domingo, abril 26

Dedicação

Dedico meus olhos,
aos seus dias,
dedico meus cabelos
a tua visão,
dedico o meu pensar
ao teu rosto,
dedico minha boca
a tua imensidão.

dedico cada pedaço
do meu orgulho
a sua presença,
a sua graça,
ao seu amor.

dedico meu sorrir
ao teu sorriso
dedico meu cheiro
a teu gosto,
dedico minha alma
a sua mão.

Dedico cada vez que estou tranquila,
cada paz que me acomoda,
a nossa feliz exatidão.

sábado, abril 25

Olhando

Me peguei olhando,
beliscando teu ouvido,
meu olho, teu ouvido..
o que há olvido?

Grande atração.

Partindo

Adeus a tudo,
a todos, adeus,
Deus meu de todo dia,
até logo, até mais ver...

Descanso do imprevisto,
repouso meu suspirar.
E recosto minha vida,
nesse tranquilo descuido.

Criando

Partindo do meu prazer,
que prazer parte?
Todos eles.

Todos os prazeres possíveis,
anúncios de uma brevidade.
Sinceridade temporal,
construção de arranha céu,
de céu que nunca tocara.

Que prazer toca o infinito?
Só o prazer de ter prazer,
de sentir prazer, um ser,
de ser assim tão bonito.

Na masmorra - O pessimista algoz, o algoz pessimista.


Assim que o recorte de minha alma decidiu passear pelos terrenos baldios de meu viver, restou-me morbidez, injúria de um enganador fugaz,talvez o santificar de meu esquecimento.O ardor disse-me mais alto,de rancor cortou-me o livre arbítrio, se sou de tanta condição avessa, qual o restante de minha luz?Luz alguma. Reflexo nenhum, pedaço de ninguém... Assim que meus sonhos despertam, pude perceber a valência de minha condição. Meus olhos enxergam nos céus a palidez da vida,pois minhas mãos tocam o retorcer de minha juventude...Os portões de minha felicidade, as portas de minha tristeza...
E que todos os portões apodreçam trancados,e todas as cordas apontem ao fundo do poço,pois todas declinam sinuosas ao esquecimento..e se seguram na altura de seus sonhos, astutas.

Dizendo

Não tenho, o mesmo formato, do qual me detinha a um tempo atrás. Jamais. Diria nunca, nunca diria jamais a mim. Quem fui, sou, quem era passou.. quem sou ressurge de onde fui, pois fostes junto... esse de amanhã, ontem criado, esquecido, exaltado. Momento meu, dívida minha, aonde seria se não em meu ímpeto ou na sombra de minha vaidade, a busca o molhar a sede de minha vida. Hidrato a minha alma com cada detalhe. Suprindo aquilo que me precisa, nutrindo aquilo que me baseia. Sou parte do meu não, do sim eu pondero. Até de meu talvez, ressurgir... Não sou o apelo do meu coração, que fora. Não sou a razão que dilacera o sonho. Sou o terço que chora pela reza, a crença de vivência ao mundo maior, fora de mim realizo o que meu mundo ressalta, sou contexto de mim ao dizer dessa vida, faço do mundo um pedaço de meu viver. E pedaço sou de minha alma tênue, permaneço em mim como abraço o mundo... apertado.

segunda-feira, abril 20

Plataforma do submundo.

Eis aqui do mundo, pedaço do mundo de lá
aqui de cima, imundice,sujeira da rejeita cidade,
alta ou baixa, mestiça e cruel..

nojeira da vida alheia, da sua... minha.
Complemento. Somos do mesmo, único.
Transformismo, conformismo..
descer, migrar, nos degraus estou.
emergir em avesso, decair..
Passo do passo que meus pés definem,
sou título de meu balbuciar, repito o imprevisto,
visto em decadência.


E escorre nas esteiras dos pés, a água,
amargura dos céus. De limpa, aguda aos regentes terrais,
escorre, discorre sobre meus olhos.
De que me valem as valas?
Entupido residir de minha esperança.
De baixo sobrevivo de meu esperar,
braços cruzados, olhos perdidos.
Submundo contrário, de tanta altiva vida.
Tanta atividade, o andar em ciclos desiguais.


A cidade é o temor dos emergentes,
a cidade é o tremor dos sobreviventes...
e eu?
Sou o chão que respira tão pouco,
nada esvai de sua petrificada forma.

sábado, abril 18

Restrição da felicidade.

Um sopro em desventura,
vendaval do pensamento.
passando pelos mórbidos,
correndo dos atritos,
detritos de minha vida.

tudo passa, vida minha...
tudo passa.

segunda-feira, abril 13

Por mim, de mim, para mim.

O egoísta busca,
não a si mesmo,
não a mesmo, si.
Busca que o outro,
não lhe busque nada..
nada lhe busque.
Nada lhe precise.

Fora

Por um segundo acordei,
desacordada as horas,
abri devagar as frestas,
de muito, onde estara?

