quarta-feira, abril 9

Pelo puro prazer de dizer não.

Já disse sim por puro impulso. Já disse talvez por cinismo, mas o não... o não eu digo sempre por puro prazer. Digo não só pra ver o que o outro vai me falar, a cara de espanto. Adoro quando alguém se sente petrificadamente incomodado com o meu não. Aguço o poder de argumentação do outro, assim quem sabe, eu possa obter uma resposta que me cabe a mente.
Eu desafio por puro prazer, as vezes minto no não, quando o sim é apenas o doce que lhe tiro da boca, por pura falta do que fazer mesmo ou por vontade de ver a criatura se virar nos trinta.
Quando o meu não é verdadeiro, dá pra ver na minha cara. No tom de voz e na expressão de que estou pouco me importando, se fulaninho não gostou e Cicraninha também.
As vezes o meu não é uma forma de dar o troco, sou rancorosa sim, das boas. Não aquele rancor besta, de alguém que pisou no teu pé.... mas aquele que você guarda a muito tempo e dá o troco na hora certa, na hora em que tudo lhe é propicio.
Já disse não, só pra dizer sim depois. Ninguém gosta de nada fácil, lhe garanto. Não existe fórmula do sucesso pra se conseguir as coisas, mas isso ajuda bastante em doses periódicas.
Não digo só na parte afetiva não, muitos nãos na minha vida foram cruciais pra tomar um rumo totalmente diferente. Certa vez, disse não a uma entrevista de trabalho, disse porque estava cansada de ir a entrevistas de telemarketing. Acho que as vezes as pessoas perdem a idéia do que é Publicidade e Propaganda, enfim, dei um não logo de cara... depois de ouvir a certa palavrinha. Por não ter ido a esta entrevista, o meu cadastro não ficou preso na empresa de estágios. Assim pude arranjar um emprego quase que, se por assim dizer... que caiu do céu. Pensei na puta sorte que tive, e agradeci aos céus pelo belo e estridente NÃO que disse ao telefone.
Posso até as vezes não me dar tão bem pelos nãos que pelo passado transitam, mas digo com a boca cheia que nenhum deles me traz arrependimento. E se pudesse, teria dito em alto e bom som, para aqueles momentos em que você só quer chutar o pau da barraca... e ver a quitanda desmoronar ao chão.

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