segunda-feira, dezembro 31

Bangkok

Sonhei que meus pés tocavam Bangkok.
Era uma terra de barro escuro e
àgua por todos os lados, rios e riachos
palácios dourados sobre as florestas altas,
macacos e elefantes por toda parte.
As pessoas com suas roupas coloridas,
muitos adornos sobre a cabeça, mãos
pés e dedos e unhas.
Reluzia tanto quanto seus palácios.
Colorida, cheia de vida e muita
muita intensidade.
Brahma Shiva e Vishnu se fundiam
para lançar aos meus olhos a impotente
forma de um deus.
Que cria, destroi e traz equilíbrio.
Um deus de calma em tua face,
olhos acolhedores e pele brilhante.
A lótus sobre tuas mãos, brilhava
como uma jóia e ofuscava de meu
pensamento as dores.
Seus pés se cruzavam e tuas mãos
se encontravam, para findar a flor da vida.
Bangkok desperta o melhor de mim.
E em meus sonhos pude toca-la
abraça-la, provar de tua essência
digerir seu brilho e acorrentar
meu espírito a reluzir como seus
chakras.
Que Bangkok ainda possa tocar
meus pés, envolver meus pensamentos
e ofuscar meus olhos dos temores.
Se por assim dizer, em meus sonhos
mais que despertos.

33

Trinta e três dias,
30 e três noites,
para sonhar novamente.
Só faltam 3 horas para
acordar, mas só o trinta
e três a tomar minha lembrança.
Trinta dias para toda uma
vida, e a cada segundo que
se foi, três meses de espera.
Três da manha e desperta
com o trinta e três, número de
três décadas vividas mais três.
Número do simbolismo do
amor próximo, divindade
que obseva.
Trinta e três graus,
par alcançar a plenitude
da pedra lapidada.
Trinta passos pela casa
e só três para chegar
perto de ti.
Trinta e três graus,
calor imenso.
Trezentos e trinta e três
mil quilômetros e lá está
você, longe de mim.
Trinta anos se passaram
e você nada fez,
arrepende-te ?
Três de trinta e trinta para três
soa ridículo, não há lucidez.
Há só, e somente 33.

Sonambulismo

Acordo no meio da noite e não me sinto nada bem. É meio estranho, estou dormindo e desperto ao mesmo tempo. A casa faz barulhos estranhos e meus sonhos, breves, ainda tocam minha mente em um retorno incessante. Porém, não vejo mais rostos, não existem mais. Só um borrão
que me persegue onde vou, me contaminando de medo e incertezas, dúvidas que não tem mais fim, e ao ver-me acordada e brevemente adormecida sobre a casa a imensidão me cobre, mas o silêncio não existe. A imensidão sobre meus ouvidos, latejando ruidos estranhos, sons da madrugada corrompendo meus timpanos como o borrão que açoita meus sonhos e não me deixa dormir. Me deixas dormir?
Está tudo certo e é hora de descansar, no ultimo nos trezentos e sessenta e cinco eu ei de dormir pois amanha tenho que recobrar forças para o passar de mais um ano. Se me deixas dormir, serei só novamente. E enfrentarei o medo de acordar e haver o mesmo borrão ao me angustiar com suas incertezas. Me deixas dormir?
Agora vá, eu sei que você precisava de mim e de meus cuidados mas eu não tenho mais forças para te levantar se não me ajudar também. Ajuda a tua alma a despertar sobre teus medos, eles são irrelevantes sobre tua luz, ela deveria cegar todas as palavras que descrevem o que te aflige e assim quem sabe possas recobrar a paz. Me deixas dormir?
Parte de você sou eu, tenha absoluta certeza disso. E não tenhas medo, eu estou aqui. Cobrindo você de tranquilidade se puder,mas deixe que a dúvida se vá, não lhe cubra sobre o véu do desespero ele irá lhe cegar abruptamente. Me deixas dormir?
Saia desse casulo, é hora de respirar fundo e novamente ir em frente se tudo der certo é porque mereces e fez por onde, corra meu bem é tempo de dormir e apesar de acordada dormes sobre tua vida, esqueces quem realmente és. Me deixas dormir?
Volte ao seu leito, já afaguei teus cabelos. Agora durma criança, durma em paz e vejas que não há nada a temer, estou aqui e jamais lhe deixarei.
Durma, sonhe novamente e tudo vai retornar a ser como antes.

domingo, dezembro 30

Eva

Antes era amante, amor pleno
paixão desvairada daquelas que
lhe deixam flutuando por ai.
Feita da costela de um homem,
que a amava se por assim dizer,
que a idolatrava por ser sua companheira
e única presente na sua vida.
Apesar de sua temente falha e expulsão
do paraíso Eva sabia, que seu amor
jamais seria unicamente vivido por lá.
Hoje, Eva está presente em todas
as mulheres. Elas são tão sensuais
quanto a nua Eva, que destilava
suas nuances pelo mundo, enfeitiçando
seu progenitor, amante e amor.
Eva hoje, se tornou Maria, Joana,
Suzana, Carina, Tereza e Luiza.
Se tornou mulher, sensual, amada
independente, carinhosa, mãe dedicada
filha amada, avós, tidas, primas, amigas.
Eva hoje é amada, tem filhos e corre contra
o tempo para continuar linda. Querida por muitos
e odiada pelo resto, ela segue, em frente para
atingir sua plenitude agora quem sabe, seu paraíso
na terra.
A fruta, o pecado e a expulsão não lhe cabem
mais aos olhos muito menos ao coração.
Hoje Eva, tenta se abster dos temores, não lhe
cabem desejos infundáveis, dúvidas cruéis
só a força, a perseverança de uma mulher
que acredita no futuro, crê em si e nos outros.
Se de uma costela tornou-se mulher, divina,
imagine só o que serias se fosse feita do coração
de um homem que já lhe aguardava, que lhe
amava sem ao menos lhe conhecer. De um homem
que olhava para o céu e sabia, de alguma forma
que algo palpitava em seu peito, e eras tú Eva.

