domingo, fevereiro 10

Infância

Saudade de minha infância,
de meus pulos em pontes
de meus laços no cabelo
de minha chatisse para comer
de meus cachorros que amei,
de minhas bonecas, que enfim
foram minhas esperanças futuras.

Saudade das brincadeiras com
o meu irmão, das bolas de sabão...
dos jogos que joguei, na rua, descalça.
Nos aniversários que fui, e rasga-sacos
que rasguei, brinquedos que ganhei.
Da minha bicicleta rosa, do meu patins
preto e do meu bambolê colorido.

Saudade da escola, onde corria.
Polícia e ladão no intervalo, detetive
e assassino na aula. Do feijão no algodão,
do sabão colorido com nome da mamãe.
Das apresentações no palco, dos jogos
na quadra. Dos amigos estranhos....

Saudade das palavras erradas
dos choros fingidos, do braço
quebrado e dos primos que
aprontavam na fazenda.

Saudade do cavalo que nunca foi
meu, dos patos que correram atrás
de mim, das pescarias de peixe algum.
Do pão da vovó, das moedas do vovô
do abraço da titia, do carinho dos meus
tios, das brigas com o Ícaro e dos
cuidados com o Iago.

Saudade de Santa Luzia, Linhares,
Aracaju, Canavieiras, Stella Mares,
Imbassahy, Itapuã, do Petroclube ,
de Tia Cota ,da rua O, da rua M, rua J,
das ruas.. ruas do Jardim.
De Feira de Santana, Itabuna, Camacã,
Porto Seguro, Panelinha ,Salinas...Ilhéus.

Saudade dos meus apelidos, dos apelidos
que dei, dos amores que amei, já que
amar não era amar, não era, era só uma
palavra, um carinho um simples dar das
mãos, uma cartinha um ursinho...

Saudade do meu bico, até os cinco.
Do óculos aos oito, rosinha e pequeno.
Do aparelho nos dentes, pra dormir.
Da botinha pra consertar os pés...
Das fotos de princesa, de cowgirl
de bailarina, de marinheira..

Saudade dos jogos que joguei,
das brincadeiras que inventei
das loucuras que falei, dos segredos
que contei, e dos segredos que guardei.
das mentiras que contei, muitas..
Da lingua do pê, do gê do seiláoquê...

Saudade do Dino, da Suzy, Polegar,
Menuda, do Trovão ,dos coelhos,
apenas coelhos e até mesmo das
dentadas dos coelhos. Dos cagados,
dos periquitos, cacatuas , répteis,
formigas que eram mortas sob
cera de vela, gatos que nunca
gostei e espantei de casa, das aventuras
sob os pequenos espaços, com Dino..
Dino querido.

Saudade das casinhas que fiz,
com lençois, papelões, redes
dentre outros tantos panos...
Das roupas que vesti, sapatos
que usei maiores do que meu corpo
menores que o brilhar dos meus olhos.

Saudade do Ballet, do Jazz da natação..
logo depois vôlei, futsal e totó
handball, ping pong e baleado.
Tudo tudo tudo, saudade assim...

Saudade de correr na praia,
ter medo de algas, caçar peixinhos
coloridos, fazer amiguinhos à beira mar.
Comer bixos estranhos que não sabia
o nome, e assim descobrir uma paixão,
chamada Polvo.

Saudade dos meus primos, todos eles
Sempre a pequena para os mais velhos
a caçula mile, a menininha curiosa.
Por outros menores era a primona,
inteligente, bonita e meio doidinha.

Saudade das minhas descobertas,
como o skate que te joga no chão
como tomar sorvete e gelar o cerebro
como ser atropelada 2x por uma
bicicleta, como tocar a camapainha
da casa dos vizinhos e sair correndo.
como voar na rede até o chão, como
não subir em coqueiros e quebrar braços.
como não encher o saco do teu irmão,
como não comer farofa quente, como
mentira tem perna curta, como ser curiosa
é bom, como ser chata é legal e como
ser sapeca é emocionante.

Saudade daquilo que foi meu,
daquilo que é e sempre será meu
faz parte de mim, faz parte do que sou.
Daqueles que hoje, não me olham,
não me vêem nem me conhecem mais
mas de mim fizeram parte, e fazem.
E alegria, por tudo que ficou por todos
que ficaram, e ainda sim.. saudade.

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