terça-feira, setembro 16

Pequenas palavras, grandes sentidos.

Aos meus tantos palavrões, digo sim. Palavras de um teor tão grande e explosivo, uma carga atomizada formada de uma ira contida ou uma euforia eterna. Ao passo que os anos se vão, a culpa pelos desvios do português se esvaem. Não há sequer vestígio de um olhar para trás e sentir a culpa de dizer tal dizeres, - de pleonasmo sim - ora bolas. Quando pequena, a merda me era o cálice do mundo, o elixir da vida, se o falasse.. era o fim do meu desterro como pessoa e o início dos sete infernos em minha casa. E mais tarde, o merda já munido de ornamentos se tornaria uma das palavras mais ditas e consagradas pela minha pequena e desviante pessoa. Juntamente ao puta - de puto, irado..- chegando ao mundo com o cordão umbilical no merda, a mais linda,sublime e estilhaçada expressão para momentos de filosofia, antropologia e quem sabe, para questões de grande envolvimento social, -refletindo na situação de forma que pudesse compreender o tamanho do problema em questão, que ser humano não cumpriria o papel de refletir sobre si mesmo? Sobre sua vida ? Sobre a situação complicada com a chata do 512? - daí surge a doce e solene; puta merda... Desvencilhando toda e qualquer culpa para um catalisador de pensamentos finalizadores, comprometidos em refletir sobre a negatividade e possível dificuldade que está por vir. Eis alguns exemplos;
Puta merda, comeram meu miojo - virou até comunidade no orkut -. Puta merda vou chegar atrasada no trabalho.... e quem sabe até, Puta merrrrrrrrrrrrrda, que merda de fila de banco...
Não há dúvidas que os degraus da idade nos fazem subir também na escala de palavras que não eram bem aceitas - principalmente quando você é o caçula e para completar, mulher - de forma que o ouvir lhe proporciona mesclar seu conhecimento no assunto. Juntamente ao puta merda, temos também o putaqueopariu, que escrito juntamente me dá uma sensação falsa de aumento de grau, exigindo do leitor uma compreensão mais aprofundada. Partindo do derivado puta que pariu tradicional, usado quando a estrutura dos "nervos" não corresponde a harmonia do momento. E de abreviações; pqp, derivados subsequentes; puta que te pariu, puta que pariu mano, e o pior, dito em caixa alta, resultando numa explosão cinematográfica de fúria e ódio, onde o problema resulta numa única conclusão; PUTA QUE PARIU, FODEU! Exigindo do locutor uma certeza do problema em questão.
Não há quem não passe por um momento de reflexão e impulsão da palavra, seja ela dita ou escrita. Não há sequer um ser humano que resista aos afagos de um belo palavrão, dito em alto e bom som. Que por sinal pode representar autoridade e superioridade, conforto, felicidade, tristeza, fome e toda e qualquer expressão de sentimentos humanos, a depender do momento de emprego e impostação da voz.
E creio que, nada mais consagra uma conquista do que em respeito aos meus velhos hábitos, dizer; puta merda! consegui cara%%$¨#$#@ ...

E assim prossegue o rumo dos desafios, agora felizes e prontos para serem conquistados.E digo amém as grandes palavras que muitos resistem em não dizer, em não afirmar sua santidade e poder de esvair as mazelas.






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