sexta-feira, abril 9

De madrugada II

Doeu como um estilhaço em meu corpo, deixou em cada pedaço minhas más lembranças, mesmo que elas, doídas de uma vez só. Pra retirar cada um de meus lamentos, precisei de tempo, precisei de suas palavras duras. Eu as colhi como quem colhe mentiras, só esperando que caiam por terra.
E talvez tenha perdido cada lamento em teu ódio, a minha cura se ergueu em dias mais bonitos. Na mancha que teu nome representa, sou a mais borrada de teus versos. Nada mais querido do que anunciar o perjúrio de cada dia, em cada palavra que não fora, em cada sentido que não existisse em cada eu que não fui. Seria do tédio a mais cautelosa, fui a pressa das minhas preces... todas elas tão previsíveis, e solitárias. Cantei meus versos sozinha, um a um em meus lábios doloridos, ouvidos de tanta falta de mim mesma, disse-me que não era tão deficiente de cores vivas, de modos aceitos e de trajes meus. Só da ilesa compreensão não sou digna, nem da tua, e menos ainda da minha.

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