domingo, fevereiro 10

Carta - Parte II

Minha pequena,

Hoje o dia se foi rápido, nem sequer troquei uma palavra contigo. Contigo aqui dentro.
Jamais pisei num terreno tão desconhecido como está sendo por agora, tudo me é tão estranho que posso até sentir vontade de correr, pra perto de ti.
As horas nessa casa são parceiras, elas me abraçam todo o tempo e me ajudam quando durmo, se vão assim... tão rápido. As vezes o relógio me engana, sinto-me frágil, como nunca estive.
Tua presença sob esses azuleijos era tão àvida que me esqueci como andar por eles sem ver-te passar pela sala, apressada, como sempre.
Vejo em tuas cartas, tuas frases, que não falas de mim ou de nós, mas de ti à todo instante. Não me vejo mais em teus argumentos, que me eram tão fortes, fortes demais. As cartas mais dolorosas que já pude ver, estais triste por mais vezes, e isso me parte o coração.
Alimento minha força no teu sorriso, na tua foto que aqui guardo em minhas mãos. E de ti, meu bem, espero palavras mais doces como sempre me reportou, espero doces palavras.
Não fique assim, tudo está indo de forma amena e eu estou aqui sempre que precisares e de qualquer forma, estarei aí quando precisares de mim, por perto.
Das mais belas formas serei amor por ti, aqui, aí e lá, onde estaremos juntos. Se cobres meus lábios agora só de saciar teu beijo, não cubras os teus de lágrimas, jamais. Tudo que lhe disse, é realmente o que sou, quem és, e quem somos, à finco.
Se é de seu gosto falar de ti, que fales. Me conte sobre tua vida, tua vitória, teus mais graciosos passos... serei seu eterno ouvinte e leitor, sabes disso. Mas não apronte sua mala a cada vez que algo lhe faltar, algo falhar... não, não. Seja forte, como estou sendo. Esteja triste, quando houver de estar, chore sobre teu tapete, mas recobre teu sorriso... teu sorriso tão lindo que me faz acordar todos os dias. Não deixe o desespero tomar tua mente, muito menos teu coração...
Lembre-se querida, que se te amo, é porque mereces. De tantas vezes que lhe disse, do amor nada mais me é necessário, do que teu feliz afago, teu apreciado abraço e tua presença, em meus sonhos, em minha vida. E sabes, como bem sabes, que de mim sempre terás esse pensamento, pensamento em ti à todo instante.
Soa bem quando dizes adeus, ao telefone. Penso como lhe dói no peito, como doeu no porto ao dizer-lhe adeus com os olhos, e minhas mãos, as mesmas que te tocaram por meses, foram mãos desconcertadas ao acenar. Mas lhe aprecio, de adeus à bom dia, como lhe disse todas as manhãs ao lhe beijar o nariz. Soa bem, pois penso no teu rosto, que até mesmo triste me faz feliz, de puramente existir e assim, coexistir.
Sabe, que por vezes, menti para poder escapar. À cada tormento que tua ausência me causou, porém, segui a mentiroso ser e ao mesmo tempo escapei, sorrateiro como sempre fui. Isso me causou um buraco, imenso, de tantas vezes que pulei a saudade que sentira. Tentei mentir para alguém que não há como enganar, e ele esperto, me decepou a mentira de imediato.
Pude então sofrer, chorar e em loucura residir, mas em um certo momento do qual não mais me recordo, levantei do chão e sequei minhas lágrimas, pois você estava logo ali, aqui... aqui dentro. E eu jamais pude perceber, você jamais se foi.
Jamais se foi de mim.
E assim, fique sob tua calma, por favor. E eu estarei aqui, sempre curioso sobre tua voz, amante das tuas palavras e eterno apaixonado do teus olhos, olhos de amêndoas rubras... olhos que não mais precisam estar como meus lábios, à tua eterna espera.

Um abraço carinhoso e devotado...

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