Por alguns poucos de minha vida,
demência de não saber,
doença temporal de acordar,
onde está este corpo acordativo?

No macio de outro mundo,
olhando com medo o ventilador,
oscilando ao vento encontro.
E depois de perceber, respiro.

Em um, dois, quase três..
ali reconheci meu mundo.

Alfreli I

Cobres seus olhos, nada podes ver.
só a minha mão segura, segurança do viver.
cada pedaço em estrutura, sua mente um prazer.
cada linha dessa vida, ligada em você.


Até que um dia, cegueira tem fim.
teus olhos adormecidos, adormecem de mim.
E a sua volta o colorido, para que meu ser, agora olvido?
Se fui do ser, ao ser esquecido. A pior cegueira que vida pode ser...

Preocupação

Me preocupei fácil com o que seus olhos diziam, pois nenhum soletrar mirante a resguardou. Pensei em dizer-te das mesmas que nada trocávamos, mas assim, uma parede seria-me mais reconfortante. Baixei os olhos pro bálsamo de minha alma, esfera brilhante de uma vida sem alento, sem amor. Dizer é o proceder de outro dizer. Não que se soletrem a sonoridade de um entendimento, nem que ouvir resguarde ajuda. Mas o corpo diz, dos gestos mais insensíveis e corrompidos, ele tudo fala. E antes mesmo de tal preocupação de retilínea vida, que trouxesse a mim a qualidade de diagnosticar a fala que o outro não faz, mas o entendimento que só o sentir proporciona.

Erro

O passo conduz,
e pés no chão
é o que vejo.
Pegadas minhas,
que deixei pra trás,
e as que piso, discordam.
Como é que vou saber,
se sou eu ou outro de mim,
a pisar assim..
Se quando piso,
olho sempre o afundar,
até que o pé retorne ao céus,
e me lembre de olhar..
quando olho, penso,
me escolho a facilitar,
outro eu pisou ali..
e eu daqui sigo a pisar.

sexta-feira, abril 10

Pensamento

Ao dom que me segue,
me apoia e me guia,
qual amor seria,
que dúvida traria
tanto pensamento?

Por mim conduzido,
águas de meu sentir,
escorrendo pelas ruas,
dando trela ao adeus,
e por mim os poucos,
dos muitos de mim
se vão...

e vejo o que há de melhor,
o melhor de mim migrar,
para bem longe.

quarta-feira, abril 8

cálice

Me parto em mil pedaços,
mas me junto a tua vista.
mal te toco, me recolho.
a força de teu nome,
o peso do teu olhar.

tão pesado, hoje.
tão cansado do ócio,
bem que o encaro,
me vejo em tua boca,
e deslizo rápido de volta,
de volta a mim ao responder-te.

Quase me perco.

terça-feira, abril 7

Pedaços da masmorra

"... que todos os portões apodreçam trancados,
e todas as cordas apontem ao fundo do poço,
pois todas declinam sinuosas ao esquecimento..
e se seguram na altura de seus sonhos, astutas."

Nossas idas e vindas .

Pois ele foi de lá,
e eu de lá fui,
já fui, voltei.
Já fomos,
voltamos.
E ele novamente se foi...

Arranca-lhe as manhãs,
os dentes luzes e olhos cisos,
meu santinho, paciência!
Glória da paz, buscada.
Paz de muito amada,
por mais amada das amadas..
buscada, sofrida ...sofrível!

Já fomos e somos,
sempre seremos,
por mais do mais,
dos dias, ainda ser.
Ser, palavra cheia..
cheia de si mesma,
de significado azul,
azul horizonte marítimo,
tão longe, tão perto.. longe.

Longe, ele de mim...
De mim não está!
Mentira das manhãs,
enganatório das salas.
Maligna verdade alheia,
cale a boca, boca fechada.


Ele de mim,
eu dele, assim.
Já somos quem fomos,
mudamos, seremos..
passamos por boas,
das poucas não nos bastamos.

E iremos...

domingo, abril 5

Floreio a mais ou a menos.

torço que o tempo acabe,
e me retorço de pensar.
floreio a mais ou a menos,
adornos ao sol, feiura.

amante dos belos lábios,
figura de um Deus caído,
floreios... mentiras da superfície,
e no infinito de sua vida,
emerge podridão.

quinta-feira, abril 2

Abriu

Abriu o mês,
mais um pela frente,
de tantos dias,
de tanto tempo feliz.
De junto e separado,
ventre amado..
dia calmo.

Jaz o febril olhar,
de vento em popa,
o mundo sopra,
meu dia chega,
e a cura...
abriu no começo...

e segue, em Abril.

Hoje, dormindo.

O ontem do verso que se esqueceu,
me disse no hoje sua vontade.
perseguiu-me pelo tempo,
olhou-me nas ruas,
e me disse quando dormia;
ainda a espero, ainda espero...