sábado, abril 12

Sobre mudanças, solidão e percepções.

Solidão me faz bem. Passei muito tempo pra entender isso, e quando finalmente descobri o quanto é bom, tento aproveitar cada segundo dessa entrega. Gosto do convívio social - o que adoro por sinal - mas não existe nada mais prazeroso pra mim nesses últimos meses, do que ficar realmente sozinha.
Passei a me conhecer melhor, comecei a me fazer toda e qualquer tipo de pergunta. Daquelas que a gente só se faz em pensamento, eu enfim, falo em voz alta pra mim. Parece meio louco esse lance de auto-conversação, porém é um degrau pro auto-conhecimento, é ótimo. Quando você se pergunta, acaba vendo que suas respostas dizem muito sobre quem você é, porque gosta de verde e não de rosa, porque uvas e não maçãs. Quanto mais você se questiona mais se sente curiosa quanto a si mesmo, mais você aprende a gostar de si... mais aprende que, defeitos existem - muitos por sinal - mas as suas qualidades são triplicadas. Ao passo que a gente convive com os outros, passamos a ver suas manias, conhecemos seu timbre de voz e a sonoridade que ela nos produz, as vezes eu paro pra reparar no meu tom de voz. É estranho como ouvir a voz de um desconhecido, imagine que, se eu ouvisse a minha voz a um tempo atrás, acho que nem saberia de quem estava realmente falando... Quando parei pra pensar sobre isso, reparei que a entonação da minha voz muda a todo instante, as vezes, quando estou cansada, minha voz fica fina e melodiosa, quando estou triste falo baixinho e minha voz faz um declínio no tom, aos poucos, quando em êxtase falo alto e sinuosamente... dentre outras, que ainda não reparei.
Percebi também, a uns seis meses, que tenho duas pintas iguais nos dedos dos pés. O incrível, é que eu tinha uma do lado esquerdo no penúltimo dedo, achava uma graça... depois que fui reparar que nascera outra pintinha - exatamente igual e exatamente no mesmo lugar do outro dedo - que por sinal me deixou abismada. Falando em pintas, quando pequena eu me fiz um juramento. Me disse no espelho, que o homem da minha vida - aquele cara, sabe? - ia perceber um certo triângulo em mim, feito por pintinhas. Como sei que não existe algo do tipo, confesso aos poucos sobre esse meu segredinho.
Voltando as percepções, tenho um tique nervoso. Aliás, um tique de timidez. Muitos devem se perguntar se isso de mim é normal - Não, eu não sou tímida, mas em certas ocasiões algo se aflora por aqui - enfim, eu fico coçando o nariz sem parar. É MUITO engraçado, só de pensar dou risada.
Nesse pouquinho tempo eu mudei muita coisa na minha cabeça, acho que to sentindo um pouco o peso do real "crescer" que a gente tanto tem medo, afinal, responsabilidade é sempre difícil. Aos poucos eu vou me adaptando, a solidão me ajuda bastante, e passei a admira-la. Quando só, eu penso melhor, e consigo enfim descobrir qual a parte de mim que está com medo, ou está triste... e converso um pouco melhor com ela, pra ver se resolve.. (Quando me amei de verdade, livro da Kim McMillen e Alison McMillen, fala sobre isso exatamente).
Tenho certeza que na vida a gente deve mudar sempre, conceber sempre o inusitado, não receber o novo com sete pedras nas mãos.... sempre conhecer novos horizontes, se permitir a conhecer novas pessoas, novos mundos. Olhar pro próprio umbigo as vezes é uma delícia, faz bem e nos envaidece -precisamos de uma pontinha de egoísmo sim - óbvio. Mas que possamos descobrir o mundo lá fora, e quem sabe, conhecer muito mais o mundo dentro de nós... que é tão imenso quanto jamais poderíamos imaginar.
Trecho:
" Quando me amei de verdade,
Consegui ter consciência
nos períodos de confusões,
disputas ou desgostos,
de que essas coisas também
fazem parte de mim e merecem
o meu amor "

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