quarta-feira, fevereiro 11

Minúcias

Cheguei em casa tirando os sapatos com uma rapidez descomunal, corri até a cozinha ainda de meias e bebi um copo d'agua vistoso. As vezes me esqueço de como beber água é gostoso, na temperatura certa e na rapidez combinante o prazer é colossal.
Sentei na cadeira de aço da cozinha, maldita cadeira, faz um barulho chato. Toda santa vez que me recordo de não sentar em nenhuma delas é tarde demais. E além disso, na cozinha só me restam elas, os dois bancos de madeira e o armário em que teimo sentar. Talvez se ainda existissem as borrachinhas de seu ser quadrúpede, poderia assim ter paz. Mas vai saber.
Toda vez me deparo desvencilhando o mistério dos quatro cantos da minha casa, como na vez que descobri uma transmissão no banheiro que não havia visto desde 1988. De certo alguma vez passei os olhos corruptos pelos cantos do banheiro, mas nada me fizera reparar. Engraçado é ver no mesmo banheiro, na porta exatamente, que data de 1998 a minha assinatura em caneta azul, seguida dos nomes do meu irmão, minha mãe e meu pai. Uma grafia estranha e desajeitada, digna de uma reprovação, visto que nessa época eu era, hum.. deixe-me ver, quinta série. Nada tão diferente de como ela se reproduz nos dias de hoje.
Depois desse passeio magnífico pela cozinha e banheiro, por que não falar da sala? Bem, na minha casa há duas salas, uma que eu não sei pra que serve, e a outra, pra assistir tv. Obviamente inclusa a que não tem explicação se encontra o objeto de minha obsessão, o computador. Ao lado dele um fax de querer próprio, pensamentos próprios e dificuldade de manter uma relação amistosa comigo. Engraçado lembrar que uma vez meu irmão gravou uma mensagem para a secretária eletrônica, que nunca funcionou de fato. Em uma voz grossa e ligeiramente desagradável, falava; "Não estamôÔôs, ligue depôôôôÔis!" e em seguida o bip do final da mensagem, parte mais bonita da sinfonia.
Não poderia esquecer que exatamente no lugar onde o computador está, antigamente era um corredor lateral, a casa era rodeada por corredores de chão verde, musgo e flores nos canteiros. E o um velotrol rosa que passeava com uma garotinha e sua boneca. Quem será?
Depois de quase meia hora refletindo na rangente cadeira, coloquei o copo sobre a mesa e levantei correndo para escrever. Não sei por que me deparo produzindo essas coisas, mas acontece.

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