quinta-feira, setembro 18

Relatos preguiçosos

Acordei com um ar de quem não queria acordar. Me enrosquei sobre as cobertas e um dos travesseiros se arremessou ao chão, coitado. Talvez meus braços tivessem cometido homicídio ou ele, casou de viver no alto, descobriu no chão gelado sua vocação.
A luz do quarto me é pouca, e agradeço pelo tear das frestas da janela. A preguiça se recosta sobre meu corpo, e não há quem a faça sair de lá nesse instante de lamento ao nascer do dia.
Mais uma vez adormeço, mas sinto meus pés descobertos e de súbito, sento sobre a cama. Olho para meus pés nus, juntos e apaziguados sobre a cama... mexo os dedos para constatar que estou viva, mas não digo uma palavra. Descubro o resto do corpo e me levanto ao meio dia, sol de temência enorme, luz intensa no momento. Ando pela casa vazia, me há uma certa e adocicada forma de sentir-me bem ao acordar e andar sem rumo. Vou até onde gosto, sento sobre o meio fio entre a cozinha e o quintal e o sol me diz bom dia, boa tarde... e até que diga que não, boa noite. Fico em transe, por minutos... e fim.

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