segunda-feira, janeiro 28

Considerações Finais.

Sobre os velhos panos quentes, ele se dispõe entre os demais. Sempre sorrindo, dedicando tudo aquilo que, meramente, existem de verdade.
Anda sobre a casa tocando com as pontas dos dedos as paredes, agora amigas das quais divide susurros sobre o vazio da casa. Gosta do silêncio, o único que lhe conhece por completo e o que jamais lhe dá respostas óbvias.
Se fosse para escolher, casaria-se consigo mesmo. Não por pura petulância ou egoísmo, mas pelo simples fato de ser cúmplice de todos os fatores que não lhe comprometem ao desmitificar suas cruéis dúvidas antes de dormir. Não acredita, que outra pessoa lhe conduza ao eterno acerto a dádiva de perdoar e ser perdoado, sempre. Tem um amor por si mesmo estrondoso, mas, infinitamente concorda que, precisa que outras pessoas partilhem, de certos momentos consigo.
É solitário, sozinho e mau humorado. Por mais novo que seja, é pessimista com o futuro crê na estrutura sólida daqueles que constroem suas vidas em cúpulas individuais, das quais, só se fundem para recobrar que estar sozinho é apenas mera ilusão, ilusão consagrada pelos longos dias. Bebe àgua a cada três horas, e vê o relógio a cada cinco segundos. Quando há barulho, só se percebe a música que se propaga em toda a casa, antes palco predominante daquele que nada lhe diz, e ao mesmo tempo, tudo lhe explica.
Multiplica seus sentimentos, os bons, os ruins e os demais. É um consumista nato, gosta de mulheres reservadas das quais queiram o que lhe é preciso; paz. Como nunca teve uma relção realmente estável, desconhece a "paz" da qual tanto procura, em comunhão de dois seres.
As vezes se envolve com seres estranhos, de vidas diferentes das suas. Hábitos dos quais jamais teria, pensa. Mas mesmo assim, as estuda, observa e usa, usa bastante.
Já se apaixonou algumas vezes, das quais deixou pra trás seu grande pessimismo, até sentiu no peito a falta de ar da qual sua irmã sempre lhe dizia quando conheceu Márcio, seu atual marido.
Existem duas coisas pelas quais ele preza demais, uma é a sua mente e a outra é não mais agradar os ouvidos alheios. Desde seus dezoito, jamais viveu para agradar ninguém, acredita-se que sua família lhe conduzia a ser, de certa forma, revoltado.
Essa revolta adolescente lhe produziu grandes planos futuros, hoje, não mais vive sem se olhar no espelho e enxergar aquilo que realmente necessita, um cara de barba falhada e de dente amarelo que sempre, sempre consegue aquilo que quer.
Seu modelo de vida foi meio conturbado, depois da quebra dos laços familiares passou por bons bocados, viveu num eterno embate contra os empregos que não gostava e o mestrado que lhe ocupava um tempo absurdo.
Mas enfim, cuidou no seu jardim. Como novamente dizia Sofia, sua mais amada e única irmã.
Cuidou do jardim e dele brotaram belas flores, mas um jardim que está trancado e só alguns tem passe livre, poucos por sinal. E os que estão de fora, só conseguem ver o colorido exaustivo, como todos os outros jardins, mas, não vêem as mais diversificadas plantas que nascem do nada, as flores de cores jamais vistas que ecoam da grama e os pássaros que lá visitam, para se deliciar com tamanha beleza.
O silêcio, antes dito é e sempre será seu melhor companheiro, e o seu jardim, é seu guia. Sob os dois constrói sua vida solitária porém, acompanha-se de lembranças, saudades e pessoas que vem e vão sem ao menos terem tempo de lhe dizer adeus, o que detesta fazer.
Mas remete em tuas considerações finais, constata que é um bom ouvinte, um excelênte rapaz, e jamais terá de viver em um embate exterior. Agora o que lhe prende é o seu eterno jardim, o silêncio e a solidão.

Nenhum comentário: