quinta-feira, abril 24

Da sua janela.

Se fez em frestas e maior que meus braços. Posso deitar ao longo de sua frieza, em seu mármore escuro e gelado. Posso até, ser eu e até mesmo você.. ao meu lado, ali quieto, só de sussurro ao mundo ao qual não lhe pertence amor. E eu daqui, fazendo o mesmo, descrente... em eterno pensamento a outros planos, outros momentos incertos e saudosos.
Enquanto isso, se na minha janela estivesse seria tão só quanto meu pensamento, vagaria por inúmeras fontes de desejos, de pedidos aos céus e muitos, por tantas vezes, tão calados e sem desfecho.
Da sua janela, reluz uma paz tão grande.. a Lua se faz dourada sobre os telhados das casas e se estende aos céus tão rápida quanto quis ve-la, antes, somente ao longe escondida.
O Mar canta nos ouvidos e me cruza os sentidos, me faz flutuar em sua sonora leveza. Me leva sobre o frescor do ar, que respiro fundo para úmidas serem minhas palavras, logo em seguida.
Você ainda permanece ali, do meu lado. Mas longe, tão longe quanto posso imaginar, próximo a uma que tanto ama, que tanto lhe dói no peito essa distância, e eu imagino, posso até sentir teu jeito.. teu tão sem jeito dizer sobre ela. E eu fico ali, do teu lado... como sabes. Quietinha, e lhe
converso sobre a sua, que tão minha fora no instante... a sua janela, diferente da minha, tão minha. Meu portal das esperanças e brilhar dos olhos, tão pequena que me cabe os cotovelos e a cabeça, a encostar em seus braços de madeira. E em seu colo frio onde aqueço meus sonhos, a debruçar minha vida em teu ninar noturno. Da sua janela, de sonhos tão teus... de sonhos tão parecidos com os meus.

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