domingo, fevereiro 17

Atraso de vida.

Mais uma vez, acordou tarde. Pulou da cama rápido e foi tomar um banho, daqueles rapidinhos que só se esfrega um pé no outro, só pra não dizer que não os lavou.
Comeu duas bolachas e tomou um copo de suco, vestiu a calça batida e uma blusa qualquer, afinal, atrasada estava.
Pegou a bolsa e a chave o mais rápido que pôde ao passo que calçava o tênis branco. Sai descabelada pela rua, louca, daquelas que não lembram nem de lavar o rosto pela manhã.
Sua olheira deixa claro a noite mal dormida, - vaiii garota.. sai num domingo a noite! - pensa.
Chegando na faculdade, o cartão ela esquece. Só não chinga a mãe do vizinho porque ela te dá açucar quando esquece de comprar. Respira fundo, conta até três e pede humildemente a um "coleguinha" para passar na catraca junto com ele.
Sobe para a sala, senta em uma cadeira logo na frente. A professora já fez a chamada? Pensa inutilmente, já sabendo a benevolente resposta. Ouve o restinho da aula, entediada e sonolenta e vai correndo tomar um café, bem forte.
Encontra as amigas, conversam um pouco sobre o domingo e a festinha na casa do Marcelo, - Ô festa bacana- , exclama uma delas. Após o café e a fofoca, sobe novamente para assistir a terceira aula. Novamente as garotas tocam no assunto da festinha, afinal, foi o evento badalado do final de semana e elas felizmente ou infelizmente não poderiam deixar de falar sobre isso. Um ti-ti-ti tão alto que o professor as interrompe perguntando se está atrapalhando, logo se calam.
Pensa na bagunça que está a casa, o ninho de rato que o guarda-roupas se encontra e a pocilga que provavelmente, a cozinha está. Respira fundo, conta até dez, para de pensar na bagunça e assiste o resto das aulas.
Quando enfim elas terminam, sai correndo para casa pois há muito o que se fazer. Por onde começar? Ah! seja lá como for, que comece. A cozinha foi a escolhida, logo depois o quarto e o resto ficou pra outro dia.
Depois da arrumação e limpeza da casa, senta por alguns instantes na varanda. Prometeu não mais fumar, mas não consegue. Sente saudade da mãe, pensa em ligar pra ela mas logo lembra do tamanho da conta telefônica e deixa pra lá. Ela liga, pensa.
Ali sentada no chão promete a sí mesma, parar de fumar, de sair no domingo e de chegar atrasada na aula. Diz bem alto, três vezes a mesma frase -Não vou, Não vou, Não vou!- .
A noite se aproxima e o telefone toca, são as meninas e as tentações das boates badaladas da grande cidade que nunca dorme. Tenta se esquivar por segundos, mas logo aceita.
Luiza não tem jeito, jamais cumpre o que promete para sí. E lá vai ela pra baladinha...
E mais uma vez, acordou tarde, tomou um banho rápido e foi... foi pra faculdade.

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