terça-feira, abril 8

Quando fui abordada.

Eu desci do ônibus e esperei para atravessar a rua. Quando cruzava a avenida, percebi que alguém me seguia. Na rua entrei e lá estava ele. Sinalizou com a luz da moto e encostou do meu lado, não sabia quem era realmente, por segundos senti medo.
Meio esquiva, parei. Então ele tirou o capacete, acho que pior foi meu medo quando o vi novamente. Jamais esqueci tudo aquilo que já tinha ido. Mas não foi, pra mim.
Fingi cansaço e mau estar, desconversei rápido... balançava as chaves na mão. Falei sequer duas palavrinhas, dei um sorriso amarelado e disse-lhe adeus.
Não me falou nada demais, na verdade nada em certo me disse. Me olhou com aqueles olhos oblíquos e dissimulados de sempre, como sempre. Mas dessa vez algo queria me dizer, dessa vez? Sempre tentou me dizer alguma coisa, engasgada o bastante.
Assim que me despedi, senti uma pontinha de rancor. Dessas que deixam um gostinho amargo em nossas bocas, para sempre.

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