terça-feira, junho 10

Ele que não pude saber...e eu, louca.

E indo pra casa, de todas as horas dos dias que tenho de voltar pro ninho. Me vejo sozinha e gente ao meu redor, gente com a mesma vontade, de não ter gente ao redor.
Eles passam apressados, gritos telefones e buzinas mochilas, sapatos e filas. Todos querem ir logo para casa. E sem mais nem menos eu olho, pro lado com algo a me chamar. Vejo um sujeito, maltrapilho e pus-me a o observar. Seus dreads na cabeça, sua camisa amarela escrito "meus heróis" e a foto de um homem e uma mulher em encardido dourado. Heróis do esquecimento, do maltrapilho amigo, calado.. que dava passos pequenos, contando alguns números ou assobiando uma canção..
Mal pude saber o que era, cantava uma reza que não compreendia, juntava os pés como se o fortificasse e falava com os lábios a língua dos sábios. Ficava minutos naquele estágio latente, onde seus olhos não olhavam a lugar algum, sua boca movia em pedido a uma força maior e seus pés juntos o energizavam a tal reza.Como não pude sequer saber de sua vida, de suas pernas cheias de vasos abruptos que saltavam das pernas finas e magras. Das quais não se separavam.
Queria saber qual reza fazia do mundo seus passos, se de lá pedia algo que lhe fizesse.. quem sabe dizer o que se queira ouvir, ou falar o que se deve calar.
Calamos aquilo que nos parece distinto, enquanto ele está lá a cantarolar uma reza que jamais vou saber do que se trata, de uma pessoa de modos esguios. Ele cruzou meia hora de uma intensa observação, que não lhe pude desgrudar os olhos. As pessoas passavam como se não o percebessem, imaginei que estivesse louca. E aqueles que o viram, o ignoravam por puro prazer de a "sanidade" os agraciar com um beijo de verão.
E ele mudava de lado com seus pés estranhos... os juntava como se sua certeza fosse a única que existisse. E eu sem mais nem menos, sem entender... sem saber. E jamais saberei, pois descrente do mundo que os cercam.. todos eles que largados ao léu estão. Ao meu observado amigo e seus heróis da amarela camisa. Quem sou eu pra dizer que compreendo... quem sou eu pra cruzar palavras de ostentação. Se sei ou se não sei o que se passa naquela vida.. não sei o que passa em sua mente, tampouco em seu coração.

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