segunda-feira, novembro 30

Desse tanto

Assim, quem dera.


Te cubras de paz,
te lances ao mundo,
sem dizer adeus.



Um adeus desse,
de quem nem sabe,
o que existe aqui.


Desse tanto.
E de maldade
não te cubras.
Te oriente no longínquo,
te desesperes quando fora...
Pois certeza é vilã.

quarta-feira, novembro 25

Compulsividade

Andei por uma hora atrás de meus afazeres, resolvi incumbir meu dia de todas as aparições do mês. Paguei as contas, paguei meus pecados e minhas dívidas. Sobrou-me tempo, para mais gastarias. Olhei a vitrine num corpo colorido, pensei-me - sou daquela cor? - e ilustrei minha silhueta informal. Disse-me de forma bajuladora - é o ponto de sua cintura, alargador de sua vistosidade - e cobri-me de vanglorios inúteis. Posso dizer que massivos? Talvez, mas meu ego me traduz formatos as vezes incompreensiveis, as vezes corruptiveis. Mas na maioria, suspiros de olhares espelhosos. Cantei aquela roupa como se fizesse serenata, cortei as dúvidas de meus cartões em benefícios parciais, eis a burrice. Duas, três, quatro? Há mais de mim nos próximos meses e pouco do meu capital. Venceu-me o vício e criou-se assim alguns afazeres para o conseguinte, pagar minhas contas, minhas dívidas e sucumbir novamente aos pecados.

Querido

querido,
dos pedaços
e brotos
de minha verdade,
és aparição.

e castigo
as palavras
todas elas
incessantes..

procrastinando
meu desejo
na minha fala..

querido,
no mais
do meu porém,
vos digo;

acalma-te.

quarta-feira, novembro 18

Serei melhor anfitriã

Ela vem e me sorri,
se sorrio de volta? Sim.
Mas que venha em silêncio,
não posso da fofoca,
fazer-me conversa.

Estou em meus pensamentos,
ocupada em minha fala,
preocupada dos meus,
congruindo em meu amargor.

E se por enquanto, de leve..
me deixes.

Serei melhor anfitriã.

domingo, novembro 15

?

Tenho as minhas flores pra alegrar,
na janela do meu sentimento intenso,
debrucei meus olhos naquela varanda,
senti que jamais poderia fazer igual,
ou que não deveria, não mesmo.

Tenho manias estranhas.

Mirando

Parei ali, sozinha
sentei-me.

Olhei as pessoas,
andando..

Fui me inventar,
nos outros.

Eu pensei por um;
será que seria feliz?

E me respondi,
não é bem assim...

domingo, novembro 8

Dançando

Dançamos nas terras de nós mesmos,
quem disse que do outro fizemos moradia?
Moramos nos passos de nossas próprias pernas,
valsando no tempo que a música produz.
E a cada centímetro que passou de uma a outra,
circulamos sobre nosso epicentro,
galgando mais um passo, mais uma única e verdadeira dança...

domingo, novembro 1

Wind Up

(baseado em Wind Up - Jethro Tull)
Meu Deus,
porque em minhas preces
enxergo vossa amada presença,
no tudo que.. me necessito.

Não sou do tipo boreal,
se me sigo de amores a vida,
e não me cubro de provações alheias.

Sou do meu amor pleno, meu Deus.
Sou da água que me respeita as manhãs,
e da luz que me permeia e me avisa.

Não sou a criatura que fizestes,
sou algo que não respeita a imagem.
As vezes não acredito nesse existir.

E se, Meu Deus..
tiver de dizer ao mundo o meu,
o que será de mim então?
O que será da minha solidão..

Do tanto que preciso,
ao que agradeço, de fato.
E assim, dos santos regrados..

não sou a melhor das criaturas.

Ele furta minhas forças

Me furta as forças,
como abres minha casa aos domingos,
e rouba todos os meus tesouros.

Furtando cada encher dos pulmões,
minha antiga caixinha de música,
meus dez anos de tanto quanto.

Meus escritos mais queridos,
dos mais longos e restritos,
dos mais singelos e amados.

Me leva tudo que produzo,
reduzo a face de minha normalidade estática.
Sou só descanso do cansado que é viver.

E se por acaso se despede,
é com o acabar de todos meus pertences,
destruídos ao chão de minha varanda.

Dando adeus a tudo que me embala,
dando até logo a próxima investida.