mais nada,
do que mais uma,
decepção.

não é mais nada, além..
de toda essa divergência.
congruência do azar.

nada, não é mais..
do que mais uma,
tola e desconcertante,
desilusão.

sábado, janeiro 16

Plena

Desenho flores,
como se procurasse
minha cintilante fuga.

E se elas são doces,
em cores de verniz,
é porque assim, posso..
assim posso tudo.

Se desenho flores,
e nas flores me desenho,
eu as faço de finas maneiras,
mas não de traços certos.

E se elas são bonitas,
em mais do que bonitas,
é porque assim posso..
assim posso tudo.

Estamos conversando, por fim.

Estamos aqui, novamente. Eu e você conversaremos mais uma vez, mais uma última vez para ter certeza. Ah sim, tudo bem que você disse o que não queria ouvir, e lhe ouvi algo que não quisesse que dissera. E disse tão cheio de curiosidade, tão cheio de verdades. Somos tão assertivos para concluirmos certos, somos duros... Aponta-me o coração e fecha-me a boca, nenhum dos dois fala o que a cabeça transmite, pois pulsa a refinada maneira de perdoa-lhe as fuças. E novamente eu e você, você e eu conversamos por uma última vez. Uma última vez procurando a última palavra, aquela que daria o fim do fim, de toda essa falta de finalidade.

Zeloso crescente.

Adoro teu zelo,
teu zelo, amado.
Sumido, inesperado.
Desfigurado, coitado.
No tempo entranhado.
Por mais que calado,
é mais que amado,
muito mais que esperado,
e muito bem cogitado.
Teu zelo, parado..
mais que amado,
mais que amado...
mais que amado....
mais que amado.....

sexta-feira, janeiro 1

Frente e verso

E em seu caderno, escreveu-me:
".... E assim sussurrei teu nome em letras formais, únicas que me valiam alguma coisa. E apossei-me de outros ventos, outras sílabas.
Poderia ir ao alto de minha consciência, e dizer-te que jamais cobrarei estas palavras. Mas seria como tripudiar de meus sentimentos. E no envolto da escolha de meu título, fui mais fundo. Pedi ao meu perceber que me dissesse, sem malhas, o que seria-me convencional. Pois de convenções nos socializamos. "

Primeirando

ela se acomoda a beira de minhas costas
e meus sonhos são mais tranquilos.
se desdobra para acomodar-se no pouco espaço,
e virtuosa se estende em minhas propriedades.

irei compreender?