sábado, dezembro 15

Longe, muito longe.

Mesmo longe guardo comigo tua lembrança meu bom velho, tua face ,tuas mãos calejadas e teus conselhos sobre a vida.
Seu olho verde-azul ainda me traz a lembrança do Trovão e dos tempos que corria feliz pelos campos, colhendo as frutas sobre às sombras, pescando sobre os riozinhos e carregado pelos ombros, passeava pelo mundo à dentro. Seja lá qual for o raiar da sua iris, que ela prossiga a olhar-me e sentir aquele mesmo afeto, de sempre.
Que saudade que sinto de tua voz rouca, teu abraço carinhoso e seus olhos apertadinhos de sorrir ao ver seus mais queridos.
Lembro-me das moedas que jogava entre meus dedos e como eu as procurava pela casa. Nos sofás encontrava muitas delas e me sentia a criança mais sortuda do mundo.
Apesar do seu jeito meio distante, notava em ti todo o carinho que um ente poderia ter. Não sabes como sinto falta até mesmo de suas reclamações, sobre a altura da televisão ou por nós corrermos pela casa como loucos, gritando.
Rezo por ti, todos os dias meu bom velho. Em minhas preces, rogo pela sua saúde e que o senhor possa prolongar sua vida o mais que puder, digo também que é meu único desejo e que nada mais importa.
Sinto tua falta e falta de todos nós juntos.
Temo pelo futuro meu velho, pois sei que um dia irá se esvair nossa felicidade, dentre os dedos.
Quando ouço falar de ti, fico cabisbaixo. Imponente sobre os acontecimentos, sigo apenas clemente ao meu pensamento em ti , sempre acolhedor.
Pior é a tua cria, meu velho. Ela se estremece à cada notícia, teme pela nossa desmedida preocupação e teme por ti, calada. Sinto medo de ouvir o que os meus ouvidos não querem, sentir o que o meu coração não quer a não ser lembrar com doçura e amor por ti.
Pois é assim que sempre vou levar tua face em minha mente, mesmo aflito tento recobrar-me e pensar que tudo dará certo.E tudo, por assim dizer, tem de dar certo meu bom velho.
Tudo há de seguir o caminho da eternidade, onde só vai existir o laço que nos une.

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