sexta-feira, dezembro 28

Processo

Processo criativo, louco e necessário
por muitas vezes desnecessário, eu diria.
Apago e escrevo, descrevo e anseio
já não sei mais de onde vem e pra onde vão
e ao terminar só penso, leio, releio aquilo tudo
num louco turbilhão de palavras e sentimentos
indescritíveis por um segundo e apalpados sobre
minha mente e tranplantadas sobre meus dedos.
Palavras boas o bastante?
Processo criativo, que invade
transmite um sei lá o que de frenesi
que não reluta em explodir de uma vez
sob meus dedos, minha mente e quem sabe meu coração.
Processo criativo, feito individualmente cada pedaço
cada letra e de idividuais conjuntos se tornam um
brainstorm sem fim da vida, das conversas que se estigam mais
e mais não cessam, não abrem mão no infinito.
Um pensar conjunto, que age, interage transpõe
junções de mundos esquecidos, amargos, feitos
de lenço de papel que molham e se despedaçam.
Processo criativo, te procuro mas não te acho
te escondes de mim e me lança um cheiro que
jamais sentira, cheiro do inesperado que me abraça
sem eu saber e me toma a cada dia onde lanço
meus pequenos versos assim sem querer
mas se eu quiser realmente achar você vou descobrir,
processo criativo, é realmente ser você.

terça-feira, dezembro 25

Órbita incandescente

Giro numa órbita sem fim, meus olhos agora
se perdem aos poucos como o esvair do dia.
Esqueço o assunto, somente vibro sobre minha
plenitude visual. Esqueço até de mim, não me sinto.
Perco noção de tempo espaço, dialeto, companhia
e humanidade. Só vislumbro o infinito.
Nele vejo o girar de meus dias, o futuro promissor
a mais-valia de cada dia e o fruto do intenso ardor.
Acima os pequenos pontos de luz, cósmicos. Ao seus
pés, o mar a banhar sonhos incandescentes, e o
vermelho deixou seu lugar de fora sobre o afago do sol
e as nuvens cinzas se desprendem formando um tapete de
areia sobrevoando meu campo visual tão perdido.
Perdido num mar de contemplações, sob uma ótica
maleável, sobre futuro, passado e presente que se unem
para se abster de segregação, se unem para findar meus
olhos na vida, vida de muitos anos prosseguidos, aguardados
e vividos.

Lua

Mais uma noite de lua.
Pensamento voa na tua.
Mas só vejo por todo lado lua.
Regressar meu beijo na tua.
E pensar no meio da lua.
A saudade no peito da tua.
Recobrar o teus olhos na lua.
E pensar realmente, sou tua.

segunda-feira, dezembro 24

Declaração de amor

Hoje não é um dia como outro qualquer.
Agora tento escrever a declaração de
amor por ti.
À tempos lhe digo o quanto a amo, o quanto
meu coração se sente amaciado ao ouvir
tuas palavras de carinho, teu abraço apertado
que me faz perder o ar.
Hoje, foi o dia em que descobri meu maior
amor por ti, aquele que irá durar por toda
uma vida.
Amor esse que deixou de ser um simples
curso da vida para se tornar um complemento
para segui-la.
Te amo, de pés, mãos, cabelos, unhas, braços
abraços, choros, conversas, risadas, momentos
fáceis, difíceis, imprudentes, prudentes até demais
e demasiadamente loucos, se por assim dizer.
És o chão que piso, minha base, meu sustento
meu cálice da perseverança, minha imunidade em
cápsulas, meu único e imenso sentimento fraternal
que passa aqui nesse instante a transcender toda
e qualque forma de amizade.
Se te amar, é apenas uma palavra , sou inconsequente
por não perceber que dela finco limites e não quero
delinear espaços sobre o carinho, respeito e admiração
que me causas, só por simplesmente ser parte de
meu ser, meu crescimento minhas falhas e graças à
nós, acertos.
Declaro aqui, perante à mim, ao que sinto ao que
posso lhe dizer, com palavras, com abraços e
simplesmente com minha cara de choro a mais
verdadeira forma, essa declaração por ti, de amor
por nós,pelo que somos individualmente e pelo
que nos é de fato existente, laço de amizade.

domingo, dezembro 23

De onde vem a calma?

De onde vem a calma,
depois de me dizer o que
queres, sem ao menos me
explicar o porquê.
De onde vem a inquietude
depois de travar um dialogo
não muito receptivo, não
muito atraente.
De onde vem você
com essas palavras sem nexo
sem eira nem beira, para
me falar assim?
De onde vem essa sua certeza
de que estou certa ou errada.
Me dizendo assim, sei lá
sem ao menos perguntar pra mim.
De onde vem essa vontade
de não falar nada, depois de
dizer tantas coisas. Quando
deveria na verdade, permanecer calada.
De onde vem esse bico,
e o teu tambem. Que depois
de algumas horas se desfaz
da mesma forma que surgiu.
Permaneço quieta agora,
e as palavras não tem mais
força. Só o pensamento para
perceber, de onde vem a calma?

quarta-feira, dezembro 19

Querido Neruda

Se soubesse o quanto gosto de suas palavras,
teus poemas e de tua forma de descrever a vida, tua vida
e a brevidade de todas as outras junto a ti.
Se soubesse como elas acalmam meu ser,
me dão imensa paz e frenesi em certos momentos.
Se soubesse que delas faço meu dia-a-dia
seguindo também com minha capa preta imaginária
onde construo meu envoltório de pensamentos a todo instante.
Se soubesse que descreves a alma humana, o recorte
da natureza e a destreza do amor com palavras tão
magnificas, saberia exatamente que delas fizeste teu auge.
Se soubesse que infinito é a minha idolatria por ti, por sua
devoção aos queridos por teus passeios pelo mundo e
suas aventuras dentre o crepúsculo.
Mas que como a ti, busco incessantemente as respostas.
Se soubesse da emoção que pregas em teus textos e o
arrepio que denotas nos devaneios, seria eternamente
feliz por tal aclamação.
Se soubesses meu querido, voltaria ao Chile e travaria
novamente tuas palavras sobre papéis, teus poemas sobre
as tardes e teu amor, pelo amor existente em teu peito.

segunda-feira, dezembro 17

Dias e dias.

