sábado, dezembro 8

Rua Augusto da Silva

Senhor Augusto da Silva. Seja lá quem for, até nome de rua virou.
Rua de sonhos, de paredes mal pintatas crianças
jogando bola na rua e velhas tricotando nos passeios, de todas as formas possíveis eu diria. Cachorros por todos os lados,correndo pelos cantos brincando ingenuamente, roubando pedaços de comida dos sacos de lixo amontoados na calçada. Na esquina um bar, adultos aproveitam o sábado com muita cerveja, música e olhares maliciosos. As mulheres, sinuosas com saias curtas, blusas apertadas, cabelos soltos e saltos finíssimos. Elas dançam, os embriagam com tanta sensualidade além da própria cerveja, nesse momento companheira fiel. Próximo ao bar, uma casinha azul que se tornou uma igreja. Dava pra se ouvir uma música acoada, falando sobre o que se deve fazer para alcançar a salvação. Às sete, as pessoas se juntam para ouvir o louvor do pastor, ele lhes diz como devem ser os bons modos, a boa conduta e a contruibuição perfeita.
Incasáveis são as brigas na Augustinho, nome carinhoso dado pelos moradores. Os mais temidos 'barracos' ecoam de lá por muitas vezes, peças de roupas voam livremente pelas janelas
e alcançam as poças no chão da ruazinha. Os vizinhos, brigam por tudo. Pela menina que coloca o som alto, pelo fio do varal que é amarrado num prego na parede ao lado e principalmente por aquele marido prestativo que visita sua vizinha nos fins de semana.
Nas paredes, as funcionalidades de um membro da casa, seja sapateiro, costureira ou até mesmo curandeiro. Disso não há do que se falar, na Augustinho todos são trabalhadores esforçados, de sol a sol buscam melhorar um pouquinho suas casinhas pequeninas com grades pintadas de preto.
O dia mais uma vez se vai, e na Augusto da Silva a calmaria se torna rei,
jamais pensei que fosse saber, mas nela também existem exemplos de vidas sofridas, sonhos perdidos e almas cansadas. Não percebi que as idosas tricotavam para sustentar a família, que as crianças por muitas vezes brincavam pra esquecer a fome que no fim de semana as pessoas iam se distrair no bar para quem sabe assim não lembrar das dívidas, do maldito cartão de crédito e não menos importante; o salário mínimo no fim do mês. A igreja por sua vez, recolhia o que podia dos fieis, mas fazia trabalhos com os mais necessitados, os drogados e os deficientes. Os vizinhos brigavam, porém em momentos de angustia eram solidários, companheiros e irmãos. Quando um detinha um pouquinho mais de dinheiro fazia a cesta básica do mês e dividia com a cumadi do doze, amiga de lamentos e frustrações.
Assim é a Augustinho, nome carinhoso dado pelos moradores que sempre tem algo a dizer, quando se exerga a vida de forma unilateral.

Um comentário:

Vicente Canato disse...

Vai que é tua moçaaaa!!

É...

Não me canso de ler oq escreves...

Grande beijo.