sexta-feira, fevereiro 15

Vira-lata

Hoje andei, andei demais por uma grande avenida. Andei tanto que me dói até agora as patas. Andei, por aquela mesma avenida, cruzei ruas e fitei pessoas, apesar de jamais me olharem nos olhos, me percebiam.
Algumas vezes, achei comida, fiquei feliz e de barriga cheia. Muitos me apontam, falam mal, olham feio e até me chutam, por ser um andarilho dos bairros, das casas.. do tempo.
Se eu fosse um pouco mais bem tratado, mais bonito e não tão vadio, já teria um lar.
Penso no dia que não terei de fugir à todo o tempo, não rosnar à alguns que as vezes se aproximam ou dormir em um lugar meu, só meu.
Se sou tão cachorro vadio, vadio é meu destino incerto. Me joga nas ruas, como fizeram aqueles que tanto diziam que me amavam, quando filhote. Vida de filhote é uma maravilha, quisera eu poder morder as coisas o dia todo, tomar leite na hora que quisesse e estar no colo de um e de outro, só carinho à todo instante.
Quisera eu, não mais tão vadio ser. Não andar por ruas frias, comer de tudo que achasse e correr contra o tempo, os homens , as ruas que tentam me levar a todo instante e a angustia de ser abandonado.

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