Se com os dedos posso contar
Que os dias se vão com avidez.
Que assim chegue em meus planos.
Como pensei, da outra vez.
Que do polegar, dedo médio,
mindinho e indicador se façam
terças,quartas e quintas. Pois
a segunda já se foi, e dela é o
começo de tudo, começo tudo.

Tukro

Deixe que de lá vejam.
Pelo nome só enxergará
Alguém que não existe.
Pelas paixões, Humor e etnia
Um pouco de si, jogado ao léu.
De lá todos o observam
E vos observa todos de lá.
Estranho ver fotos, conhece-los
Sem ao menos os tocar. Imagine
tal coisa, ou ao menos tentar.
Depor sobre tua vida
Teu amor e teu lar
Deixa teu vestígio sobre
Primaveras que se foram
E aquelas à começar.
De cara visitantes inesperados
Dos mais estranhos possíveis.
Aquele amigo do vizinho que
te viu a dois anos e que jamais
adentrara tua vida, teus planos.
São fãs, amigos, fotos e músicas.
Que fazem o teu ser no imaginário.
E o que é comum a todos lhe diz
exatamente o que queres.
E é o que queres, exatamente?
A sorte lhe beija a cada dia
Lhe diz vá em frente pois
Vencedor serás, passará
Por intempestivos dias por um
fio e mesmo disso ressurgirá.
Pense nas figuras mais belas?
Por lá todos são assim. Além
de ricos, inteligentes e astutos.
Fato social profissional e pessoal.
Regrados pra você e pra mim.
Rede de amigos contemporânea
Que não sai dos olhos e afins.
Toma todo um tempo e espaço
Que jamais tem fim. Agora deixe
que o vejam, só vale assim.

domingo, dezembro 16

Detalhe

Minhas costas vão ao chão próximo a piscina,
meus braços recostam-se sobre minha nuca
e os olhos se fecham por alguns segundos.
O chão é gelado, duro, mas deixa que dele faça meu berço,
berço de pensamentos loucos.
Agora que a fumaça já se foi, só resta o céu para admirar e
assim como meu pensamento o vento sopra por ai, sobre as folhas.
Na bananeira pequena e esguia o movimento é brusco
e que faz como que as enormes folhas se retalhem
e formem pedaços dos mais diferenciados.
Separadas elas não conseguem manter o equilíbrio
e nem por assim dizer, o meu também.
Detalhe, não há pedaços dela no chão.
A mangueira robusta e majestosa só balança
juntamente suas pequenas folhas, que
aclamam a mente daqueles que se sentem
inseguros e com medo.
Detalhe, suas folhas se desgarram
e ressoam no chão toda sua magnitude.
Seja bucolismo ou uma vontade imensa
de encontrar a paz, seja por meio dos ventos
que sopram harmonia ou o céu que me traz esperança
seja lá a fumaça inimiga dos meus olhos, ou pela conversa
incessante até não haver mais motivo, que se possa esquecer
só por um minuto o incessante medo de te perder.

sábado, dezembro 15

Longe, muito longe.

Mesmo longe guardo comigo tua lembrança meu bom velho, tua face ,tuas mãos calejadas e teus conselhos sobre a vida.
Seu olho verde-azul ainda me traz a lembrança do Trovão e dos tempos que corria feliz pelos campos, colhendo as frutas sobre às sombras, pescando sobre os riozinhos e carregado pelos ombros, passeava pelo mundo à dentro. Seja lá qual for o raiar da sua iris, que ela prossiga a olhar-me e sentir aquele mesmo afeto, de sempre.
Que saudade que sinto de tua voz rouca, teu abraço carinhoso e seus olhos apertadinhos de sorrir ao ver seus mais queridos.
Lembro-me das moedas que jogava entre meus dedos e como eu as procurava pela casa. Nos sofás encontrava muitas delas e me sentia a criança mais sortuda do mundo.
Apesar do seu jeito meio distante, notava em ti todo o carinho que um ente poderia ter. Não sabes como sinto falta até mesmo de suas reclamações, sobre a altura da televisão ou por nós corrermos pela casa como loucos, gritando.
Rezo por ti, todos os dias meu bom velho. Em minhas preces, rogo pela sua saúde e que o senhor possa prolongar sua vida o mais que puder, digo também que é meu único desejo e que nada mais importa.
Sinto tua falta e falta de todos nós juntos.
Temo pelo futuro meu velho, pois sei que um dia irá se esvair nossa felicidade, dentre os dedos.
Quando ouço falar de ti, fico cabisbaixo. Imponente sobre os acontecimentos, sigo apenas clemente ao meu pensamento em ti , sempre acolhedor.
Pior é a tua cria, meu velho. Ela se estremece à cada notícia, teme pela nossa desmedida preocupação e teme por ti, calada. Sinto medo de ouvir o que os meus ouvidos não querem, sentir o que o meu coração não quer a não ser lembrar com doçura e amor por ti.
Pois é assim que sempre vou levar tua face em minha mente, mesmo aflito tento recobrar-me e pensar que tudo dará certo.E tudo, por assim dizer, tem de dar certo meu bom velho.
Tudo há de seguir o caminho da eternidade, onde só vai existir o laço que nos une.

Ponto de ônibus.

