domingo, janeiro 13

Dor.

Finjo não ver, mas se esconde por todos os lados.
Já não sei se, através dos sorrisos estonteantes, das famílias maravilhosas as amizades perfeitas consigo enxergar de que é feito o ser humano, na sua essência.
Se escondem através do tempo, dos prazeres, das certezas não tão certas. Do objeto que se tem, da verdade que se diz, não se sabe o quão infelizes são.
Se pudesse descrever em palavras, cada pedacinho da dor poderia enfim reclamar por jamais ser infeliz o bastante quanto os alfinetes que teimam em permanecer nos corações alheios.
Alfinetes inúmeros, de vários tamanhos e dimensões inexatas. Se mesclam, perfuram a carne e dilaceram vidas, futuros e caminhos.
O passado reclama no futuro tudo aquilo que se mal resolveu, toma tua vida como num vendaval e não lhe deixa segurar bem forte num poste para tentar se salvar.
Vento forte o bastante para levar de ti toda a felicidade, essa tão mal acolhida, mal reconhecida e mal internalizada.
É tudo tão difícil, tão monstruoso e infinitamente assustador. Não se compreende a si mesmo e mesmo assim se apontam os erros dos demais sem saber a fonte do teu ser, da tua obra como ser humano, que por sinal, é por várias vezes traumatizada.
Traumas condizentes com tua personalidade, que se formou na inquietude no indevido e desesperadamente no infame. Infame ao atar laços de arrasar teu peito.
Aqueles que lhe percebem, só enxergam sua capa. Sua grande capa da individualidade, que por muitas, várias e incontáveis vezes, se enxerga o esplendor.
O esplendor que cega, e não deixa ver o pântano que borbulha de rancor, de tristeza e faz com o que a cada dia possa surgir da lama, os galhos que se retorcem de dor.
Detestáveis, por muitas vezes és julgado, sentenciado e morto de várias e infinitas formas.
Morto, quando já era jaz sua mente no vale da morte. Perseguido pelo espectro da dor, que fincam suas foices no sentimento que já em ti eras fraco, esperança.
Por mais desmedidas que sejam as palavras dos teus chegados, o tormento é eterno. Eterno dentro de ti, ao lembrar a cada milésimo de segundo do martírio de viver e pairar sobre a dor.
Espectro que rasga, espectro que retalha, espectro que consome.

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