sexta-feira, janeiro 25

Sobre o cume, enxerguei o plano.

Sobre vários anos, percorri terrenos inóspitos dos quais jamais vou me esquecer. Segurei as emoções para não padecer, sorri na hora certa e chorei, em momentos dos quais não teve hora alguma.
Descobri no outro, a discórdia, a maldade e o talento de apedrejar corações. Segui, sobre todos os aspectos que não poderia prever, captei mensagens subliminares das quais ecoam sobre meu consciente -antes, inconscientemente - e as paredes do meu pensar são tão distantes uma das outras, que posso ouvir por horas o mesmo pedaço de pensamento. É fácil, olhar e dizer para quem é mesmo importante o fato de se viver assim, sempre insatisfeito.
Subi montanhas das mais altas que jamais pude imaginar, depois de uma forma rápida e dolorosa, desci sob vales e precipícios que deixaram marcas até hoje. As cicatrizes nos mostram, que o que passamos não foi um sonho, para o qual a desfiguração se mostra tão real.
Lá no alto apesar de rarefeito, conheci e contemplei as mais belas flores. Flores das quais, sei que, jamais irei ver novamente. Apesar da distância em que o tempo as deixou, ainda vivem aqui na minha mente, a soprar uma leve brisa de lembrança ao retomar as flores mais belas.
A grama que recobria as ingrimes estradas, a mim eram estranhas. Pois apesar disso, pequenos riachos circundavam sua existência, onde as pedras também se faziam soberanas. E sobre o grande tapete verde, pude deitar-me e descansar enfim.
Procurei por algo que na metade do caminho, descobri que não existia. E só recobrei minha consciência disso, quando desci pelo vale. Vale e precipício, e como foi difícil descer.
Lá em baixo, já à mim, pude ver que subi com um propósito. Cheia de falsas esperanças, sonhos desgastados na caminhada. Quando na verdade tudo estava aqui, o tempo todo. Imperceptível aos meus cegos olhos, veementes ao inexistente.
As mais belas flores que me encobriram dessa certeza, mas apenas um pequeno pedaço da brisa que se lançou sobre mim, momentaneamente. Apesar de sorridente ao recordar, descer foi tão difícil quanto esperar o encontro ao esperado. Difícil o bastante para me esquecer de quem era, de quem fui e quem sabe provavelmente, um resquício que me tornará alguém.
Não importa quanto tempo se passou já faz parte de mim tudo pelo que andei, subi ou desci , meramente só me trouxe o lembrar, das circunstâncias vividas e das quais tais formas de se viver assim, veemente à sorrir.
Apesar dos inóspitos terrenos pelos quais percorri, do cume da montanha enxerguei felicidade e encobri minhas esperanças à ve-la de perto. Descobri os arroubos de paixão sobre o deslumbrar dos olhos e logo depois o decair da esperança, já afastada de mim. Mas de lá, do alto e celebre espaço, enxerguei o que havia em mim que se pronunciava lentamente; medo. E não seria melhor escolha, subir novamente ou descer as beiras e ingrimes estradas do meu conhecer, mas sim, recordar-me de que apenas o medo, cruel sob minhas ações e que me fez crer e descrer ao mesmo tempo nas duas formas de viver, seja lá de cima ou no mundo aqui em baixo.



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