-Mãe, deixa eu ir ali na vendinha! Só quero comprar um salgadinho.
-Não! Veja bem Neto, são cinco pra meio dia daqui a pouco você já vai almoçar.
-Se comer um salgadinho, seu apetite vai embora, entende?
-Mas mãe, é um daqueles pequenininhos. O apetite não vai embora, eu o chamo pra cá!
-Neto, me escute. Se você comer, não vai almoçar porque sua barriga vai estar cheia desse isopor.
-Mas mãe! isopor não pesa na barriga, pense bem!
-Neto! deixa de ser teimoso.. já disse que não!
-Mas eu to pedindo, por favor. É rapidinho, eu vou lá e volto você não vai nem ver!!!
-Eu já disse que não, pare de insistir. E outra coisa, meu dinheiro está em casa.
-Mas mãe, eu tenho dinheiro aqui.
- José Ricardo Mendes Neto, de onde você tirou esse dinheiro?
- Eu ganhei mãe! Na escola..
- Ganhou como garoto? Me fala isso direito agora!
- Com os cartões mãe!!! Com os cartões...
- Que cartões?
- Os cartões de bichos esquisitos.
- Bichos esquisitos? De onde você tirou isso menino? E por que ganhou dinheiro?
- Bem mãe, eu ganhei o dinheiro jogando!
- Jogando?!!? Você vai pra escola pra estudar menino!!! Não pra jogar!
- Calma mãe, quem sabe um dia eu não fique rico?! Já pensou?
- Neto! Va já devolver esse dinheiro, AGORA!
- Só se você comprar o salgadinho.

quinta-feira, dezembro 13

Cego

Mal se pode ver mas os dias se foram
E agora só resta uma, apenas uma.
Você é cego por mal ver
E eu cega, por não perceber.
Oras!
És cego por me dizer
Que mal vistes antes, como me vê.
E agora só resta uma, apenas uma.
Se por ventura me ver assim
Que cego não sejas meu bem
Pois de não perceber, vi quem eras realmente
E agora só resta uma, apenas uma.
Cego é nosso destino incerto e aguardado.
Que seja cego, surdo e mudo
Apenas sinta, meu caro amigo.
E agora só resta uma, apenas uma.
Se por ver demais enxerguei até quem sou
Deixe que sejas cego
E por ti enxergo teu amor.
Pois apenas resta uma, só uma.

quarta-feira, dezembro 12

Estação

Saio de casa às onze e quarenta, tento pegar o quarenta e sete para quem sabe assim chegar com um pouco de sorte na Estação, cedo de preferência ao rumo do sessenta e um, meu único e viavel destino.
Ao chegar por lá, a cidade inteira passa e de passagem os observo.
Pessoas por todos os lados, um mar de gente que me engole todos os dias quando por lá apareço. Chegam do trabalho cansadas, há também aqueles que vão curtir a noitada, os estudantes, vendedores de doces,salgados e a boa e velha pipoca. Do estudante de direito apressado à moça de sorriso bonito que trabalha de faxineira no Flamengo.
Quando me vejo dentro da estação percebo mundos diferentes, vidas que se contrapõem se trançam,se fitam e meramente por obra do destino, se cruzam.
Há duas entradas centrais e os envoltórios fazem com o que os onibus possam
transitar para a onde fazem seus horários, onde os motoristas e cobradores descansam.
Engraçado é perceber todas elas andando, conversando e principalmente pedindo informações à todo o tempo. Uns curiosos na fila, prestam atenção na conversa das meninas que falam alto demais para não se prestar a ouvi-las. Conversam sobre a vida de uma tal de Débora, que se apaixonou pelo namorado da vizinha do seu condomínio, Débora essa que crucificada está.
Bem perto dali um policial seguia para sua divisão, altivo como todos eles deveriam ser. Seguia para uma pequena casinha onde funciona à quadragésima quinta dp, que mantém a paz e a ordem na Estação.
Antes de chegar à seu destino dá pra se notar um companheiro malhadinho e serelepe que o persegue. Abana sua cauda e coça a orelha esquerda, sua coceira era por muitas vezes o motivo de não conseguir acompanha-lo, mas toda vez que avistava o policial um pouquinho distante simplesmente dava um pinote e corria para alcança-lo. Engraçado, pareciam amigos e sem que se quer tenha percebido, adentram a pequena casinha.
Após perde-los de vista e ganhar um pequeno sorriso, olho para os carros que passam fora da Estação, eles passam paralelamente sobre duas pistas. As vezes, os observo das passarelas e a vertigem me toma o cérebro.
De forma inesperada se aproxima um carro à margem da entrada, ele para e uma garota se despede rapidamente. E mais abruptamente é a saída do carro pelo mundo à fora, sabe lá Deus pra onde.
Se despede com o balançar dos dedos, se é que o detentor do carro pudesse ver. Uma garota de mais ou menos vinte, cabelos longos e short minúsculo e quem sabe se por assim dizer, um pano que lhe cobre os seios.
No nariz e na barriga, uma estrela brilhante que ofusca os olhos dos residentes das filas naquele dia tão ensolarado. Era meio dia, finalmente.
Ela passa e não dá bola nem pra si mesma, só faz questão de guardar seu papel amassado no bolso e assim quem sabe, seguir em frente.
Sem querer, me esbarro com um homem que o tempo fez questão de mostrar quem é. Um homem de muletas que arrastava um dos pés, inchado. Calçava uma sandália amarela em um deles e no outro um tenis azul marinho. Seus cabelos eram grandes e grisalhos sua pele queimada de sol e seus olhos azuis cintilantes, pedindo ajuda à todos nós.
Lhe peço desculpas e lhe digo que infelizmente não tenho trocado mas penso no pequeno pacote de biscoito que guardo na mochila e não exito em dar-lhe. Ele sorri, agradece e sem mais nem menos volta a arrastar-se por ai. Como ele, volto a seguir meu rumo à espera do meu onibus.
O Neruda consola minhas mãos, tristes por terem de sair pra trabalhar num dia tão bonito.
Voltando à mim, olho para meus pés inquietos e sem mais nem menos curvo meu olhar para o nada, aliás, há algo de interessante por lá. Uma roda gigante. Sim, o parque estava na cidade, e ao longo da estação dava pra se enxergar um pedaço da "Giant Wheel", brilhante às noites como todo o resto do parque. Engraçado, mas apaixonar-se por algo assim é inevitável. Perceber que a cidade toda nessa época do ano se enfeita - é Natal afinal - torna mais bonito de se ver.
E sem querer me despeço, o sessenta e um chega a meu terminal, rápido e indolor aos meus observados. Sem ao menos me pedir licença. Me deixando sem saber do desfecho de minha própria história, essa quem sabe, contada por outro observador.

terça-feira, dezembro 11

Resquícios

Que saudade de ti
Todos os dias, olhava-te sem cessar
Era de uma força tão grande
Jamais vista.

