terça-feira, junho 24

Aqui, sozinha.

Gosto de me sentir sozinha,
aqui, aqui de cima.
Onde eu fico sem saber,
o que estou fazendo?

De novo, estou aqui.
Dessa janela gelada,
desse mármore, cúmplice.
Das minhas lamentações.

Do ver a luz que transpõe
o feixe de luz da janela,
lá de baixo, reluzindo numa
parede escura, descascada.

E trago a minha tristeza como plena,
e vejo as luzes que explodem no céu,
como eu gosto disso, tanto.
Mas não gosto de todo esse barulho, no momento.

Mas quando eu prendo a respiração,
não escuto mais nada, nada.
E não fecho os olhos, para não perder..
para não me perder de vista.

Para não cair de onde estou,
desço com o esticar dos dedos,
no chão estou mais segura,
da minha vertigem momentânea.

E cruzo, o olhar novamente ao céu,
a essas nuvens cinzas que gosto,
como gosto de ve-las daqui,
como as vejo a me completar.

Contemplar a minha solidão,
a minha mais pura vontade,
essa que reside em todo meu ser,
que me faz Jazão de minhas aventuras.

Eu desço para não cair do lado errado,
para poder ver a sombra do cano
a casa do meu vizinho, calado.
Da casa que me observa ao lado.

Minhas mãos, procuram bases..
se seguram a madeira que se despedaça,
do verniz que está indo embora,
assim como minha sanidade, curta.

Tão curta que lá de cima não me enxergo,
só vejo o mundo lá fora, gritando.
O mundo que me pede em absurdo,
um pouco de atenção.

E o meu corpo adormece,
tonta nos olhos, cega as mãos.
Desço para descrever minhas oportunidades,
e escrevo sobre essa minha paixão.

Como gosto de ficar só,
como aqui sozinha é bom.

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