Tinha uma imponência deslumbrante
E de perto uma delicadeza imensuravel.
As fotos eram mais bonitas perto de ti
E o meu olhar mais saudavel também.

Agora que não existes mais
Onde fincarei meu olhar?
Se parte de ti ficou aqui
É dessa pequena parte que viverei.

Apenas a lembrança do que era
Me traz a paz de ser quem sou
Seus frutos eram pequenos e singelos
Mas me faziam contemplar sua beleza pelos dias.

Se de ti apenas sobraram resquicios
Deles tomarei minha força
E quando cresceres novamente
Seremos tu e eu, somente.

Agora que fostes, sem mesmo saber
Descubro a falta que faz no meu olhar
Descobria nele estrelas
Ao ver-te simples, admirar.

segunda-feira, dezembro 10

Cinco centímetros

Chegou mais cedo do trabalho, acendeu um cigarro e foi para a varanda. Viu o céu estrelado lhe chamando repetitivamente e a fumaça cobrir seu rosto, por um segundo fecha os olhos para quem sabe perceber melhor o que lhe aflige.
Seus dedos rigidos, tentam se mover sem sucesso, a cabeça roda e os joelhos enfraquecem. Seu mundo finca raízes no inesperado.
Através da fumçada, vê ao longe a cidade se mover tão ferozmente. Sente-se acoado com tanto frenesi e ligeiramente imponente. Encosta as costas na parede e escorrega até sentar-se, já que seus joelhos não lhe suportam mais assim como sua máquina de mazelas, que não cansa de consumir seus sonhos.
Pensar é inevitável à todo o tempo pensa, remete, considera, desconsidera, busca teme e sente medo, muito medo. O que lhe salvaria nesse momento, se pergunta. Um pouco de esperança
que possa surgir de qualquer lugar, por favor. Um pedido de socorro através das olheiras, recados de noites mal dormidas.
Descrente, observa um pequeno ramo que ecoa da parede. Mas como será possivel?
Um ramo de cinco centimetros, contraposto a uma parede velha com rachaduras e demasiadamente descascada.
O observa antônimo, pensa que é tão louco sobreviver assim quanto uma pequena planta nessa parede de aparência inospita. Não há ninguém para regar-te, pequena planta. Só a chuva lhe acolhe para que possa rastejar sobre dias sem secar. Seus dias lhe levam como a pequena plantinha que sobrevive do pouco que tem, um pouco de luz aos dias e a bendita chuva que lhe envolve. O cigarro já não lhe parece tão sedutor, quanto observar a miniatura da sua vida
transposta em outro ser.
Lamentável, já se sentir uma brevidade. Não exergar sua essêcia, pois perdeu teu poder de classificar tua dor, tua felicidade teu estado de isolamento. És pior do que uma planta em meio ao branco desgastado, pois ela todos os dias revela seu verde exuberante e se destaca. E tu, de onde tiras sua diferença?
Ao lembrar das estrelas, onde estaria a tua ? Dentro de ti ainda resisteaquele mesmo rapaz feliz de sorriso amarelo que busca sua tranquilidade ou irás deixar que o céu cinzento cubra teu poder de ser planta?
Reside no pensante a dúvida de perguntas e o tormento das respostas breves, que dilaceraram à escolha. Recosta-se sobre tua vida, toma ela em teus braços e deixa que a fumaça apenas possa passear sobre teus devaneios, incertos mas capazes de revelar o ser questionador que és. Tornando-se planta, inesperadamente.
Sem pedir ajuda nem socorro e tira a força de si mesmo para recobrar-te a ti.

Meu bem

Meu bem,
Hoje acordastes tão radiante
Lhe vejo pela janela, suspiro.
Jamais lhe vi assim.

O que aconteceu de tão bom, conte-me.
Será que resolveu finalmente mostrar toda tua beleza?
E eu aqui, ao admirar-te.
Sem medo de dizer o quanto és maravilhoso.

Meu bem, ainda bem que estás curado.
Pois ontem estavas murcho.
Porque se escondeu de mim?
Eu jamais vou deixar de sacramenta-lo.

Não gosto de ve-lo assim.
Se escondendo dentre as nuvens.
Quando o mais belo é ver-te radiar sua luz.
Luz que me cega de tanto êxtase.

Ontem, quis aproveitar de toda sua beleza
Senti-lo em minha pele
E ve-lo reluzir.
Lindo, como sempre.

Oh meu bem, diga-me
Porque gosto tanto de ti?
As vezes sinto que o amo
Como jamais poderia amar.

Tudo que você toca vira festa.
Tudo que cobres, energia.
Sinto-me animada em ver-te aos dias
E triste as noites quando tens de partir.

Mas sei que amanha estarás de volta
De volta em meus olhares.
De volta à meus suspiros.
De volta pra mim, meu bem.

sábado, dezembro 8

Rua Augusto da Silva

Senhor Augusto da Silva. Seja lá quem for, até nome de rua virou.
Rua de sonhos, de paredes mal pintatas crianças
jogando bola na rua e velhas tricotando nos passeios, de todas as formas possíveis eu diria. Cachorros por todos os lados,correndo pelos cantos brincando ingenuamente, roubando pedaços de comida dos sacos de lixo amontoados na calçada. Na esquina um bar, adultos aproveitam o sábado com muita cerveja, música e olhares maliciosos. As mulheres, sinuosas com saias curtas, blusas apertadas, cabelos soltos e saltos finíssimos. Elas dançam, os embriagam com tanta sensualidade além da própria cerveja, nesse momento companheira fiel. Próximo ao bar, uma casinha azul que se tornou uma igreja. Dava pra se ouvir uma música acoada, falando sobre o que se deve fazer para alcançar a salvação. Às sete, as pessoas se juntam para ouvir o louvor do pastor, ele lhes diz como devem ser os bons modos, a boa conduta e a contruibuição perfeita.
Incasáveis são as brigas na Augustinho, nome carinhoso dado pelos moradores. Os mais temidos 'barracos' ecoam de lá por muitas vezes, peças de roupas voam livremente pelas janelas
e alcançam as poças no chão da ruazinha. Os vizinhos, brigam por tudo. Pela menina que coloca o som alto, pelo fio do varal que é amarrado num prego na parede ao lado e principalmente por aquele marido prestativo que visita sua vizinha nos fins de semana.
Nas paredes, as funcionalidades de um membro da casa, seja sapateiro, costureira ou até mesmo curandeiro. Disso não há do que se falar, na Augustinho todos são trabalhadores esforçados, de sol a sol buscam melhorar um pouquinho suas casinhas pequeninas com grades pintadas de preto.
O dia mais uma vez se vai, e na Augusto da Silva a calmaria se torna rei,
jamais pensei que fosse saber, mas nela também existem exemplos de vidas sofridas, sonhos perdidos e almas cansadas. Não percebi que as idosas tricotavam para sustentar a família, que as crianças por muitas vezes brincavam pra esquecer a fome que no fim de semana as pessoas iam se distrair no bar para quem sabe assim não lembrar das dívidas, do maldito cartão de crédito e não menos importante; o salário mínimo no fim do mês. A igreja por sua vez, recolhia o que podia dos fieis, mas fazia trabalhos com os mais necessitados, os drogados e os deficientes. Os vizinhos brigavam, porém em momentos de angustia eram solidários, companheiros e irmãos. Quando um detinha um pouquinho mais de dinheiro fazia a cesta básica do mês e dividia com a cumadi do doze, amiga de lamentos e frustrações.
Assim é a Augustinho, nome carinhoso dado pelos moradores que sempre tem algo a dizer, quando se exerga a vida de forma unilateral.

sexta-feira, dezembro 7

Fizeram-se Três.

Perceba que de um
fizeram-se dois.
De dois, quem sabe três?
E sem querer
nos tornamos um,
mero devaneio.
Lhe digo boa noite,
e boa noite me diz.
Vá antes que lhe diga
que volte, volte..
mas volte sem ter fim.

Ilusão

Está escuro
aqui fora
e quem sabe,
aqui dentro também?

Já não se enxerga
quando se olha dentre
os dedos.
Só a silhueta lhe sobra, mera ilusão.

A pupila dilata, infame
para o nada e adentro
à escuridão e ao medo.
Companheiro incessante.

Passos lentos cheios de receio
tomam o chão da casa
que estava em silêncio
antes de balbuciar palavras pelos cantos.

Tentar enxergar não lhe é
mais necessário, quando
a escuridão que lhe assola
se perpetua no exterior.

Vá, corra.
É hora de fugir de seus temores
enxergar a luz que caminha ao
teu lado, e você tolo, não enxerga.

Vá, e espante teus temores
suas dúvidas e siga
para onde você nunca foi
não tenha medo.

Já que tiveste a escuridão
e dela vieste, não sinta
medo do claro mas
acredite que dele será renovado.

Pois se escuro é apenas
a ausência da luz, preste
anteção e veja que ausente
és tu sem luz.

E se escuro és, por dentro
e por fora deixe que a luz
possa exclamar sua imensidão
e radiar sua magestral presença.

Deixe a luz agir, e a escuridão
retornar a sua tola e
insignificante forma.
Reduzida a mera insuficiencia de outro elemento.

Deixe a luz, ser você.
Vá, corra e veja que ausente
já não és mais.
Se souberes ser luz e de luz, sobreviver.

quinta-feira, dezembro 6

Um, cem e mil.

Era necessário?
Rodeada de papéis
Que nem sei do
que se tratam.

Rodeada de vidas,
que simplesmente são
apenas uma dentre cem, dentre mil.

Rodeada de sonhos,
as vezes perdidos
por muitas vezes sem sentido.
Mas que a cada dia, dão um empurrãozinho
na vida.

Rodeada de tecnologia,
boa e entusiasmante
e ao mesmo tempo
nos tornando escravas de suas
pretensões.

Rodeada de tempo,
que não para e muito
menos pede licença
me toma os dias
me traz cansaço
e até mesmo um pouco de alegria.

Rodeada de luz, essa sim
intesamente reconhecida
aplaudida e adorada por meus
olhos.

Rodeada de intensos pensamentos
em ti, em nós em tudo mais.
Um, cem e mil, a cada instante
a cada passo.
Pensamentos esses, necessários
óbvios e indiscutivelmente, sinceros.

Nina

Acordo com um pouco
de dor de cabeça, de uma
noite mal dormida.
Coberta de pensamentos incessantes
e um show do Radiohead na tv.

Mesmo assim, acordo feliz
radiante e esperançosa.
Nina logo se aproxima
ela sabe o quanto gosto
quando vem me dar bom dia.

Recosta-se sobre meu braço e pede carinho.
É tão simples agrada-la
e muito dificil entendel-a, as vezes.
Por instantes não quero levantar
nem falar, muito menos me mover.

É um momento de profunda
preguiça mas se intensa reflexão.
A cabeça não para, produz os mais
indefiniveis pensamentos à todo o
tempo.

Me cobre de dúvidas e me tira o folego.
Logo recobro a consciêcia,
ela retorna e traz um pouco
de ar aos meus pulmões fracos
e oprimidos diariamente.

Sento sobre a cama, e a observo.
Nada lhe preocupa, a não ser quando não estamos aqui.
Sente-se feliz, radiante e observa atentamente
cada pedacinho da casa e cada ser que nela entra.
Como eu, naquele exato momento.

Seus passinhos são leves, seu pelo
brilante revelanto assim
um anjo de candura, como diz
a mamãe, posto pra nós a cada dia
e a cada instante.

Gosta de tomar sol nas manhas e
do vento que toca seu focinho pequenino
assim o levantando e fechando seus olhos
de amêndoas brilhantes, sentindo
a brisa lhe abraçar.

Engraçado e inebriante, observa-la
diariamente numa luta incessante
contra a própria doçura.
Carinho é seu nome, dengo sua profissão.
Profissão essa a cada dia mais especializada.

Logo esqueço do mundo
dos temores e da falta de ar.
Só me vem a mente a simplicidade
de Nina, e como ela é feliz por
estarmos felizes.

Dizem que eles entram em
nossas vidas como anjos,
e ficam permanentemente.
Cuidam de nós, oram e rogam pela nossa
felicidade, paz e desmedida segurança.

Eles que por muitas vezes nos olham
sem motivo algum, mas exergam
além de nossa face, do nosso sorriso forçado.
Vêem nossas dúvidas, temores
e inconstâncias.

Vivendo a vida em ritmos estranhos
vidas estranhas, vididas
diariamente como se fosse
uma guerra contra o tempo
tempo ocioso e vencedor.

E por mais infundáveis
que sejam nossos temores
eles, simplesmente
recostam-se sobre nossos braços
ombros, pés alma.. e coração.

segunda-feira, dezembro 3

Altruísmo, meus amigos.

Altruísmo!
Essa é a palavra, o sentimento
a relevância da vida.
Nada se faz sem ele, e sem o qual
nada se faz.
Acredite, busque e sempre eleve
seu pensamento ao céu
buscando respostas para
suas dúvidas e trazendo soluções
para os questionamentos.
Altruísmo, sempre.
Na medida do possível, construa
sentimentos bons, sorrisos, caricias
abraços longos e apertados, beijos
profundos daqueles que não
se pede licença. Faça amigos,
busque amores, morra de amores por alguém.
Confie, ame e solidifique seus
Pensamentos bons, confie neles e busque-os.
Nada se faz quando não se acredita,
não se tenta e nem se deixa levar.
A vida se torna tão pequena e tão pequena
é, para aqueles que acham que já viveram
de tudo.
Altruísmo meus amigos, sempre!
Eleve seu ser e sua alma, trave uma linha
tênue entre a felicidade e a loucura.
Pois os certos traçam caminhos lineares
e não enxergam a beleza do acaso.
Dance sobre ela, abuse e transcenda
os limites, questione-os e seja sempre
e para todo sempre um ser do qual
possa se orgulhar de seu caminho
seu propósito, enfim, sua vida.

quarta-feira, novembro 28

Para si

Mais uma vez, tentei
Sobre todas as formas.
É estranho sobreviver assim
Num mar desilusões e tormentos.

Simples mesmo é esquecer
Beber do cálice da longevidade
Pensar em um futuro sem expectativas
Sem medo, e provavelmente sem dor.

Uma, duas, três vezes em vão.
Era demais para seu frágil coração.
Trazer todo amor para si
E doar tudo em vão.

A resposta está no calice
O mesmo no qual se afogará
No esquecimento há um tempo
Tempo para se pensar.

Agora não mais existe medo
Só a vontade de respirar.
Para voltar ao que se era antes
E dificilmente, quem sabe.. amar.

terça-feira, novembro 27

Caia!

Entre por aquela porta agora
diga-me o que eu quero ouvir.
Me beije e mude meu rumo
me abstenha de viver em vão
Me tome o folego como se fosse a última vez.
Eu quero o seu abraço mais apertado
pra sentir seu coração batendo acelerado, junto ao meu.
Olhar nos teus olhos e ver tudo de uma vez,
O amor mais sincero
O carinho que preciso
E a paixão, ahhh a paixão...
Recobrar a consciência é meio dificil
No meio de um mar de sentimentos frenéticos.
Sempre que o nosso beijo é longo
Sinto minhas pernas tremulas, um formigar
nas pontas dos dedos e as borboletas que
tanto falam por aí.
Elas voam de um lado ao outro, sem cessar
Borboletas essas que por favor,
não parem de voar.

quinta-feira, novembro 22

Mais um discurso em vão

Mais uma vez ele chega e rapidamente vai embora.
Seus olhos já não mas brilham como antigamente
quando enxergava-se um ser humano neles. Agora, são opacos e em
sua face não mais demonstra sentimento algum.
As vezes, percebo sua inquietude. Vai de um lado
ao outro da casa, rastejando pelos cantos
sempre à procura de algo para destruir.
Nunca está satisfeito, a não ser que se consiga
lhe proporcionar a mais enriquecedora das alegrias, o êxtase
da sua alma, que só e somente só se demonstra através
de cenas onde ele é o vencedor, o venerado e simplesmente
a figura de um marajá descrito em um mero homem.
Lhe pergunta se é feliz e sem mais nem menos fala
sobre suas conquistas na vida, não lhe diz quem é e
muito menos pelo que passou em sua vida. Já se perdeu
sobre seu palco psiquico.
Só o que lhe importa é o que conquistou, seu lar, suas posses e quem
sabe a posse sobre as pessoas que conseguiu controlar.
Vislumbra um mundo que não existe, onde como sempre venerado
jamais busca nos olhos dos outros a rejeição e por mais
orgulhoso que seja, ainda deseja que aqueles mesmos olhos
brilhem com sua presença.
Seria pretensão demais ? Não para ele, afinal era ele
o dono de toda e qualquer situação.
Não há idéias contraditórias nem vinculos afetivos
existe e persiste apenas a lei daquele que é mais forte
mais ofensivo e demasiadamente frio.

domingo, outubro 28

Hoje

Hoje tento, largar a vida de lado
Hoje procuro, um motivo pra ser feliz
Hoje sinto, aquele sorriso gostoso
Hoje ouso, ser a pessoa mais diferente desse mundo
Hoje quero, ser feliz e te fazer feliz.
Hoje preciso, sentir a brisa que passa pelas roupas no varal.
Hoje busco, com toda a força ser realmente forte.
Hoje penso, não me perder nas palavras nem nos pensamentos.
Hoje sei, que a sinceridade existe nos olhos de quem gosto.
Hoje ouço, aquela música que me acalma.
Hoje vou, lembrar daquele dia de sol maravilhoso
Hoje sou, e quero cada vez mais ser uma pessoa melhor.
Hoje lembro, de visitar a cidade maravilhosa novamente.

Hoje, tento e procuro; porque sinto, ouso,quero e preciso buscar no que penso, sei, ouço, vou e sou e um motivo pra lembrar que o amanha é o hoje construido em pedacinhos.

domingo, outubro 14

No more?

Olhar para cada pedacinho da casa, era lembrar um
pouco daqueles dias tão calmos.
As pernas se encontravam, a pele era suave e delicada. Essas lembraças
lhe deixavam cada vez mais perdida.
Se não houvesse amor, por que estaria
lembrando a todo tempo dos pedacinhos de momentos espalhados
por todos os cantos?
A cama lhe era vazia, já não sentia o gosto do beijo em seus

lábios e ao acordar, não ganhara mais um beijo e um abraço apertado,
coisas que lhe faziam seguir em frente.
O barulho da campainha era esperançoso, o cachorro sempre ia ver
quem estaria lá, e também esperava o mesmo, e que fosse ele.
Dormir sem estar em seus braços era doloroso, vazio e insustentável,

rolava na cama até as três da manha, para quem sabe assim, pudesse
dormir um pouco. Se olha no espelho e vê em seus olhos a
saudade que lhe consome, apesar de saber que agora se deve
seguir um caminho solitário.
Pensa um pouco sobre o caminho que irá fazer, o estudo,

o trabalho e como é difícil. O difícil e pensar na vida sem existir
aquele nome na sua vida, aquele beijo em seus lábios e aquela
voz falando baixinho em seus ouvidos.
Mas o fácil é dizer no more, e seguir em frente tentando fugir a

cada dia da sua saudade.
Quem sabe fugir?

Pra bem longe, se possível.

sexta-feira, agosto 17

Espalha

Feito areia no mar, ele se espalha. Busca incessantemente uma forma
de esquecer o passado, assim quem sabe, retomar sua vida e reformular
seus propositos.
Foi preciso, e inevitável. Jamais quis tomar tal decisão, mas quando dois
barcos sustentam uma mesma pessoa, que por sua vez coloca cada pé em um deles
aposte, veja e sinta como ela cairá quando cada um tomar um rumo diferente.
As palavras já não lhe cabiam mais, era estupidez, tentar novamente. Uma lágrima,
escorre sobre sua face, e nem assim recebes um consolo, será que não és mais digno?
Bem, buscou em muitos timbres uma resposta, porém não ouviu o que seu coração dizia.
Era hora de mudar, e dessa vez, de verdade.
Tudo lhe é estranho, novo e desesperador, aonde ir? como? e com quem? eram suas
dúvidas que dilaceravam seu coração que já não tinha forças para ditar um caminho.
Então com seus pés, sentiu no chão a força de uma nova vida, mais serena e verdadeira
sem aqueles pensamentos que lhe deixavam desolado. Se sentia livre, seguro de sí e astuto
ao perceber muitos outros iguais a ele.
Sentiu seus pulmões cheios de ar e assim fechando os olhos imaginou tudo que estaria
a sua espera....
Doce pensamento, que lambuzava sua alma e com muita delicadeza lhe proporcionava
pequenas porções desse gosto maravilhoso.

quarta-feira, agosto 15

Triste fim.








Ao olhar ao redor, é exatamente o que sinto. Nunca vi, nem nunca notei o quanto sou solitária apesar de tudo e todos que me rodeiam. É como se vagasse por um bosque no inverno, os galhos estão rangendo por causa do vento, as flores e os frutos apesar de por um breve momento aparecerem, se recolhem por uma determinada época.
As àrvores não são tão grandes quanto meus temores, o frio já não lhe toma a alma quanto lhe estremece o corpo. E apesar de andar sozinha sobre essa trilha de lamentações, percebo o quanto busco no imprevisível aquilo que me assegure. Os riscos, são como meus pensamentos, por vezes se alongam até o céu mas por
breves momentos se recolhem a sua insignificancia. Os galhos se confundem, como meus pensamentos a vagar por ai, já não sei se o inverno se instalou em meu coração
ou se estou com tanto frio, que já não penso direito.
Já percorri este caminho, pois nele busco respostas, e ao final vejo que por longos
que sejam os caminhos, será triste o fim, daqueles que não tem motivos para percorrer
a estrada e reerguer-se.



Imagem: Lane of polar trees - Vincent Van Gogh

"Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama: como se renovar sem primeiro se tornar cinzas? "

Nietzsche - Assim falou Zaratustra

sexta-feira, agosto 10

Como ousa?

Há dias em que ele só quer passar despercebido e mesmo que
sem querer, é muito bem visto.
Já notei suas visitas ao meu mundo, são quase diárias. De onde
seria e como chegou aqui, dessa forma tão repentina?
Não notei, mas já me tomara espaço. Apesar de abarrotado
ser esse meu mundinho, inserir-se para ele foi necessário.
Que audácia, COMO OUSA? Pensei. Pois afinal, nem lhe conheço.
Seria pretensão demais achar que por mim estivesse enamorado,
eu, logo eu, que jamais busquei no fundo de seus olhos as
respostas dos meus temores. E apesar de lhe fitar, os mesmos olhos
as vezes, relutei em dar reciprocidade.
Dias e mais dias, e jamais lhe tirei do pensamento. Busquei de várias
formas saber mais sobre ele e então depois da tormenta, vi a calmaria
em um dialogo muito rápido, porém eficaz. Depois disso, meu coração
já era todo seu. Tremula, as palavras eram curtas e mal preparadas, como em um primeiro
dia no colégio, com medo e receioso.
Jamais quis sua presença tão permanente, porque apesar de estar aqui comigo
os ventos que sopram ao sul levam o dono do seu proposito.
E ao te ver novamente, vi que tinhas um nome; Saudade, que se instalou sem pedir permissão, e só deixou o lamento de tudo que poderia ser e por obra do destino, não foi.